�NDICE
A Ascens�o do Lorde das Trevas
In Memoriam
A Partida dos Dursley
Os Sete Potters
Guerreiro Ca�do
O vampiro de Pijama
O Desejo de Alvo Dumbledore
O Casamento
Um lugar para se esconder
O conto do Monstro
O Suborno
Magia � Poder
A Comiss�o de Registro de Nascidos-trouxa
O ladr�o
A Vingan�a dos Duendes
Godric�s Hollow
O Segredo de Bathilda
A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore
A Cor�a Prateada
Aparentemente Rony esperava que isso fosse acontecer depois, se fosse o caso.
Xen�filo Lovegood
A Lenda dos tr�s irm�os
As Rel�quias da Morte
O feitor de varinhas
Casa das Conchas*
Gringotes
O �ltimo Esconderijo
O Espelho Desaparecido
O Diadema Perdido
A demiss�o de Severus Snape
A Batalha de Hogwarts
A Varinha Mestra
O Conto do Pr�ncipe
A floresta novamente
King`s Cross
A falha no plano
Dezenove anos depois
- Cap�tulo Um �
A Ascens�o do Lorde das Trevas
Os dois homens apareceram do nada, separados poucos metros na pista estreita e enluarada. Por um segundo permaneceram im�veis, as varinhas apontadas para o peito um do outro; ent�o, ao se reconhecerem, guardaram as varinhas debaixo de suas capas e come�aram a andar apressadamente na mesma dire��o.
- Novidades? - perguntou o mais alto dos dois.
-As melhores. - respondeu Severo Snape.
A pista era limitada � esquerda por amoreiras baixas selvagens, e � direita por uma fileira de altos arbustos cuidadosamente podados. As longas capas dos homens balan�avam ao redor de seus tornozelos enquanto caminhavam.
- Pensei que pudesse ser tarde - disse Yaxley, suas fei��es arredondadas ficando fora de vista, enquanto os ramos suspensos das �rvores bloqueavam a luz do luar. - Foi um pouco mais complicado do que eu esperava. Mas acho que ele ficar� satisfeito. Voc� acredita que a sua recep��o ser� boa?
Snape acenou com a cabe�a, mas n�o continuou. Eles viraram � direita para uma larga garagem que dava acesso � pista. A alta margem de arbustos escoava pela dist�ncia al�m dos impressionantes port�es feitos de ferro que barravam o caminho dos homens. Nenhum dos dois parou de caminhar. Silenciosamente e juntos, levantaram o bra�o esquerdo numa esp�cie de cumprimento e atravessaram como se o metal escuro fosse fuma�a.
As sebes silenciaram o barulho dos passos dos homens. Houve um farfalhar � direita, Yaxley empunhou sua varinha e apontou-a por cima da cabe�a de seu acompanhante, mas a origem do barulho n�o era mais do que um pav�o albino, andando majestosamente de uma ponta a outra o alto da sebe.
- L�cio sempre gostou do bom e do melhor. Pav�es... - Yaxley p�s sua varinha debaixo da capa com um grunhido.
Uma bela mans�o apareceu na escurid�o ao fim do estreito percurso, luzes piscavam nas vidra�as brilhantes das janelas do t�rreo. Em algum lugar no jardim escuro al�m das sebes, uma fonte jorrava. Pedregulhos crepitavam abaixo de seus p�s enquanto Snape e Yaxley andavam depressa em dire��o � porta da frente, a qual se abriu para dentro � aproxima��o deles embora n�o houvesse ningu�m vis�vel que tivesse abrido-a.
A entrada era grande, pouco iluminada e suntuosamente decorada, com um magn�fico carpete cobrindo a maior parte do ch�o de pedra. Os olhos dos rostos p�lidos nos retratos nas paredes seguiam Snape e Yaxley assim que eles passavam. Os dois homens pararam a uma pesada porta de madeira que levava ao pr�ximo aposento, hesitaram com o cora��o acelerado, at� que Snape girou a ma�aneta de bronze.
A sala de estar estava cheia de pessoas em sil�ncio, sentadas em uma grande e ornamentada mesa. Os m�veis costumeiros da sala foram empurrados descuidadosamente contra as paredes. A ilumina��o vinha de uma fogueira crepitante acesa abaixo de uma bela lareira de m�rmore cercada de um espelho banhado a ouro. Snape e Yaxley se demoraram por um momento na entrada, e enquanto seus olhos se acostumavam � car�ncia de luz, tomaram consci�ncia do detalhe mais estranho da cena: uma figura humana aparentemente inconsciente estava pendurada de cabe�a para baixo acima da mesa, girando vagarosamente como se estivesse suspensa por uma corda invis�vel, sua imagem refletida no espelho e na superf�cie polida da mesa abaixo. Nenhuma das pessoas abaixo deste singular �ngulo de vis�o estava olhando para ela, exceto um garoto jovem e p�lido, sentado quase abaixo dela. Ele parecia incapaz de evitar olhar para cima a cada minuto.
- Yaxley, Snape - disse uma voz alta e clara na cabeceira da mesa. - Voc�s est�o quase atrasados.
O interlocutor estava sentado diretamente � frente da lareira, de modo que era dif�cil, a princ�pio, distinguir mais do que a silhueta. Enquanto chegavam mais perto, contudo, sua face brilhou pela escurid�o: careca, of�dio, com rachos estreitos no lugar das narinas e olhos vermelhos brilhantes cujas pupilas eram verticais. Ele era t�o p�lido que parecia emitir um brilho perolado.
- Severus, aqui. - disse Voldemort, indicando o assento imediatamente � sua direita. - "Yaxley - ao lado de Dolohov.
Os dois homens tomaram seus lugares definidos. A maioria dos olhares ao redor da mesa seguiram Snape, e foi para ele quem Voldemort falou primeiro.
- Ent�o?
- �Milorde, a Ordem da F�nix pretende deslocar Harry Potter de seu atual lugar de seguran�a no pr�ximo s�bado, ao anoitecer�.
O interesse ao redor da mesa afiou-se palpavelmente. Alguns enrijeceram, outros se inquietaram, todos fitando Snape e Voldemort.
- S�bado... ao anoitecer. - repetiu Voldemort. Os olhos vermelhos fixados sobre os pretos de Snape com tal intensidade que alguns dos observadores desviaram o olhar, aparentemente receosos de que eles mesmos seriam queimados pela ferocidade do olhar. Snape, contudo, olhava calmamente para o rosto de Voldemort e, ap�s um momento ou dois, a boca sem l�bios de Voldemort se curvou para algo semelhante a um sorriso.
- Bom. Muito bom. E essa informa��o vem?...
- Da fonte sobre a qual discutimos. - disse Snape.
- Milorde. - Yaxley inclinou-se a frente para olhar Voldemort e Snape. Todos os rostos se viraram para ele.
- Milorde, eu ouvi falar diferente. Yaxley esperou, mas Voldemort n�o falou, ent�o continuou:
- Dawlish, o auror, deixou escapar que Potter n�o ser� removido at� o dia 30, a noite que precede o anivers�rio de dezessete anos do garoto.
Snape estava sorrindo e continuou:
- Minha fonte disse que h� planos para um alarme falso; deve ser isso. N�o h� d�vida que um Feiti�o Confundus foi posto sobre Dawlish! N�o seria a primeira vez, ele � conhecido por ser suscet�vel.
- Posso lhe assegurar, Milorde, que Dawlish pareceu estar totalmente certo. - falou Yaxley.
- Se ele foi confundido, naturalmente ele n�o tem d�vida. disse Snape.- Eu lhe asseguro Yaxley, que o Escrit�rio dos Aurores n�o ter�o parte alguma na prote��o de Harry Potter. A Ordem acredita que temos infiltrados no Minist�rio.
- A Ordem entendeu uma coisa certa, ent�o, h�?- disse um homem gordo e baixo sentado um pouco distante de Yaxley, dando uma risadinha ofegante que ecoou aqui e ali ao longo da mesa.
Voldemort n�o sorriu. Seu olhar desviou-se para cima ao corpo que girava vagarosamente, e parecia estar perdido em pensamentos.
- Milorde. - Yaxley continuou. - Dawlish acredita que um esquadr�o inteiro de Aurores ser� utilizado para transferir o garoto...
Voldemort ergueu uma grande m�o branca, e Yaxley acalmou-se imediatamente, olhando ressentidamente enquanto Voldemort virava-se para Snape.
- Onde eles v�o esconder o garoto depois?
- Na casa de um dos membros da Ordem. - disse Snape. - O local, de acordo com a fonte, recebeu toda prote��o que a Ordem juntamente do Minist�rio poderiam providenciar. Penso que h� pouca chance de pega-lo, a menos que o Minist�rio tenha sido derrotado antes do pr�ximo s�bado, o que nos daria a oportunidade de nos informar sobre os tais encantamentos e quebra-los, o que seria necess�rio.
- Bem, Yaxley? - Voldemort chamou-o da mesa, a luz do fogo refulgindo estranhamente em seus olhos vermelhos. - O Minist�rio ser� derrotado at� o pr�ximo s�bado?
Mais uma vez, todas as cabe�as viraram-se. Yaxley endireitou os ombros.
- Milorde, eu tenho boas not�cias a respeito. Lancei - com grande dificuldade e esfor�o � uma maldi��o Imperius sobre Plus Thicknesse.
Muitos que estavam sentados � volta de Yaxley pareceram impressionados; seu vizinho, Dolohov, um homem com um grande e estranho rosto, deu um tapinha em suas costas.
- � um come�o. - disse Voldemort. - Mas Thicknesse � apenas um homem. Scrimgeour deve ser cercado por nossos parceiros antes que eu aja. Um atentado mal-sucedido � vida do ministro, pode me fazer retroceder bastante em meus planos...
- Sim, milorde, isso � verdade, mas voc� sabe, como Chefe do Departamento de Aplica��o das Leis da Magia, Thicknesse tem contato regular n�o apenas com o ministro, mas tamb�m com todos os chefes de departamento do Minist�rio. Penso que ser� f�cil, agora que temos um oficial do alto escal�o sob nosso controle, subjugar os outros, e ent�o eles poder�o trabalhar todos juntos para derrubar Scrimgeour.
- Isso se o nosso amigo Thicknesse n�o for descoberto antes que ele tenha convencido o resto. - disse Voldemort. � De qualquer forma, permanece sendo improv�vel que o Minist�rio ser� meu antes do pr�ximo s�bado. Se n�s n�o podemos alcan�ar o garoto onde ele se encontra, ent�o isso deve ser feito enquanto ele viaja.
- N�s estamos em vantagem aqui, milorde. - disse Yaxley, que parecia determinado a receber algum tipo de aprova��o. - Agora n�s temos muitas pessoas posicionadas dentro do Departamento de Transporte M�gico. Se Potter aparatar ou usar a rede de flu, saberemos imediatamente.
- Ele n�o far� nenhum dos dois. - disse Snape. - A Ordem est� evitando qualquer tipo de transporte que seja controlado ou regulado pelo Minist�rio; eles desconfiam de tudo que tenha a ver com o Minist�rio.
- Mesmo assim, - disse Voldemort. - Ele vai ter que se expor muito. Mais f�cil de peg�-lo, certamente.
Mais uma vez Voldemort fitou o corpo que girava vagarosamente, enquanto continuou:
- Eu mesmo tomarei conta do garoto. J� houve muitos erros em rela��o a Harry Potter. Alguns deles foram meus. O fato de Potter viver se deve mais a erros meus do que aos seus triunfos.
As pessoas em volta da mesa observaram Voldemort apreensivamente, pelas suas express�es, pareciam receosos de serem culpados pela exist�ncia de Harry Potter. Voldemort, contudo, parecia estar falando mais para si mesmo do que para qualquer um deles, ainda atento ao corpo inconsciente acima dele.
- Fui descuidado e tamb�m enganado pela sorte e pela chance, com a destrui��o de todos meus planos mais bem elaborados. Mas eu sei melhor agora. Entendo coisas que eu n�o entendia antes. Deverei ser eu a pessoa que matar� Harry Potter, e o farei.
Como que em resposta a estas palavras, um repentino e terr�vel grito profundo de mis�ria e dor ressoou. Muitos dos que estavam na mesa olharam para baixo, surpresos pelo som que parecia ter vindo debaixo de seus p�s.
- Rabicho? - falou Voldemort, sem mudar o seu tom de voz baixo e s�brio, e sem tirar os olhos do corpo que girava l� em cima. - J� n�o falei a voc� sobre manter o nosso prisioneiro quieto?
- Sim, m-milorde. - engasgou um pequeno homem na metade da mesa, que estava sentado t�o baixo em sua cadeira que esta parecia, a princ�pio, desocupada. Agora ele saltava de seu assento e disparava da sala, deixando nada mais atr�s dele exceto um curioso brilho prateado.
- Como eu estava dizendo, - continuou Voldemort, olhando novamente para os rostos tensos de seus seguidores. - Eu entendo melhor agora, e precisarei, por exemplo, pegar emprestada uma varinha de um de voc�s antes de ir matar Potter.
Os rostos em volta dele n�o demonstraram nada al�m de choque; ele podia ter anunciado que queria emprestado um dos bra�os deles.
- Sem volunt�rios? - disse Voldemort. - Vamos ver... L�cio, eu n�o vejo raz�o para voc� ainda ter uma varinha.
L�cio olhou para cima. A pele parecendo amarelada e feita de cera sob a luz do fogo, seus olhos eram profundos e sombrios. Quando ele falou, sua voz estava embargada.
- Milorde?
- Sua varinha, L�cio. Requisitei a sua varinha.
- Eu...
Malfoy olhou ao lado para sua esposa. Ela estava parada � frente, quase t�o p�lida quanto ele, seu longo cabelo loiro ca�do em suas costas, mas por baixo da mesa os dedos finos fechados brevemente em seu punho. Ao toque dela, Malfoy p�s a m�o em suas vestes, retirou a varinha e passou-a para Voldemort, o qual a segurou acima de seus olhos vermelhos, examinando-a atentamente.
- Do que ela �?
- Ulmeiro, milorde. - sussurrou Malfoy.
- E o n�cleo?
- Drag�o - cordas de cora��o de drag�o.
- Bom. - disse Voldemort. Ele sacou sua pr�pria varinha e comparou os comprimentos. L�cio Malfoy fez um movimento involunt�rio; por uma fra��o de segundo, pareceu que ele esperava receber a varinha de Voldemort em troca da sua. O gesto n�o foi perdido por Voldemort, cujos olhos alargaram-se maliciosamente.
- Dar a minha varinha a voc�, L�cio? Minha varinha?
Alguns dos presentes deram risadinhas.
- Eu lhe dei sua liberdade, L�cio, isso n�o � o suficiente para voc�? Mas tenho percebido que voc� e a sua fam�lia parecem menos que felizes... O que h� sobre minha presen�a em sua casa que o incomoda, L�cio?
- Nada - nada, milorde!
- Tais mentiras, L�cio...
A voz suave parecia assobiar at� mesmo depois de a boca cruel parar de se movimentar. Um ou dois dos bruxos quase n�o seguraram um tremido assim que o chiado come�ou a ficar mais alto; alguma coisa pesada p�de ser ouvida deslizando debaixo mesa.
A cobra imensa emergiu e escalou lentamente a cadeira de Voldemort. Ela se levantou, aparentemente sem fim, e veio a descansar nos ombros de Voldemort. Seu pesco�o era da espessura da coxa de um homem; seus olhos, com fendas verticais no lugar de pupilas, n�o piscavam. Voldemort tocava a criatura distraidamente com seus longos dedos, ainda olhando para L�cio Malfoy.
- Por que os Malfoy parecem t�o infelizes com sua sorte? N�o � o meu retorno, minha ascen��o ao poder que eles sempre proclamaram desejar por tantos anos?
- Mas � claro milorde, - disse L�cio Malfoy. Sua m�o tremia enquanto ele secava o suor de seu l�bio superior. - N�s desej�vamos isso - n�s desejamos.
� esquerda de Malfoy, sua mulher fez um estranho aceno formal de afirma��o, seus olhos desviados de Voldemort e da cobra. � sua direita, seu filho, Draco, que estava fitando o corpo inerte suspenso, olhou rapidamente para Voldemort e desviou o olhar novamente, aterrorizado para fazer contato visual.
- Milorde, - disse uma mulher morena na metade da mesa, sua voz contra�da pela emo��o. - � uma honra t�-lo aqui, na casa de nossa fam�lia. N�o h� satisfa��o maior.
Ela sentava ao lado de sua irm�, diferente na apar�ncia, com seus cabelos negros e olhos de p�lpebras pesadas, assim como tamb�m era diferente em seu comportamento; Narcissa estava sentada r�gida e impassiva, Bellatrix estava inclinada em dire��o a Voldemort, como se meras palavras n�o pudessem demonstrar o seu desejo pela proximidade.
- N�o h� satisfa��o maior, - repetiu Voldemort, a cabe�a virou um pouco para o lado enquanto analisava Bellatriz. - Isso significa muito, Bellatriz, vindo de voc�.
O semblante dela se encheu de cor; seus olhos lacrimejaram de deleite.
- Milorde sabe que eu n�o falo nada a n�o ser a verdade!
- N�o h� satisfa��o maior...mesmo comparado com o feliz evento que fiquei sabendo, aconteceu com a sua fam�lia, essa semana?
Ela o fitou, seus l�bios cerrados, evidentemente confusa.
- Eu n�o sei do que voc� est� falando, Milorde.
- Eu estou falando da sua sobrinha, Bellatriz. E de voc�s tamb�m, L�cio e Narcissa. Ela acabou de se casar com o lobisomem, Remo Lupin. Voc�s devem estar t�o orgulhosos.
Houve uma erup��o de gargalhadas zombeteiras pela mesa. Muitos se inclinaram para frente, para trocar olhares alegres, alguns bateram na mesa com seus punhos. A grande cobra, desagradando-se com a bagun�a, abriu a boca largamente e silvou amea�adoramente, mas os Comensais da Morte n�o a ouviram, estavam t�o alegres pela humilha��o de Bellatriz e dos Malfoy. O rosto de Bellatriz tornou-se repulsivo e vermelho.
- Ela n�o � nossa sobrinha, milorde. � se lamuriando pela piada. - N�s - Narcissa e eu - nunca colocamos os olhos em nossa irm� depois que ela se casou com o sangue-ruim. Aquela malcriada n�o tem nada a ver conosco, e nem a besta com a qual ela se casou.
- E o que voc� diz, Draco? - perguntou Voldemort, apesar de sua voz estar baixa, ela soou claramente atrav�s dos assobios alegres. - Voc� vai ser bab� dos filhotes?
A hilaridade aumentou; Draco Malfoy olhava aterrorizado para seu pai, que estava olhando para o pr�prio colo; ent�o capturou o olhar de sua m�e. Ela balan�ou sua cabe�a imperceptivelmente, ent�o voltou a olhar inexpressivamente para a parede oposta.
- Basta. - disse Voldemort, acariciando a cobra raivosa. � Basta.
E as risadas morreram imediatamente.
- Muitas de nossas mais tradicionais �rvores geneal�gicas ficaram um pouco descart�veis com o passar do tempo. - disse enquanto Bellatriz olhava para ele, sem f�lego e implorando.
- Voc�s devem podar as suas, n�o devem, para mant�-las saud�veis? Cortar fora aquelas partes que amea�am a sa�de do resto.
- Sim, milorde. - sussurrou Bellatriz. Seus olhos se encheram com l�grimas de gratid�o, novamente. - Na primeira chance!
- Voc� a ter�. - disse Voldemort. - E em sua fam�lia, assim como no mundo... Cortaremos fora a praga que nos infesta at� que somente os verdadeiros sangues puros permane�am...
Voldemort levantou a varinha de L�cio Malfoy, apontou ela diretamente para a figura que vagarosamente girava suspensa acima da mesa, e deu uma pancadinha. A figura voltou a vida com um grunhido e come�ou a lutar contra cordas invis�veis.
- Voc� reconhece nossa convidada, Severo? - perguntou Voldemort.
Snape ergueu os olhos para o rosto virado de cabe�a pra baixo. Todos os Comensais da Morte estavam olhando para a prisioneira agora, como se lhes tivesse sido dada a permiss�o para demonstrar curiosidade. Enquanto girava para encarar a luz do fogo, a mulher disse em uma aguda e aterrorizada voz.
- Severo, ajude-me!
- Ah sim, - disse Snape enquanto a prisioneira virava devagar, mais uma vez.
- E voc�, Draco? - perguntou Voldemort, acariciando o focinho da cobra com a m�o livre. Draco concordou com sua cabe�a bobamente. Agora que a mulher havia acordado, ele parecia incapaz de continuar olhando para ela.
- Mas voc� n�o teria tido aulas com dela. - disse Voldemort. - Para os que n�o sabem, n�s estamos reunidos aqui hoje � noite por Charity Burbage que, at� recentemente, lecionava na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts!
Houve pequenos barulhos de compreens�o ao redor da mesa. Uma mulher gorda e curva, de dentes pontudos, cacarejou.
- Sim... Professora Burbage ensinava �s crian�as bruxas tudo sobre os trouxas... como eles n�o s�o t�o diferentes de n�s...
Um dos Comensais da Morte bateu no ch�o. Charity Burbage girou para encarar Snape novamente.
- Severus... por favor, por favor...
- Sil�ncio! - disse Voldemort, com mais um movimento com a varinha de Malfoy e Charity ficou em sil�ncio como se tivesse sido amorda�ada. - N�o contente por corromper e poluir as mentes das crian�as bruxas, semana passada, a Professora Burbage escreveu uma apaixonada defesa sobre os sangues-ruins no Profeta Di�rio. Os bruxos, ela diz, devem aceitar esses ladr�es de conhecimento e magia. A diminui��o dos sangues-puros �, diz a Professora Burbage, algo mais que desej�vel... Ela queria todos n�s casados com trouxas... ou, sem d�vida, lobisomens...
Ningu�m riu dessa vez. N�o havia como n�o discernir a raiva e o desprezo na voz de Voldemort. Pela terceira vez, Charity Burbage girou ficando face a face com Snape. L�grimas brotavam de seus olhos para seus cabelos. Snape olhou de volta para ela, totalmente impass�vel, enquanto ela virava devagar para longe dele novamente.
- Avada Kedavra
Um flash de luz verde iluminou cada canto do aposento. Charity caiu, com um barulho ressoante sobre a mesa que rachou e quebrou. V�rios dos Comensais da Morte pularam para tr�s em suas cadeiras, Draco caiu da sua para o ch�o.
- Jantar, Nagini. - disse Voldemort suavemente e a grande cobra oscilou e escorregou de seus ombros at� o ch�o de madeira polida.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por Josh Lost
Revisado por Grey Lady
- CAP�TULO DOIS �
In Memoriam*
Harry estava sangrando, segurando firmemente sua m�o direita com a esquerda, ofegante, ele abriu a porta de seu quarto com um encontr�o. Houve um barulho de lou�a se quebrando. Ele trope�ou numa x�cara de ch� fria que estava parada no ch�o do lado de fora da porta do quarto.
- Mas que m--?
Ele olhou ao redor, o n�mero quatro da Rua dos Alfeneiros estava deserto. Provavelmente, a x�cara de ch� era id�ia de Duda de uma armadilha inteligente. Mantendo erguida a m�o que sangrava, Harry juntou os peda�os da x�cara quebrada com a outra m�o e os lan�ou no lixo j� cheio que havia dentro de seu quarto. Ent�o foi em dire��o ao banheiro e colocou seu dedo na torneira.
Era est�pido, irritante al�m do que se pode imaginar que ele ainda teria quatro dias com problemas para lan�ar magias... Mas tinha de admitir que esse corte profundo em seu dedo o teria derrotado. Ele nunca havia aprendido como curar ferimentos, e agora que pensava nisso - particularmente tendo em vista seus planos imediatos - isso parecia ser uma s�ria falha em sua educa��o m�gica. Fez uma nota mental para perguntar � Hermione como se fazia, usou um grande chuma�o de papel higi�nico para absorver o m�ximo de ch� que ele conseguiu, antes de retornar ao seu quarto e bater a porta atr�s.
Harry havia passado a manh� com a tarefa de esvaziar seu ba� da escola pela primeira vez desde que o tinha arrumado seis anos antes. Entre os anos anteriores, apenas havia remexido no alto dos seus pertences e substitu�do ou melhorado, deixando uma camada de coisas in�teis no fundo - penas velhas, olhos dissecados de besouros, e meias sem par que n�o mais serviam. Minutos antes, Harry havia mergulhado sua m�o nessas coisas, sentiu uma dor lancinante no dedo anelar de sua m�o direita, e ao retir�-lo viu que estava sangrando muito.
Agora prosseguia com mais cuidado, ajoelhando-se ao lado do ba� novamente, apalpou o fundo, achando um velho broche que tocava a frase que ora dizia AP�IE CEDRICO DIGGORY, ora dizia POTTER FEDE, um bisbilhosc�pio velho e quebrado, e um medalh�o dourado dentro do qual um bilhete assinado por R.A.B estava escondido. Ele finalmente encontrou o objeto pontudo que produziu o dano. Reconheceu-o como um peda�o de cinco cent�metros do espelho encantado que o seu padrinho morto, Sirius, havia dado a ele. Harry o p�s de lado e cuidadosamente vasculhou o ba� a procura do resto, mas nada mais restava do �ltimo presente de seu padrinho, exceto vidro em p� que se agarravam firmemente �s camadas mais profundas como uma areia brilhante.
Harry se sentou e examinou o peda�o afiado com o qual havia se cortado, vendo nada mais que seu pr�prio olho verde brilhante refletido de volta. Ent�o colocou o fragmento sobre o Profeta Di�rio daquela manh�, que continuava sem ser lido sobre a cama, e tentou suprimir a onda crescente de mem�rias amargas e as punhaladas de arrependimento e saudosismo que a descoberta do espelho quebrado havia causado, estando junto ao resto do lixo no ba�.
Custou mais uma hora para esvazi�-lo completamente, jogar fora os itens sem utilidade, e distribuir o resto em pilhas de acordo com o que iria necessitar de agora em diante. Suas vestes escolares e de quadribol, caldeir�o, pergaminho, penas e a maioria dos seus livros did�ticos foram empilhados a canto, para serem deixados para tr�s. Ele imaginou o que seus tios fariam com eles. Provavelmente, queim�-los na calada da noite como se fosse evid�ncia de um crime horroroso. Suas roupas de trouxa, Capa da Invisibilidade, kit de fazer po��es, alguns livros, o �lbum de fotografia que Hagrid dera uma vez a ele, uma pilha de cartas e sua varinha foram recolocadas em uma mochila velha. Dentro de um bolso frontal p�s Mapa do Maroto e o medalh�o com o bilhete assinado por R.A.B. O medalh�o ocupava esse lugar de honra n�o por ser valioso - no senso comum era in�til - mas sim pela dificuldade que enfrentara para obt�-lo.
Isso deixou uma pilha consider�vel de jornal em sua escrivaninha ao lado de sua coruja branca, Edwiges: um para cada dia que Harry havia passado na Rua dos Alfeneiros neste ver�o.
Ele se levantou do ch�o, recomp�s-se e dirigiu-se � sua escrivaninha. Edwiges n�o se movimentou assim que ele come�ou a folhear os jornais, jogando-os na pilha de lixo um por um. A coruja estava adormecida, ou at� mesmo fingindo, estava brava com Harry por causa do limitado tempo que lhe era permitido ficar fora de sua gaiola naquele momento.
� medida que se aproximava ao in�cio da pilha de jornais, Harry diminuiu o ritmo, procurando por uma situa��o em particular que sabia ter acontecido pouco tempo depois de ter chegado � Rua dos Alfeneiros para o ver�o. Lembrava-se de haver uma pequena men��o sobre a ren�ncia da professora de Estudo dos Trouxas em Hogwarts. No final o achou. Virando para a p�gina dez, afundou-se na cadeira da escrivaninha e releu o artigo pelo qual procurava.
LEMBREM-SE DE ALVO DUMBLEDORE
Por Elphias Doge
Conheci Alvo Dumbledore aos onze anos, em nosso primeiro dia em Hogwarts. Nossa atra��o m�tua se devia, sem d�vida, ao fato de que ambos nos sent�amos como estranhos. Eu havia contra�do S�filis Draconiana logo antes de chegar � escola, e assim que n�o era mais contagioso, a vis�o de eu esburacado e com um tom esverdeado n�o encorajava muitos a se aproximarem de mim. No que o concernia, Alvo havia chegado a Hogwarts sob o fardo de uma notoriedade indesejada. Praticamente um ano antes, seu pai, Percival, foi condenado por um ataque selvagem e de conhecimento geral a tr�s jovens trouxas.
Alvo nunca tentou negar que seu pai (que estava condenado � morte em Azkaban) havia cometido esse crime; pelo contr�rio, quando tomei coragem para perguntar sobre isso, ele me afirmou que sabia que seu pai era culpado. Al�m disso, Dumbledore se recusava a falar sobre o ocorrido, apesar de muitos tentarem faz�-lo falar sobre isso. Al�m disso, alguns estavam dispostos a endossar a atitude do pai de Alvo, e assumiam que ele tamb�m odiava trouxas. Eles n�o podiam estar mais enganados. Assim como qualquer um que conhecesse Alvo podia atestar que ele nunca revelou de maneira remota qualquer tend�ncia anti-trouxa, e, al�m disso, seu determinado apoio aos direitos dos Trouxas rendeu muitos inimigos nos anos subseq�entes.
Por�m, em quest�o de meses, a fama do pr�prio Alvo come�ou a se sobrepor � de seu pai. Ao final do primeiro ano ele nunca mais seria conhecido como o filho do Detesta-Trouxas, mas nada menos que o mais brilhante estudante j� visto na escola. Aqueles de n�s que �ramos privilegiados de ser seus amigos, nos beneficiamos do seu exemplo, para n�o falar de sua ajuda e encorajamento, com o qual ele era sempre generoso. Mais tarde ele confessou para mim na vida que ele sabia desde aquela �poca que o seu maior prazer se encontrava em lecionar.
Ele n�o apenas ganhou cada pr�mio que a escola oferecia como tamb�m mantinha contato regular com os mais not�veis nomes do mundo da magia naqueles dias, incluindo Nicolau Flamel, o celebrado alquimista, Bathilda Bagshot, a not�vel historiadora, e Adalbert Wafflind, o te�rico da magia. Muitos de seus trabalhos encontraram espa�o em publica��es conhecidas como Transfigura��o Hoje, Desafios nos Encantamentos e O Pr�tico Pocionista. A carreira futura de Dumbledore parecia ser mete�rica, e a �nica quest�o era quando iria se tornar Ministro da Magia. Apesar de ser dito algumas vezes nos anos seguintes que ele estava quase aceitando o emprego, contudo, nunca teve ambi��es ministeriais.
Tr�s anos depois de come�armos Hogwarts o irm�o de Alvo, Aberforth, chegou � escola. Eles n�o eram parecidos; Aberforth nunca foi centro das aten��es, e, ao contr�rio de Alvo, preferia argumentar atrav�s do duelo em vez de utilizar a discuss�o racional. Contudo, � errado sugerir, como alguns fazem, que os irm�os n�o eram amigos. Eles se relacionavam t�o confortavelmente como dois garotos t�o diferentes podem fazer. Em justi�a a Aberforth, deve-se admitir que viver � sombra de Alvo n�o deve ter sido uma experi�ncia agrad�vel. Ser continuamente ofuscado era um risco ocupacional de ser seu amigo, e n�o p�de ter sido mais f�cil como irm�o.
Quando Alvo e eu deixamos Hogwarts, t�nhamos inten��o de seguir o caminho tradicional da �poca, visitando e observando bruxos estrangeiros, antes de seguirmos nossas carreiras separadas. Contudo, a trag�dia interferiu. Na v�spera de nossa viagem, a m�e de Alvo, Kendra, morreu, tornando Alvo arrimo da fam�lia. Eu adiei minha partida o suficiente para prestar minhas homenagens no funeral de Kendra, e ent�o parti para o que seria uma jornada solit�ria. Com um irm�o e uma irm� mais novos para tomar conta, e com pouco dinheiro deixado para eles, n�o havia como Alvo me acompanhar.
Aquele foi o per�odo das nossas vidas em que tivemos menos contato. Escrevi para Alvo, descrevendo, talvez insensivelmente, as maravilhas da minha jornada, como quando quase n�o consegui escapar de quimeras na Gr�cia, assim como as experi�ncias dos eg�pcios alquimistas. As suas cartas me diziam pouco sobre seu dia-a-dia, que eu imaginava ser frustrante e tediosa para um mago t�o brilhante. Imerso em minhas pr�prias experi�ncias, foi com horror que eu ouvi, ao final do meu ano de viagens, que mais uma trag�dia atingiu Dumbledore: a morte de sua irm�, Ariana.
Apesar de Ariana ter estado em m� sa�de por muito tempo, a temporada ap�s a morte de sua m�e teve um profundo efeito sobre os irm�os. Os mais pr�ximos de Alvo - e eu me incluo como um sortudo nesse meio - concordam que os sentimentos de responsabilidade de Alvo pela morte de Ariana (apesar de obviamente ele n�o ter culpa alguma), deixaram sua marca nele para sempre.
Eu voltei para casa e encontrei um jovem rapaz que tinha experimentado o sofrimento de uma pessoa muito mais velha, Alvo estava mais reservado que antes, e com o cora��o muito menos brilhante. Em adi��o � sua mis�ria, a perda de Ariana levou, n�o a uma reaproxima��o entre Alvo e Aberforth, mas a um estranhamento. Com o tempo isso mudaria - anos mais tarde eles restabeleceram sen�o uma rela��o pr�xima, ao menos cordial. Contudo, ele raramente falava sobre seus pais ou Ariana a partir daquela �poca, e seus amigos aprenderam a n�o mencion�-los.
Outras penas v�o descrever os triunfos nos anos seguintes. As in�meras contribui��es de Dumbledore para o conhecimento Bruxo, incluindo a descoberta dos doze usos de sangue de drag�o, que beneficiar�o as gera��es vigentes, assim como a sua sabedoria que demonstrou nos v�rios julgamentos que fez quando Chefe Bruxo da Suprema Corte dos Bruzos. Ainda se diz, que nenhum duelo bruxo se comparou �quele entre Dumbledore e Grindelwald em 1945. Aqueles que testemunharam, escreveram sobre o terror e respeito que sentiram ao observar esses dois extraordin�rios bruxos duelarem. O triunfo de Dumbledore e suas conseq��ncias para o mundo da magia s�o considerados um ponto de mudan�a na hist�ria m�gica, compar�vel � introdu��o do Estatuto Internacional de Segredo ou � queda d'Aquele-Que-N�o-Deve-Ser-Nomeado.
Alvo Dumbledore nunca foi orgulhoso ou vaidoso, ele podia encontrar algo a se valorizar em qualquer um, no entanto aparentemente insignificante e cabisbaixa, e acredito que suas perdas iniciais o beneficiaram com uma grande humanidade e simpatia. Eu vou sentir a falta de sua amizade mais do que eu posso falar, mas minha perda n�o � nada comparada � perda do mundo da magia. Que ele era o mais inspirador e mais amado de todos os diretores de Hogwarts n�o se pode questionar. Ele morreu enquanto vivia: trabalhando sempre para um bem maior, e como sempre, disposto a estender a m�o para um garotinho com S�filis Draconiana como estava no dia em que o conheceu.
Harry terminou de ler, mas continuou a observar a figura que acompanhava o obitu�rio. Dumbledore estava com o seu familiar e gentil sorriso, mas ao olhar por cima de seus oclinhos de meia-lua, deu a impress�o, at� mesmo em uma foto, de olhar atrav�s de Harry, cuja tristeza se fundia a um senso de humilha��o.
Ele pensou que conhecia bem a Dumbledore, mas desde que leu esse obitu�rio foi for�ado a reconhecer que, na verdade, mal o conhecia. Nunca havia antes imaginado a inf�ncia ou a juventude de Dumbledore. Era como se ele apenas houvesse existido como Harry o conheceu, respeit�vel, idoso e de cabelos prateados. A id�ia de um Dumbledore adolescente era simplesmente t�o estranha como tentar imaginar uma Hermione est�pida ou um Explosivin amig�vel.
Ele nunca havia pensado em perguntar a Dumbledore sobre o seu passado. Sem d�vida pareceria estranho, at� mesmo impertinente, mas, na verdade, era de conhecimento geral que Dumbledore participou daquele duelo lend�rio com Grindelwald, e Harry n�o havia pensando em perguntar a Dumbledore como foi que aconteceu, e nem sobre qualquer outra de suas conquistas famosas. N�o, eles haviam sempre discutido Harry, o passado de Harry, o futuro de Harry, os planos de Harry... e parecia agora que, apesar de seu futuro ser t�o perigoso e incerto, havia perdido oportunidades �nicas quando falhou em perguntar a Dumbledore mais sobre ele, mesmo sabendo que a �nica pergunta pessoal que havia perguntado ao diretor, foi a �nica que suspeitava que Dumbledore n�o respondeu honestamente.
- O que voc� v� quando voc� olha no espelho?
- Vejo-me segurando um par de grossas meias de l�.
Depois de pensar demoradamente, Harry rasgou o obitu�rio do Profeta, dobrou-o cuidadosamente, e o enfiou dentro do primeiro volume de Defesa M�gica Pr�tica e Em Uso Contra as Artes das Trevas. Logo jogou o resto do jornal na pilha de lixo e virou-se para encarar o aposento. Estava muito mais arrumado. As �nicas coisas que continuavam fora do lugar era o Profeta Di�rio do dia, ainda sobre a cama, e sobre ele o peda�o de espelho quebrado.
Harry andou pelo quarto, afastou o fragmento de espelho do Profeta Di�rio do dia e desdobrou o jornal. Tinha apenas olhado a manchete quando retirou o jornal enrolado do correio coruja naquela manh� e jogou-o de lado, depois de constatar que n�o falava nada sobre Voldemort. Harry tinha certeza que o Minist�rio estava pressionando o Profeta a suprimir not�cias sobre Voldemort. Entretanto, foi apenas naquele momento que ele percebeu o que havia deixado passar.
Na extens�o da metade inferior da capa do jornal, uma pequena manchete pairava acima de uma pequena foto de Dumbledore que caminhava parecendo estar com pressa.
DUMBLEDORE - A VERDADE AT� QUE ENFIM
Ser� lan�ada semana que vem a hist�ria chocante do g�nio imperfeito que � considerado por muitos o maior Bruxo de sua gera��o. Desfazendo-se dessa sua popular imagem serena e sabedoria de barba prateada, Rita Skeeter revela a inf�ncia conturbada, a juventude meretriz, os desafetos vital�cios e os segredos culposos que Dumbledore levou para o t�mulo. POR QUE o homem cotado para ser Ministro da Magia se contentou em permanecer como diretor? QUAL era o real prop�sito da organiza��o secreta conhecida como a Ordem da F�nix? COMO foi que Dumbledore encontrou seu fim?
As respostas para essas e outras quest�es s�o exploradas na nova e explosiva biografia A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore, de Rita Skeeter, entrevistada exclusivamente por Betty Braithwaite, na p�gina 13 interna.
Harry abriu o jornal e achou a p�gina 13. O artigo era encabe�ado por uma foto mostrando outro rosto familiar; uma mulher usando �culos com gemas e de cabelos encaracolados, seus dentes cerrados naquilo que claramente era pra ser um sorriso de vit�ria, apontando seus dedos para ele. Fazendo o poss�vel para ignorar essa imagem enjoativa, Harry continuou a ler.
Pessoalmente, Rita Skeeter � muito mais calorosa e suave que os seus famosos retratos de pena sugerem. Cumprimentando-me no hall de sua aconchegante resid�ncia, ela me leva diretamente � cozinha para uma x�cara de ch�, uma fatia de bolo ingl�s e come�amos a falar das �ltimas fofocas.
"Bem, obviamente, Dumbledore � o sonho de qualquer bi�grafo," diz Skeeter. Uma vinda longa e ocupada. Tenho certeza que meu livro ser� o primeiro de uma s�rie de muitos.�
Skeeter certamente estava a postos. Seu livro de 900 p�ginas foi terminado apenas quatro semanas depois da misteriosa morte de Dumbledore em junho. Eu a questionei sobre como ela gerenciou essa obra muito r�pida.
"Oh, quando voc� j� foi uma jornalista por tanto tempo como eu fui, trabalhar com prazos curtos se torna natural. Eu sabia que o mundo da Magia estava clamando pela hist�ria completa e eu queria ser a primeira a contemplar essa necessidade."
�Eu menciono a recente e amplamente publicada declara��o de Elphias Doge, Consultor Especial para a Suprema Corte dos Bruxos e amigo de longa data de Alvo Dumbledore, de que o livro de Skeeter cont�m menos verdades que uma carta de um sapo de chocolate.�
Skeeter curva sua cabe�a para tr�s e sorri.
�Querido Dodgy, eu me lembro de entrevist�-lo alguns anos atr�s sobre os direitos dos sereianos, Deus o aben�oe. Completamente gag�, parecia estar pensando que est�vamos sentados no fundo do Lago Windermere, ficava falando para mim para tomar cuidado com as trutas."
E as acusa��es de Elphias Doge de imprecis�o j� ecoaram em muitos lugares. Ser� que Skeeter realmente sente que nossas quatro curtas semanas foram o suficiente para obter uma vis�o geral e completa da vida longa e extraordin�ria de Dumbledore?
"Oh, minha querida", sorri Skeeter, envolvendo carinhosamente minhas falanges. "Voc� sabe t�o bem quanto eu quanta informa��o pode ser gerada por uma sacola gorda cheia de gale�es, uma recusa de ouvir a palavra 'n�o' e uma bela e afiada Pena de Repeti��o-R�pida! As pessoas estavam ansiosas por se livrar das sujeiras de Dumbledore de qualquer maneira. Nem todo mundo o achava t�o maravilhoso, voc� sabe - ele pisou no p� de muita gente importante. Mas o velho Dodgy Doge pode tirar o seu hip�grifo da chuva, porque eu tive acesso a uma fonte pela qual muitos jornalistas trocariam a sua varinha para ter acesso, uma delas nunca que nunca falara em p�blico antes, e que era pr�xima de Dumbledore durante a parte mais turbulenta e perturbada de sua juventude."
A publicidade pr�-lan�amento para a biografia de Skeeter's sugere que haver� choque nas lojas para aqueles que acreditam que Dumbledore viveu uma vida sem culpas. Quais foram as maiores surpresas que ela descobriu?, eu perguntei?
"Agora, deixa disso, Betty, eu n�o vou revelar todas as principais informa��es antes que ningu�m tenha comprado o livro!", sorri Skeeter. "Mas eu posso prometer que qualquer pessoa que ainda pense que Dumbledore era branco como sua barba pode se preparar para uma reviravolta! Vamos apenas dizer que ningu�m que tenha presenciado a sua ira contra Voc�-Sabe-Quem jamais teria sonhado que ele praticou Artes das Trevas em sua juventude! E para um Bruxo que passou seus �ltimos anos clamando por toler�ncia, ele n�o era exatamente um mente aberta quando era mais jovem! Sim, Alvo Dumbledore tem um passado extremamente negro, sem mencionar a sua fam�lia suspeita, que ele se esfor�ou tanto para manter escondida."
Pergunto-me se Skeeter est� se referido ao irm�o de Dumbledore, cuja convic��o da Suprema Corte dos Bruxos por praticar mau uso da magia causou um pequeno esc�ndalo quinze anos atr�s.
"Oh, Aberforth � s� o come�o do saco de bosta.", ri Skeeter, "N�o, n�o, eu estou falando sobre algo muito pior do que um irm�o com gosto para fazer coisas in�teis com bodes, pior ainda do que seu pai incapacitador de trouxas - Dumbledore n�o podia manter nenhum deles quietos de qualquer maneira, eles foram ambos condenados pela Suprema Corte dos Bruxos. N�o, � da m�e e da irm� que eu fico intrigada, e um pouco de insist�ncia revelou um ninho de safadezas - mas, como eu disse, voc�s ter�o que esperar pelos cap�tulos 9 ao 12 para detalhes completos. Tudo o que eu posso falar agora � que eu entendo o porqu� de Dumbledore nunca ter falado de como quebrou o nariz."
Deixando os podres familiares de lado, ser� que Skeeter nega o brilhantismo que levou Dumbledore a muitas de suas descobertas m�gicas?
"Ele era um cr�nio", ela concorda, "apesar de agora muitos se questionarem se ele pode levar todo o cr�dito por todas as suas supostas conquistas. Como eu revelo no cap�tulo 16. Ivor Dillonsby diz que j� havia descoberto oito usos do sangue de drag�o antes de Dumbledore 'emprestar' seu trabalho."
Mas a import�ncia de alguns dos feitos de Dumbledore n�o podem, eu me arrisco a dizer, ser negados. E sobre a sua famosa vit�ria sobre o bruxo Grindelwald?
"Oh, agora eu estou grata de voc� ter mencionado Grindelwald," diz Skeeter com um sorriso tentador, "Eu receio que aqueles que acreditam cegamente na vit�ria espetacular de Dumbledore devem se preparar para uma bomba - quem sabe uma bomba de bosta. Neg�cios muito sujos. Tudo que irei falar � que n�o tenham absoluta certeza que houve mesmo um duelo lend�rio. Depois de terem lido meu livro, as pessoas podem ser for�adas a concluir que Grindelwald simplesmente conjurou um guardanapo branco da ponta de sua varinha e ficou quieto!"
Skeeter se recusa a revelar qualquer coisas mais nesse assunto intrigante, ent�o nos direcionamos para a rela��o que ir� fascinar seus leitores mais do que qualquer outra.
"Oh, sim" disse Skeeter, consentindo rapidamente, "Eu dediquei um cap�tulo inteiro para toda a rela��o Potter-Dumbledore. Ela tem sido chamada de insalubre, at� mesmo sinistra. Mais uma vez, seus leitores ter�o que comprar meu livro para ter acesso a toda hist�ria, mas n�o h� d�vida de que Dumbledore interessou-se al�m do normal com Potter pelo que se diz. Se era realmente para o interesse do garoto - bom, n�s veremos. � certamente um segredo conhecido de que Potter teve a mais conturbada das adolesc�ncias.
Eu pergunto se Skeeter ainda est� em contato com Harry Potter, a quem ela fez uma entrevista famosa ano passado; uma conhecida entrevista na qual Potter falou exclusivamente sobre a sua convic��o de que Voc�-Sabe-Quem teria voltado.
"Oh sim, n�s desenvolvemos um elo pr�ximo," diz Skeeter. "O pobre Potter tem poucos amigos de verdade, e n�s nos encontramos num dos momentos mais desafiadores de sua vida - O Torneio Tribruxo. Eu sou provavelmente uma das poucas pessoas vivas que pode dizer que conhece o verdadeiro Harry Potter."
O que nos leva diretamente aos v�rios rumores que ainda circulam sobre as �ltimas horas de Dumbledore. Ser� que Skeeter acredita que Potter esteve l� quando Dumbledore morreu?
"Bom, eu n�o quero falar demais - est� tudo no livro - mas testemunhas oculares dentro do castelo de Hogwarts viram Potter sair correndo da cena momentos depois que Dumbledore caiu, pulou ou foi empurrado. Potter mais tarde deu evid�ncias contra Severo Snape, um grande desafeto de Potter. Ser� tudo o que aparenta? Cabe � comunidade bruxa decidir - assim que eles lerem meu livro."
Com essa intrigante deixa, retirei-me. N�o h� d�vidas que Skeeter escreveu um best-seller instant�neo. As legi�es de adoradores de Dumbledore podem tamb�m estar tremendo sobre o que est� pr�ximo de ser revelado sobre o seu her�i.
Harry alcan�ou o final do artigo, mas continuou a olhar vagamente para a p�gina. Repuls�o e f�ria subiram por ele como �nsia de v�mito, pegou o jornal e o lan�ou, com todas as for�as, contra a parede, onde terminou se juntando ao resto de todo o lixo acumulado ao redor de sua lixeira demasiadamente cheia.
Ele come�ou a andar cegamente pelo quarto, abrindo gavetas vazias e pegando livros apenas para recoloc�-los nas mesmas pilhas, quase inconsciente do que estava fazendo, � propor��o que frases aleat�rias do artigo de Rita ecoavam em sua cabe�a: Um cap�tulo inteiro para o relacionamento Potter-Dumbledore... Ela tem sido chamada de insalubre (n�o saud�veis), at� mesmo sinistras... Ele praticou arte das trevas em sua juventude... Eu tive acesso a uma fonte que muitos jornalistas trocariam suas varinhas para t�-la...
- Mentiras! � berrou Harry e, atrav�s da janela, viu o vizinho ao lado parar de tentar religar a sua m�quina de cortar grama olhar para o alto apreensivamente.
Harry sentou bruscamente na cama. O peda�o quebrado de espelho saiu voando para longe. Ele o pegou e ficou girando em seus dedos, pensando em Dumbledore e nas mentiras com as quais Rita Skeeter estava difamando-o...
Houve um clar�o do mais brilhante azul. Harry congelou. Seu dedo machucado passando na ponta afiada do espelho novamente. Ele havia imaginado aquilo, devia ter imaginado. Olhou por cima de seu ombro, mas a parede era da cor p�ssego que a Tia Pet�nia havia escolhido. N�o havia nada azul ali que o espelho pudesse refletir. Olhou dentro do fragmento de espelho novamente e n�o viu nada al�m do pr�prio olho verde olhando em resposta.
Ele havia imaginado isso. N�o havia outra explica��o, porque ele estava pensando no seu falecido diretor. Se algo estava certo, era que os olhos azuis ofuscantes de Alvo Dumbledore nunca mais o penetrariam.
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* A tradu��o apropriada de In Memorian seria �Em mem�ria� (vlw Andr�!)
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por Josh Lost
Revisado por Miguel e Ta�sa
- Cap�tulo Tr�s �
A Partida dos Dursley
O som da porta da frente batendo ecoou escadaria acima e uma voz bradou "Oh! Voc�!".
Dezesseis anos sendo chamado dessa maneira n�o deixaram d�vidas em Harry de que era seu tio quem falava. Ele, por�m, nunca respondia imediatamente. Ainda estava pensando na pequena lembran�a, onde por um segundo pensou ter visto o olho de Dumbledore. No momento em que seu tio berrou �GAROTO!�, Harry saiu vagarosamente da cama e se dirigiu para a porta do quarto, parando para colocar o peda�o do espelho quebrado na mochila cheia de coisas que ele levaria consigo.
- Voc� demorou! - gritou Tio V�lter quando Harry apareceu no topo da escadaria. - Venha aqui embaixo agora. Quero falar com voc�!
Harry desceu as escadas, suas m�os enfiadas nos bolsos da cal�a. Quando ele olhou na sala de estar l� estavam os tr�s Dursleys. Eles estavam prontos para a partida; Tio V�lter em uma velha e surrada jaqueta e Duda, o grande, louro e musculoso primo de Harry, em uma jaqueta de couro.
- Sim? - perguntou Harry.
- Sente-se! - disse Tio Valter. Harry levantou suas sobrancelhas.
- Por favor! - adicionou Tio Valter, se retraindo enquanto a palavra estava afiada em sua garganta.
Harry se sentou. Ele pensou saber o que estava por vir. Seu tio come�ou a andar pra l� e pra c�. Tia Pet�nia e Duda seguiam seus movimentos com express�es ansiosas. Finalmente, enrugou sua grande cara p�rpura, em sinal de concentra��o. Tio Valter parou em frente � Harry e come�ou a falar.
- Eu mudei de opini�o - ele disse.
- Que surpresa - disse Harry.
- N�o ouse usar esse tom� - come�ou Tia Pet�nia, numa voz aguda, mas V�lter Dursley n�o deu import�ncia.
- Tudo n�o passa de uma armadilha - disse Tio V�lter, olhando fixamente para Harry, com seus pequeninos olhos de porquinho. - Eu decidi que n�o acredito em uma palavra disso tudo. Vamos ficar por aqui mesmo, n�o vamos a lugar algum.
Harry olhou para seu tio e sentiu uma mistura de amargura e divertimento. V�lter Dursley andou mudando de id�ia todos os dias nas �ltimas quatro semanas, fazendo, desfazendo e refazendo as malas cada vez. O momento favorito de Harry foi aquele em que Tio V�lter, sem perceber que Duda havia colocado seus halteres de muscula��o dentro, tentou colocar a mala no porta-malas do carro, mas caiu, soltando grunhidos de dor e praguejando muito.
- De acordo com o que voc� diz - V�lter Dursley disse, agora parando com suas idas e vindas pela sala - N�s � Pet�nia, Duda e eu � estamos em perigo.Perigo de... de...
- Coisas �da minha laia�, certo? - disse Harry.
- Bom, eu n�o acredito - repetiu Tio V�lter, parando na frente de Harry novamente. - Eu estive acordado a noite toda pensando, e acredito que seja uma trama para conseguir a casa!
- A casa? - repetiu Harry. - Que casa?
- Essa casa! - gritou V�lter, a veia em sua fronte come�ando a pulsar. - Nossa casa! Os pre�os das casas est�o nas alturas por aqui! Voc� nos quer fora do caminho, e ent�o voc� far� essa sua coisa de hocus-pocus e antes de percebermos voc� colocar� a casa em seu nome e...
- Voc� est� fora de si? - perguntou Harry. - Uma trama para pegar esta casa? Voc� � realmente t�o est�pido quanto parece?
- N�o se atreva! - gritou Tia Pet�nia, mas outra vez, V�lter a acalmou: Desfeitas em rela��o a sua apar�ncia n�o era nada, comparado ao mal que ele havia percebido.
- Pois caso voc� tenha esquecido - disse Harry, - Eu j� tenho uma casa, que meu padrinho me deixou. Ent�o, por que eu ia querer esta? Por todas as lembran�as felizes?
Houve sil�ncio. Harry pensou ter impressionado seu tio com este argumento.
- Voc� alega... -disse Tio Valter, come�ando a andar novamente - que essa coisa de Lorde...
-... Voldemort - disse Harry impacientemente, - e n�s falamos sobre isso centenas de vezes. Isso n�o sou eu que digo, � fato. Dumbledore lhe disse no ano passado, e Kingsley, e o Sr. Weasley...
V�lter Dursley arqueou seus cotovelos com raiva e Harry achou que seu tio estava tentando proteger-se das lembran�as das visitas n�o-anunciadas de dois bruxos bastante crescidos, durante as f�rias de ver�o de Harry. A chegada de Kingsley Schakelbot e Arthur Weasley veio como o mais desagrad�vel choque para os Dursleys. Harry teve que admitir que o Sr. Weasley havia uma vez demolido metade da sala de estar, ent�o seu retorno n�o poderia ser esperado como um prazer para Tio V�lter.
- Kingsley e o Sr. Weasley explicaram tudo tamb�m - , Harry disse, sem piedade. - Quando eu fizer dezessete anos, o feiti�o de prote��o que me mant�m a salvo vai se quebrar, e isso deixa voc�s expostos tanto quanto eu. A Ordem tem certeza de que Voldemort vir� at� voc�s, para tortur�-los e descobrir onde eu estou, ou porque ele pensa que seq�estrando voc�s eu tentaria resgat�-los.
Os olhos de Tio V�lter encontraram os de Harry. Harry teve certeza de que nesse instante eles estavam imaginando a mesma coisa. Ent�o Harry continuou:
- Voc� tem que se esconder e a Ordem quer ajudar. Eles ofereceram prote��o s�ria, a melhor que existe!
Tio V�lter n�o disse nada, mas continuou a caminhar pra cima e pra baixo. L� fora o sol se abaixou sobre os telhados. O cortador de grama do vizinho estalou novamente.
- Eu pensei que houvesse um Minist�rio da Magia? - perguntou Valter abruptamente.
- H�. - disse Harry, surpreso.
- Ent�o, por que eles n�o podem nos proteger? Parece-me que n�s, v�timas inocentes, culpados de nada al�m de acolher um homem marcado, devemos nos qualificar para prote��o governamental!
Harry riu, ele n�o podia se segurar. Era t�o t�pico de seu tio colocar as esperan�as em algum �rg�o governamental, mesmo dentro desse mundo que ele n�o gostava nem confiava.
- Voc� ouviu o que o Sr. Weasley e Kingsley disseram - , Harry respondeu. - N�s achamos que o minist�rio foi infiltrado!
Tio V�lter caminhou at� a lareira e voltou, respirando t�o pausadamente que seu bigode preto ondulava sua face ainda p�rpura de concentra��o.
- Tudo bem -, ele disse, parando em frente � Harry outra vez. - Tudo bem, vamos dizer, que em raz�o dos argumentos, aceitemos essa prote��o. Eu ainda n�o entendo por que n�o podemos ter aquele Kingsley!
Harry tentou com dificuldade n�o revirar os olhos. Esse assunto tamb�m j� havia sido discutido uma d�zia de vezes.
- Como eu falei... - , ele disse entre dentes cerrados, - Kingsley est� protegendo o trou... Quero dizer, o seu Primeiro Ministro.
- Exato... Ele � o melhor! - disse Tio V�lter, apontando para a tela de TV vazia. Os Dursleys haviam visto Kingsley no notici�rio, caminhando discretamente junto ao Primeiro Ministro dos Trouxas enquanto este visitava um hospital. Isto, e o fato de que Kingsley havia se tornado mestre em se vestir como um trouxa, sem mencionar certa entona��o em sua profunda voz, fez com que os Dursley tratassem Kingsley como sem d�vida jamais trataram qualquer bruxo, mesmo que seja verdade que eles nunca o viram com seu brinco.
- Bom, ele est� ocupado. - disse Harry. - Mas H�stia Jones e D�dalo Diggle s�o �timos pro trabalho...
- Se ao menos tiv�ssemos visto CV�s.... - come�ou Tio V�lter, mas Harry perdera a paci�ncia. Levantando-se, ele avan�ou contra o tio, agora apontando para a TV ele mesmo.
- Aqueles acidentes n�o foram bem acidentes � as batidas e explos�es e descarrilamentos e tudo mais que v�m aparecendo nas not�cias. Pessoas est�o desaparecendo e morrendo e ele est� por tr�s disto! Voldemort! Eu venho falando e falando isso, ele mata trouxas por divers�o! Mesmo as neblinas, que s�o causadas por dementadores � e se voc� n�o lembra o que eles s�o, pergunte ao seu filho!
As m�os de Duda rapidamente se moveram para proteger sua boca. Com o olhar de Harry e de seus pais sobre si, ele calmamente as abaixou e perguntou - Existem... Mais deles?
- Mais? - riu Harry. - Voc� quer dizer mais do que aqueles dois que nos atacaram? Mas � claro! Existem centenas, talvez milhares agora, levando-se em conta como eles espalham o medo e o desespero...
- Tudo bem, tudo bem. - interrompeu Valter Dursley. - Voc� tem raz�o...
- Eu espero que sim, - disse Harry. - Porque assim que eu fizer dezessete anos, todos eles, Comensais da Morte, Dementadores, talvez at� os Inferi � que significa corpos mortos encantados por um bruxo das trevas - estar�o livres para encontrar voc� e certamente v�o te atacar. E se voc� se lembra a �ltima vez que tentou ganhar de um bruxo, eu acho que voc� concordaria que precisa de ajuda.
Houve um breve sil�ncio no qual na distante lembran�a de Hagrid esmagando uma porta de madeira pareceu atravessar os anos. Tia Pet�nia estava olhando para V�lter, Duda estava fitando Harry. Finalmente Tio V�lter disse:
- Mas e quanto a meu trabalho? E quanto � escola de Duda? Eu n�o acho que essas coisas importem para um punhado de bruxos vagabundos...
- Voc� n�o entende? - disse Harry. - Eles ir�o te torturar e matar como fizeram aos meus pais!
- Pai, - disse Duda em voz alta. - Pai... Eu vou com essas pessoas da Ordem...
- Duda, - disse Harry - pela primeira vez na sua vida, voc� est� sendo racional...
Ele sabia que a batalha estava vencida. Se Duda estava amedrontado o suficiente para aceitar ajuda da Ordem, seus pais o acompanhariam. N�o haveria questionamentos sobre serem separados das suas coisas. Harry checou o rel�gio de parede.
- Eles estar�o aqui em cerca de cinco minutos, - ele disse, e quando nenhum dos Dursley respondeu, ele deixou a sala. A vis�o de se separar - provavelmente pra sempre - de sua tia, tio e primo era algo que ele podia contemplar alegremente, mas certamente havia algo estranho no ar. O que voc� diz a algu�m ap�s dezesseis anos de desgosto s�lido?
De volta ao seu quarto, Harry tateou sem rumo com sua mochila, depois despejou algumas sementes para coruja aos arredores da gaiola de Edwiges. Elas ca�ram na parte de baixo, onde ela os ignorou.
- N�s vamos sair logo, - Harry disse a ela. - E ent�o voc� poder� voar novamente.
A campainha tocou. Harry hesitou, ent�o saiu de seu quarto e desceu as escadas. Era demais esperar que H�stia e D�dalo enfrentassem os Dursley sozinhos.
- Harry Potter! - gritou uma voz excitada, no momento em que Harry abriu a porta. Um pequeno homem de cartola estava lhe fazendo uma profunda rever�ncia.
- Uma honra, como sempre!
- Obrigado, D�dalo, - disse Harry, dirigindo um pequeno e embara�ado sorriso � H�stia, com seus cabelos negros. - � muito legal de sua parte fazer isso...Eles est�o por aqui... Minha tia, meu tio e meu primo...
- Bom dia pra voc�s, parentes do Harry Potter, - disse D�dalo, alegremente, adentrando a sala de estar. Os Dursley n�o pareceram felizes pelo parentesco; metade de Harry esperava outra mudan�a de opini�o. Duda encolheu-se para perto de sua m�e, que estava ao lado dos bruxos.
- Eu vejo que voc�s est�o prontos. Excelente! O plano, como Harry explicou, � bem simples - disse D�dalo, puxando um imenso rel�gio de bolso fora de seu casaco e o examinando - N�s devemos partir antes de Harry. Devido ao perigo em usar m�gica em sua casa � Harry ainda � menor de idade, poderia dar ao Minist�rio uma desculpa pra prend�-lo � n�s devemos dirigir umas dez milhas ou mais, antes de desaparatar para um local seguro que n�s escolhemos pra voc�s. Voc� sabe dirigir, eu presumo?- ele perguntou ao Tio V�lter, polidamente.
- Se eu sei...? � claro que eu sei dirigir! - disse Tio V�lter.
- Muito bom da sua parte, senhor, muito bom. Eu pessoalmente ficaria confuso com todos aqueles bot�es e alavancas. - disse D�dalo. Ele estava com a impress�o de que estava lisonjeando Tio V�lter, e este estava visivelmente perdendo a confian�a no plano a cada palavra que D�dalo dizia.
- N�o sabe nem ao menos dirigir, - ele sussurrou seu bigode ondulando indignadamente, mas felizmente nem D�dalo ou H�stia o escutaram.
- Voc�, Harry - D�dalo continuou, - Voc� espera aqui por sua guarda. Houve uma pequena mudan�a nos planos--
- O que voc� quer dizer? -disse Harry na hora. - Eu pensei que Olho-Tonto viria e me levaria por Aparata��o?
- N�o vai dar, - disse H�stia, - Olho-Tonto explicar�!
Os Dursley, que estavam ouvindo tudo isso com olhares de preocupada incompreens�o em suas faces, se assustaram quando uma voz alta gritou "Apressem-se!" Harry olhou na sala inteira antes de perceber que a voz vira do rel�gio de bolso de D�dalo.
- Bem certo, n�s estamos com um hor�rio bem apertado. - disse D�dalo, olhando em seu rel�gio e o colocando de volta em seu casaco. - N�s estamos tentando temporizar sua sa�da da casa com a desaparata��o de sua fam�lia, Harry, al�m do que, o encanto se quebra no momento em que todos estiverem indo para locais seguros. - Ele se virou para os Dursley. - Ent�o, todos prontos pra ir?
Ningu�m respondeu. Tio V�lter ainda estava fitando, p�lido, o volume no bolso do casaco de D�dalo.
- Talvez n�s dev�ssemos esperar no Hall, D�dalo. - murmurou H�stia. Ela claramente sentiu que seria falta de tato da parte deles ficar na sala enquanto Harry e os Dursley trocavam amorosos e possivelmente chorosos �adeus�.
- N�o h� necessidade. - Harry disse, mas Tio V�lter fez de qualquer explica��o desnecess�ria dizendo alto:
- Bom, ent�o isto � um adeus, garoto!
Ele levou seu bra�o direito � frente para apertar a m�o de Harry, mas no momento final pareceu incapaz de faz�-lo, e meramente fechou seu punho e come�ou a balan��-lo pra frente e pra tr�s como um metr�nomo.
- Pronto Dudinha? - perguntou Tia Pet�nia, evitando olhar pra Harry. Duda n�o respondeu, mas permaneceu no lugar com sua boca meio aberta, lembrando a Harry um pouco do gigante Grope.
- Venha ent�o. - disse Tio V�lter.
Ele j� havia chegado � porta da sala de estar quando Duda murmurou. � Eu n�o entendo...
- O que voc� n�o entende, querido? - perguntou Tia Pet�nia.
Duda apontou para Harry sua m�o grande e parecida com um presunto � Por que ele n�o est� vindo com a gente?
Tio V�lter e Tia Pet�nia pararam onde estavam, fitando Duda como se ele tivesse dito que queria se tornar uma bailarina.
- O qu�? - Tio V�lter disse alto.
- Por que ele n�o est� vindo tamb�m? - perguntou Duda.
-Bom, ele... Ele n�o quer! - disse Tio Valter, virando parar olhar Harry e adicionando, - Voc� n�o quer, quer?
- Nem um pouco. - disse Harry.
- Viu? - Tio Valter disse a Duda, - Agora venha, estamos indo!
Ele atravessou a sala. Eles ouviram a porta da frente abrir, mas Duda n�o se moveu ap�s alguns pequenos passos. Pet�nia parou tamb�m.
- O que foi agora? - rosnou tio V�lter, reaparecendo na porta.
Parecia que Duda estava lutando com concep��es muito dif�ceis para colocar em palavras. Ap�s v�rios momentos de uma luta interna aparentemente dolorosa, ele disse. - Mas pra onde ele est� indo?
Tia Pet�nia e Tio V�lter olharam um pro outro. Estava claro que Duda os estava assustando. H�stia Jones quebrou o sil�ncio.
- Mas... Voc� com certeza sabe pra onde seu sobrinho est� indo? � ela perguntou, parecendo confusa.
- Claro que sabemos. - disse V�lter. - Ele est� saindo com gente da sua laia, n�o est�? Certo, Duda, vamos indo pro carro, voc� ouviu o homem, estamos com pressa.
Outra vez, V�lter Dursley marchou o mais longe que p�de da porta da frente, mas Duda n�o o seguiu.
- Saindo com gente da nossa laia? - H�stia parecia ofendida. Harry j� vira essa atitude antes. Bruxos e bruxas pareciam chocados com o fato de que os parentes mais pr�ximos dele tinham pouco interesse no famoso Harry Potter.
- Est� tudo bem, - Harry disse a ela - N�o importa, mesmo!
- N�o importa? - repetiu H�stia, sua voz aumentando gradativamente. - Essas pessoas n�o t�m id�ia do que voc� passou? Do perigo que voc� corre? A posi��o �nica em que voc� se encontra nos cora��es do movimento Anti-Voldemort?
- Er... N�o. - disse Harry. - Eles acham que eu sou uma perda de espa�o, mas eu estou acostumado...
- Eu n�o acho que voc� seja uma perda de espa�o!
Se Harry n�o tivesse visto os l�bios de Duda mexerem, ele n�o teria acreditado. Ele fitou Duda por bastante tempo antes de aceitar que fora seu primo que havia dito aquilo. Duda estava vermelho. Harry estava embara�ado e chocado.
- Bem... Er... Obrigado, Duda!
Outra vez Duda pareceu lutar contra seus pensamentos fortemente antes de dizer:
- Voc� salvou minha vida!
- Na verdade n�o. - disse Harry. - Era a sua alma que o dementador iria pegar...
Ele olhou curiosamente para seu primo. Eles n�o tiveram basicamente nenhum contato no �ltimo ver�o, ou depois, pois Harry voltou para a Rua dos Alfeneiros recentemente e ficou praticamente o tempo todo em seu quarto. Agora pareceu a Harry, em contrapartida, de que o copo de ch� gelado em que ele encontrara n�o tinha sido uma brincadeira afinal... Apesar de meio tocado, ele estava aliviado de que Duda parecia ter acabado com sua habilidade de expressar seus sentimentos. Ap�s abrir a boca uma ou duas vezes mais, Duda se rendeu a um sil�ncio escarlate.
Tia Pet�nia caiu em l�grimas. H�stia Jones deu a ela um olhar aprovador que mudou para neutralidade quando Tia Pet�nia correu e abra�ou Duda ao inv�s de Harry.
- T-T�o... Doce... Dudinha... - ela suspirou em seu peito compacto. - Um...G-Garoto... T-T�o... Am�vel... d..dizendo... Obrigado...
- Mas ele n�o disse obrigado! - disse H�stia Jones indignada. - Ele apenas falou que n�o achava que Harry era um desperd�cio de espa�o!
- Sim, mas vindo de Duda isso � quase um 'Eu te amo�. - disse Harry, dividido entre preocupa��o e uma vontade de rir enquanto Tia Pet�nia se agarrava em Duda como se este tivesse acabado de salvar Harry de um pr�dio em chamas.
- N�s estamos indo ou n�o? - rosnou Tio V�lter, reaparecendo outra vez na porta da sala de estar. - Eu pensei que tiv�ssemos um hor�rio apertado!
- Sim, sim n�s temos... - disse D�dalo, que estava assistindo a essas trocas com um ar de incredulidade e agora parecia se recompor. - N�s realmente precisamos partir� Harry...
Ele avan�ou e pegou na m�o de Harry com ambas as m�os. -...Boa sorte! Espero nos encontrarmos novamente! As esperan�as do Mundo Bruxo est�o sobre seus ombros!
- Ah... - disse Harry, -...certo! Obrigado.
- Adeus, Harry! - disse H�stia tamb�m apertando sua m�o. � Nossos pensamentos v�o com voc�.
- Espero que tudo d� certo. - disse Harry dando uma olhadela para Tia Pet�nia e Duda.
- Tenho certeza de que tudo isso acabar� bem! - disse Diggle, balan�ando seu chap�u ao deixar a sala. H�stia o seguiu. Duda gentilmente se desvencilhou das garras de sua m�e e caminhou at� Harry que teve que reprimir um desejo de amea��-lo com magia. Ent�o Duda estendeu sua grande e rosada m�o.
- Caraca, Duda -, disse Harry sob o olhar de censura de Tia Pet�nia. � Os dementadores colocaram uma nova personalidade em voc�?
- N�o sei -, murmurou Duda. - Te vejo por a�, Harry!
- Sim... - disse Harry, apertando a m�o de Duda e a balan�ando. - Talvez. Se cuida, Grande D!
Duda quase sorriu, ent�o saiu da sala. Harry ouviu seus passos pesados saindo, e ent�o uma porta de carro bateu. Tia Pet�nia, cuja face estava enterrada em seu len�o, olhou em volta com o som. Ela n�o esperava ter ficado sozinha com Harry. Nojentamente guardando seu len�o em seu bolso, ela disse:
- Bem... Adeus. - E caminhou at� a porta sem olhar pra ele.
- Adeus. - disse Harry.
Ela parou e olhou pra tr�s. Por um momento, Harry teve o sentimento estranho de que ela queria dizer algo a ele. Ela lhe deu um estranho e tr�mulo olhar e pareceu interromper-se antes de dizer, mas ent�o, com um pequeno aceno de cabe�a, ela saiu � sala atr�s de seu marido e de seu filho.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por Josh Lost e
revisado por Juliana Martin
- Cap�tulo Quatro �
Os Sete Potters
Harry correu de volta para seu quarto, chegando � janela no exato momento em que pudera ver o carro dos Dursley partindo. Era vis�vel o chap�u de D�dalo entre tia pet�nia e Duda no banco de tr�s.
O carro virou � direita no fim da Rua dos Alfeneiros, suas janelas brilharam por um momento durante aquele p�r do Sol e ent�o o carro j� havia partido.
Harry pegou a gaiola de Edwiges, sua Firebolt e sua mochila, deu uma �ltima olhada em seu quarto, e fez seu caminho de volta ao hall, onde ele deixou a gaiola, vassoura e mochila ao p� da escada. A luz estava se esvaindo mais rapidamente agora, o hall cheio de sombras na luz do anoitecer.
Houve o estranho sentimento de estar parado ali no sil�ncio e saber que ele estava para deixar a casa pela �ltima vez. H� muito, quando ele era deixado para tr�s sozinho enquanto os Dursleys saiam para se divertir, as horas de solid�o eram raras. Parando somente para comer algo bom da frigideira, ele corria para cima para jogar no computador de Duda ou assistir TV. Ele teve um s�bito momento de felicidade ao lembrar desses tempos. Era como lembrar de um irm�o mais novo que ele havia perdido.
- Voc� n�o quer dar uma �ltima olhada neste lugar? - Ele perguntou a Edwiges, que permanecia com a cabe�a embaixo da asa. - Quero dizer, olhe s� para essa entrada. Que mem�rias... Duda vomitou aqui depois que o salvei dos dementadores... Acabou que ele foi grato depois de tudo, voc� pode acreditar?... E no �ltimo ver�o, Dumbledore veio atrav�s da porta da frente...
Harry perdeu a linha de seus pensamentos por um instante e Edwiges n�o fez nada para ajud�-lo, e sim continuou com sua cabe�a embaixo de sua asa. Harry voltou suas costas para a porta da frente.
- E bem aqui embaixo � Harry abriu a porta embaixo das escadas � era onde eu costumava dormir! Voc� nunca me conheceu nessa �poca � Droga, isto � pequeno, eu tinha me esquecido...
Harry olhou em volta os sapatos e sombrinhas empilhados, lembrando de como ele costumava acordar todas as manh�s, olhando para cima por dentro da escadaria, a qual freq�entemente abrigava uma ou duas aranhas. Aqueles haviam sido os seus dias antes dele saber qualquer coisa sobre sua verdadeira identidade; antes dele descobrir como seus pais haviam sido mortos ou porque coisas estranhas sempre aconteciam � sua volta. Mas Harry ainda conseguia lembrar dos sonhos que o perturbavam, at� mesmo naquela �poca; sonhos confusos envolvendo raios verdes, e � uma vez Tio V�lter quase bateu o carro quando Harry contou � uma moto voadora.
Houve um repentino e ensurdecedor barulho vindo de algum lugar por perto. Harry levantou-se bruscamente e bateu sua cabe�a no topo da porta. Parando apenas para utilizar alguns dos seletos palavr�es de Tio V�lter, ele voltou para a cozinha, enfiando a cabe�a para fora da janela que dava para o jardim.
A escurid�o parecia estar se agitando, o ar estava tr�mulo. Ent�o, uma a uma, figuras come�aram a passar levemente � medida que suas magias de desilusionamento se extinguiam. Dominando a cena estava Hagrid, usando um capacete e �culos de prote��o, sentado em uma enorme motocicleta com um carrinho preto apegado a si. Em toda a sua volta, outras pessoas estavam desmontando de suas vassouras, e, em dois casos, cavalos esquel�ticos pretos com asas.
Abrindo de mau jeito a porta dos fundos, Harry correu at� o meio deles. Houve um choro geral de cumprimento, enquanto Hermione jogava seus bra�os em volta dele, Rony deu um tapinha em suas costas e Hagrid disse � Tudo certo Harry? Pronto para irmos?
- Definitivamente - disse Harry, olhando todos a sua volta. - Mas eu n�o esperava tantos de voc�s!
- Mudan�a de planos. - disse Olho-Tonto, que estava segurando dois enormes sacos cheios, e o qual o olho girava rapidamente, alternando entre Harry, a casa, o jardim e o c�u. - Vamos para um lugar coberto antes de falar disso com voc�.
Harry guiou-os para a cozinha onde, rindo e batendo papo, eles sentaram dividindo-se entre cadeiras, sobre as brilhantes superf�cies de Tia Pet�nia, ou recostaram-se contra seus impec�veis aparelhos. Rony, alto e magro; Hermione, seus cheios cabelos presos para tr�s em uma longa tran�a; Fred e George, sorrindo id�nticos; Gui, mal cicatrizado e com cabelos longos; Sr. Weasley, de rosto bondoso, careca, seus �culos um pouco tortos; Olho-tonto, marcado por batalhas, com uma perna, seu olho m�gico azul claro girando em sua �rbita; Tonks, cujo cabelo estava em sua cor favorita de rosa claro; Lupin, mais grisalho e enrugado; Fleur, esguia e bonita, com seu longo cabelo loiro prateado; Kingsley, careca, negro, de ombros largos; Hagrid, seus cabelos e barba selvagens, estava curvado para evitar bater a cabe�a no teto; e Mundungo Fletcher, pequeno, sujo, e de apar�ncia desprez�vel, com seus ca�dos olhos de c�o de ca�a e cabelos embaralhados. O cora��o de Harry parecia estar se irradiando de felicidade. Ele sentiu um inacredit�vel carinho por todos, at� mesmo Mundungus, o qual ele tentou estrangular na �ltima vez que haviam se visto.
- Kingsley, pensei que voc� estava cuidando do Primeiro Ministro - ele disse do outro lado da sala.
- Ele pode se virar sem mim por uma noite - disse Kingsley - Voc� � mais importante.
- Harry, adivinhe? - Disse Tonks de seu lugar no alto da m�quina de lavar, e ela mostrou a ele sua m�o esquerda, um anel se encontrava l�.
- Voc�s se casaram? - Harry gritou, olhando de Lupin para ela.
- Ok, ok, n�s teremos tempo para uma conversa agrad�vel depois � Disse Moody, e o sil�ncio reinou sobre a cozinha. Moody p�s seus sacos a seus p�s e se voltou para Harry.
- Assim como D�dalo provavelmente lhe contou, n�s abandonamos o plano A. Thicknesse se foi, o que nos traz um grande problema. Segundo problema, voc� � menor de idade, o que significa que voc� ainda tem o Rastro sobre voc�.
- Eu n�o...
- O Rastro, o Rastro! - disse Olho-tonto impacientemente. - O encanto que detecta atividades m�gicas praticadas por menores, o jeito do Minist�rio encontrar menores infratores! Se voc�, ou qualquer um aqui, utilizar uma magia para transportar voc�, Thicknesse ir� saber disso, e junto com ele os Comensais da Morte. N�s n�o podemos esperar o Rastro ser quebrado, porque no momento em que voc� atingir a maior idade, voc� perder� toda a prote��o que sua m�e lhe deu. Resumindo: Thicknesse pensa que o encurralou.
Harry n�o pode fazer nada al�m de concordar com o desconhecido Thicknesse.
- Ent�o o que faremos?
- Iremos usar o �nico m�todo que nos restou, o �nico m�todo que o Rastro n�o pode detectar, pois n�o dependemos de magia para utiliz�-lo: Vassouras, Testr�lios, e a moto de Hagrid.
Harry podia ver defeitos naquele plano, contudo, ele segurou sua l�ngua para dar a Olho-Tonto a chance de continuar:
- Agora, o feiti�o de sua m�e somente ir� quebrar sobre duas condi��es: quando voc� atingir a idade, ou... � Moody gesticulou ao redor da impec�vel cozinha � Voc� n�o mais chame este lugar de casa. Voc�, sua tia e seu tio ter�o os caminhos separados esta noite, em total entendimento que jamais ver�o um ao outro novamente, certo?
Harry concordou.
- Ent�o dessa vez, n�o haver� volta, e o encanto se quebrar� assim que voc� sair do raio de vis�o. N�s escolhemos quebr�-la mais cedo, pois a �nica alternativa � esperar por Voc�-Sabe-Quem vir e te matar quando completar dezessete anos.
- O que n�s temos ao nosso favor � que Voc�-Sabe-Quem n�o sabe que estamos te transportando esta noite. N�s deixamos escapar uma falsa pista para o Minist�rio: Eles acham que voc� n�o sair� at� que o encanto seja desfeito. Contudo, estamos lidando com Voc�-Sabe-Quem, ent�o n�s n�o podemos contar com que ele realmente saiba a data errada. Ele provavelmente tem os Comensais Da Morte patrulhando os c�us em toda essa �rea, por preven��o. Ent�o, n�s providenciamos para uma d�zia de casas diferentes toda a prote��o que poder�amos. Todas elas parecem poss�veis lugares os quais usar�amos para te esconder, todas tem alguma liga��o com a Ordem; minha casa, a casa de Kingsley, a casa da Tia Muriel de Molly � voc� pegou a id�ia.
- Sim. - Disse Harry, n�o totalmente confiante, pois ele ainda podia ver um grande buraco naquele plano.
- N�s iremos para a casa dos pais da Tonks. Uma vez que � a casa mais preparada para nos receber e devido aos encantamentos de prote��o que l� jogamos, voc� poder� utilizar uma chave de portal at� a Toca. Perguntas?
- Err... Sim. - Disse Harry. - Talvez eles n�o saibam qual das doze protegidas casas eu estou indo primeiro, por�m n�o ficar� �bvio? � contou rapidamente � quatorze de n�s indo em dire��o a casa dos pais de Tonks?
- Ah!- disse Moody - Eu me esqueci de dizer o ponto-chave. Quatorze de n�s n�o estar�o voando para a casa dos pais de Tonks. Ir�o haver sete Harry Potters voando atrav�s dos c�us hoje � noite, cada um deles com um companheiro, cada par indo para uma casa diferente.
De dentro de sua capa, Moody agora retirou uma garrafa cheia do que parecia lama. N�o havia motivos para ele dizer qualquer outra palavra; Harry havia entendido todo o plano imediatamente.
- N�o! - Ele disse de forma aud�vel, sua voz ecoando pela cozinha �Nem pensar!
- Eu disse a eles que voc� reagiria dessa forma. - disse Hermione.
- Se voc�s pensam que eu deixarei seis pessoas se arriscarem dessa forma�
- N�o � a primeira vez para nenhum de n�s - disse Rony.
- Dessa vez � diferente, fingindo ser eu�
- Bem, nenhum de n�s deseja isso Harry. - Disse Fred. - Imagina se algo d� errado e ficamos pra sempre com a sua cara cheia d espinha e magrelos.
Harry n�o riu.
- Voc�s n�o podem fazer isso sem minha coopera��o, voc�s precisam de mim para lhes dar algum cabelo.
- Exatamente, n�o tem como n�s continuarmos com o plano sem voc� cooperar. - disse Jorge.
- Sim! Treze de n�s contra um cara que n�o pode usar magia; n�s n�o temos a menor chance. - disse Fred.
- Engra�ado. - disse Harry - Muito engra�ado.
- Todos aqui s�o maiores de idade, Potter, e est�o todos dispostos a se arriscar.
Mundungus deu de ombros e fez careta; O Olho m�gico de Moody logo o fitou.
- N�o vamos mais discutir. O tempo est� passando. Eu quero um pouco de teu cabelo, garoto, agora!
- Mas isso � ruim, n�o h� necessidade...
- �N�o h� necessidade!�, enfatizou Moody. - Com Voc�-Sabe-Quem l� fora e metade do Minist�rio do lado dele? Potter, se tivermos sorte, ele ter� engolido a falsa pista e estar� planejando te pegar somente em seu anivers�rio, mas ele provavelmente tem um ou dois comensais te vigiando, � o que eu faria. Eles podem n�o ser capazes de lhe pegar ou � esta casa enquanto o encantamento de sua m�e ainda existe, mas � s� ele se quebrar e eles ter�o posse desse lugar. Nossa �nica chance � usar estes chamarizes. At� mesmo Voc�-sabe-quem n�o pode se dividir em sete.
Harry encontrou o olhar de Hermione e o desviou logo ap�s.
- Ent�o, Potter � Um pouco de teu cabelo, por favor.
Harry olhou para Rony de relance, este sinalizou um �Apenas o fa�a�.
- Agora. - irritou-se Moody.
Com todos o observando, Harry estendeu sua m�o at� sua cabe�a, agarrou um punhado de cabelo, e puxou.
- �timo. - disse Moody, pegando o vidro de po��o. - Logo aqui, por favor.
Harry jogou o cabelo no l�quido lamacento. No momento em que houve contato em sua superf�cie, a po��o come�ou a se modificar e ent�o tornou-se, por fim, um claro dourado brilhante.
- Aaah, voc� parece muito mais apetitoso do que Crabbe e Goyle, Harry. - Disse Hermione, antes de focar as sobrancelhas levantadas de Rony, corando levemente ela disse.- Ah, voc� entendeu o que quis dizer � a po��o de Goyle parecia �coc�*.
- Certo ent�o. Falsos Potters, alinhem-se aqui, por favor. - disse Moody.
Rony, Hermione, Fred, Jorge e Fleur se alinharam em frente a impec�vel pia de Tia
Pet�nia.
- Falta um. - disse Lupin.
- Aqui. - disse Hagrid grosseiro, e levantou Mundungus pelo pesco�o e o colocou ao lado de Fleur, que arredou ligeiramente para a outra dire��o.
- Isso est� errado, eu deveria ser um protetor. - disse Mundungus.
- Quieto! - bravejou Moody. - Como eu j� lhes disse, qualquer Comensal da Morte que encontrarmos ter� a inten��o de capturar Potter, n�o mat�-lo. Dumbledore sempre dizia que Voc�-sabe-quem desejaria mat�-lo pessoalmente. Os protetores s�o aqueles que mais tem o que temer; os Comensais da Morte n�o hesitar�o em mat�-los.
Mundungus n�o parecia exatamente tranq�ilizado, mas Moody j� estava pegando meia d�zia de copos de dentro de sua capa, os quais ele distribuiu, antes pondo um pouco de Po��o Polissuco em cada um.
- Todos juntos, agora...
Rony, Hermione, Fred, Jorge, Fleur e Mundungus beberam. Todos eles engasgaram e fizeram caretas de nojo � medida que a po��o atravessava suas gargantas; Na mesma hora, suas express�es come�aram a borbulhar e distorcer como cera quente. Hermione e Mundungus davam chutes para cima; Rony, Fred e Jorge estava tremendo, seus cabelos estavam escurecendo, os de Hermione e Fleur pareciam estar voltando para dentro da cabe�a..
Moody, um tanto despreocupado, estava agora afrouxando os n�s dos largos sacos que ele havia trazido consigo. Quando ele endireitou-se, havia seis Harry Potters engasgando e cuspindo � sua frente. Fred e Jorge voltaram-se um para o outro e disseram ao mesmo tempo � Uau, estamos id�nticos!
- Eu n�o sei, todavia. Penso que continuo um pouco mais bonito. � Disse Fred examinando seu reflexo.
- Bah. - disse Fleur, checando a si mesma na porta do microondas. - Gui, n�o me olhe � estou terr�vel!
- Aqueles os quais as roupas est�o um pouco largas, eu tenho menores aqui - disse Moody, indicando o primeiro saco, - e vice versa. N�o esque�am os �culos, h� seis pares no bolso lateral. E quando estiverem vestidos, h� bagagem no outro saco.
O Harry verdadeiro pensou que aquilo era a coisa mais estranha que ele j� havia visto, e ele j� havia visto coisas extremamente estranhas. Ele observou como suas seis c�pias vasculharam os sacos, procurando as roupas, pondo �culos. Ele teve vontade de pedir a eles para demonstrarem um pouco mais de respeito pela sua privacidade a medida que eles come�aram a trocar de roupas, tirando-as sem vergonha, claramente mais tranq�ilos de estarem mostrando o corpo de Harry do que se estivessem com seus pr�prios corpos.
- Eu sabia que Gina estava mentindo sobre aquela tatuagem, - disse Rony, olhando para baixo para seu peito nu.
- Harry, sua vis�o � realmente terr�vel - disse Hermione, enquanto colocava seus �culos.
Uma vez vestidos, os falsos Harrys pegaram suas bagagens e gaiolas de corujas, cada uma contendo uma coruja branca empalhada, vindas do segundo saco.
- �timo. - disse Moody, quando o s�timo Harry terminara de se vestir, e aguardava com a bagagem pronta. Os Harrys encararam-no. - Os pares ser�o estes: Mundungus viajar� comigo, de vassoura...
- Por que eu estou com voc�? � Grunhiu o Harry mais perto da porta dos fundos.
- Porque voc� � um dos que precisa ser vigiado, - Rosnou Moody, e Mundungus n�o saiu da mira de seu olho m�gico. - Arthur e Fred...
- Eu sou Jorge, - disse o g�meo para o qual Moody estava apontando. -Voc�s n�o podem parar de nos confundir nem quando somos Harry?
- Desculpa, Jorge.
- S� estou te enchendo, na verdade sou o Fred.
- Chega de brincadeiras!. - enraiveceu-se Moody - O outro � George ou Fred ou qualquer um que seja � voc� esta com Remo. Senhorita Delacour...
- Levarei Fleur em um Testr�lio, - disse Gui. - Ela n�o � muito f� de vassouras.
Fleur caminhou para o lado dele, lan�ando-lhe um olhar brilhoso e submisso e Harry desejou com todo seu cora��o que ele nunca mais aparece no rosto dele de novo.
- Senhorita Granger com Kingsley, tamb�m de Testr�lios.
Hermione pareceu tranq�ilizada ao responder o sorriso de Kingsley; Harry sabia que Hermione tamb�m n�o era muito �ntima de vassouras.
- O que deixa voc� e eu, Rony! - disse Tonks, empolgada, derrubando uma caneca enquanto acenava para ele.
Rony n�o parecia t�o satisfeito quanto Hermione.
- E voc� est� comigo, Harry. Tudo certo? - disse Hagrid, parecendo um pouco ansioso. - N�s estaremos na moto, pois vassouras e Testr�lios n�o suportam meu peso, entende. E voc� n�o cabe no assento comigo junto, todavia, ent�o voc� ir� no carrinho lateral.
- Est� �timo. - disse Harry, n�o totalmente certo disso.
- N�s achamos que os Comensais da Morte estar�o esperando que voc� esteja em uma vassoura, - disse Moody, que pareceu adivinhar como Harry se sentia. - Snape teve muito tempo para dizer a eles tudo que ele nunca disse antes, ent�o caso sejamos perseguidos por qualquer Comensal, estamos crentes que ele ir� escolher um dos Potters que est� em uma vassoura. Tudo bem, ent�o. � Ele continuou carregando o saco com as roupas dos falsos Potters e caminhou para a porta, - Tr�s minutos pra gente sair. N�o tranque a porta de tr�s, isso n�o manter� os Comensais da Morte fora quando eles vierem. - Vamos.
Harry se apressou, pegou suas bagagens, Firebolt e a gaiola de Edwiges no escuro jardim.
Por todos os lados, vassouras estavam levantando v�o. Hermione j� havia recebido ajuda de Kingsley para subir no grande Testr�lio negro. Fleur subira no outro com Gui. Hagrid estava parado, pronto para partir ao lado de sua moto, �culos postos.
- � essa? � essa a moto de Sirius?
- Ela mesma. - disse Hagrid sorrindo para Harry � e a �ltima vez que esteve nela, Harry, voc� cabia na minha m�o!
Harry n�o p�de evitar se sentir um pouco humilhado � medida que entrava dentro do carrinho lateral. O carrinho o colocava alguns cent�metros abaixo de todos; Rony riu ao v�-lo sentado no carrinho como uma crian�a. Ele colocou sua mochila e a vassoura debaixo dos p�s e enfiou a gaiola de Edwiges entre suas pernas. Era extremamente desconfort�vel.
- Arthur deu uma �turbinada� � disse Hagrid, n�o percebendo o desconforto de Harry. Ele se posicionou na moto, que fez alguns barulhos e afundou alguns cent�metros no ch�o. � Tem alguns truques aqui no guidom. Aquele foi id�ia minha.
Ele apontou um dedo grosso para um bot�o roxo perto do acelerador.
- Por favor, tenha cuidado Hagrid � disse Sr. Weasley, que agora estava do lado deles, segurando sua vassoura. � Eu ainda n�o tenho certeza se � aconselh�vel us�-lo a n�o ser em emerg�ncias.
- Tudo bem ent�o � disse Moody � Todos prontos, por favor; quero que n�s todos saiamos no mesmo exato momento ou todo o prop�sito da distra��o ser� perdido.
Todos montaram suas vassouras.
- Segura firme agora, Rony. � disse Tonks, e Harry viu Rony lan�ar um olhar furtivo e culpado a Lupin antes de por suas m�os na cintura dela. Hagrid ligou a motocicleta. Ela rugiu como um drag�o, e o carrinho lateral come�ou a vibrar.
- Boa sorte, para todos. - Gritou Moody. - Vejo voc�s todos em uma hora na Toca. No tr�s. Um... Dois... TR�S!
Houve um grande rugido de moto, e Harry sentiu o carrinho lateral dando uma boa arrancada. Ele estava cortando o ar rapidamente, seus olhos enchendo de l�grimas levemente, seus cabelos ventavam para fora de seu rosto. Em volta dele, vassouras levantavam v�o tamb�m; a longa calda negra de um Testr�lio passou por ele. Suas pernas, apertadas dentro do carrinho lateral devido � gaiola de Edwiges e sua mochila, j� do�am e come�avam a ficar dormentes. T�o grande era seu desconforto que ele quase esqueceu de dar uma �ltima olhada no n�mero 4 da Rua dos Alfeneiros; no momento em que ele olhou pela beirada do carrinho lateral, ele n�o podia mais dizer qual era. Cada vez mais altos, eles adentraram o c�u.
E ent�o, de lugar nenhum, do nada, eles estavam cercados. Pelo menos trinta figuras encapuzadas, voando, formaram um grande circulo em volta deles, no qual os membros da Ordem subiam, sem saber...
Gritos, raios de luz verde por todos os lados: Hagrid de um grito e a moto abaixou. Harry perdeu a no��o de onde estavam: luzes acima, gritos a volta, ele agarrou o carro lateral pra valer.A gaiola de Edwiges, a Firebolt, e sua mochila escorregaram embaixo dos p�s dele�
- N�o-EDWIGES!
A vassoura caiu pra terra, mas ele conseguiu agarrar a ponta da mochila e o topo da gaiola enquanto a moto subia novamente. Um segundo de al�vio, e ent�o outro raio de luz verde. A coruja gichou e caiu no ch�o da gaiola.
- N�o � N�O !
A motocicleta foi � toda velocidade para frente; Harry vislumbrou Comensais da Morte encapuzados espalhando-se � medida que Hagrid disparou atrav�s do circulo.
- Edwiges!-- Edwiges!
Mas a coruja permaneceu im�vel e pat�tica como um brinquedo no ch�o de sua gaiola. Ele n�o podia aceitar, e seu terror pelos outros foi primordial. Ele olhou por cima de seu ombro e viu uma massa de gente se movendo, feixes de luz verde, dois pares de pessoas em vassouras se afastando, mas ele n�o podia dizer quem eram...
- Hagrid, n�s temos que voltar, n�s temos que voltar! - ele gritou em meio ao barulho de feiti�os e ao rugir da motocicleta, puxando sua varinha, colocando a gaiola de Edwiges no ch�o, se recusando a acreditar que ela havia morrido. - Hagrid, VOLTE!
- O meu trabalho � lev�-lo l� a salvo, Harry! - berrou Hagrid.
- Pare! PARE! - Harry gritou, por�m quando olhou para tr�s novamente, dois jatos de luz verde passaram por pouco de sua orelha. Quatro comensais da morte tinham deixado o c�rculo e estavam a persegui-los, mirando nas largas costas de Hagrid. Hagrid desviou-se, por�m os Comensais estavam na cola da moto; mais jatos, e Harry teve que se enfiar no carrinho lateral para evit�-los. Esgueirando-se ele gritou, �Estupefa�a!� e um raio saiu de sua varinha, criando um v�o entre os quatro Comensais da Morte � medida que eles desviavam.
- Segure-se Harry, essa � pra eles! - gritou Hagrid, e Harry olhou justo na hora que Hagrid esmurrou um espesso dedo em um bot�o verde pr�ximo ao medidor de combust�vel.
Uma parede, uma s�lida parede, surgiu pelo exaustor. Esticando seu pesco�o, Harry a viu expandir-se no meio do ar. Tr�s Comensais desviaram-se bruscamente e a evitaram, mas o quarto n�o teve tanta sorte; ele desapareceu de vista e ent�o caiu como um pedregulho por tr�s, sua vassoura quebrou em pedacinhos. Um de seus companheiros diminuiu para salv�-lo, mas ele e a parede voadora foram engolidos pela escurid�o � medida que Hagrid retomou o controle da moto e acelerou.
Mais maldi��es passaram pela cabe�a de Harry vindos dos dois Comensais restantes; eles estavam mirando em Hagrid. Harry reagiu com feiti�os estuporantes: Vermelho e verde colidiram no meio do ar, em um espet�culo de fa�scas multicoloridas, e Harry lembrou-se um pouco de fogos de artif�cio, e ent�o dos Trouxas abaixo os quais n�o tinham id�ia do que ocorria.
- Aqui vamos n�s de novo. Harry, segure-se! - gritou Hagrid, e ele pressionou um segundo bot�o. Desta vez uma grande teia saiu do exaustor, mas os Comensais Da Morte estavam preparados para isso. N�o somente desviaram, mas o companheiro que havia voltado para salvar o amigo inconsciente voltara. Ele surgiu repentinamente da escurid�o e agora tr�s deles estavam perseguindo a motocicleta, todos soltando feiti�os.
- Agora vai, Harry, segura firme! - gritou Hagrid, e Harry o viu meter toda a m�o em um bot�o roxo ao lado do medidor de velocidade.
Com um inconfund�vel barulho, chamas de drag�o sa�ram do exaustor, branco-azul quentes, e a motocicleta atingiu a velocidade de uma bala com o som de metal desvencilhando. Harry viu os Comensais da Morte desviarem bruscamente para evitar a chama mortal, e ao mesmo tempo sentiu o carrinho lateral se balan�ar sinistramente. Suas conex�es met�licas com a moto haviam lascado com a for�a da acelera��o.
- T� tudo bem, Harry - berrou Hagrid, agora com o corpo muito para tr�s devido a velocidade; ningu�m estava conduzindo agora e o carrinho lateral come�ou a girar violentamente.
- Esta tudo sobre controle Harry, n�o se preocupe! - Hagrid gritou, e de dentro do bolso de sua jaqueta ele puxou sua sombrinha rosa e florida.
- Hagrid! N�o! Deixa que eu fa�o!
- REPARO!
Houve um barulho ensurdecedor e o carrinho lateral desvencilhou-se da moto completamente; Harry voou para frente, impulsionado pelo �mpeto do v�o da moto, ent�o o carrinho lateral come�ou a perder altura. Desesperado, Harry apontou sua varinha para o carrinho lateral e gritou:
- Wingardium Leviosa!
O carrinho levitou, desestabilizado, mas ao menos continuava no ar. Ele teve alguns segundos, por�m, novos feiti�os passaram por ele: Os tr�s Comensais da Morte estavam se aproximando.
- Estou indo, Harry! Hagrid berrou do meio da escurid�o, mas Harry p�de sentir o carrinho come�ar a desabar novamente: agachando-se o m�ximo que conseguira, ele apontou para o meio das figuras na escurid�o e gritou �Impedimenta�!
O feiti�o atingiu o Comensal do meio bem no peito: Por um momento, o homem estava absurdamente perdido ao bater em uma barreira invis�vel. Um de seus companheiros quase bateu com ele.
Ent�o o carrinho come�ou a cair para valer, e o Comensal restante lan�ou um feiti�o muito pr�ximo a Harry que ele teve que se abaixar bruscamente, batendo um dente na beira do assento.
- Estou indo Harry, estou indo!
Uma grande m�o pegou as vestes de Harry e o puxou para fora do carrinho; Harry pegou sua mochila enquanto foi puxado para o assento na motocicleta. Enquanto eles subiam, fora do alcance dos dois comensais restantes, Harry cuspiu o sangue para fora de sua boca, apontou sua varinha para o carrinho caindo e gritou, �Confringo!�
Ele sentiu uma p�ssima ponta de culpa por Edwiges; o Comensal da Morte mais pr�ximo fora jogado para fora de sua vassoura e caiu; seu companheiro voltou e desapareceu.
- Harry, Eu sinto muito, sinto muito. - Gemeu Hagrid - Eu n�o deveria ter tentado reparar o carrinho eu mesmo � eu n�o sei fazer nada...
- Isso n�o � um problema agora, s� continue voando! - Harry gritou de volta, avistando mais dois Comensais que emergiram da escurid�o, se aproximando.
� medida que os feiti�os iam passando por eles, Hagrid desviava. Harry sabia que Hagrid n�o ousaria usar o �bot�o do fogo do drag�o� novamente, com Harry espremido ali, de forma t�o insegura. Harry mandou feiti�o depois de feiti�o de volta contra seus perseguidores, mal os segurando. Ele mandou outro feiti�o Impedimenta. O Comensal mais pr�ximo desviou-se bruscamente e seu capuz caiu, e pela luz vermelha do feiti�o Harry p�de reconhec�-lo: Stanislau Shunpike�Stan�
- Expeliarmus! - Harry gritou.
- � ele, � ele, � o verdadeiro!
O grito do Comensal chegou a Harry mesmo com todo o barulho da moto: No outro momento, ambos os perseguidores ficaram para tr�s e desapareceram de vista.
- Harry, o que houve? - berrou Hagrid. - Para onde eles foram?
- Eu n�o sei!
Mas Harry estava com medo. O Comensal encapuzado havia gritado �� o verdadeiro!�. Como ele sabia? Ele olhou fixamente em volta para a escurid�o e sentiu a amea�a. Onde eles estavam?
Ele subiu com dificuldade no assento para olhar para frente e se agarrou nas costas de Hagrid.
- Hagrid, faz a coisa do fogo do drag�o de novo, vamos embora logo!
- Segura firme ent�o Harry!
Houve novamente um barulho inconfund�vel e a chama branca e quente saiu pelo exaustor. Harry sentiu ele mesmo voltando para tr�s do pequeno assento, Hagrid afundou para tr�s tamb�m, mal mantendo o controle da motocicleta.
- Eu acho que eles nos perderam Harry, eu acho mesmo! - gritou Hagrid.
Mas Harry n�o estava convencido. O medo corria por ele quando ele olhava da direita para esquerda a procura de perseguidores... Por que eles haviam ficado para tr�s? Um deles ainda possu�a uma varinha...� ele... � o verdadeiro ... eles disseram isso depois da tentativa de Harry de desarmar Lalau...
- Estamos quase l� Harry, quase l�! - disse Hagrid.
Harry sentiu a moto baixar um pouco, apesar das luzes abaixo ainda parecerem estrelas remotas.
Ent�o a cicatriz em sua testa queimou como fogo. Um Comensal da Morte apareceu em cada lado da bicicleta, duas maldi��es da morte erraram Harry por mil�metros.
E ent�o Harry o viu. Voldemort estava voando como fuma�a no vento, sem vassoura ou Trest�lio para segur�-lo, sua cara de cobra brilhando na escurid�o, seus dedos brancos segurando sua varinha novamente.
Hagrid foi com a moto para um repentino mergulho. Esgueirando-se, Harry mandou uma s�rie de feiti�os contra a escurid�o. Ele viu um corpo passar por ele e soube que tinha atingido algum deles, mas ent�o ele ouviu um barulho e viu fagulhas sa�rem do motor; a motocicleta pirou no ar, completamente fora de controle�
Jatos de luz verde passaram por eles de novo. Harry n�o fazia id�ia do que era cima, ou o que era baixo. Sua cicatriz continuava a queimar; ele esperava morrer a qualquer segundo. Uma figura encapuzada em uma vassoura estava logo � sua frente, ele a viu levantar seu bra�o.
-N�O!
Com um grito de f�ria, Hagrid jogou-se de dentro da moto at� o Comensal; para seu horror, Harry viu ambos caindo, seus pesos combinados eram muito para a vassoura�
Mal segurando-se a motocicleta com seus joelhos, Harry ouviu Voldemort gritar:
- Meu!
Estava acabado. Ele n�o podia ver ou ouvir onde Voldemort estava; ele vislumbrou outro Comensal da Morte voando e ouviu:
- Avada...
Assim como a cicatriz de Harry for�ou seus olhos a se fechar, sua varinha agiu por conta pr�pria. Ele sentiu ela empunhada em sua m�o como um im�, viu um esguicho de fogo dourado atrav�s dos seus olhos semi-abertos, ouviu um �crack� e um grito de f�ria. O Comensal restante berrou. Voldemort gritou.
- N�o!
De alguma forma, Harry achou o bot�o do fogo de drag�o. Ele o apertou com sua outra m�o e a moto lan�ou mais fogo no ar.
- Hagrid!
Harry chamou, segurando-se na moto.
- Hagrid. Accio Hagrid!
A moto aumentou a velocidade, puxada diretamente para a terra. Cara a cara com o guid�o da moto, Harry n�o via mais nada a n�o ser as distantes luzes cada vez mais perto. Ele ia bater e n�o havia nada que ele podia fazer. Atr�s dele p�de ouvir outro grito.
- Sua varinha, Selwyn, d�-me sua varinha!
Ele sentiu Voldemort antes de v�-lo. Olhando para os lados, ele visualizou os olhos vermelhos e tinha certeza que seriam a �ltima coisa que ele veria. Voldemort estava se preparando para atac�-lo mais uma vez.
No entanto, Voldemort sumiu. Harry olhou para baixo e viu Hagrid jogado no ch�o embaixo dele. Ele puxou forte o guid�o da moto para evitar bater em Hagrid, tateou atr�s do freio, mas com um barulho estrondoso, o ch�o tremia, ele caiu direto em um po�o de lama.
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*no original, �bogies�
Equipe Armada Tradutora
Traduzido e revisado
por Juliana Martin
- Cap�tulo Cinco �
Guerreiro Ca�do
- Hagrid? - Harry esfor�ou-se para se levantar dos restos de metal e couro que o encobriam, suas m�os afundando em cent�metros de �gua enlameada quando tentou se levantar. Ele n�o podia entender onde Voldemort tinha ido e esperava que ele emergisse da escurid�o a qualquer instante. Algo quente e �mido estava escorrendo pelo seu queixo abaixo e pela sua testa. Ele rastejou para fora da lagoa e trope�ou em uma massa gigante e escura, que era Hagrid.
- Hagrid? Hagrid, fale comigo. � Mas a grande massa n�o se mexeu.
- Quem est� ai? � Potter? Voc� � Harry Potter?
Harry n�o conseguiu distinguir a voz do homem. Ent�o uma mulher gritou. - Eles bateram, Ted! Bateram no jardim!
A cabe�a de Harry estava girando. �Hagrid� ele repetiu estupidamente, e seu
joelhos cederam.
A pr�xima coisa que ele soube foi de estar recostando em coisas como almofadas, com a terr�vel sensa��o de queima em suas costelas e seu bra�o direito. Seu dente perdido havia crescido. A cicatriz em sua testa ainda latejava.
- Hagrid?
Ele abriu seus olhos e viu que estava deitado em um sof� n�o familiar em uma simples sala de estar. Sua mochila estava no ch�o um pouco distante, �mida e lamacenta. Um homem com cabelo justo e um grande incha�o no rosto estava olhando para Harry ansiosamente.
- Hagrid est� bem, filho � disse o homem � A mulher est� cuidando dele. Como voc� se sente? Tem algo mais quebrado? Eu curei suas costelas, seu dente e bra�o, por falar nisso, Ted Tonks � Pai da Ninfadora.
Harry levantou-se rapidamente: algo estralou, ele se sentiu enfermo e tonto.
- Voldemort...
- N�o se preocupe agora. - disse o homem pondo a m�o no ombro de Harry e o empurrando de volta para as almofadas. - Aquilo foi uma batida cruel! De qualquer forma, o que aconteceu? Deu algo errado com a moto? Arthur Weasley de novo, ele e aquela adora��o por trouxas dele?
- N�o. - disse Harry com a cicatriz pulsando como um ferimento aberto. � Os Comensais da Morte nos encontraram. N�s fomos perseguidos.
- Comensais da Morte? - Disse Ted bruscamente. - Do que voc� est� falando? Comensais da morte? Eu pensei que eles n�o soubessem que voc� seria transportado hoje.
- Eles sabiam. - disse Harry.
Ted Tonks olhou para o teto como se pudesse ver atrav�s dele o c�u que estava acima.
- Bem, n�s sabemos que nosso encanto protetor nos segura, n�o �? Eles n�o ser�o capazes de chegar aqui e nos atingir, ent�o estamos seguros.
Agora Harry entendia porque Voldemort havia desaparecido: tinha sido o ponto em que a motocicleta cruzou a barreira do encanto da Ordem. Ele apenas esperava que eles continuariam a trabalhar: Ele imaginou Voldemort, alguns metros � sua frente como eles disseram, procurando uma maneira de penetrar no que Harry via como uma grande bolha.
Ele balan�ou suas pernas para fora do sof�; precisava ver Hagrid com seus pr�prios olhos antes que pudesse acreditar que ele estava vivo. Ele mal tinha se levantado, contudo, quando uma porta se abriu e Hagrid deslizou por ela, sua cara coberta com lama e sangue, um pouco fraco, mas milagrosamente vivo.
- Harry! � Derrubando duas mesas delicadas, ele atravessou a sala em dois passos, e deu em Harry um abra�o que quase partiu suas rec�m-emendadas costelas. � Nossa, Harry, como n�s conseguimos sair dessa? Eu pensei, por um momento, que n�s dois ir�amos...
- �, estou t�o surpreso quanto voc�, nem acredito que sa�mos dessa. - disse Harry com a voz embargada pelo abra�o de Hagrid. Harry interrompeu o abra�o. Observava a mulher que entrara no quarto logo ap�s Hagrid.
- Voc�! - ele gritou, e sua m�o voou automaticamente para seu bolso, em busca da varinha, mas ele estava vazio.
- Sua varinha est� comigo, filho. - Disse Ted, dando um tapinha no bra�o de Harry.- Ela caiu logo ao seu lado, eu a peguei. E essa com a qual voc� estava gritando � minha esposa.
- Oh, m-me desculpe.
Ao entrar na sala, a semelhan�a da Sra.Tonks com sua irm� Belatriz ficou muito menos acentuada: Seu cabelo era de um castanho claro, e seus olhos eram largos e am�veis. De qualquer maneira, ela olhou de forma t�o simp�tica para a exclama��o de Harry, que n�o poderia ser Belatriz.
- O que aconteceu � nossa filha? - Ela quis saber. - Hagrid disse que voc�s foram cercados. Onde est� Ninfadora?
- Eu n�o sei, - disse Harry. N�s n�o sabemos o que houve a nenhum dos outros.
Ela e Ted trocaram olhares. Uma mistura de medo e culpa agarrou Harry ao ver suas express�es. Se qualquer um deles morrer, era sua culpa, tudo sua culpa. Ele havia consentido com o plano, dando a eles seu cabelo...
- A Chave de Portal - ele disse, lembrando-se de tudo repentinamente. � N�s temos que ir para A Toca e descobrir � ent�o seremos capazes de nos comunicar com Tonks, uma vez que ela...
- Dora estar� bem, Andr�meda, - disse Ted. - Ela sabe se cuidar, ela v�m andado com os Aurores todo esse tempo. A Chave de Portal � por aqui, - disse ele se dirigindo a para Harry.
- A Chave est� programada para funcionar daqui a tr�s minutos, se voc�s quiserem ir...
- Sim, n�s queremos, - disse Harry. Ele agarrou sua mochila, jogando-a sobre os ombros.
- Eu... - Ele olhou para a Sra. Tonks, desejando se desculpar por deix�-la amedrontada e dizer que ele se sentia respons�vel, mas n�o lhe ocorreram palavras para tanto.
- Eu direi a Tonks � Dora � para comunicar-se com voc�s, quando nos encontrarmos. Obrigado por nos abrigar, obrigado por tudo. Eu... - Ele estava satisfeito por deixar a sala e seguiu Ted Tonks por um pequeno corredor at� um quarto. Hagrid veio ap�s eles, se abaixando para evitar bater a cabe�a no topo da porta.
- Aqui estamos, filho. Aqui est� a Chave de Portal. - Sr. Tonks estava apontando para uma pequena e prateada escova de cabelo na mesinha.
- Obrigado. - disse Harry, estendendo a m�o para a escova o seu dedo, pronto para ir.
- Espere um instante. - disse Hagrid, olhando a sua volta. - Harry, cad� a Edwiges?
- Ela... Ela foi atingida. - disse Harry,
Foi ent�o que lhe caiu a ficha: Ele se envergonhou de si mesmo quando as l�grimas escorreram de seus olhos. A coruja havia sido sua companhia, sua grande conex�o com o mundo m�gico at� mesmo quando ele era obrigado a voltar para a casa dos tios.
Hagrid estendeu a grande m�o e deu tapinhas dolorosos em seu obro. � N�o importa, - ele disse grosseiramente. - N�o importa. Ela j� tinha vivido muito...
- Hagrid! - alertou Ted Tonks, quando a escova brilhou em um azul reluzente e Hagrid s� pusera o dedo na �ltima hora.
Harry sentiu um enorme pux�o para tr�s, na altura do umbigo, como se um gancho invis�vel estivesse levando-o, ele foi puxado para o nada, girando desconfortavelmente, seu dedo colado � Chave enquanto ele e Hagrid giravam para longe do Sr. Tonks.Logo depois Harry sentiu o impacto do ch�o, e suas m�os apalparam o gramado d�A Toca. Ele ouviu barulhos. Imaginou ser o vento farfalhando as �rvores e os arbustos. Levantando a cabe�a ele viu a Sra. Weasley e Gina correndo em sua dire��o. Ao seu lado, Hagrid se levantou.
- Harry? Voc� � o verdadeiro Harry? O que houve? Onde est�o ou outros? - perguntou a Sra. Weasley apreensiva.
- Como assim? Ningu�m mais esta de volta? - Harry desesperou-se.
A resposta � pergunta de Harry estava clara pela express�o p�lida do rosto da Sra. Weasley.
- Os Comensais da Morte estavam nos esperando - Harry contou-lhe. � N�s fomos abordados no momento em que nos separamos � eles sabiam que seria esta noite � Eu n�o sei o que aconteceu a nenhum dos outros, quatro deles correram atr�s de n�s, foi tudo o que podemos fazer para fugir, e ent�o Voldemort apareceu.
Ele podia perceber o tom de justificativa em sua voz, o necess�rio para que ela entendesse o porqu� de ele n�o saber o que acontecera a seus filhos, mas...
- Gra�as a Deus voc� est� bem. - ela disse, puxando-o para um abra�o que ele n�o achou que merecia.
- Voc� n�o tem conhaque, Molly? -perguntou Hagrid um pouco agitado. - Para fins medicinais?
Ela podia t�-lo feito atrav�s de magia, mas quando se retirou para o interior da casa torta, Harry sabia que ela desejava esconder seu rosto. Ele se voltou para Gina, e ela respondeu ao seu pedido de informa��es silencioso.
- Rony e Tonks deveriam ter voltado primeiro, mas eles perderam sua Chave de Portal, ela voltou sem eles, - ela disse, apontando uma enferrujada lata de �leo que repousava sobre o ch�o ali perto. - E aquele ali, - ela apontou para um t�nis velho, - devia vir junto com papai e Fred, eles deviam ser os segundos. Voc� e Hagrid eram os terceiros e, - ela checou o rel�gio, - se eles tiverem conseguido, Jorge e Lupin estar�o de volta em um minuto.
Sra. Weasley reapareceu carregando uma garrafa de conhaque, o qual ela entregou a Hagrid. Ele o abriu e o tomou imediatamente.
- M�e! - gritou Gina, apontando para um local a uma pequena dist�ncia.
Uma luz azul apareceu no meio da escurid�o. Ela cresceu rapidamente e de repente Lupin e Jorge apareceram, girando e ent�o caindo.Harry soube imediatamente que algo estava errado: Lupin estava carregando Jorge, que permanecia inconsciente e tinha a cara coberta de sangue.
Harry correu para frente e agarrou as pernas de Jorge. Juntos, ele e Lupin carregaram Jorge para dentro da casa e atrav�s da cozinha at� a sala, onde o colocaram sobre o sof�. A l�mpada caiu em cima de Jorge, Gina prendeu a respira��o e o est�mago de Harry embrulhou. Faltava uma orelha de Jorge. Aquele lado da cabe�a e pesco�o estavam banhados de um sangue escarlate.
N�o antes da Sra. Weasley estar agarrada ao filho, Lupin pegou Harry pelo bra�o e o arrastou, sem muita gentileza, de volta para a cozinha, onde Hagrid ainda tentava facilitar o acesso a porta de tr�s.
- Oi! - disse Hagrid indignado. - Solte ele! Solte o Harry!
Lupin o ignorou.
- Qual criatura estava no canto de minha sala quando Harry Potter a visitou pela primeira vez em Hogwarts? - ele disse, dando-lhe umas sacudidas. Responda-me!
- U-um Grindylow no tanque, n�o era?
Lupin soltou Harry e caiu contra um arm�rio na cozinha.
- O que voc� queria com isso? - berrou Hagrid.
- Me desculpe, Harry, mas eu tinha que conferir. - disse Lupin alarmado. - Precisamos ter cuidado. Voldemort sabia que voc� seria transportado hoje e as �nicas pessoas que poderiam ter contado estavam diretamente ligadas ao plano. Voc� podia ser um impostor.
- Ent�o por que voc� n�o conferiu se eu era eu mesmo? - perguntou Hagrid, esfor�ando-se para manter a voz impass�vel.
- Porque voc� � meio-gigante. - Disse Lupin, olhando diretamente nos olhos de Hagrid. - A Po��o Polissuco n�o faria efeito em voc�, pois s� funciona em humanos.
- Ningu�m da Ordem diria a Voldemort que eu estaria sendo transportado esta noite. - disse Harry. A id�ia de que algu�m da Ordem fosse traidor era desprez�vel para ele, ele n�o acreditaria se soubesse que algu�m da Ordem era um Comensal da Morte. - Voldemort s� sabia que era realmente eu, porque ele sabia que eu estaria com o Hagrid.
- Voldemort alcan�ou voc�s? - disse Lupin aterrorizado. - O que houve? Como voc� escapou?
Harry explicou rapidamente como os Comensais da Morte o reconheceram como verdadeiro Harry, como eles abandonaram a persegui��o, e depois voltaram com Voldemort, que apareceu pouco antes de ele e Hagrid chegarem a casa dos pais de Tonks.
- Eles reconheceram voc�? Mas como? O que voc� fez?
- Eu... - Harry tentou lembrar. Toda a jornada pareceu um borr�o de p�nico e confus�o. - Eu vi Lalau Shunpike... voc� sabe, o cara que era o condutor do N�itibus? E eu tentei desarm�-lo ao inv�s de... Bem, ele n�o sabia o que ele estava fazendo, sabia? Ele devia estar sobre efeito da maldi��o Imperius!
Lupin parecia pasmado
. - Harry, a hora de desarmar passou! Essas pessoas est�o tentando te capturar e te matar! Ao menos fa�a-os ficarem inconscientes se n�o esta preparado para matar!
- N�s est�vamos centenas de p�s no ar! Lalau n�o era ele mesmo, e caso eu o tivesse feito ficar inconsciente ele teria ca�do, e teria morrido da mesma maneira que se eu tivesse usado Avada Kedavra! Expelliiarmus salvou-me de Voldemort dois anos atr�s. - Harry adicionou desafiador, Lupin o estava lembrando o aluno da Lufa-Lufa Zacarias Smith, o qual estava rindo de Harry por este querer ensinar a AD como desarmar.
- Sim, Harry. - disse Lupin com compostura, - e um grande n�mero de Comensais da Morte testemunharam aquilo acontecendo! Perdoe-me, mas � uma coisa muito pouco usual, sobre o caso de morte iminente. Repetir isso hoje na frente dos Comensais os quais j� haviam testemunhado ou ouvido falar sobre a primeira ocasi�o foi quase suic�dio!
- Ent�o voc� acha que eu deveria ter matado Lalau Shunpike? - Disse Harry nervoso.
- Mas � claro que n�o, - disse Lupin, - mas os Comensais da Morte � ou melhor, a maioria das pessoas! � esperariam que voc� atacasse de volta! Expelliarmus � uma magia muito �til, Harry, por�m os Comensais parecem ter em mente que esta � sua marca registrada, e eu o alertaria para n�o deixar que isso aconte�a.
Lupin estava fazendo com que Harry se sentisse idiota, e ainda havia um gr�o de desafio dentro dele. - Eu n�o vou acabar com pessoas s� porque elas ficam no meu caminho. - Disse Harry. - Esse � o trabalho de Voldemort.
Lupin pareceu perdido por um momento. Finalmente, tomou-se por satisfeito e se espremeu para passar pela porta entreaberta. Hagrid pegou uma cadeira, desajeitado, e sentou-se fitando Harry atenciosamente. N�o dando aten��o � Hagrid, Harry decidiu colocar Lupin novamente na conversa.
- Jorge ficar� bem? - Todas as frustra��es e preocupa��es de Lupin em rela��o � Harry pareceram se esvair com a pergunta do garoto.
- Imagino que sim, mas n�o h� como restaurar sua orelha uma vez que foi arrancada por magia...
Houve barulho l� fora. Lupin saiu pela porta, Harry pulou as pernas de Hagrid e saiu para o jardim.
Duas figuras haviam aparecido l�, e conforme Harry correu em dire��o a elas ele percebeu que eram Hermione, agora voltando a sua apar�ncia normal, e Kingsley ambos curvados como cabides. Hermione jogou-se nos bra�os de Harry, mas Kingsley n�o mostrou prazer nenhum ao v�-los. Por cima do ombro de Hermione, Harry o viu levantar sua varinha e apontar diretamente para o peito de Lupin.
- As �ltimas palavras que Alvo Dumbledore falou para n�s dois?
- �Harry � a maior esperan�a que n�s temos. Confiem nele.� � disse Lupin calmamente.
Kingsley apontou sua varinha rapidamente para Harry, fazendo o garoto se sobressaltar. Lupin interrompeu. -� ele, eu j� conferi!
- Certo, certo. - disse Kingsley enquanto guardava sua varinha no bolso interno de suas vestes. - Mas algu�m nos traiu! Eles sabiam, eles sabiam que seria essa noite!
- � o que parece, - replicou Lupin. - Mas aparentemente eles n�o sabiam sobre os sete Harrys...
- Isso n�o � grande consolo.- retrucou Kingsley. - Quem mais voltou?
- Somente Harry, Hagrid, Jorge e eu.
Hermione tinha um pequeno arranh�o nas costas de sua m�o.
- O que houve com voc�s? - perguntou Lupin se dirigindo � Kingsley.
- Fomos seguidos por cinco, consegui ferir dois deles, e tive de matar um outro, - respondeu Kingsley, - e n�s vimos Voc�-Sabe-Qu�m tamb�m, n�s o perseguimos, mas ele conseguiu escapar rapidamente. Remo, ele � capaz de...
- Voar. - completou Harry. - Eu o vi tamb�m, ele veio atr�s de mim e Hagrid.
- Ent�o foi por isso que ele fugiu, pra te seguir! - exclamou Kingsley. - Eu n�o consegui entender porque ele fugiu. O que o fez mudar de dire��o?
- Harry se comportou um tanto bondosamente com Lalau Shunpike. - disse Lupin.
- Lalau? - repetiu Hermione confusa. - Pensei que ele estivesse preso em Azkaban, n�o?
Kingsley soltou uma risada sombria.
- Hermione, � �bvio que houve uma grande fuga de Azkaban, mas o Minist�rio abafou.. O capuz de Traver caiu quando amaldi�oei ele, ele parece estar envolvido tamb�m. Mas o que houve com voc�, Remo? Onde est� o Jorge?
- Ele perdeu uma orelha. - respondeu Lupin.
- Perdeu uma...? - disse Hermione com a voz embargada.
- Obra do Snape. - disse Lupine.
- Snape? - engasgou-se Harry. -N�o pode ser...
- Ele perdeu sua capa, durante a persegui��o. Sectumsempra foi sempre uma especialidade do Snape. Queria poder dizer que revidei � altura, mas todos meus esfor�os voltaram para manter Jorge na vassoura depois que ele foi machucado, ele estava perdendo muito sangue.
Todos ficaram em um sil�ncio m�tuo, contemplando o c�u azul-marinho. N�o havia nenhum movimento, n�o havia estrelas reluzentes, e a lua nova se escondia por tr�s de uma nuvem particularmente grande. Onde estaria Rony? Onde estaria Fred e o Sr. Weasley? Onde estavam Gui e Fleur? Mundungus, Olho-Tonto e Tonks? Estariam todos bem?
- Harry, uma ajuda aqui! - Chamou Hagrid da porta onde ele acabou entalando de novo.
Feliz por fazer algo, Harry largou Hermione, e foi em dire��o � cozinha e de volta m � sala de estar onde a Sra. Weasley e Gina ainda continuavam olhando Jorge. A Sra. Weasley estava limpando o sangue, e pela l�mpada Harry pode ver um buraco onde deveria estar a orelha de Jorge.
- Como ele est�?
A Sra. Weasley olhou em volta e disse - N�o posso faz�-la crescer. N�o quando foi removida por Magia Negra... Mas podia ser pior... ele est� vivo.
- � ... - Disse Harry. - Gra�as a Deus.
- Escutei mais algu�m no jardim? - Perguntou Gina.
- Hermione e Kingsley.
- Que bom. - Gina murmurou. Eles trocaram olhares, Harry quis abra��-la, ele nem se importava que a Sra. Weasley estivesse ali, mas antes que ele seguisse impulso houve um grande �crack� na cozinha.
- Eu provarei que sou verdadeiro, Kingsley, depois de ver meu filho, agora saia da minha frente se voc� souber o que � realmente bom pra voc�!
Harry nunca escutou o Sr. Weasley falar daquele jeito. Ele entrou na sala de estar, sua cabe�a quase careca misturando-se com suor. Fred estava logo atr�s dele, ambos p�lidos mas sem machucados.
- Arthur! - exclamou a Sra. Weasley. - Gra�as a Deus.
- Como ele est�?
O Sr. Weasley ficou de joelhos ao lado de Jorge. Pela primeira vez desde que conhecera Fred, o ruivo parecia sem palavras. Ele assustou-se atr�s do sof� olhando o estado do g�meo, como se n�o quisesse acreditar no que estava vendo. Talvez pelo som da chegada de Fred e Sr. Weasley. Jorge soltou um muxoxo.
- Jorge, como se sente? - Murmurou Sra. Weasley.
Os dedos de Jorge pararam num lado da cabe�a. - Como um anjo.
- Qual o problema dele? - Perguntou Fred parecendo horrorizado. - Perdeu o ju�zo?O c�rebro foi afetado?
- Um anjo. - Repetiu Jorge abrindo os olhos e olhando para seu irm�o. - Veja bem, sou �sangrado�. Santo, Fred. Entendeu?
A Sra. Weasley solu�ou mais do que nunca. A cor pareceu voltar ao rosto p�lido de Fred.
- Pat�tico - ele disse para Jorge. - Pat�tico! Com o mundo todo preocupado com a maldita orelha, voc� diz �sangrado�?
- Ah bem - disse Jorge limpando a lagrima da m�e. - Voc� agora vai poder nos diferenciar m�e.
Ele olhou em volta.
- Oi Harry. Voc� � Harry, certo?
- Sim, sou. - respondeu Harry chegando perto do sof�.
- Bem, pelo menos n�s conseguimos trazer voc� � salvo. - Disse Jorge. � Por que Rony e Gui n�o est�o em volta da minha cama?
- Eles ainda n�o voltaram, Jorge. - Respondeu a Sra. Weasley. Harry olhou para Gina e mencionou para ela o seguir at� l� fora. Enquanto caminhava pela cozinha ela falou em voz baixa.
- Rony e Tonks devem voltar daqui a pouco. Eles n�o tiveram uma viagem longa, Tia Muriel n�o � muito longe daqui.
Harry n�o disse nada. Ele vinha tentando afastar seu medo desde que chegou � Toca, mas agora parecia completamente dominado por ele, dentro da sua pele, incomodando a garganta e machucando o peito. Enquanto caminhavam pelo jardim, Gina pegou sua m�o.
Kingsley caminhava de um lado para o outro, olhando para o c�u toda vez que se virava. Harry lembrou-se do Tio V�lter passando pela sala de estar h� milh�es de anos atr�s. Hagrid, Hermione e Lupin estavam em p� ombro a ombro, observando em sil�ncio. Ningu�m olhou em volta quando Harry e Gina se juntaram ao sil�ncio dos tr�s.
Os minutos passaram como se fossem anos. A brisa mais delicada os fez sobressaltarem e virarem em dire��o ao vento ou a alguma �rvore com a esperan�a de que algum membro da Ordem pudessem aparecer entre as folhas. E ent�o uma vassoura se materializou diretamente sobre eles e foram em dire��o ao ch�o.
- S�o eles! - Gritou Hermione.
Tonks aterrissou no ch�o, jogando terra pra todos os lados.
- Remo! - Gritou ela, enquanto largava a vassoura e se jogava nos bra�os de Lupin. O rosto de Lupin estava branco. Parecia ser incapaz de falar. Rony caminhava em dire��o a Harry e Hermione.
- Voc� esta bem. - Ele disse, antes de Hermione abra��-lo com for�a.
- Pensei que�pensei que�
- Estou bem. - Disse Rony dando um tapinha de leve nas costas de Hermione. - Estou �timo.
- Rony foi muito bem. - Disse Tonks am�vel ainda abra�ada em Lupin. - Uma maravilha. Acertou um comensal bem na cabe�a e quando voc� est� diretamente sob ataque em cima de uma vassoura...
- Mesmo? - Perguntou Hermione mirando Rony, ainda com seus bra�os em volta do pesco�o do ruivo.
- Sempre o tom de surpresa - ele disse irritado, se soltando do abra�o � Somos os �ltimos a voltar?
- N�o. - disse Gina. - Gui e Fleur, Olho Tonto e Mundungo ainda n�o voltaram. Eu vou avisar o papai e a mam�e que voc� est� bem, Rony...
Ela correu para dentro da casa.
- O que aconteceu? - perguntou Lupin parecendo irritado com Tonks.
- Belatriz - disse Tonks. - Ela me queria tanto quanto quer Harry. Ela tentou me matar. Eu apenas desejei t�-la... Mas n�s definitivamente ferimos Rodolfo. Ent�o n�s fomos para a casa da tia de Rony, Muriel, e como perdemos nossa chave de Portal ela nos emprestou uma.
Um m�sculo saltou na face de Lupin. Ele notou, mas estava incapaz de dizer qualquer coisa.
- Ent�o, o que aconteceu com voc�? � perguntou Tonks, virando-se para Harry, Hermione, e Kingsley.
Eles recontaram suas est�rias, mas continuaram com a sensa��o de preocupa��o com Gui, Fleur, Olho-Tonto, e Mundungo.
- Eu vou voltar at� Downing Street, eu deveria estar l� h� uma hora. � disse finalmente Kingsley, ap�s dar uma olhada para o c�u. � Me avisem quando eles voltarem.
Lupin concordou. Com um aceno para os outros, Kingsley saiu pelo port�o. Harry pensou ter ouvido o �pop� quando Kingsley desaparatou al�m das fronteiras d�A Toca..
O Sr. e a Sra. Weasley vieram correndo, com Gina logo atr�s. Todos abra�aram Rony antes de se virarem para Lupin e Tonks.
- Obrigado. � Disse o Sr. Weasley. � Por nossos filhos.
- N�o seja boba, Molly. � Disse Tonks.
- Como est� Jorge? � Perguntou Lupin.
- O que h� de errado com ele? � Perguntou Rony.
- Ele perdeu�
Mas a frase da Sra. Weasley foi interrompida por uma estalo. Um Testr�lio acabara de pousar h� alguns metros dali. Gui e Fleur desceram, cansados, mas sem ferimentos.
- Gui! Gra�as a Deus, Gra�as a Deus!
A Sra. Weasley correu para lhe dar um abra�o. Olhando direto para seu pai, Gui disse:
- Olho Tonto est� morto.
Ningu�m falou nada. Ningu�m se moveu. Harry sentiu que alguma coisa atr�s estava caindo, caindo atrav�s da terra, o deixando para sempre.
- N�s o vimos. - disse Gui, Fleur assentiu, com o reflexo das luzes da cozinha iluminando seu rosto marcado por l�grimas. Aconteceu depois que n�s quebramos o c�rculo, Olho-Tonto e Dungo estavam perto da gente, eles estavam indo para a dire��o norte tamb�m. Dungo apavorou-se. Eu o ouvi chorando, Olho-Tonto tentou par�-lo, mas ele desapareceu. N�o havia nada que pud�ssemos fazer. N�s est�vamos em meia d�zia... - A voz de Gui falhou.
- Claro que voc�s n�o podiam ter feito nada - disse Lupin.
Eles se levantaram olhando um ao outro. Harry n�o conseguia compreender...Olho-Tonto morto; n�o podia ser....Olho-Tonto, t�o resistente, t�o bravo, tinha sobrevivido...
Por �ltimo teve a impress�o de todos compreenderam, embora ningu�m dissesse isso, n�o havia mais o que esperar. Em sil�ncio, eles seguiram Sr. e Sra. Weasley para dentro da Toca, e para a sala de estar, onde Fred e Jorge estavam rindo juntos.
- O que est� errado? - perguntou Jorge varrendo o riso de suas faces � O que aconteceu? Quem est�...
- Olho Tonto - disse o Sr. Weasley - Morto!
Os g�meos ficaram em choque. Ningu�m sabia o que fazer. Tonks estava chorando silenciosamente. Ela tinha estado perto de Olho-Tonto. Harry sabia, ela era a favorita dele e sua protegida no Minist�rio da Magia. Hagrid que tinha sentado no ch�o num canto onde havia mais espa�o, estava limpando os olhos com um len�o feito sob medida que mais parecia uma toalha de mesa. Gui rodeou a mesa e pegou uma garrafa de Whisky com alguns copos.
- Aqui. - disse ele entregando doze copos cheios para cada um deles, elevando o d�cimo terceiro ao alto - Ao Olho-Tonto!
- Ao Olho Tonto! - eles disseram e beberam.
- Ao Olho-Tonto. - ecoou Hagrid, um pouco tarde, com um solu�o.
O whisky de fogo queimou a garganta de Harry. Pareceu queimar por dentro, amenizando o clima e dando uma sensa��o de irrealidade, queimando-o como se sentisse coragem.
- Ent�o Mundungo desapareceu? - disse Lupin, quem tinha esvaziado o copo para pegar outro.
A atmosfera mudou pela primeira vez. Todos olharam tensos, observando Lupin, esperando que ele fosse adiante, pareceu a Harry, e todos ligeiramente com medo do que pudessem ouvir.
- Eu sei o que voc� est� pensando - disse Gui. - E eu quero saber tamb�m, de alguma maneira eles parecem estar esperando por n�s, n�o est�o? Mas Mundungo n�o abandonou a gente. Eles n�o saberiam que n�s �ramos Sete Harrys, o que os confundiu quando n�s nos separamos, e no, caso de se esquecerem, foi Mundungo quem sugeriu o truque. Por que ele n�o contaria o ponto principal? Eu acho que Dungo entrou em p�nico, � t�o simples. Ele n�o queria vir em primeiro lugar, mas Olho-Tonto o fez vir, e Voc�-Sabe-Quem estava no encal�o deles. � o suficiente para fazer as pessoas entrarem em p�nico.
- Voc�-Sabe-Quem atuou exatamente como Olho Tonto esperava � guinchou Tonks. - Ele sempre disse que Voc�-Sabe-Quem esperaria que ele estivesse com o Harry verdadeiro. O membro mais resistente, o mais h�bil dos Aurores. Ele perseguiu Olho-Tonto primeiro, e quando Mundungo desistiu, ele partiu para Kingsley ...
- Sim, e eles estavam todos muito bem. - cortou Fleur, - mas isso ainda n�o explica como eles sabiam que n�s est�vamos mudando o Harry hoje � noite, explica? Algu�m deve ter se descuidado. Algu�m deixou escapar a data para algu�m de fora. � a �nica explica��o para eles saberem sobre a data, mas n�o sobre o plano inteiro.
Ela brilhou em volta deles todos, mesmo com os cortes, seu rosto ainda estava bonito, silenciosamente ningu�m ousou contradiz�-la. O �nico som que quebrou o sil�ncio foi o solu�o de Hagrid atr�s de seu len�o. Harry olhou de relance para Hagrid, que tinha se arriscado para salvar a vida de Harry - Hagrid que o amava � em quem ele confiava, que uma vez tinha dado a Voldemort uma informa��o crucial em troca de um ovo de drag�o...
- N�o. - disse Harry alto e todos olharam para ele, surpresos. O whisky de fogo parecia ter ampliado a sua voz. - Eu quero dizer... Se algu�m cometeu um erro e deixou alguma coisa escapar, eu sei que se eles n�o deixaram escapar porque queriam. N�o foi de prop�sito. - Harry repetiu mais ruidosamente tanto quanto ele deveria ter falado. - N�s temos que confiar uns nos outros. Eu confiei em todos voc�s, e eu n�o acho que algu�m nesta sala queria me entregar ao Voldemort.
Mais sil�ncio seguiu suas palavras. Eles estavam olhando para ele, Harry sentiu um pequeno calor novamente, e bebeu mais um pouco para fazer efeito. Enquanto bebia, ele pensou em Olho-Tonto. Olho-Tonto teria dispensado a voluntariedade de Dumbledore para confiar nas pessoas.
- Muito bem, Harry! - disse Fred inesperadamente.
- � apoiado, apoiado! *. - disse Jorge olhando r�pido para Fred, cujo canto da boca contraiu-se.
Lupin estava ouvindo com uma express�o estranha quando ele olhou para Harry. Estava perto de sentir pena.
- Voc� acha que eu sou um tolo? - exigiu Harry.
- N�o, eu acho que voc� se parece com o Tiago - disse Lupin. - Eu teria esperado a mesma atitude dele, ele teria a mesma confian�a em seus amigos.
Harry sabia que Lupin estava se referindo a quando seu pai tinha sido tra�do por um amigo, Pedro Pettigrew. Ele se sentiu irritado. Ele queria discutir, mas Lupin tinha se afastado dele, e sentou-se com seu copo do outro lado da mesa, e tinha se dirigido � Gui. - Existe trabalho a fazer. Eu posso perguntar ao Kingsley se...
- N�o! Eu farei, eu irei! - disse Gui uma vez.
- O corpo de Olho-Tonto, n�s precisamos recolh�-lo! - disse Lupin.
- N�o podemos�? - come�ou o Sr. Weasley apelando para Gui.
- Esperar? - disse Gui. � N�o, a n�o ser que voc� prefira que os Comensais peguem primeiro?
Ningu�m falou, Lupin e Gui disseram adeus e sa�ram.
O resto deles deixaram-se cair nas cadeiras, exceto Harry que j� tinha levantado. De repente a morte era uma presen�a iminente. - Eu tenho que ir tamb�m. - disse Harry. Dez pares de olhos viraram para ele.
- N�o seja teimoso, Harry. - disse a Sra. Weasley. - Sobre o que n�s est�vamos falando?
- Eu n�o posso ficar aqui. - Ele esfregou a cicatriz, estava ardendo de novo, como acontecera no ano anterior. - Voc�s est�o em perigo enquanto eu estiver aqui. Eu n�o quero...
- N�O SEJA TOLO! - disse a Sra. Weasley. � O objetivo hoje era traz�-lo em seguran�a para c�, e gra�as a Deus funcionou. E a Fleur concordou em fazer o casamento aqui, melhor do que na Fran�a. N�s arranjamos tudo, ent�o n�s podemos ficar juntos e cuidar d voc�
Ela n�o entendia, ela estava fazendo ele se sentir pior, n�o melhor.
-Se Voldemort descobrir que estou aqui...
- Existem dezenas de lugares que voc� poderia estar agora, Harry! - disse a Sra. Weasley. - N�o existe jeito de saber qual casa voc� est�.
- Eu n�o estou preocupado comigo, estou preocupado com voc�s. � disse Harry.
- N�s sabemos. - disse a Sra. Weasley inquieta. - Mas se voc� o fizer teremos que nos arriscar igual essa noite.
- Ele n�o vai a lugar algum. - rosnou Hagrid. -Depois de tudo o que fizemos voc� quer sair daqui?
- � , e a minha orelha sangrando? - disse Jorge.
- Eu sei que...
- Olho Tonto n�o iria querer...
- EU SEI! - berrou Harry.
Ele se sentiu importunado e marcado: Eles pensavam que ele n�o sabia o que tinham feito por ele, n�o entendem que essa era precisamente a raz�o que dele querer ir agora, antes que eles sofram mais do que ele tinha sofrido? Havia um sil�ncio in�bil, na qual a sua cicatriz continuou a arder, como da �ltima vez que foi quebrado pela Sra. Weasley.
- Onde est� Edwiges, Harry? - ela perguntou - N�s podemos coloc�-la com Pichitinho e damos a elas o que comer.
Ele n�o poderia contar a ela a verdade. Ele tinha bebido o resto do Whisky de Fogo para evitar responder a essas perguntas.
- Espere at� sair que voc� fez de novo, Harry, - disse Hagrid. - Fugiu dele, lutou com ele quando estava bem na sua frente!
- N�o fui eu. - disse Harry rapidamente. - Foi minha varinha. Minha varinha agiu por contra pr�pria!
Depois de alguns minutos, Hermione disse gentilmente. - Mas isso � imposs�vel, Harry. Voc� quer dizer que voc� fez m�gica sem ela. Voc� deve t�-la alcan�ado instintivamente.
- N�o. - disse Harry. - A moto estava caindo. Eu deveria ter contado a voc� onde Voldemort estava, mas minha varinha girou na minha m�o, encontrou ele e disparou por um momento, e na mesma hora eu reconheci. Eu nunca fiz aparecerem chamas douradas antes.
- Frequentemente. - disse o Sr. Weasley. - Quando voc� exerce press�o sob a situa��o voc� pode produzir feiti�os que nunca sonhou. Algumas crian�as o fazem frequentemente, mesmo antes de serem treinadas...
- Mas n�o foi algo assim - disse Harry gritando atrav�s dos dentes. A cicatriz dele estava queimando. Ele estava furioso e frustrado: odiava a id�ia de que eles estavam imaginando que Harry pudesse ter poderes iguais aos que Voldemort tem.
Ningu�m disse nada. Ele sabia que ningu�m acreditava nele. Agora ele vinha pensando nisso, ele nunca tinha ouvido falar de varinha que produzia feiti�os por conta pr�pria.
A cicatriz dele continuava ardendo, ele n�o poderia gemer alto. Deu a desculpa que queria tomar ar fresco e deixou a sala.
Quando ele cruzou o jardim escuro, o grande Testr�lio esquel�tico fechou as asas de morcego e recome�ou a pastar, Harry parou na porta olhando fixamente para fora olhando o jardim excessivamente grande, ele esfregou sua cicatriz pensando em Dumbledore.
Dumbledore acreditaria nele, ele sabia disso. Dumbledore teria dito como e porqu� a varinha de Harry tinha agido independentemente, porque Dumbledore sempre tinha as respostas, ele sabia tudo sobre varinhas, tinha explicado a Harry a grande conex�o existente entre a varinha dele e de Voldemort... Mas Dumbledore, como Olho-Tonto, Sirius Black, como pais dele, como sua coruja, todos tinham ido para onde Harry nunca poderia falar com eles novamente. Ele sentia a garganta doer e n�o tinha nada a ver com Whisky de Fogo.
Ent�o, do nada, a dor da cicatriz dele piorou, embrenhado na cicatriz, ele fechou os olhos, escutando uma voz em sua cabe�a.
- Voc� me contou que o problema seria resolvido usando outras varinhas!
E teve uma vis�o na mente de um velho homem mentindo, gritando, terr�vel, prolongado pelos gritos, um grito de agonia...
- N�o, n�o, eu imploro a voc�, n�o...
- Voc� mentiu para Voldemort, Olivaras!
- Eu n�o... Eu juro que n�o...
- Voc� procurou ajudar o Potter, ajudou-o a escapar!
- Eu juro que n�o... Eu sei a diferen�a de uma varinha quando deveria
funcionar!
- Explique, ent�o o que aconteceu. A varinha de L�cio est� destru�da!
- Eu n�o entendo... A conex�o... Existe apenas... Entre suas duas varinhas...
- Mentira.
- Por favor, eu imploro...
E Harry viu a m�o branca aumentando para pegar a varinha e sentiu Voldemort arder de raiva, viu a fr�gil m�o do homem no ch�o, contorcia em agonia...
- Harry?
Acabou t�o rapidamente quanto veio. Harry levantou na escurid�o, o seu cora��o disparado, a cicatriz ainda do�a. Estava vendo dif�ceis momentos antes de Rony e Hermione aparecerem.
- Harry, volte para dentro da casa. - Hermione chamou. - Voc� n�o est� pensando em nos deixar, n�o �?
- Voc� tem que ficar aqui. - disse Rony batendo em suas costas.
- T� tudo bem? - perguntou Hermione, perto o suficiente olhando para a face de Harry. - Voc� parece terr�vel!
- Bem, - disse Harry - eu provavelmente pare�o melhor do que Olivaras...
Quando ele terminou de contar o que tinha visto, Rony olhou normal, mas Hermione parecia assustada.
- Mas isso tinha que ter parado! Sua cicatriz - n�o devia estar fazendo isso mais. Voc� n�o deve fazer conex�o com ele de novo - Dumbledore queria que voc� fechasse sua mente!
Enquanto ele n�o tinha resposta, ela prendeu o abra�o dele.
- Harry, ele est� tomando o Minist�rio e os jornais e metade do Mundo Bruxo! N�o deixe que ele invada sua cabe�a tamb�m!
Jorge mostra seu apoio dizendo �hear, hear�, que, no entanto aparece escrito ��ear, �ear� (orelha, orelha). Piada que se perde na tradu��o. =(
Equipe Armada Tradutora
Traduzido e revisado por
Juliana Martin
- CAP�TULO 6 �
O vampiro de Pijama
O choque causado pela perda de Olho-Tonto abateu a casa nos dias seguintes; Harry continuava esperando v�-lo entrar pela porta de tr�s tal como os outros membros da Ordem, que entravam e saiam trazendo not�cias. Harry sentia que nada al�m de a��o acalmaria aquele sentimento de culpa e dor de que deveria come�ar sua miss�o de achar e destruir as Horcruxes o mais r�pido poss�vel
-Bem, n�o podemos fazer nada a respeito das ... - Rony moveu a boca formando a palavra �Horcruxes� - at� que voc� tenha dezessete anos. Voc� ainda tem o Rastro sobre voc�. E n�s podemos planejar aqui como em qualquer outro lugar, n�o �? Ou... - ele diminui sua voz at� sussurrar. - ou voc� acha que j� sabe onde as �Voc�-Sabe-O-Que� est�o?�
-N�o. - Harry admitiu.
-Acho que a Hermione esteve pesquisando. - disse Rony. - Ela disse que estava guardando-a para quando voc� chegasse aqui.
Eles estavam sentados na mesa do caf� da manh�; o Sr. Weasley e Gui tinham acabado de sair para o trabalho. A Sra. Weasley tinha subido as escadas para acordar Hermione e Gina, enquanto Fleur tinha ido tomar banho.
- O Rastro vai ser quebrado no dia trinta e um. - disse Harry - O que significa que eu s� preciso ficar aqui mais quatro dias. Depois posso...
-Cinco dias. - Rony corrigiu com firmeza. - N�s temos que ficar para o casamento. Elas v�o nos matar se n�s n�o formos.
Harry entendeu �elas� como sendo Fleur e a Sra. Weasley.
-� s� um dia a mais. - disse Rony, quando Harry pareceu amotinado.
-Elas n�o percebem o quanto � importante...?
-Claro que elas n�o percebem. - disse Rony. - Elas n�o t�m nem id�ia. E agora que voc� mencionou , quero conversar com voc� a respeito.
Rony lan�ou um olhar para o corredor, pela a porta, a fim de conferir se a Sra. Weasley ainda n�o estava voltando, e inclinou-se para Harry.
-A mam�e est� tentando arrancar isso de mim e da Hermione. Mas n�s n�o estamos dispostos a contar. Ent�o, ela vai tentar descobrir de voc� agora, por isso se prepare. O papai e o Lupin tamb�m j� perguntaram, mas quando n�s dissemos que Dumbledore disse para voc� n�o contar para ningu�m, al�m de n�s, eles desistiram. Mas a mam�e n�o. Ela est� determinada em descobrir.
A premoni��o de Rony tornou-se verdade em horas. Logo depois do jantar, a Sra. Weasley separou Harry dos outros pedindo-o para ajud�-la a identificar uma meia masculina que ela pensou ter vindo da mochila dele. Uma vez que ela o tinha curvado na min�scula copa, fora da cozinha, ela come�ou.
-Rony e Hermione disseram que voc�s tr�s est�o pensando em abandonar Hogwarts. - come�ou ela, num tom leve e casual.
-Oh...- disse Harry. - Bem, sim. N�s estamos pensando sim.
A m�quina de lavar roupas se mexeu sozinha, torcendo o que parecia ser uma das vestes da Sra. Weasley.
-Posso perguntar porque voc�s est�o abandonando a escola?- disse a Sra. Weasley.
-Bem... Dumbledore deixou... coisas para eu fazer.- resmungou Harry. - Rony e Hermione e sabem sobre elas, e eles querem vir tamb�m.
-Mas que tipo de coisa...?
-Desculpe, n�o posso dizer.
-Bem, francamente, acho que eu e Arthur temos o direito de saber, e tenho certeza que o Sr. e a Sra. Granger concordariam!- Harry havia estado com medo daquele �ataque de pais preocupados�. Ele se esfor�ou para olhar diretamente dentro dos olhos dela, percebendo assim que eles eram t�o castanhos quanto os de Gina. E isso n�o ajudou.
-Dumbledore n�o queria que mais ningu�m soubesse, Sra. Weasley, eu sinto muito, Rony e Hermione n�o precisam vir, eles escolhem...
-Eu n�o vejo por que voc� tem de ir tamb�m! - ela insistiu, desistindo de todas as pretens�es agora. - Voc� � muito jovem, tem muito a fazer pela frente! N�o faz sentido. Se Dumbledore tivesse trabalho a ser feito, tinha toda a Ordem no seu comando! Voc� deve ter entendido mal. Provavelmente ele estava falando de alguma coisa que ele queria para ser feito, e voc� achou que ele queria que voc�...
-Eu n�o entendi mal. - disse Harry. - Era pra mim.
Ele entregou de volta a ela a simples meia que supostamente foi identificar, que era decorada com vimes dourados.
-E n�o � minha, eu n�o tor�o pro Puddlemere United.
-Oh, claro que n�o. - disse Sra. Weasley em um tom um tanto enfraquecido e voltando repentinamente ao seu tom de voz normal. - Eu devia saber. Bem, Harry, enquanto voc� continuar aqui conosco, voc� n�o se importa em ajudar nos preparativos do casamento de Gui e Fleur, n�o �? Ainda h� muita coisa pra fazer.
-N�o... eu... � claro que n�o. - disse Harry, desconcertado pela r�pida mudan�a de assunto.
-Voc� � um doce. - respondeu ela, e sorriu saindo da copa.
Ent�o, a Sra Weasley deixou Harry, Rony e Hermione t�o ocupados com os preparativos para o casamento que eles mal tinham tempo pra pensar. A mais gentil explica��o desse comportamento teria sido que a Sra. Weasley queria distra�-los para n�o pensarem em Olho-Tonto e o terror da recente jornada.
Depois de dois dias sem parar de limpar talheres, enfeites e flores do jardim, e ajudando a Sra. Weasley a cozinhar v�rias fornadas de canap�s, entretanto, Harry come�ou a suspeitar de outro motivo. Todos os trabalhos que ela deu a eles pareciam deixar ele, Rony e Hermione longe um do outro; ele n�o tinha tido chance de conversar a s�s com os dois desde a primeira noite, quando havia contado a eles sobre a tortura de Voldemort ao Sr. Olivaras
-Acho que a mam�e acha que deixando voc�s separados pode parar com os planos, que vai ser capaz de adiar sua partida. � disse Gina a Harry em voz baixa, enquanto arrumavam a mesa para o jantar na terceira noite de sua estadia l�.
- E ent�o o que ela acha que vai acontecer?- Harry sussurrou. - Algu�m mais pode matar Voldemort enquanto ela est� nos segurando aqui?-, ele falou sem pensar, vendo o rosto p�lido de Gina.
- Ent�o � verdade? - ela disse - � isso que voc� est� tentando fazer?
- Eu? N��o...Eu estava brincando.- disse Harry evasivo.
Eles fixaram o olhar um no outro, e havia alguma coisa a mais do que a express�o de choque de Gina. Repentinamente, Harry percebeu que essa era a primeira vez que ficava sozinho com ela desde aquelas horas nos cantos distantes dos terrenos de Hogwarts. Ele tinha certeza de que ela estava relembrando-os tamb�m. Ambos deram um pulo quando a porta se abriu, e Sra. Weasley, Kingsley e Gui entraram.
Eles estavam freq�entemente recebiam membro da Ordem para jantar agora, por que a Toca substituiu o n�mero doze no Largo Grimmauld como o quartel-general. Sra. Weasley explicou que depois da morte de Dumbledore, o Guardi�o do Segredo, cada uma das pessoas pra quem Dumbledore confidenciou a localiza��o do Largo Grimmauld veio a ser um Guardi�o do Segredo em favor.
- E como h� por volta de vinte de n�s, era bom dissolver o poder do Feiti�o Fidelius. Vinte vezes como muitas oportunidades para os Comensais da Morte conseguirem o segredo de algu�m. N�s n�o podemos esperar que isso aconte�a para fazer alguma coisa.
- Mas certamente Snape contaria aos Comensais da Morte o endere�o agora?- perguntou Harry.
- Bem, Olho-Tonto arrumou um par de maldi��es contra Snape para o caso de ele voltar l� novamente. Esperamos que ambas sejam fortes o bastante para deix�-lo fora de l� e segurar sua l�ngua se ele tentar falar sobre o lugar, mas n�o podemos ter certeza. Teria que estar insano pra continuar usando como quartel-general agora que sua prote��o tornou-se t�o vacilante.
A cozinha estava t�o cheia esta noite que era dif�cil de manejar garfos e facas. Harry encontrou-se abarrotado ao lado de Gina; as coisas n�o ditas que tinham acabado de passar entre eles o fez desejar que estivessem separados por um pouco mais de pessoas. Ele estava tentando t�o duramente evitar encostar no seu bra�o que ele ficou simplesmente dif�cil cortar seu frango.
- Nenhuma novidade sobre Olho-Tonto? - Harry perguntou a Gui.
- Nada. - respondeu Gui.
Eles n�o foram capazes de celebrar um funeral para Alastor, porque Gui e Lupin haviam falhado na recupera��o do seu corpo. Estava dif�cil descobrir onde ele poderia ter ca�do, dada a escurid�o e a confus�o da batalha.
- O Profeta Di�rio n�o falou uma palavra sobre sua morte ou sobre a busca do corpo.- disse Gui. - Mas isso n�o significa muito. O jornal est� escondendo muita coisa esses dias.
- E eles ainda n�o convocaram uma audi�ncia sobre toda a magia que usei para escapar dos Comensais da Morte?- Harry chamou Sr. Weasley do outro lado da mesa, que balan�ou a cabe�a
- Por que eles sabem que eu n�o tenho escolha ou por que eles n�o querem que eu conte a todos que Voldemort me atacou?
- A �ltima, eu acho. O ministro da magia n�o quer admitir que Voc�-Sabe-Quem � t�o poderoso quanto ele, n�o que Azkaban tem visto fuga em massa.
- �, por que contar ao povo a verdade? - disse Harry, agarrando sua faca t�o apertado que a cicatriz atr�s da sua m�o direita, escrita contra a pele, brilhou: Eu n�o devo contar mentiras.
- N�o tem ningu�m no Minist�rio preparado para enfrent�-lo? - perguntou Rony nervoso.
- � claro, Rony, mas as pessoas est�o amedrontadas - respondeu Sr. Weasley. -t�o amedrontadas que elas sejam as pr�ximas a desaparecer, e seus filhos, os pr�ximos a serem atacados! Existem rumores desonestos em volta; eu n�o acredito que a professora de Estudo dos Trouxas tenha demitido-se de Hogwarts. Ela n�o tem sido vista h� semanas. Enquanto isso o ministro da magia permanece calado no seu escrit�rio todo dia; eu s� espero que esteja trabalhando em um plano.
Houve uma pausa na qual Sr. Weasley magicamente empilhou os pratos e se serviu de torta de ma��.
- N�s temos que decidir como voc� vai se disfar�ado, Harry -, disse Fleur, uma vez que todos tinham sido servidos. - Para o casamento. - adicionou ela, quando ele a olhou confuso. - Claro, nenhum de nossos convidados s�o Comensais da Morte, mas n�s n�o podemos garantir que eles n�o ir�o deixar escapar alguma coisa depois de terem tomado champagne.
A partir da�, Harry deduziu que ela estava suspeitando de Hagrid.
- Sim, bem pensado.- disse Sra. Weasley da ponta da mesa, onde ela, com os �culos pousados no final do seu nariz, examinava uma imensa lista de trabalhos que tinha rabiscado em um peda�o de pergaminho muito longo. - Agora, Rony, voc� j� limpou seu quarto?
- Por qu�? - exclamou Rony batendo sua colher no ch�o e fixando os olhos em sua m�e - Por que o meu quarto deve esta limpo? Eu e o Harry estamos nos sentindo bem com ele assim!
- N�s estaremos celebrando o casamento do seu irm�o aqui em poucos dias, jovenzinho...
- E eles v�o se casar no meu quarto? - perguntou Rony furtivamente - N�o! Por isso que em nome de Merlin eu...
- N�o fale desse jeito com a sua m�e! - disse o Sr. Weasley firmemente - E fa�a o que ela manda!
Rony, zangado com seus pais, deixou a colher e atacou a torta de ma��.
- Eu posso ajudar � disse Harry a Rony, mas a Sra. Weasley o cortou.
- N�o, Harry, querido! Ser� melhor se voc� ajudar Arthur com as galinhas, e Hermione, eu ficaria grata se voc� mudasse os len�os da Monsieur e Madame Delacour, voc� sabe que eles est�o chegando amanh� �s onze horas da manh�.
Quando Harry foi para fora, havia pouco para fazer com as galinhas.
- N�o � necess�rio, er, mencionar isso para Molly -, Sr. Weasley disse para Harry, bloqueando seu acesso at� lugar que estava fechado, - mas, eh.., Ted Tonks me mandou quase tudo o que sobrou da moto do Sirius e, er... estou escondendo - quer dizer, guardando - os peda�os aqui. Coisas fant�sticas: h� uma gasina *, como eu acredito que seja chamada, a maior e magn�fica bateria, e ser� uma grande oportunidade de descobrir como os freios funcionam. Vou tentar colocar tudo junto novamente quando a Molly n�o.. - quer dizer, quando eu tiver tempo.
Quando eles retornaram para a casa, Sra. Weasley n�o estava em nenhum lugar � vista, ent�o Harry correu escadaria acima para o quarto de Rony.
- Estou arrumando, estou arru� - ah, � voc�", disse Rony aliviado, assim que Harry entrou no quarto.
Rony deitou na cama, da qual ele tinha evidentemente acabado de levantar. O quarto estava t�o bagun�ado quanto havia estado toda a semana; a �nica mudan�a � que Hermione estava agora sentada no canto mais distante, seu fofo e ruivo gato, Bichento, aos seus p�s, olhando livros, alguns dos quais Harry reconheceu como dele, em duas enormes pilhas.
- Oi Harry, - disse ela, enquanto ele sentava em sua cama.
- E como voc� fez pra se livrar?
- Oh, a m�e do Rony esqueceu que ela tinha pedido pra Gina e eu pra mudarmos os len��is ontem.- disse Hermione.
Ela jogou 'Numerologia e Gram�tica' em uma pilha e 'A ascens�o e a queda das Artes das Trevas' em outra pilha.
- N�s est�vamos falando sobre Olho-Tonto,- Rony disse a Harry. - Eu acredito que ele tenha sobrevivido.
- Mas Gui o viu sendo atingido pela Maldi��o da Morte,- disse Harry.
- Sim, mas Gui estava sendo atacado tamb�m,- disse Rony. -Como ele pode ter certeza do que viu?
- Mesmo se a Maldi��o da Morte n�o o acertou, Olho-Tonto ainda caiu a metros de altura. -disse Hermione, agora folheando 'Termos do Quadribol da Inglaterra e Irlanda' em sua m�o.
- Ele poderia ter usado um Feiti�o Escudo�
- Fleur disse que a varinha dele v�ou da m�o dele - disse Harry.
- Bom, tudo bem, se voc� quer que ele esteja morto, disse Rony grunhindo,
colocando seu travesseiro de uma forma mais confort�vel.
- Claro que n�o queremos que ele esteja morto!- disse Hermione, parecendo chocada.
- � ruim que ele esteja morto! Mas estamos sendo realistas.
Pela primeira vez, Harry imaginou o corpo de Olho-Tonto, como o de Dumbledore, ainda com aquele olho girando sobre seu apoio. Ele sentiu uma facada repulsiva misturada a uma vontade bizarra de rir.
- Os Comensais da Morte provavelmente se organizaram para n�o deixar pistas, � por isso que ningu�m o achou,- disse Rony pensativo.
- Sim,- disse Harry, - Como Bart� Crouch, transformaram-no em osso e o enterraram no jardim da frente do Hagrid. Eles provavelmente transfiguraram Moody e o empalharam �
- N�o! - gritou Hermione. Espantado, Harry olhou a tempo de v�-la cair em l�grimas sobre sua c�pia de 'Spellman�s Syllabary **.
- Oh n�o,- disse Harry, lutando pra levantar da velha cama, - Hermione, eu n�o estava querendo te deixar triste.
Mas, com um grande rangido de cama enferrujada, Rony pulou imediatamente da cama e chegou antes.
Com um bra�o em volta de Hermione, procurou em seu bolso e retirou um aparente e amassado guardanapo que ele havia usado para limpar o forno mais cedo. Rapidamente retirando sua varinha, apontou para o guardanapo e disse, "Tergeo."
A varinha extraiu a maior parte da sujeira. Parecendo mais satisfeito consigo mesmo, Rony ergueu o leve guardanapo para Hermione.
- Oh... obrigada Rony... me desculpe...- Ela assoou o nariz e solu�ou. - � t�o ho-horr�vel, n�o? L-Logo depois de Dumbledore... Eu nunca imaginei Olho-Tonto morrendo, de certa maneira, ele parecia t�o forte!
- Sim, eu sei,- disse Rony, dando-lhe um apert�ozinho. - Mas voc� sabe o que ele nos diria se ele estivesse aqui?
- V-Vigil�ncia constante." disse Hermione, esfregando seus olhos.
- Isso mesmo,- disse Ron, confirmando. - Ele nos diria para aprender com o que aconteceu com ele. E o que eu aprendi � a n�o confiar naquele pequeno covarde, Mundungo.
Hermione deu uma gargalhada e seguiu em frente para pegar mais dois livros. Um segundo depois que Rony tirou o bra�o dos ombros dela. Ela deixou cair 'O Monstruoso Livro dos Monstros' em seu p�. O livro se libertou de seu cinto de restri��o e abocanhou apetitosamente o calcanhar de Rony.
- Sinto muito, sinto muito! - Hermione choramingou enquanto Harry tirava o livro da perna de Rony e o reatava, fechando-o.
- Estou apenas tentando decidir quais livros levaremos conosco, - disse Hermione. - Quando estivermos procurando pelas Horcruxes.
- Oh, claro,- disse Rony, dando um tapa em sua pr�pria testa. - Eu esqueci que iremos ca�ar o Voldemort em uma biblioteca m�vel.
- Ha, ha,- disse Hermione, olhando para 'Spellman�s Syllabary', - Eu imagino... ser� que precisaremos traduzir runas? � poss�vel... Acho melhor levarmos esse, para ter seguran�a.
Ela deixou cair o Silab�rio na maior das duas pilhas e pegou 'Hogwarts, uma hist�ria'.
- Ou�am,- disse Harry. Ele sentou-se ereto. Ron e Hermione olharam para ele com similar mistura de resigna��o e desafio. - Eu sei que voc�s disseram depois do funeral de Dumbledore que voc�s gostariam de vir comigo,- Harry come�ou.
- L� vem ele, - Ron disse para Hermione, virando os olhos.
- Quer saber, eu acho que vou levar 'Hogwarts, uma hist�ria'. Mesmo que n�o voltemos para l�. Eu n�o acho que me sentiria bem se eu n�o o tivesse comigo �
- Ou�am!, disse Harry novamente.
- N�o, Harry, ou�a voc�,- disse Hermione. - N�s vamos com voc�. Isso foi decidido meses atr�s - anos, na verdade.
- Mas-
- Cale a boca,- Rony o advertiu.
- �voc�s tem certeza que pensaram sobre tudo? - Harry insistiu.
- Vamos ver, - disse Hermione, arremessando 'Viagens com Trasgos' na pilha de descartes com um olhar amea�ador.
- Eu estive empacotando livros por dias, ent�o estamos prontos para sair no momento imediato de qualquer not�cia que, para sua informa��o, inclui fazer algumas magias realmente complicadas, pra n�o mencionar, contrabandear todo o estoque de Po��o Polissuco de Olho-Tonto bem debaixo do nariz da m�e de Rony.
- Eu tamb�m modifiquei a mem�ria de meus pais para que eles se conven�am de que na verdade se chamam Wendell e Monica Wilkins, e que a ambi��o de suas vidas � mudar para a Austr�lia, o que eles j� fizeram. Isso tudo � para tornar mais dif�cil para Voldemort segui-los e interrog�-los sobre mim - ou voc�, porque infelizmente, eu contei a eles um pouco sobre voc�.
- Assumindo que eu sobreviva � nossa ca�ada pelos Horcruxes, eu procurarei Mam�e e Papai e vou retirar o encantamento. Se eu n�o sobreviver - bem, eu acho que lancei um encantamento bom o suficiente para mant�-los seguros e felizes. Wendell e Monica Wilkins n�o sabem que eles t�m uma filha, entende.
Os olhos de Hermione estavam marejados de l�grimas novamente. Rony pulou da cama, colocou seu bra�o em volta dela mais uma vez, e franziu a testa para Harry, como que repreendendo-o pela falta de tato. Harry n�o conseguiu pensar em nada pra dizer, pelo fato de ser altamente incomum da parte de Rony estar ensinando algu�m a lidar com tato.
- Eu ..Hermione, sinto muito - eu n�o �
- N�o tinha percebido que Rony e eu sabemos perfeitamente o que pode acontecer se formos com voc�? Bem, n�s sabemos.
- Rony, mostre para o Harry o que voc� fez.
- N�o, ele acabou de comer, disse Rony.
- Vamos, ele precisa saber!
- Ah, t� bom. Harry, venha c�.
Pela segunda vez Rony retirou seu bra�o de volta de Hermione e rumou em dire��o a porta.
- Venha.
- Porqu�? - Harry perguntou, seguindo Rony para fora do quarto pelo estreito corredor.
- Descendo, murmurou Ron, apontando sua varinha para o baixo teto. Um al�ap�o abriu sobre suas cabe�as e uma escada escorregou para baixo, at� seus p�s. Um som horr�vel, meio sugador e meio que gemendo saiu do buraco quadrado, juntamente com um desagrad�vel cheiro de esgoto aberto.
- � seu vampiro, n�o �?- perguntou Harry, que na verdade nunca havia encontrado a criatura que algumas vezes aparecia na noite silenciosamente.
- Sim, � sim,- disse Rony, subindo a escada. - Venha e d� uma olhada nele.
Harry seguiu Rony at� os poucos e curtos degraus at� o estreito s�t�o. Sua cabe�a e ombros estavam no c�modo antes dele ter vis�o da criatura deitada a poucos metros dele, adormecido na escurid�o com sua grande boca totalmente aberta.
- Mas ele... ele parece... vampiros usam pijamas normalmente?
- N�o, - disse Rony. - Tamb�m usualmente eles n�o t�m cabelo vermelho ou aquele n�mero de p�stulas.
Harry contemplou a criatura, levemente enojado. Era humana em forma e tamanho, e estava usando, agora que os olhos de Harry estavam acostumados � escurid�o, o que era claramente um velho pijama de Rony. Ele tamb�m tinha certeza que vampiros eram geralmente mais magros e carecas, certamente n�o eram cabeludos e cobertos de bolhas p�rpuras.
- Ele sou eu, v�? disse Ron.
- N�o, - disse Harry. - N�o vejo.
- Vou te explicar tudo quando voltarmos pro meu quarto, esse cheiro est� me impregnando, - disse Rony.
- Eles desceram a escada, e Rony colocou-a de volta no teto, e juntaram-se novamente � Hermione, que ainda estava escolhendo livros.
- Assim que sairmos, o vampiro vir� e viver� aqui embaixo no meu quarto, - disse Rony. - Acho que ele est� ansioso para isso - bem, na verdade, � dif�cil dizer, porque tudo que ele consegue fazer � gemer e babar - mas ele confirma bastante com a cabe�a quando menciono isso. De qualquer maneira, ele ser� eu com sarapintose (spattergroit). Bom, n�o?
Harry pareceu simplesmente confuso.
- Sim, �! - disse Rony, claramente frustrado por Harry n�o ter compreendido a genialidade do plano. - Olha, quando n�s tr�s n�o voltarmos para Hogwarts novamente, todos pensar�o que Hermione e eu devemos estar com voc�, certo? O que significa que os Comensais da Morte ir�o direto at� nossas fam�lias pra checarem se eles tem informa��es sobre onde estamos.
- Mas felizmente vai parecer que eu sa� com mam�e e o papai; muitos dos que s�o nascidos trouxas est�o pensando em se esconder no momento,- disse Hermione.
- N�s n�o podemos esconder minha fam�lia toda, parecer� muito �bvio e eles n�o podem simplesmente largar seus empregos,- disse Rony. - Ent�o n�o colocaremos em pr�tica a hist�ria de que eu estou seriamente doente com sarapintose (spattergroit), e � por isso eu n�o posso voltar para a escola. Se algu�m vier investigar, mam�e ou papai podem mostrar a eles o vampiro na minha cama, coberto de p�stulas. Sarapintose � muito contagioso, por isso eles n�o v�o querer chegar perto do vampiro. E n�o v�o se importar que ele n�o consiga dizer nada tamb�m, porque voc� realmente n�o consegue, uma vez que o fungo se espalhou por sua �vula.
- E sua m�e e seu pai est�o concordando com seu plano? - perguntou Harry.
- Papai sim. Ele ajudou Fred e Jorge a transformar o vampiro. Mam�e... bom, voc� viu como ela �. Ela n�o aceitar� que vamos at� que n�s tenhamos ido.
Fez-se sil�ncio no c�modo, quebrado apenas por leves baques de Hermione, que continuava a jogar livros em uma pilha ou outra. Rony sentou, olhando-a, e Harry olhava de um para o outro, incapaz de dizer qualquer coisa. As medidas tomadas para proteger suas fam�lias fizeram-no perceber, mais que qualquer coisa, que poderiam ter feito, que eles realmente iriam com ele e sabiam exatamente o qu�o perigoso isso seria. Ele queria dizer a eles o quanto aquilo significava para ele, mas simplesmente n�o conseguia encontrar palavras suficientes.
Atrav�s do sil�ncio vieram os sons abafados do Sr. Weasley gritando h� quatro andares abaixo.
- Gina provavelmente deixou um pouco de sujeira em algum porta-guardanapo - disse Rony - eu n�o sei o porqu� dos Delacours terem de chegar dois dias antes do casamento.
- A irm� da Fleur � a dama de honra, ela precisa estar aqui para o ensaio e ela � muito pequena para vir sozinha - disse Hermione enquanto ponderava indecisivamente sobre "Break with a banshee"
- Bem, convidados n�o v�o ajudar a diminuir o n�vel do estresse da mam�e - disse Rony
- O que a gente precisa decidir - disse hermione descartando �Teoria de M�gica Defensiva� dentro lixeira sem uma segunda olhada e pegando �O manual de educa��o em magia na Europa� - � a onde vamos depois de sair daqui, eu sei que voc� disse que quer ir a Godric's Hollow primeiro, Harry, e eu te entendo, mas... bem... n�s n�o dever�amos fazer das horcruxes nossa prioridade ?
- Se a gente soubesse onde as horcruxes est�o eu concordaria com voc� - disse Harry, que n�o acreditou que Hermione entendesse seu desejo de voltar � Godric's Hollow. O t�mulo de seus pais era somente parte do que o atraia para l� : ele tinha um forte e inexplic�vel sentimento de que o lugar guardava respostas para ele . Talvez fosse simplesmente porque foi l� que ele sobreviveu ao feiti�o mortal de Voldemort, agora que ele estava encarando o desafio de repetir o feito, Harry foi arrastado para o lugar onde tudo aconteceu, esperando entender.
- Voc� n�o acha que tem a possibilidade de Voldemort manter um espi�o em Godric's Hollow ? - perguntou Hermione - ele deve esperar que voc� volte para l� para visitar o t�mulo de seus pais uma vez que voc� est� livre para ir aonde voc� quiser?
Isso n�o havia ocorrido a Harry. Uma vez que ele tentava encontrar um contra argumento, Rony falou evidentemente seguindo a mesma linha de pensamento que ele
- Esse R.A.B - ele disse - voc� sabe, quem roubou o verdadeiro medalh�o?
Hermione afirmou.
- Ele disse no bilhete que ele iria destruir, n�o disse ?
Harry abriu seu mal�o, vasculhou e puxou a horcruxe falsa onde o bilhete de RAB continuava colado "eu roubei a horcrux real e tenho a inten��o de destru�-la o mais r�pido que eu conseguir�, leu Harry.
- Bem e se ele realmente a destruiu? disse Rony.
- Ou ela - interp�s Hermione.
- Que seja - disse Rony � seria menos uma para n�s destruirmos
- Sim, mas mesmo assim n�s ainda vamos ter que procurar o verdadeiro medalh�o n�o vamos ? - disse Hermione - para descobrir se foi destru�do ou n�o.
- E uma vez que n�s a temos em m�o, como se destr�i uma Horcruxe, Harry ? - perguntou Rony.
- Bem - disse hermione - eu tenho pesquisado isso.
- Como ? - perguntou harry - eu n�o pensei que tivesse nenhum livro sobre Horcruxes na biblioteca.
- Eles n�o estavam - disse hermione ficando rosa - Dumbledore retirou todos, mas ele - ele n�o destruiu eles.
Rony pulou endireitando- se olhando-a estreitamente - Como em nome da cal�a de Merlin voc� conseguiu colocar a m�o nesses livros sobre Horcruxes ?
- N-n�o foi roubo!- disse hermione olhando de Harry para Rony se desesperando - eles continuam sendo livros de biblioteca mesmo que Dumbledore os tenha tirado das prateleiras. De qualquer forma se ele realmente queria que ningu�m chegasse a eles, eu tenho certeza que ele faria isso ser muito mais dif�cil�
- V� direto ao ponto!- disse Rony.
- Bem...foi f�cil - disse hermione com a voz fraca - eu s� fiz o feiti�o para atrair objetos, voc� sabe Accio, e eles voaram da janela da sala do Dumbledore direto para o dormit�rio das meninas.
- Mas quando voc� fez isso ? - perguntou Harry a Hermione com um misto de admira��o e incredulidade.
- Logo ap�s ao funeral dele... do Dumbledore - disse Hermione com a voz mais fraca ainda - logo depois que n�s concordamos em largar a escola e ir atr�s das Horcruxes. Quando eu subi as escadas para guardar as minhas coisas apenas me ocorreu que quanto mais a gente souber sobre elas melhor vai ser... e eu estava sozinha l�... ent�o eu tentei... e funcionou ... eles voaram direto da janela aberta e eu os guardei.
Ela engoliu seco, e ent�o disse implorando
- Eu n�o acredito que Dumbledore ficaria bravo, n�o � como se a gente fosse usar a informa��o para fazer uma Horcruxe, �?
- Voc� esta nos ouvindo reclamar? - disse Rony - Onde est�o esses livros de afinal?
Hermione procurou por um momento e ent�o tirou da pilha um grande livro, escrito em uma apagada letra preta. Ela olhou um pouco nauseada e segurou como se fosse algo recentemente morto.
- Esse � um que da instru��es especificas de como se fazer uma Horcrux. "Segredos das Artes das Trevas" � um livro horr�vel, realmente terr�vel, cheio de magia negra. Eu imagino quando Dumbledore retirou este da biblioteca... se ele n�o o fez antes de se tornar diretor, aposto que Voldemort conseguiu todas as informa��es que ele precisava aqui .
- Porqu� ele teve que perguntar para Slughorn como se faz uma Horcruxe se ele j� tinha lido tudo l�? - perguntou Rony.
- Ele s� perguntou a Slughorn para descobrir o q aconteceria se voc� dividisse sua alma em sete partes - disse Harry - Dumbledore tinha certeza que Riddle j� sabia fazer uma horcrux quando perguntou a Slughorn sobre elas. Eu acho q voc� est� certa Hermione, ele pode facilmente ter tirado a informa��o daqui.
- E quanto mais eu leio sobre elas - disse Hermione - mais horr�veis elas parecem, e eu acredito menos ainda que ele realmente fez seis. Avisa no livro o qu�o inst�vel voc� deixa o resto da sua alma repartindo ela, e isso fazendo apenas uma horcrux!
Harry se lembrou do que Dumbledore disse sobre Voldemort ter desenvolvido al�m das fronteiras o mau.
- N�o tem nenhum jeito de se colocar junto de novo ? - perguntou Rony.
- Sim - disse Hermione com um sorriso - mais seria muito doloroso.
- Porque ? Como se faz isso ? - perguntou Harry.
- Remorso. - disse Hermione. Voc� tem que se arrepender muito do que fez. Tem uma anota��o no rodap�. Aparentemente a dor disso pode te destruir...Eu n�o consigo ver Voldemort se atentando a isso de algum jeito, voc�s conseguem?
- N�o disse Rony, antes que Harry pudesse responder - Ent�o diz nesse livro como destruir as horcruxes?
- Sim - disse Hermione, agora virando as fr�geis p�ginas como se examinasse v�ceras - porque avisa aos bruxos das trevas o qu�o forte eles tem que fazer o encantamento neles. De tudo que eu li , o que Harry fez com o di�rio de Riddle foi um dos poucos jeitos de destruir uma horcrux.
- O qu�? Perfurar com uma presa de basilisco? - perguntou Harry.
- Bem, que sorte que n�s temos um estoque t�o grande de presas de basilisco, ent�o - disse Rony - eu estava imaginando o que a gente ia fazer com elas.
- N�o precisa ser presa de basilisco - disse Hermione pacientemente - tem que ser alguma coisa t�o destrutiva que a horcrux n�o possa reparar a si pr�pria. Veneno de basilisco tem apenas um ant�doto, e � incrivelmente raro.
- L�grimas de f�nix - disse harry , concordando com a cabe�a.
- Exato - disse Hermione - o nosso problema � que existem muito poucas subst�ncias destrutivas como veneno de basilisco, e elas s�o todas perigosas de carregar por ai com voc�. Esse � um problema que a gente vai ter que resolver, pense, porque rasgar, amassar ou amaldi�oar a Horcruxe n�o far� o truque, voc� tem coloc�-la al�m de reparos m�gicos.
- Mas mesmo que se destrua a coisa em que vive - disse Rony - porque o peda�o de alma n�o pode simplesmente fugir e ir viver em outra coisa?
- Porque uma Horcrux � exatamente o oposto de um ser humano.
Vendo que Harry e Rony a olhavam completamente confusos, Hermione se apressou - Olha, se eu pegasse uma espada agora, Rony, e enfiasse em voc� eu n�o causaria nenhum dano a sua alma .
- O que � um grande conforto para mim, com certeza - disse Rony. Harry riu.
- Deveria ser mesmo! Mas o meu ponto �, qualquer coisa que aconte�a com seu corpo, sua alma vai sobreviver, intocada - disse Hermione - mais n�o � assim com as horcruxes . O fragmento de alma dentro, depende do que a cont�m , � um corpo encantado, para sobreviver. N�o pode existir sem isso.
- O di�rio meio que morreu quando eu o perfurei - disse harry , lembrando a tinta surgindo como sangue das paginas perfuradas, e os gritos dos peda�os da alma de voldemort sendo banida.
- E uma vez que o di�rio foi propriamente destru�do, o peda�o de alma guardado nele pode n�o mais existir. A Gina tentou se livrar do di�rio antes de voc�, jogando fora mas obviamente voltou novo como antes.
- Espera ai - disse Rony - o peda�o de alma estava possuindo a Gina, n�o estava? Como isso funciona ent�o ?
- Enquanto o objeto que cont�m a alma estiver intacto, o peda�o de alma pode sair e entrar em algu�m se essa pessoa estiver muito pr�xima do objeto. Eu n�o quero dizer segurar por bastante tempo, n�o tem nada a ver com tocar - ela falou mais antes que o Rony pudesse falar - eu quero dizer emocionalmente perto. Gina colocou o cora��o naquele di�rio, ela se fez incrivelmente vulner�vel. Voc� est� com problemas se voc� fica muito dependente de uma horcruxe.
- Eu imagino, como Dumbledore destruiu o anel? - disse Harry - Porque eu n�o perguntei a ele? Eu nunca realmente...
A voz dele foi desaparecendo: ele estava pensando em todas as coisas que ele deveria ter perguntado para Dumbledore, e como, desde que o diretor morreu, pareceu a Harry que ele perdeu muitas oportunidades quando Dumbledore estava vivo, de descobrir mais, de descobrir tudo. O sil�ncio estava predominando quando a porta do quarto se abriu com um balan�o da parede. Hermione tremeu e derrubou o "O Segredos das Artes das Trevas". Bichento correu pra debaixo da cama, indignado; Rony pulou da cama, derrapou numa embalagem de sapo de chocolate e bateu sua cabe�a na parede oposta , e Harry instintivamente pegou sua varinha antes de perceber que estava olhando para a Sra weasley, cujo cabelo estava bagun�ado e cujo rosto estava contorcido de raiva.
- Me desculpe interromper esse bate-papo - ela disse com a voz tremendo - Tenho certeza que todos voc�s precisam de descanso... mas tem presentes de casamento estocados em meu quarto que precisam sair e eu tive a impress�o de que voc�s concordaram em ajudar.
- Ah sim - disse Hermione, olhando apavorada enquanto ela se punha de p�, mandando livros voando em todas as dire��es - A gente vai... a gente pede desculpas...
Com um olhar angustiado para Harry e Rony, Hermione se apressou para fora do quarto atr�s da Sra weasley.
- � como ser um elfo dom�stico - reclamou Rony baixinho, ainda massageando a cabe�a enquanto ele e Harry andavam - exceto pela falta de satisfa��o pelo trabalho. Quanto antes for esse casamento, mais feliz eu ficarei.
- �! - disse Harry - a� n�s n�o teremos nada pra fazer, exceto achar as horcruxes... Vai ser como f�rias, n�o vai?
Rony come�ou a rir , mas quando viu o enorme tamanho da pilha de presentes esperando por eles no quarto da Sra. weasley, parou abruptamente.
Os Delacours chegariam na manh� seguinte �s onze horas. Harry, Rony, Hermione e Gina estavam sentindo um pouco de ressentimento pela fam�lia da Fleur a essa altura. E foi com uma gra�a doentia que Rony subiu as escadas para colocar terno e Harry para arrumar os cabelos. Uma vez que eles arrumados o suficiente, eles foram para fora no ensolarado jardim receber os visitantes.
Harry nunca viu o lugar t�o arrumado. O caldeir�o e as velhas botas Wellington que normalmente ficavam nas escadas da porta de tr�s tinham ido embora, substitu�dos por duas novas plantas colocadas do lado da porta em largos vasos, apesar de n�o haver brisa, as folhas balan�avam pregui�osamente, dando um efeito atrativo. As galinhas foram expulsas, o quintal foi varrido, e o jardim ao lado havia sido podado e estava elegante, contudo Harry, que gostava do jardim em seu estado original, achou que o lugar estava sem gra�a sem o seu usual contingente de gnomos.
Ele perdeu a conta de quantos encantamentos de seguran�a foram colocados sobre as lareiras pela Ordem e pelo Minist�rio, tudo o que ele sabia � que n�o era poss�vel pra mais ningu�m viajar diretamente para os lugares. Sr. Weasley tinha ido encontrar os Delacours no topo da colina l� perto, quando eles chegassem por chave do portal. O primeiro som deles se aproximando foi um anormal risada aguda que estava vindo do Sr. Weasley, que apareceu no port�o momentos depois, cheio de bagagens liderando uma linda mulher loira que estava em longas veste verdes, que s� poderia ser a m�e de Fleur.
- Mam�e! chorou Fleur, correndo para abra��-la. - Papai! -
Monsieur Delacour n�o era nem um pouco atraente como sua esposa; ele tinha a cabe�a pequena e extremamente roli�a, com uma pequena barba preta pontual. Contudo ele parecia de boa natureza. Balan�ando em dire��o a Sra. Weasley em botas de salto, ele a beijou duas vezes em cada bochecha, deixando-a sem gra�a
- Voc� teve tanto trabalho - disse ele com uma voz profunda - a Fleur nos disse que voc� tem trabalhado muito.
- Ah n�o tem sido nada, nada - disse a Sra Weasley, - nenhuma trabalho mesmo.
Rony liberou seus sentimentos dando um chute num gnomo que estava pendurado numa das novas plantas.
- Querida dama! - disse Mounsieur Delacour ainda segurando as m�os da Sra. Weasley entre os suas duas m�os roli�as - N�s estamos honrados com a aproxima��o da uni�o de nossas fam�lias ! Deixe-me apresentar minha esposa, Apolline.
Madame Delacour deslizou a frente e parou de beijar a Sra. Weasley tamb�m
"enchant�e(encantada) " disse ela - Seu marido nos contou v�rias historias impressionantes!
Sr. Weasley deu uma risada man�aca. Sra weasley lan�ou a ele um olhar, que fez ele ficar imediatamente em sil�ncio e assumir uma express�o apropriada para ficar ao lado da cama de um amigo doente.
- � claro voc�s conheceram minha filha mais nova, Gabrielle! - disse Monsieur Delacour. Gabrielle era a Fleur em miniatura: onze anos, com cabelo de puro louro prata at� a cintura, ela deu a Sra Wealey um sorriso e a abra�ou, ent�o lan�ou a Harry um olhar brilhoso, batendo as pestanas. Gina limpou a garganta alto.
- Bem, entrem - disse a Sra Weasley feliz, e ela levou os Delacours para dentro da casa, com muitos "n�o, por favor" e "depois de voc�" e "Nada de mais" .
Os Delacours logo se mostraram, prestativos e agrad�veis hospedes. Eles estavam satisfeitos com tudo e prontos para ajudarem com os preparativos do casamento. Monsieur Delacour providenciou tudo desde a decora��o at� os sapatos da dama de honra. �Charmant!� Madame Delacour se comprometeu mais com feiti�os caseiros e propriamente limpou o forno num segundo. Gabrielle seguiu a sua irm� mais velha para ajud�-la do jeito que pudesse e falando rapidamente em franc�s.
No interior, a Toca n�o foi constru�da pra acomodar tantas pessoas. Sr. e a Sra. Weasley estavam dormindo na sala, deixando de lado os protestos de Monsieur e Madame Delacour e insistindo para que eles ficassem com o quarto deles. Gabrielle estava dormindo com Fleur no antigo quarto de Percy, e Gui estaria dividindo com Carlinhos, seu padrinho, uma vez que Carlinhos viera da Rom�nia. Oportunidades para fazer planos juntos se tornaram virtualmente n�o existentes e foi com desespero que Harry, Rony e Hermione se voluntariaram para alimentar as galinhas s� para escapar da casa cheia.
- Mas ela ainda n�o nos deixou sozinhos - reclamou Rony, e a segunda tentativa deles de um encontro no jardim foi desfeita pela apari��o da Sra weasley carregando uma sexta de roupas em seus bra�os.
- Muito bem, voc�s alimentaram as galinhas - disse ela se aproximando deles - � melhor expulsarmos elas de novo antes que os homens cheguem amanh� ... para colocar a tenda do casamento - explicou ela parando para descansar no galinheiro. Ela parecia exausta. �Marquises M�gicas de Millamnt�.. eles s�o muito bons. Gui os trouxe... � melhor voc�s ficarem dentro da casa enquanto eles est�o aqui. Harry eu devo dizer que � complicado organizar um casamento, tendo todos esses feiti�os de seguran�a pelo lugar.
- Sinto muito - disse harry balbuciando
- N�o seja tolo querido - disse a Sra Weasley - eu n�o quis dizer... bem, voc� esta seguro isso � muito mais importante! Na verdade eu estava querendo te perguntar como voc� quer celebrar seu aniversario, Harry. dezessete anos, afinal � um dia importante.
- N�o quero grande coisa � disse Harry rapidamente, pensando no trabalho extra que isso geraria � Mesmo, Sra Weasley, s� um jantar normal seria �timo, � o dia antes do casamento...
- Se voc� est� certo disso, querido. Eu convidarei Remo e a Tonks, posso? E que tal o Hagrid?
- Vai ser �timo - disse Harry - mas por favor, n�o quero causar problemas.
- De jeito nenhum, de jeito nenhum, n�o � um problema. - ela o olhou, analisando-o com os olhos, e ent�o sorriu tristemente, levantando-se e indo embora.
Harry observou conforme ela balan�ava a varinha perto da lavanderia, e ent�o derrubou roupas no ar para segur�-las e de repente ele sentiu uma grande onda de remorso pela inconveni�ncia e a dor que estava causando a ela.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por Josh Lost
E revisado por Juliana Badin
- Cap�tulo Sete -
O Desejo de Alvo Dumbledore
Ele estava caminhando ao longo de uma estrada montanhosa na luz fresca e azul do amanhecer. Ao longe, envolvida pela n�voa, estava a sombra de uma pequena cidade. Era o homem que ele procurava l� em baixo, o homem de quem ele precisava tanto que n�o conseguia pensar em outra coisa, o homem que segurava a resposta, a resposta para o seu problema...?
- Oi, acorde.
Harry abriu os olhos. Ele estava deitado novamente na cama do acampamento no s�t�o sujo de Rony. O sol n�o havia nascido ainda e o aposento estava escuro. Pichitinho estava dormindo com a cabe�a debaixo de sua pequenina asa. A cicatriz na testa de Harry ardia.
- Voc� esteve murmurando enquanto dormia.
- Estive?
- Sim. �Gregorovitch.� Voc� ficou dizendo �Gregorovitch.�
Harry n�o estava usando seus �culos; o rosto de Rony pareceu levemente turvo.
- Quem � Gregorovitch?
- Eu n�o sei, sei? Voc� que estava dizendo.
Harry esfregou a testa, pensando. Ele tinha uma vaga id�ia de que havia ouvido o nome antes, mas n�o podia se lembrar onde.
- Acho que Voldemort est� procurando por ele.
- Pobre cara. - disse Rony fervoroso.
Harry se sentou, ainda esfregando a testa, agora bem acordado. Ele tentou se lembrar exatamente o que havia visto no sonho, mas tudo que veio � sua cabe�a foi um montanhoso horizonte e o contorno da aldeia num profundo vale.
- Acho que ele est� fora do pa�s.
- Quem, Gregorovitch?
- Voldemort. Acho que ele est� em algum lugar fora, procurando por Gregorovitch. N�o parecia com nenhum lugar da Gr�-Bretanha.
- Voc� acha que estava vendo dentro da mente dele novamente?
Rony pareceu preocupado.
- Fa�a-me um favor e n�o conte � Hermione. - disse Harry. - Embora o quanto ela espera que eu pare de ver coisas em meu sono...
Ele fitou a gaiola de Pichitinho, pensando... Por que o nome Gregorovitch era familiar?
- Eu acho, - disse ele vagarosamente. - que ele tem alguma coisa a ver com quadribol. Tem alguma conex�o, mas n�o consigo�n�o consigo pensar o que �.
- Quadribol? - disse Rony. � Tem certeza que voc� n�o est� pensando em Gorgovitch?
- Quem?
- Dragomir Gorgovitch, artilheiro, transferido para o Chudley Cannons por um contrato recorde dois anos atr�s. Detentor do recorde da melhor goles numa temporada.
- N�o. - disse Harry. - Eu definitivamente n�o estou pensando no Gorgovitch.
- Eu tamb�m tento n�o pensar. - disse Rony. - Bem, feliz anivers�rio de qualquer modo.
- Uau�� verdade, esqueci! Tenho dezessete!
Harry pegou a varinha que estava ao lado de sua cama, apontando-a para a mesa abarrotada onde havia deixado seus �culos, e disse: - Accio �culos! -. Embora estivessem apenas um pouco distante, havia algo imensamente satisfat�rio em v�-los passar zunindo em dire��o � ele, pelo menos at� eles cutucarem seus olhos.
- Esperto. - bufou Rony.
Revelando a emo��o do sinal, Harry fez os pertences de Rony voarem pelo aposento, fazendo com que Pichitinho acordasse e batesse as asas excitado na gaiola. Harry tamb�m tentou amarrar o cadar�o do seu t�nis com magia (o n� resultante demorou v�rios minutos para ser desamarrado por m�os) e, puramente por prazer, transformou os roup�es laranja nos p�steres do Chudley Cannons em azul claro.
- No entanto, eu faria suas coisas voarem com as m�os. - Rony aconselhou Harry, rindo quando Harry imediatamente consertou. - Aqui est� seu presente. Desembrulhe aqui, n�o � para os olhos da minha m�e.
- Um livro? - disse Harry assim que pegou o pacote retangular. - Um pouco fora da tradi��o, n�o �?
- N�o � um livro regular. - disse Rony. - � puro ouro: �Vinte Maneiras Seguras para Encantar Bruxas�. Explica tudo que voc� precisa saber sobre garotas. Se eu pelo menos tivesse isto ano passado teria sabido exatamente como me livrar da Lil� e saberia como ficar com... Bem, Fred e Jorge me deram uma c�pia, e aprendi muito. Voc� ficar� surpreso, n�o � nada sobre trabalho com varinha, tamb�m.
Quando eles chegaram na cozinha encontraram uma pilha de presentes esperando sobre a mesa. Gui e Monsieur Delacour estavam terminando de tomar caf�, enquanto a Sra. Weasley conversava com eles com a frigideira na m�o. - Arthur me disse para desejar � voc� feliz anivers�rio, Harry, - disse a Sra. Weasley, sorrindo para ele. � Ele teve que sair cedo para trabalhar, mas voltar� para o jantar. � o nosso presente no topo.
Harry se sentou, pegou o pacote quadrado que ela havia indicado, e desembrulhou. Dentro havia um rel�gio muito parecido com o que o Sr. e a Sra. Weasley haviam dado ao Rony por seu d�cimo s�timo anivers�rio; era dourado, com estrelas em vez de ponteiros.
- � tradicional dar um rel�gio � um bruxo quando ganha idade. � disse a Sra. Weasley, olhando para ele ansiosamente ao lado do fog�o. � Sei que n�o esta novo como o de Rony, foi na verdade do meu irm�o Fabian e ele n�o era muito cuidadoso com seus pertences, est� um pouco amassado atr�s, mas-- O resto de seu discurso foi perdido; Harry levantou e abra�ou-a. Ele tentou por muitas coisa n�o ditas com abra�o e talvez ela o tenha entendido, porque ela deu palmadinhas desajeitadas em suas bochechas quando ele a soltou, ent�o acenou com a varinha de um jeito ligeiramente casual, fazendo com que metade de um pacote de bacon ca�sse da frigideira no ch�o.
- Feliz anivers�rio, Harry! � disse Hermione, apressando-se para dentro da cozinha e colocando seu pr�prio presente no topo da pilha. � N�o � muito, mas espero que goste. O que voc� deu a ele? � ela perguntou ao Rony, que pareceu n�o ouvi-la.
- Vamos, ent�o, abra o da Hermione! � disse Rony.
Ela havia comprado para ele um novo Bisbilhosc�pio. Os outros pacotes continham uma navalha encantada de Gui e Fleur - Ah sim, isto vai te dar o barbear mais suave que voc� j� teve, - Monsieur Delacour garantiu � ele. - mas voc� precisa dizer � ela claramente o que quer... caso contr�rio voc� vai descobrir que tem um pouco menos de cabelo do que gostaria... -, chocolates dos Delacour, e uma caixa enorme das �ltimas Gemialidades Weasley de Fred e Jorge.
Harry, Rony e Hermione n�o se demoraram � mesa, a chegada da Madame Delacour, Fleur, e Gabrielle fez com a cozinha ficasse desconfortavelmente cheia.
- Vou pegar esses para voc�, - disse Hermione alegremente, pegando os presentes de Harry de seus bra�os quando os tr�s voltaram para cima. � Estou quase pronta, s� estou esperando o resto de suas cuecas voltarem da lavagem, Rony.
A gagueira de Rony foi interrompida quando uma porta do primeiro andar foi aberta.
- Harry, voc� pode vir aqui um momento?
Era Gina. Rony parou bruscamente, mas Hermione o pegou pelo cotovelo e puxou-o degraus acima. Sentindo-se nervoso, Harry seguiu Gina at� seu quarto.
Ele nunca havia estado l� dentro. Era pequeno, mas claro. Havia um grande poster da banda bruxa As Esquisitonas em uma parede, e um quadro da Guga Jones, capit� do time bruxo de quadribol Harpias de Holyhead, em outra. Uma mesa em frente � janela aberta, que dava para o pomar no qual ele e Gina haviam jogado quadribol em duplas com Rony e Hermione uma vez, e que agora abrigava um grande toldo branco. A bandeira dourada no topo foi erguida � altura da janela de Gina.
Gina olhou para o rosto de Harry, respirou profundamente, e disse - Feliz d�cimo s�timo anivers�rio.
- Sim... Obrigado.
Ela estava olhando para ele, ele no entanto, achou dif�cil olhar de volta para ela; era como fitar uma luz brilhante.
- Bela vista. - disse ele fracamente, apontando em dire��o � janela.
Ela ignorou isto. Ele n�o podia culp�-la.
- Eu n�o consegui pensar em nada para dar a voc�. - disse ela.
- Voc� n�o precisa me dar nada.
Ela ignorou isto tamb�m.
- Eu n�o sei o que poderia ser �til. Nada muito grande, porque voc� n�o seria capaz de levar com voc�.
Ele tentou um relance a ela. Ela n�o estava chorosa; esta era uma das muitas coisas maravilhosas em Gina, ela raramente era chorosa. Ele �s vezes pensou que ter seis irm�os deve a ter fortalecido.
Ela deu um passo para perto dele.
- Ent�o eu pensei, eu gostaria que voc� tivesse algo para se lembrar de mim, voc� sabe, se voc� conhecer alguma veela quando estiver fazendo o que quer que v� fazer.
- Acho que oportunidades de namoro ser�o bem pequenas, para ser honesto.
- A� est� o raio de luz* que eu estava procurando - ela sussurrou, e ent�o ela estava beijando-o como se nunca havia beijado-o antes, e Harry a beijava de volta, e isso era maravilhoso, incrivelmente melhor que u�sque de fogo; ela era a �nica coisa verdadeira no mundo, Gina, o toque dela, uma m�o em suas costas e uma em seus longos, suaves e cheirosos cabelos.
A porta bateu com estrondo atr�s deles e eles se separaram.
- Oh, - disse Rony sugestivamente. � desculpe.
- Rony! � Hermione estava bem atr�s dele, sem f�lego. Havia um sil�ncio for�ado, ent�o Gina disse com uma vozinha desafinada - Bem, feliz anivers�rio de qualquer modo, Harry.
As orelhas de Rony ficaram vermelhas; Hermione pareceu nervosa. Harry quis bater a porta na cara deles, mas sentiu que uma fria corrente de ar entrou pelo quarto quando a porta se abriu, e seu momento brilhante havia estourado com uma bolha de sab�o. Todas as raz�es pelo fim de seu relacionamento com Gina, de estar bem longe dela, pareciam ter escapulido do quarto com Rony, e toda a feliz falta de descuido havia partido.
Ele olhou para Gina, esperando dizer alguma coisa, embora ele mal soubesse o que, mas ela tinha virado as costas para ele. Ele pensou que ela tinha sucumbido, por ora, �s l�grimas. Ele n�o podia fazer nada para confort�-la na frente de Rony.
- Vejo voc� mais tarde. - disse ele, e seguiu os outros dois para fora do quarto.
Rony marchou para baixo, atrav�s da ainda lotada cozinha para o jardim, e Harry marcou passo com ele por todo o caminho, Hermione trotava atr�s deles parecendo assustada.
Assim que ele alcan�ou o isolamento do gramado rec�m cortado, Rony se voltou para Harry.
- Voc� largou ela. O que voc� estava fazendo agora, se aproveitando dela?
- Eu n�o estava me aproveitando. - disse Harry, assim que Hermione os alcan�ou.
- Rony--
Mas Rony levantou a m�o para silenci�-la.
- Ela estava realmente com o cora��o partido quando voc� terminou--
- E eu tamb�m. Voc� sabe porque eu terminei, e n�o foi porque eu queria.
- �, mas voc� vai agarr�-la agora e ela ter� esperan�as de novo.
- Ela n�o � idiota, sabe que n�o pode acontecer, ela n�o est� esperando que�que a gente acabe se casando, ou--
Assim que disse isso, uma imagem v�vida de Gina num vestido branco formou-se na mente de Harry, casando-se com um alto, indistinto e desagrad�vel estranho. Em um momento, isto pareceu atingi-lo: o futuro dela era livre, ao passo que o dele... Ele n�o podia ver nada adiante al�m de Voldemort.
- Se voc� ficar apalpando-a toda vez que tem chance--
- N�o vai acontecer de novo. - disse Harry duramente. O dia estava sem nuvens,
mas ele se sentia como se o sol houvesse desaparecido. - T� legal?
Rony pareceu um pouco ressentido, um pouco acanhado; ele balan�ou sobre seus p�s para tr�s e para frente por um momento, depois disse � Certo ent�o, bem, isto �... sim.
Gina n�o procurou outro encontro a s�s com Harry pelo resto do dia, n�o demonstrou nem mesmo com um gesto ou olhar que eles dividiram mais do que uma conversa educada em seu quarto. Contudo, a chegada de Carlinhos veio como um al�vio para Harry. Isto proporcionou uma distra��o, observar a Sra. Weasley for�ar Carlinhos a sentar, levantar a varinha amea�adoramente e anunciar que ele estava pronto para receber um corte de cabelo decente.
Como o jantar de anivers�rio de Harry teria esticado a cozinha d�A Toca ao ponto de quebrar antes mesmo da chegada de Carlinhos, Lupin, Tonks, e Hagrid, v�rias mesas foram postas at� o fim do jardim. Fred e Jorge encantaram v�rias lanternas roxas, todas adornadas com um grande n�mero 17, para pendurarem em pleno ar por cima dos convidados. Gra�as aos servi�os da Sra. Weasley, a ferida de Jorge estava asseada e limpa, mas Harry n�o estava acostumado ainda com o buraco escuro do lado da cabe�a dele, apesar das v�rias piadas dos g�meos a respeito. Hermione fez serpentinas roxas e douradas estourarem do fim sua varinha e ornou-as artisticamente nas �rvores e arbustos.
- Legal. - disse Rony, e com uma brandida final com a varinha, Hermione transformou as folhas da macieira em douradas. - Voc� realmente tem o dom para esse tipo de coisa.
- Obrigado, Rony! - disse Hermione, parecendo ao mesmo tempo agradecida e um pouco confusa.
Harry virou, sorrindo para si mesmo. Ele teve uma divertida no��o de que encontraria um cap�tulo sobre elogios quando encontrasse tempo para examinar sua c�pia de 20 Maneiras Seguras para Encantar Bruxas. Ele atraiu o olhar de Gina e sorriu antes de se lembrar de promessa � Rony e apressadamente engatou uma conversa com o Monsieur Delacour.
- Saiam da frente, saiam da frente! - cantou Sra. Weasley vindo do port�o com o que parecia ser um gigantesco pomo de ouro do tamanho de uma bola de praia flutuando na frente dela. Segundos depois Harry percebeu que era seu bolo de anivers�rio que a Sra. Weasley suspendia com sua varinha, melhor do que o risco de carreg�-lo sobre o ch�o irregular. Quando o bolo finalmente aterrissou no meio da mesa, Harry disse:
- Isso parece fant�stico, Sra. Weasley.
- Ah, n�o � nada, querido. - disse ela carinhosamente. Por detr�s de seus ombros, Rony levantou o polegar � Harry e sussurou � Boa.
Por volta das sete horas todos os convidados haviam chegado, conduzidos para dentro da casa por Fred e Jorge, que os havia esperado no final do caminho. Hagrid honrou a ocasi�o usando seu melhor, e horr�vel, terno marrom peludo. Embora Lupin sorrisse enquanto apertava a m�o de Harry, Harry o achou meio triste. Foi tudo muito estranho; Tonks, ao lado dele, parecia simplesmente radiante.
- Feliz anivers�rio, Harry. � disse ela, abra�ando-o firmemente.
- Dezessete, hein! - disse Hagrid, assim que aceitava um copo de vinho do tamanho de um balde de Fred. - Seis anos desde o dia que nos conhecemos, Harry, lembra-se?
- Vagamente. - disse Harry, sorrindo para ele. - Voc� n�o levou abaixo a porta da frente, deu � Duda um rabo de porco, e me disse que eu era um bruxo?
- Tinha esquecido dos detalhes. - gargalhou Hagrid. � Bem, Rony, Hermione?
- N�s estamos bem. - disse Hermione - Como vai voc�?
- Nada mal. Tenho estado ocupado, n�s temos alguns unic�rnios rec�m-nascidos. Eu mostrarei a voc�s quando voltarem. - Harry evitou os olhares de Rony e Hermione enquanto Hagrid vasculhava seu bolso � Aqui. Harry, n�o consegui pensar no que te dar, mas ent�o me lembrei disto - Ele tirou uma pequena, ligeiramente peluda bolsa com um longo barbante, evidentemente para ser usado em volta do pesco�o. � �Mokeskin�. Esconda qualquer coisa a� dentro e ningu�m a n�o ser o dono pode tirar. S�o raros, eles.
- Hagrid, obrigado!
- N�o � nada - disse Hagrid com um aceno de uma m�o do tamanho de uma tampa de lata de lixo. � E l� est� o Carlinhos! Sempre gostei dele. Ei! Carlinhos!
Carlinhos aproximou-se, ligeiramente arrependido de seu novo, brutalmente curto corte de cabelo. Ele era mais baixo que Rony, troncudo, com um grande n�mero de queimaduras e arranh�es nos bra�os musculosos.
- Oi, Hagrid, como vai?
- Venho querendo te escrever faz anos... Como vai Norberto?
- Norberto? - riu Carlinhos � O Dorso-Cristado Noruegu�s? N�s a chamamos de Norberta agora!
- Qu�? Norberto � uma garota?
- � sim. - disse Carlinhos.
- Como voc� sabe? - perguntou Hermione.
- S�o muito mais violentas - disse Carlinhos. Ele olhou por cima do ombro e abaixou a voz - Desejo que o papai se apresse e esteja aqui. Mam�e est� ficando inquieta.
Todos olharam para a Sra. Weasley. Ela estava tentando falar com a Madame Delacour enquanto olhava repetidamente para o port�o.
- Acho melhor come�ar sem o Arthur. � disse ela depois de um ou dois momentos � Ele deve ter ficado preso no... Oh!
Todos viram aquilo ao mesmo tempo: uma luz que passou voando atrav�s do quintal e sobre a mesa, onde isto se resolveu numa clara e prateada doninha, que permaneceu de p� em suas pernas traseiras e falou com a voz do Sr. Weasley:
- O Ministro da Magia est� vindo comigo.
O patrono dissolveu-se em fino ar, deixando a fam�lia de Fleur espantada no lugar onde havia desaparecido.
- N�o dever�amos estar aqui. - disse Lupin. - Harry, desculpe-me. Explicarei outra hora.
Ele agarrou Tonks pelo pulso e puxou-a; eles alcan�aram a cerca, passaram por cima, e desapareceram de vista. A Sra. Weasley pareceu atordoada.
- O Ministro... Mas porqu�...? N�o entendo...
Mas n�o havia tempo para discutir a quest�o; um segundo depois, o Sr. Weasley apareceu no port�o, acompanhado por Rufo Scrimgeour, imediatamente reconhec�vel por sua juba de cabelos grisalhos.
Os dois rec�m-chegados marcharam atrav�s do quintal e da mesa iluminada pela luz das lanternas, onde todos estavam sentados em sil�ncio, observando-os se aproximarem. Assim que Srimgeour veio com o alcance da luz da lanterna, Harry viu que ela parecia muito mais velho do que a �ltima vez que eles se encontraram, magricela e feio.
- Desculpe me intrometer - disse Scrimgeour, quando mancou para parar diante da mesa. � Sobretudo quando vejo que estou entrando de penetra em uma festa. � Seus olhos demoraram-se no bolo gigante de pomo por um momento. - Felicidades.
- Obrigado. - disse Harry.
- Eu preciso ter uma palavra em particular com voc�. - continuou Scrimgeour - Com o Sr. Ronald Weasley e com a Srta. Hermione Granger tamb�m.
- N�s? - disse Rony, parecendo surpreso. - Por que conosco?
- Contarei a voc�s quando estivermos em algum lugar mais isolado. - disse Scrimgeour. - Tal lugar existe? � ele exigiu ao Sr. Weasley.
- Sim, claro. - disse o Sr. Weasley, que parecia nervoso. - A, hum, sala de estar, por que voc� n�o a usa?
- Voc� pode mostrar o caminho. - Scrimgeour disse a Rony. � N�o � necess�rio que voc� nos acompanhe, Arthur.
Harry viu o Sr. Weasley trocar um olhar preocupado com a Sra. Weasley assim que ele, Rony, e Hermione se levantaram. Assim que voltaram para casa em sil�ncio, Harry sabia que os outros dois estavam pensando o mesmo que ele; Scrimgeour deve, de alguma maneira, ter sabido que os tr�s estavam planejando abandonar Hogwarts.
Scrimgeour n�o falou enquanto eles passavam pela cozinha bagun�ada em dire��o � sala de estar d�A Toca. Embora o jardim estivesse cheio da luz suave e dourada do anoitecer, j� estava escuro l� dentro; Harry apontou a varinha para as l�mpadas de �leo quando entraram e elas iluminaram o surrado mas aconchegante aposento. Scrimgeour sentou-se na poltrona que o Sr. Weasley normalmente ocupava, deixando Harry, Rony, e Hermione se apertarem lado a lado no sof�. Uma vez que o fizeram, Scrimgeour falou:
- Eu tenho algumas perguntas para os tr�s, e acho que seria melhor se fiz�ssemos isso individualmente. Se voc� dois � ele apontou para Harry e Hermione - puderem esperar l� em cima, come�arei com o Ronald.
- N�o iremos a lugar nenhum. - disse Harry, enquanto Hermione concordava com a cabe�a vigorosamente. - Voc� pode falar com todos n�s juntos, ou de modo nenhum.
Scrimgeour lan�ou a Harry um olhar frio e avaliador. Harry teve a impress�o de que o Ministro perguntava-se se valeu a pena come�ar com hostilidades t�o cedo.
- Muito bem ent�o, juntos. - ele disse, encolhendo os ombros. Ele limpou sua garganta. - Estou aqui, como voc�s sabem, por causa do testamento de Alvo Dumbledore.
Harry, Rony e Hermione entreolharam-se.
- Uma surpresa, aparentemente! Voc�s n�o foram informados ent�o de que Dumbledore deixou nada para voc�s?
- P-para todos n�s? - disse Rony. - Para mim e Hermione tamb�m?
- Sim, para todos vo�
Mas Harry interrompeu.
- Dumbledore morreu a mais de um m�s atr�s. Por que demorou tanto para nos darem o que ele nos deixou?
- N�o � �bvio? - disse Hermione, antes que Scrimgeour pudesse responder. - Eles queriam examinar o que quer que ele tenha nos deixado. Voc�s n�o tinham o direito de fazer isso! � disse ela, e sua voz tremeu ligeiramente.
-Tenho todo o direito. - disse Scrimgeour sem se importar. - O Decreto para Confisca��o Justific�vel d� ao Minist�rio o poder de confiscar o conte�do de um testamento.
- A lei foi criada para impedir os bruxos de passarem artefatos de magia negra para frente, - disse Hermione. - e o Minist�rio deve ter uma evid�ncia poderosa de que os pertences do falecido s�o ilegais antes de confisc�-los! Voc� est� me dizendo que voc� pensou que Dumbledore estava tentando nos passar algo almadi�oado?
- Voc� est� planejando seguir carreira em Direito M�gico, Srta. Granger? - perguntou Scrimgeour.
- N�o, n�o estou. - retrucou Hermione. - Espero fazer algo de bom no mundo!
Rony riu. Os olhos de Scrimgeour tremeram em dire��o a ele e afastaram-se novamente quando Harry falou:
- Ent�o porque voc�s resolveram nos deixar ter nossas coisas agora? N�o puderam pensar num pretexto para ficarem com eles?
- N�o, ser� porque trinta e um dias passaram. - disse Hermione imediatamente. - Eles n�o podem ficar com os objetos por mais do que isso a n�o ser que possam provar que s�o perigosos. Correto?
- Voc� diria que era pr�ximo ao Dumbledore, Ronald? � perguntou Scrimgeour, ignorando Hermione. Rony pareceu assustado.
- Eu? N�o... Na verdade n�o. Sempre foi o Harry que...
Rony olhou em volta para Harry e Hermione, para ver Hermione dando � ele um �pare de falar agora!� tipo de olhar, mas o estrago estava feito; Scrimgeour pareceu como se tivesse ouvido exatamente o que esperava, e queria, ouvir. Ele caiu como uma ave de rapina querendo alimentar-se sobre a resposta de Rony.
- Se voc� n�o era muito pr�ximo de Dumbledore, como voc� conta com o fato dele ter se lembrado de voc� em seu testamento? Ele fez excepcionalmente poucos pedidos para seu legado. A grande maioria de seus pertences - sua biblioteca privada, seus instrumentos m�gicos, e outros objetos pessoais - foram deixados para Hogwarts. Porque voc� pensa que foi escolhido?
- Eu... n�o sei. - disse Rony. - Eu... Quando digo que n�o �ramos pr�ximos... Quero dizer, acho que ele gostava de mim...
- Voc� est� sendo modesto Rony. - disse Hermione. - Dumbledore gostava muito de voc�.
Isso estava exigindo o m�ximo da verdade; at� onde Harry sabia, Rony e Dumbledore nunca haviam ficado juntos sozinhos, e contato direto entre eles foi insignificante. De qualquer modo, Scrimgeour n�o parecia escutar. Colocou as m�os dentro da capa e puxou uma bolsa muito maior do que a que Hagrid havia dado � Harry. Dela, ele tirou um rolo de pergaminho que desenrolou e leu em voz alta:
- O �ltimo Desejo e Testamento de Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore... Sim, aqui estamos... Para Ronald Ab�lio Weasley, eu deixo meu Apagueiro, na esperan�a de que ele se lembrar� de mim quando usar isto.
Scrimgeour tirou da bolsa um objeto que Harry havia visto antes: parecia algo como um isqueiro de prata, mas possu�a, ele sabia, o poder de sugar toda a luz de um lugar, e restaur�-la com um simples estalar. Scrimgeour inclinou-se para frente e passou o Apagueiro para Rony, que o pegou e manuseou-o parecendo aturdido.
- � um objeto valioso. - disse Scrimgeour, observando Rony. � � prov�vel que seja �nico. Certamente � projeto do pr�prio Dumbledore. Porque ele teria deixado para voc� um item t�o raro?
Ron balan�ou a cabe�a, parecendo atordoado.
- Dumbledore deve ter lecionado a milhares de alunos, - Scrimgeour perseverou. - Por�m os �nicos que ele se lembrou em seu testamento s�o voc�s tr�s. Porqu� isso? Que uso ele pensou que voc� daria ao Apagueiro, Sr.Weasley?
- Apagar luzes, eu suponho. - murmurou Rony. - O que mais eu poderia fazer com isto?
Evidentemente Scrimgeour n�o tinha sugest�es. Depois de olhar para Rony por um ou dois momentos, ele se virou de volta para o testamento de Dumbledore.
- Para a Srta. Hermione Jane Granger, deixo minha c�pia de Contos de Beedle o Bardo, na esperan�a de que ela o achar� divertido e instrutivo.
Scrimgeour havia retirado agora da bolsa um pequeno livro que parecia t�o antigo quanto a c�pia de Segredos das Artes das Trevas l� em cima. Sua capa estava manchada e descascando em alguns lugares. Hermione pegou-o de Scrimgeour sem dizer uma palavra. Ela deixou o livro em seu colo e olhou para ele. Harry viu que o t�tulo era em runas; ele nunca havia aprendido a l�-las. Quando ele olhou, uma l�grima respingou nos s�mbolos real�ados.
- Porqu� voc� acha que Dumbledore te deixou este livro, Srta. Granger? - perguntou Scrimgeour.
- Ele... ele sabia que eu gostava de livros. - disse Hermione com uma voz espessa, esfregando os olhos com sua manga.
- Mas porqu� este livro em especial?
- N�o sei. Ele deve ter pensado que eu gostaria dele.
- Voc� alguma vez discutiu c�digos, ou qualquer maneira de passar mensagens secretas, com Dumbledore?
- N�o. - disse Hermione, ainda limpando os olhos com sua manga. - E se o Minist�rio n�o encontrou nenhum c�digo escondido neste livro em trinta e um dias, duvido que encontrarei.
Ela reprimiu um solu�o. Eles estavam t�o apinhados que Rony teve dificuldade em tirar seu bra�o para coloc�-lo em volta dos ombros de Hermione. Scrimgeour virou-se para o testamento:
- Para Harry Tiago Potter, - ele leu, e as entranhas de Harry contra�ram em repentina excita��o. - Eu deixo o Pomo que ele capturou em sua primeira partida de quadribol em Hogwarts, como uma lembran�a da recompensa de perseveran�a e habilidade.
Assim que Scrimgeour retirou a min�scula, em formato de noz bola dourada, suas asas agitaram-se um tanto quanto fracas, e Harry n�o pode deixar de sentir um claro sentimento de desapontamento.
- Porqu� Dumbledore te deixou este Pomo? � perguntou Scrimgeour.
- N�o fa�o id�ia. - disse Harry. - Pelas raz�es que voc� acabou de ler, eu suponho... Para me lembrar o que conseguimos se... perseverarmos e o que quer que seja.
- Voc� acha que � uma lembran�a simb�lica, ent�o?
- Suponho que sim. - disse Harry. - O que mais poderia ser?
- Sou eu quem fa�o as perguntas. - disse Scrimgeour, movendo sua cadeira para um pouco mais perto do sof�.
O crep�sculo estava realmente caindo l� fora agora; o toldo al�m das janelas parecia fantasmagoricamente branco por cima da sebe.
- Eu notei que seu bolo de anivers�rio tem o formato de um Pomo. - Scrimgeour disse � Harry.
- Porqu� ser�? - Hermione riu zombeteiramente. - Ah, n�o pode ser uma refer�ncia ao fato de Harry ser um grande apanhador, � muito �bvio. - ela disse. - Deve ter uma mensagem secreta de Dumbledore escondida no glac�!
- N�o acho que tenha nada escondido no glac�, - disse Scrimgeour. - mas um Pomo seria um bom esconderijo para um objeto pequeno. Voc� sabe porqu�, tenho certeza?
Harry deu de ombros, Hermione, no entanto, respondeu: Harry pensou que responder quest�es corretamente era um h�bito enraizado t�o profundamente que ela n�o conseguia suprimir o desejo.
- Porque Pomos de Ouro tem mem�ria corporal, - ela disse.
- O qu�? - disseram Harry e Rony juntos; os dois consideravam que o conhecimento de Hermione por quadribol era insignificante.
- Correto. - disse Scrimgeour. - Um Pomo de Ouro n�o pode ser tocado por pele sem prote��o antes de ser libertado, nem mesmo por seu criador, que usa luvas. Ele leva um encantamento pelo qual ele pode identificar o primeiro humano que p�r as m�os sobre ele, no caso de uma captura disputada. Este pomo - ele segurou a pequenina bola dourada. � se lembrar� do seu toque, Potter. Ocorreu a mim que Dumbledore, que tinha uma habilidade m�gica extraordin�ria, qualquer que sejam seus outros defeitos, deve ter encantado o Pomo para que ele se abra somente para voc�.
O cora��o de Harry estava batendo meio r�pido. Ele tinha certeza que Scrimgeour estava certo. Como ele poderia evitar pegar o Pomo com a m�o desprotegida na frente do Ministro?
- Voc� n�o diz nada. - disse Scrimgeour. - Talvez voc� j� saiba o que o Pomo cont�m?
- N�o. - disse Harry, ainda imaginando como ele poderia aparentar tocar o Pomo sem realmente faz�-lo. Se ele ao menos soubesse Legilim�ncia, realmente soubesse, e pudesse ler a mente de Hermione; ele podia praticamente ouvir o c�rebro dela zunindo ao lado dele.
- Pegue. - disse Scrimgeour baixo.
Harry encontrou os olhos amarelos do Ministro e sabia que ele n�o tinha outra op��o a n�o ser obedec�-lo. Ele segurou sua m�o, e Scrimgeour inclinou-se para frente novamente e colocou o Pomo, devagar e cuidadosamente, na palma da m�o de Harry.
Nada aconteceu. Assim que os dedos de Harry fecharam-se em torno do Pomo, suas asas cansadas se agitaram e permaneceram paradas. Scrimgeour, Rony e Hermione continuaram a olhar avidamente para a agora parcialmente oculta bola, ainda esperando que se transformaria de alguma
maneira.
- Isto foi dram�tico. - disse Harry friamente. Rony e Hermione riram.
- � tudo, ent�o, n�o �? - perguntou Hermione, fazendo-se levantar do sof�.
- N�o completamente. - disse Scrimgeour, que parecia mau-humorado agora. - Dumbledore te deixou um segundo legado, Potter.
- O que �? - perguntou Harry, animado.
Scrimgeour n�o se preocupou em ler o testamento desta vez.
- A espada de Godric Griffindor. - ele disse. Hermione e Rony enrijeceram. Harry olhou em volta procurando pelo sinal do rubi incrustado no punho, mas Scrimgeour n�o retirou a espada da bolsa de couro, que em todo caso parecia muito pequena para cont�-la.
- Ent�o onde est�? - Harry perguntou suspeito.
- Infelizmente, - disse Scrimgeour. - aquela espada n�o era de Dumbledore para ser dada assim. A espada de Godric Griffindor � um importante artefato hist�rico, e portanto, pertence..
- Pertence a Harry! � disse Hermione calorosamente. � O escolheu, foi ele quem a encontrou, veio para ele do Chap�u Seletor.
- De acordo com fontes hist�ricas confi�veis, a espada pode se apresentar a qualquer Grifin�rio merecedor. - Scrimgeour disse. - Isso n�o a faz propriedade exclusiva do Sr. Potter, o que quer que Dumbledore tenha decidido. - Scrimgeour arranhou sua bochecha mal barbeada, examinando minuciosamente Harry. - Por que voc� pensa que...
- ...Dumbledore quis me dar a espada? - disse Harry, lutando para manter o temperamento. - Talvez ele pensou que ficaria legal na minha parede.
- Isto n�o � uma piada, Potter! - rosnou Scrimgeour. - Foi porque Dumbledore acreditava que somente a espada de Godric Griffindor poderia derrotar o Herdeiro da Sonserina? Ele desejava te dar aquela espada, Potter, porque ele acreditava, assim como muitos, que voc� � o destinado a destruir Aquele-Que-N�o-Deve-Ser-Nomeado?
- Teoria interessante. - disse Harry. Algu�m j� tentou alguma vez cravar uma espada em Voldemort? Talvez o Minist�rio devesse colocar algumas pessoas para fazer isso, ao inv�s de gastar seu tempo desmontando Apagueiros ou encobrindo fugas de Azkaban. Ent�o � isso que voc� tem feito, Ministro, fechado em seu escrit�rio, tentando abrir for�adamente um Pomo? Pessoas est�o morrendo, eu quase fui uma delas, Voldemort me perseguiu por tr�s pa�ses, matou Olho-Tonto Moody, mas n�o h� uma palavra quanto a isso do Minist�rio, h�? E voc� ainda espera que cooperemos com voc�!
- Voc� foi longe demais! - gritou Scrimgeour, levantando-se: Harry ficou em p� tamb�m. Scrimgeour rumou em dire��o a Harry e o apertou forte no peito com a ponta de sua varinha; isto fez um buraco na camiseta de Harry, como o de um cigarro aceso.
- Oi! - disse Rony, pulando e erguendo sua pr�pria varinha, mas Harry disse - N�o! Voc� quer dar a ele uma desculpa para nos prender?
- Lembraram-se que voc�s n�o est�o na escola, �? - disse Scrimgeour respirando forte no rosto de Harry. - Lembraram-se que eu n�o sou Dumbledore, que perdoou sua insol�ncia e falta de subordina��o? Voc� deve usar essa cicatriz como uma coroa, Potter, mas n�o � da conta de um garoto de dezessete anos me dizer como fazer o meu trabalho! � tempo de voc� aprender um pouco de respeito!
- � tempo de merec�-lo. - disse Harry.
O ch�o tremeu; havia um som de passos correndo, e ent�o a porta que leva at� a sala de estar arrebentou e o Sr. e a Sra. Weasley correram para dentro.
- N�s-n�s pensamos ter ouvido... - come�ou Sr. Weasley, olhando minuciosamente alarmado para a vis�o Harry e o Ministro praticamente nariz com nariz.
- ...Vozes altas. - ofegou Sra. Weasley.
Scrimgeour deu dois passos para longe de Harry, olhando para o buraco que ele havia feito na camiseta de Harry. Ele parecia arrependido por sua falta de controle.
- N�o-n�o foi nada. - ele rosnou. - Eu... lamento sua atitude. - ele disse, olhando bem para Harry mais uma vez. - Voc� parece pensar que o Minist�rio n�o deseja o que voc�s, Dumbledore, desejava. N�s devemos trabalhar juntos.
- N�o gosto de seus m�todos, Ministro. - disse Harry. - Lembra-se?
Pela segunda vez, ele levantou seu punho direito e mostrou � Scrimgeour a cicatriz ainda branca atr�s de sua m�o, soletrando 'Eu n�o devo contar mentiras'. A express�o de Scrimgeour endureceu. Ele se virou sem outra palavra e saiu mancando do aposento. A Sra. Weasley se apressou depois dele; Harry a ouviu parar na porta dos fundos. Ap�s um minuto ou quase isso, ent�o ela falou: - Ele se foi!
- O que ele queria? � O Sr. Weasley perguntou, olhando para Harry, Rony e Hermione assim que a Sra.Weasley veio correndo de volta at� eles.
- Queria nos dar o que Dumbledore nos deixou. - disse Harry. - Eles tinham acabado de liberar o conte�do de seu testamento.
L� fora no jardim, sobre as mesas de jantar, os tr�s objetos que Scrimgeour havia entregado � eles foram passados de m�o em m�o. Todos exclamavam pelo Apagueiro e pelos Contos de Beedle o Bardo e lamentavam o fato de Scrimgeour ter se recusado a entregar a espada, mas ningu�m poderia dar nenhuma sugest�o do porqu� Dumbledore ter deixado para Harry um velho Pomo. Assim que o Sr. Weasley examinava o Apagueiro pela terceira ou quarta vez, Sra. Weasley disse hesitante - Harry, querido, todos est�o famintos e n�o quer�amos come�ar sem voc�... Posso servir o jantar agora?
Todos eles comeram apressadamente e depois de um apressado coro de 'Parab�ns � voc�' e muitos peda�os de bolo engolidos a seco, a festa terminou. Hagrid, que tinha sido convidado para o casamento no dia seguinte, mas era de longe muito grande para dormir n�A Toca, saiu para armar uma tenda para ele mesmo no campo ao lado.
- Encontre-nos l� em cima. - Harry sussurrou para Hermione, enquanto eles ajudavam a Sra. Weasley a arrumar o jardim. - Depois que todos estiverem na cama.
No s�t�o, Rony examinava seu Apagueiro, e Harry encheu a bolsa Mokeskin de Hagrid, n�o com dinheiro, mas com aqueles itens que eles mais valorizava, aparentemente sem valor, entre eles o Mapa do Maroto, o espelho encantado de Sirius e o medalh�o de R.A.B... Ele amarrou-a apertada e colocou-a em volta do pesco�o, ent�o sentou-se segurando o velho Pomo observando suas asas agitarem fracamente. Por �ltimo, Hermione bateu � porta e entrou na ponta dos p�s.
- Muffiato. - ela sussurrou, agitando a varinha em dire��o �s escadas.
- Pensei que voc� n�o aprovasse esse feiti�o. - disse Rony.
- Os tempos mudam. - disse Hermione. - Agora, mostre-nos o Apagueiro.
Ron obedeceu de uma vez. Segurando-o na sua frente, ele o estalou. A l�mpada solit�ria que eles haviam acendido se apagou de uma vez.
- O fato � que, - sussurrou Hermione na escurid�o. - n�s poder�amos ter conseguido isso com o P� Escurecedor Instant�neo do Peru.
Ouviu-se um pequeno estalo e a bola de luz voltou ao teto e iluminou todos novamente.
- Mesmo assim, � legal. - disse Rony, um pouco defensivo. - E pelo que disseram, Dumbledore o inventou!
- Eu sei, mas certamente ele n�o o incluiu em seu testamento s� para nos ajudar a apagar as luzes!
- Voc� acha que ele sabia que o Minist�rio confiscaria seu testamento e examinaria tudo que ele nos deixou? - perguntou Harry.
- Sem d�vida. - disse Hermione. - Ele n�o poderia nos dizer no testamento porqu� estaria nos deixando estas coisas, isso ainda n�o explica...
- Porqu� ele n�o poderia ter nos deixado uma pista enquanto ele estava vivo? - perguntou Rony.
- Bem, exatamente. - disse Hermione, agora folheando Contos de Beedle o Bardo. - Se essas coisas s�o importantes o suficiente para passar debaixo do nariz do Minist�rio, voc�s pensariam que ele teria que ter nos deixado um porqu�... a n�o ser que ele pensasse que era �bvio?
- Pensou errado, ent�o, n�o? - disse Rony. - Eu sempre disse que ele era maluco. Brilhante e tudo mais, mas maluco. Deixar para o Harry um velho Pomo... Que diabos foi aquilo?
- N�o fa�o id�ia. - disse Hermione. - Quando Scrimgeour fez voc� o pegar, Harry, eu tinha tanta certeza de que algo aconteceria!
- �, bem, - disse Harry. Sua pulsa��o acelerou quando ele ergueu o Pomo em seus dedos. - eu n�o iria me esfor�ar muito na frente do Scrimgeour, iria?
- O que voc� quer dizer? - perguntou Hermione.
- O Pomo que eu peguei na minha primeira partida de quadribol? - disse Harry. - N�o se lembram?
Hermione parecia simplesmente bestificada. Rony, no entanto, arfou, apontando freneticamente de Harry para o Pomo at� conseguir encontrar sua voz.
- � aquele que voc� quase engoliu!
- Exatamente. - disse Harry, e com seu cora��o batendo r�pido, ele pressionou sua boca contra o Pomo.
N�o abriu. Frustra��o e amargo desapontamento tomaram conta de Harry: ele abaixou a esfera dourada, mas ent�o Hermione gritou:
- Escrita! H� algo escrito nele, r�pido, olhem!
Harry quase deixou cair o Pomo em meio a surpresa e anima��o. Hermione estava mesmo certa. Incrustado na lisa camada dourada, onde segundos antes n�o havia nada, haviam quatro palavras escritas com a fina e inclinada caligrafia que Harry reconheceu ser de Dumbledore:
�Eu abro ao fechar.�**
Ele mal tinha lido as palavras e elas desapareceram novamente.
- Eu abro ao fechar... O que isto quer dizer?
Hermione e Rony balan�aram as cabe�as, sem express�o.
- Eu abro ao fechar... Ao fechar... Eu abro ao fechar...
Mas n�o importou o quanto eles repetiam as palavras, com variadas entona��es, eles se encontraram incapazes de deduzir qualquer coisa mais.
- E a espada. - disse Rony depois, quando eles tinham finalmente abandonado as tentativas de adivinhar o significado da inscri��o no Pomo.
- Porqu� ele queria que Harry ficasse com a espada?
- E porque ele n�o poderia ter simplesmente me falado? - disse Harry baixo. - Eu estava l�, ela estava l� na parede de seu escrit�rio durante todas as nossas conversas no ano passado! Se ele queria que eu ficasse com ela, ent�o porque ele simplesmente n�o a entregou para mim?
Ele sentiu-se t�o pensativo como se estivesse sentado num exame com uma quest�o que ele deveria saber responder na sua frente, seu c�rebro lento e sem resposta. Teve algo que ele perdeu em suas longas conversas com Dumbledore ano passado? Deveria ele saber o que tudo isso significava? Dumbledore esperava que ele entendesse?
- E este livro. - disse Hermione - Contos de Beddle o Bardo - Nunca nem ouvi falar de tais contos!
- Voc� nunca ouviu Contos de Beedle o Bardo? disse Rony incr�dulo. - Voc� est� brincando, n�?
- N�o, n�o estou. - disse Hermione surpresa. - Voc� os conhece ent�o?
- Bem, � claro que conhe�o!
Harry olhou-os, divertindo-se. O fato de Rony ter lido um livro de que Hermione n�o, era sem precedentes. Rony, no entanto, pareceu bestificado com a surpresa deles.
- Ah, vamos! Todas as velhas hist�rias infantis s�o do Beedle n�o s�o? �A Fonte da Fortuna Justa�... �O Bruxo e o Caldeir�o Saltitante�... �Coelhinho Babbity e seu Toco Tagarelante�...***
- Como? - disse Hermione rindo. - Como � o nome do �ltimo?
- Sai dessa! - disse Rony, olhando desacreditado de Harry para Hermione. - Voc� deve ter ouvido sobre Coelhinho Babbity.
- Rony, voc� sabe muito bem que Harry e eu fomos criados por trouxas! - disse Hermione. - N�s n�o escut�vamos essas hist�rias quando �ramos pequenos, n�s escut�vamos �A Branca de Neve e os Sete An�es� e �Cinderela� e�.
- O que � isso, uma doen�a? - perguntou Rony.
- Ent�o isso s�o hist�rias para crian�as? - perguntou Hermione, mexendo com as runas.
- Sim. - disse Rony incerto. � Quero dizer, � que eles falam, voc�s sabem, que todas estas velhas hist�rias vieram de Beedle. Eu n�o sei como elas s�o em suas vers�es originais.
- Mas fico me perguntando porque Dumbledore pensou que eu deveria l�-las?
Algo quebrou no andar de baixo.
- Provavelmente � s� o Carlinhos, agora que mam�e est� dormindo, fugindo para fazer seu cabelo crescer novamente. - disse Rony nervoso.
- A mesma coisa, n�s dever�amos nos deitar. - sussurrou Hermione. - N�o devemos dormir al�m da conta amanh�.
- N�o. - concordou Rony. - Um brutal assassinato triplo pela m�e do noivo deixaria o casamento deprimente. Eu pego a luz.
Ent�o ele estalou o Apagueiro mais uma vez assim que Hermione saiu do aposento.
* Gina diz �there�s the silver lining i�ve been looking for�. Pensando no prov�rbio �Every dark cloud has a silver lining� (Toda nuvem escura tem um raio de luz), foi traduzido assim.
** �I open at the close� no original.
***The Fountain of Fair Fortune, The Wizard and the Hoppin Pot, e Babbitty Rabitty and her Cackling Stump, respectivamente.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por Luluca
E revisado por Juliana Badin.
- Cap�tulo Oito -
O Casamento
�s tr�s em ponto da tarde seguinte estavam Harry, Ron, Fred e Jorge em p� fora da grande e branca tenda no pomar, esperando a chegada dos convidados do casamento. Harry havia ingerido uma larga dose da Po��o Pol�ssuco e agora era a c�pia de um trouxa ruivo da vila local, Ottery St. Catchpole, onde Fred roubou um tufo de cabelo utilizando um feiti�o convocat�rio. O plano era apresentar Harry como �Primo Barny� e torcer para que a exist�ncia de um grande n�mero de parentes dos Weasleys o camuflasse.
Todos os quatro possu�am um mapa de assentos, assim auxiliando as pessoas a encontrarem seus lugares. Uma multid�o de gar�ons de casaca branca chegou uma hora antes, junto com uma banda de jaquetas douradas, e todos esses bruxos estavam sentados a uma dist�ncia pequena debaixo de uma �rvore. Harry podia ver uma n�voa azul de cachimbos subindo do local. Atr�s de Harry, a entrada da tenda revelava colunas e mais colunas de fr�geis cadeiras douradas alinhadas a um carpete p�rpuro. As colunas de apoio estavam enfeitadas com flores brancas e douradas. Fred e Jorge haviam prendido um n�mero enorme de bal�es dourados no lugar exato no qual, em breve, Gui e Fleur se tornariam marido e mulher. No exterior, borboletas e abelhas estavam pairando pregui�osamente acima do gramado e cerca viva. Harry estava bastante desconfort�vel. O garoto trouxa, do qual a apar�ncia ele possu�a, era um pouco mais magro que ele e suas vestes estavam abafadas e apertadas naquele dia de ver�o aberto.
- Quando eu me casar, - disse Fred, puxando o colarinho da sua pr�pria veste, - Eu n�o me preocuparei com nada dessas besteiras. Voc�s podem usar o que quiserem, e eu irei lan�ar um feiti�o do corpo preso na mam�e, antes de tudo acabar.
- Ela at� que n�o estava t�o mal essa manh�, - disse Jorge.- Chorou um pouco por Percy n�o estar aqui, mas quem o quer? Nossa, preparem-se que l� v�m eles, olhem.
Figuras luminosamente coloridas estavam aparecendo, um a um do nada nos limites do jardim. Em minutos uma prociss�o tinha se formado, que come�ou como uma cobra a subir o jardim rumo � tenda. Flores ex�ticas e p�ssaros encantados esvoa�avam nos chap�us dos bruxos, enquanto gemas preciosas brilhavam de muitas das gravatas dos bruxos, uma burburinho de conversa excitada crescia cada vez mais barulhenta, abafando o som das abelhas enquanto a multid�o se aproximava da tenda.
- Excelente, eu acho que vi algumas primas veelas, - disse Jorge, torcendo o pesco�o para uma vista melhor. � Elas precisar�o de ajuda para entender os costumes ingleses, eu irei procurar por elas...
- N�o t�o r�pido, sua santidade, - disse Fred, flechando atrav�s do grupo de bruxas de meia idade se dirigindo ao aglomerado, e disse � Aqui � permetiez moi to assiter vous (Permita-me que vos auxilie) � para um par de lindas garotas francesas, que sorriram e permitiram que ele as escoltasse para dentro. Jorge ficou para tr�s lidando com as bruxas balzaquianas e Ron se encarregou do velho colega de minist�rio do Sr. Weasley, Perkins, enquanto um casal bem surdo entrava para o grupo de Harry.
- Uau, - disse uma voz familiar assim que ele saiu da tenda novamente e viu Tonks e Lupin em frente � fila. Ela tinha se tornado loira para a ocasi�o. � Arthur nos disse que voc� era o de cabelo crespo. Desculpe pela �ltima noite, - ela adicionou num sussuro concomitantemente ao se encaminharem � nave da igreja. � O minist�rio est� sendo muito antilobisomem ultimamente, pensamos que nossa presen�a n�o lhe traria nenhum bem.
- Tudo bem, eu entendo, - disse Harry, falando mais para Lupin do que para Tonks. Lupin deu-lhe um pequeno sorriso, mas assim que eles se viraram Harry viu no cenho de Lupin linhas de tristeza. Ele n�o entendia, mas n�o havia tempo para pensar nisso. Hagrid estava causando um momento de confus�o. Confundindo as ordens de Fred assim que se sentou, n�o sobre a magicamente refor�ada e aumentada cadeira colocada para ele na fileira de tr�s, mas em cinco assentos que agora pareciam uma grande pilha de palitos de ouro.
Enquanto o Sr. Weasley reparava o dano e Hagrid gritava pedidos de desculpa para todos que pudessem ouvir, Harry se apressou de volta para a entrada para ver Ron face a face com um bruxo de apar�ncia exc�ntrica. Um pouco vesgo, cabelos brancos na altura dos ombros com textura de cera de vela, ele usava um gorro no qual pend�es balan�avam � frente de seu nariz e uma veste com cor de amarelo gema. Um s�mbolo estranho como um olho triangular, brilhava de um cord�o no seu pesco�o.
- Xen�filo Lovegood, - ele disse, estendendo a m�o � Harry, - minha filha e eu vivemos al�m da montanha, t�o cort�s dos Weasleys nos convidarem. Mas eu acho que conhece minha Luna? � ele completou para Ron.
-Sim, - disse Ron. � Ela n�o estaria com voc�?
-Ela est� vagando naquele jardim pequeno e encantador para saudar os gnomos, uma infesta��o gloriosa! T�o poucos bruxos percebem quanto eles podem aprender da sabedoria dos pequenos gnomos � ou, para lhes chamar pelo nome certo, os Gernumbli Gardensi.
- Os nossos conhecem palavr�es excelentes, - disse Ron � mas eu acho que Fred e Jorge que ensinaram eles.
Ele liderou um grupo de bruxos para a tenda enquanto Luna se aproximava.
-Ol�, Harry! � Ela disse.
-Oh, voc� mudou de nome tamb�m? � ela perguntou radiante.
- Como voc� sabia?
-Oras, apenas pela sua express�o, - ela disse.
Como seu pai, Luna estava usando uma veste amarela brilhante, o qual ela complementou com um grande girassol no cabelo. Assim que se acostumou com tanto brilho, o efeito geral era muito bom. Pelo menos n�o havia rabanetes pendurados nas orelhas.
Xen�filo, que estava em conversa calorosa com um conhecido, perdeu a conversa entre Harry e Luna. Terminando o adeus bruxo, ele se virou para a filha, que de dedo erguido disse, - Pai, veja � um dos gnom�s me morder.
- Que maravilhoso! Saliva de Gnomo � extremamente ben�fica. � Disse o Sr. Lovegood, pegando os dedos esticados de Luna e examinando a marca do sangramento.- Luna, meu amor, se sentir algum talento urgindo hoje � talvez uma vontade inesperada de cantar �pera ou declarar em Merm�ico � n�o se reprima! Voc� pode ter sido presenteado pelos Gernumblies!
Ron, passando na dire��o oposta deixou escapar uma gargalhada alta.
- Pode rir Ron, - disse Luna serenamente enquanto Harry a guiava junto com o pai para seus assentos, - mas meu pai fez muita pesquisa sobre a magia Gernumbli.
-S�rio? � disse Harry, que h� muito havia decidido n�o confrontar Luna e as vis�es peculiares do seu pai. � Tem certeza que n�o deseja por nada na mordida?
-Oh, est� tudo certo, - disse Luna, sugando seu dedo em um del�rio sublime e medindo Harry. � Voc� parece esperto. Eu disse para Papai que a maioria ia usar roupas formais, mas papai disse que precisamos usar cores do sol em um casamento, para trazer sorte, voc� sabe.
Enquanto ela ia atr�s do pai, Ron reapareceu de bra�os dados com um senhora de nariz pontudo, olhos vermelhos, e coura�a rosa que a deixou semelhante a um flamingo mal humorado.
- E seu cabelo � t�o comprido, Ronald, que por um momento eu pensei que fosse a Gina. Pelas barbas de Merlim, o que Xen�filo Lovegood est� usando? Ele parece uma omelete. E quem s�o voc�s? � ela rosnou para Harry
- Ah sim, Tia Muriel, esse � seu sobrinho Barny.
- Mais um Weasley? Voc�s se espalham como gnomos. Harry Potter n�o est� aqui? Estava esperando encontra-lo. Eu pensei que ele fosse eu amigo, Ronald, ou voc� estava simplesmente se gabando?
- N�o � ele n�o pode vir.
- Humm. Deu uma desculpa, foi? N�o � sensacional como dizem as fotos do jornal, ent�o. Eu estava ensinando � noiva como usar minha tiara, - ela gritou para Harry. � Feito por elfos, voc� sabe, e est� na fam�lia h� s�culos. Ela � uma garota bonita, mas francesa. Bem, Bem, arranje-me um bom lugar, Ronald, eu tenho cento e sete anos e n�o posso ficar em p� por muito tempo.
Ron fez um olhar significativo para Harry enquanto ele passava e n�o reapareceu por um tempo. Quando, � seguir, eles se encontraram na entrada , Harry tinha mostrado os lugares para uma d�zia de pessoas. A tenda estava quase cheia agora e pela primeira vez n�o havia fila no exterior.
- Um pesadelo, aquela Muriel, - disse Ron, secando a sua testa com a manga. � Ela costumava vir todo Natal, ai, gra�as a deus, ela se sentiu ofendida porque Fred e Jorge colocaram uma bomba de bosta na sua cadeira no jantar. Papai sempre diz que ela vai tir�-los do testamento � como se eles se importassem, eles v�o acabar mais ricos que qualquer um na fam�lia, do jeito como est�o indo... Uau, - ele completou, piscando rapidamente enquanto Hermione se aproximava deles. � Voc� est� incr�vel!
-Sempre o tom de surpresa, - disse Hermione, mas ela sorriu. Ela usava um vestido lil�s, muito leve com saltos altos que combinam; e o cabelo liso e brilhante. � Sua tia av� Muriel n�o concorda, acabei de encontr�-la escadaria acima enquanto ela entregava a tiara para Fleur. Ela disse, -�Ohhh querida, essa � a sangue ruim?� e ent�o, �m� postura e tornozelos finos�.
-N�o leve a s�rio, ele � rude com todos, - disse Ron.
-Falando sobe Muriel? � um inquieto Jorge, surgindo da tenda com Fred. � Sim, ela acabou de dizer que as minhas orelhas s�o torcidas. Morcega velha. Eu gostaria que o velho Tio Bilius ainda estivesse vivo; ele era risada certa em casamentos.
-N�o foi ele que viu um Sinistro e morreu vinte e quatro horas depois? � Perguntou Herminone.
- Bom, sim, ele estava um pouco estranho perto do fim, - concordou Jorge.
- Mas antes de ficar biruta ele era a vida e a alma de uma festa, - disse Fred. Ele costumava secar uma garrafa de u�sque de fogo, corria para a pista de dan�a, levantava a roupa, e come�ava a tirar flores de l�.
- Realmente ele soa encantador, - disse Hermione, enquanto Harry explodia em risadas.
- Por algum motivo nunca casou, - disse Ron.
- �, isso me intriga, -disse Hermione.
Eles estavam todos rindo tanto que ningu�m percebeu um convidado atrasado, um jovem de cabelos escuros, de nariz curvado e sobrancelhas grossas, at� que ele entregou seu convite a Ron e disse, com seus olhos voltados para Hermione: - Voc� est� maravilhosa.
- Victor! � ela gritou, e deixou cair sua pequena bolsa de conta, que fez um estampido desproporcionalmente alto. Enquanto ela trope�ava, corando, para arrumar a bolsa, ela disse � Eu n�o sabia que voc� vinha � deuses � ador�vel te ver � como est�?
As orelhas de Ron ficaram vermelhas vivo. Ap�s olhar para o convite do Krum como se n�o acreditasse em uma palavra dele, disse, muito alto, - Como voc� est� aqui?
-A Fleur me convidou, - disse Krum, sobrancelhas erguidas.
Harry n�o tinha nada contra Krum, apertaram m�os, e sentindo que seria prudente afastar Krum da vista do Ron, ofereceu-se para mostrar-lhe o assento.
- Seu amigo n�o parece feliz em me ver, - disse Krum, enquanto eles entravam na tenda cheia. � Ou � seu parente? � Ele adicionou com um olhar para o cabelo curto e crespo de Harry.
- Primos, - Harry murmurou, mas Krum n�o estava realmente ouvindo. Sua apari��o estava causando um frisson, particularmente entre as primas veelas: Ele era, afinal, um famoso jogador de Quadribol. Enquanto as pessoas ficavam contorcendo os pesco�os para ter uma boa vis�o dele, Ron, Hermione, Fred e Jorge desceram apressados a nave.
-Hora de sentar-se, -Fred falou para Harry, - ou seremos pisoteados pela noiva.
Harry, Ron e Hermione pegaram seus assentos na segunda coluna, atr�s de Fred e Jorge. Hermione parecia bem vermelha e as orelhas de Ron ainda estavam escarlate. Ap�s alguns momentos ele murmurou para Harry, - Voc� percebeu que ele parece mais est�pido com aquela barbicha? � Harry deu um grunhido gutural.
Uma sensa��o de ansiedade preencheu a tenda quente, o burburinho terminou em ocasionais risadas excitadas. Sr. e Sra. Weasley subiram para a nave com passadas largas, sorrindo e acenando para seus familiares; Sra. Weasley estava usando uma veste nov�ssima de cor ametista com um chap�u que combinava.
Um momento depois, Gui e Carlinhos ficaram em guarda � frente da tenda, os dois usando casacas, com largas flores rosas no buraco dos bot�es; Fred assoviou e teve uma explos�o de risadinhas das primas veelas. Ent�o a multid�o ficou silenciosa enquanto a m�sica parecia surgir dos bal�es dourados.
- Uauuuu! � disse Hermione, circundando a cadeirta para olhar para a entrada. Um n�mero grande de bruxos e bruxas se amontoou enquanto Mounsieur Delacour e Fleur subiam para a nave, Fleur deslizando, Mounsieur Delacour quicando e zanzando. Fleur usava um vestido branco e simples que parecia emitir um forte brilho prateado. Enquanto sua luminosidade natural diminu�a todos ao redor, hoje ela parecia embelezar a todos que tocava. Gina e Gabrielle, as duas usando vestidos dourados, pareciam ainda mais bonitas que o usual e uma vez que Fleur o alcan�ou, Gui parecia que jamais tinha encontrado Fenrir Greyback.
- Senhoras e senhores, - disse uma voz levemente musical, e com um pequeno choque, Harry viu o mesmo pequenino, bruxo com cabelo de penacho que presidiu o funeral de Dumbledore, agora � frente de Gui e Fleur. � Estamos reunidos aqui hoje para celebrar a uni�o dessas almas...
- Sim, minha tiara completou o conjunto, - disse tia Muriel em um sussuro um tanto carregado. � Mas eu devo dizer, o vestido da Ginevra � um pouco curto demais.
Gina olhou ao redor, com um sorriso largo, confrontou Harry, e rapidamente se virou para frente. A mente de Harry vagava longe da tenda, de volta �s tardes que ele passou sozinho com Gina nas partes solit�rias da escola. Eles pareciam t�o distantes; eles sempre pareceram bons demais para ser verdade, como se ele estivesse roubando as horas brilhantes da vida de uma pessoa normal, uma pessoa sem uma cicatriz em forma de raio na testa...
-Voc�, Guilheme Arthur, aceita Fleur Isabelle...?
Na fileira da frente, Sra. Weasley e Madame Delacour estavam as duas solu�ando silenciosamente em peda�os de len�os. Sons parecidos com de trompete vindos da traseira da tenda mostravam a todos que Hagrid tinha tirado seu pr�prio len�o do tamanho de uma toalha de mesa. Hermione virou-se e mirou Harry; seus olhos estavam cheios de l�grima.
-... Ent�o vos declaro ligados pela vida.
O bruxo de cabelo de penacho abanou sua m�o sobre as cabe�as de Gui e Fleur e uma chuva de estrelas prateadas caiu sobre eles, espiralando ao redor da figura agora ligada deles. Assim que Fred e Jorge iniciaram uma rodada de aplausos, os bal�es dourados explodiram em som. P�ssaros paradis�acos e pequenos sinos dourados voaram e flutuaram a partir dos bal�es, adicionando sua m�sica e tom � barulheira.
- Senhoras e Senhores! � Chamou o bruxo de cabelo de penacho. � Se voc�s puderem se levantar!
Todos se levantaram, tia Muriel grunhindo audivelmente; o bruxo balan�ou seu bra�o novamente. O lugar no qual eles estiveram sentados se desfez graciosamente no ar enquanto as paredes de lona da tenda sumiam, ent�o eles ficaram em p� embaixo do dossel suportado por colunas douradas, com uma vis�o gloriosa da luz do sol atrav�s do pomar e a vizinhan�a campestre. A seguir, uma piscina de ouro derretido se espalhou para o centro da tenda para formar uma pista de dan�a brilhante, as cadeiras deslizantes se agruparam em torno de uma pequena mesa coberta de branco, para a qual todas flutuaram graciosamente para se alinharem em torno dela, e a banda de jaquetas douradas se agrupou perto de um p�dio.
- Legal, - disse Ron aprovando enquanto os gar�ons apareciam de todos os lados, segurando bandejas prateadas de suco de ab�bora, cerveja amanteigada, u�sque de fogo, pilhas de sandu�ches e tortas.
- Dever�amos ir parabeniz�-los! � disse Hermione, ficando nas pontas dos dedos para ver o lugar no qual Gui e Fleur tinham sumido no meio da multid�o feliz.
- Teremos tempo mais tarde, - disse Ron, dando de ombros e pegando tr�s cervejas amanteigadas de uma travessa que passava, e deu uma para Harry. � Hermione, espera, vamos pegar uma mesa... N�o aqui! Nenhum lugar perto da Muriel.
Ron os liderou pela pista de dan�a vazia, olhando para direita e esquerda enquanto iam; Harry tinha certeza que ele estava vigiando Krum. Quando eles alcan�aram o outro lado da tenda, a maioria das mesas estava ocupada: A mais vazia era a que Luna ocupava sozinha.
- Tudo bem se a gente se unir a voc�? � Perguntou Ron.
- Ah sim, - disse alegremente. � Papai acabou de sair para dar um presente para Gui e Fleur.
- O que vai ser, um estoque vital�cio de tub�rculos? � Perguntou Ron.
Hermione mirou um chute nele por baixo da mesa, mas acertou Harry. Com os olhos lacrimejando em dor, Harry perdeu o foco da conversa por uns momentos.
A banda come�ou a tocar, Gui e Fleur entraram primeiro na pista de dan�a, ovacionados; depois de um tempo, Sr. Weasley conduziu Madame Delacour pela pista, seguido por Sra. Weasley e o pai de Fleur.
- Eu gosto dessa m�sica, - disse Luna, balan�ando-se no tempo de uma m�sica parecida com uma valsa, e alguns segundos depois ela deslizou pela pista de dan�a, onde se revolvia no mesmo lugar, quase sozinha, olhos fechados e balan�ando os bra�os.
- Ela � �tima, n�? � Disse Ron admirado � Sempre valorosa.
Mas o sorriso sumiu rapidamente da sua face: Victor Krum apareceu no espa�o deixado por Luna. Hermione parecia embara�osamente satisfeita, mas dessa vez Krum n�o tinha vindo para bajul�-la. Franzindo a testa ele disse: - Quem � aquele homem de amarelo?
-Aquele � Xen�filo Lovegood, pai de uma amiga nossa. - falou Rony. Seu tom agressivo indicou que n�o estavam a ponto de rir de Xen�filo, apesar da clara provoca��o. -Venha dan�ar... -, acrescentou abruptamente para Hermione.
Ela olhou para tr�s, satisfeita, e se levantou.
Eles desapareceram juntos na crescente multid�o da pista de dan�a.
-Ah, eles est�o juntos agora?- perguntou Krum, momentaneamente distra�do. -Er... de certa forma, -respondeu Harry.
-Quem � voc�?- Perguntou Krum.
-Barny Weasley.
-Voc�, Barny, voc� conhece esse Lovegood bem?
-N�o, o conheci hoje. Por que?
Krum olhou por cima de seu drink, observando Xen�filo, que estava conversando com muitas pessoas do outro lado da pista de dan�a.
- Porque..- respondeu Krum - se ele n�o � um convidado de Fleur, duelarei com ele, aqui e agora, para ver aquela marca imunda em seu peito!
- Marca?- perguntou Harry, olhando para Xen�filo tamb�m. Um estranho olho triangular estava brilhando em seu peito. -Por que? O que h� de errado?
-Grindelvald. � a marca de Grindelvald.
-Grindelvald... O bruxo das trevas que Dumbledore derrotou?
-Exatamente.
Os m�sculos maxilares de Krum se contra�ram, ent�o ele falou:
- Grindelvald matou muitas pessoas. Meu av�, por exemplo. Claro, ele n�o era poderoso neste pa�s, dizem que temia Dumbledore... e de fato, veja como tudo acabou. Mas este � disse, apontando o dedo para Xen�filo � este � seu s�mbolo, eu reconheci de imediato: Grindelvald o esculpiu em uma parede em Durmstrang quando era um aluno. Alguns ot�rios o copiaram em seus livros e roupas querendo chocar, para parecerem impressionantes... e at� pessoas que perderam membros de suas fam�lias para Grindelvald come�aram a v�-los com outros olhos.
Krum estalou as suas juntas amea�adoramente e lan�ou outro olhar para Xen�filo. Harry ficou perplexo. Parecia incrivelmente improv�vel que o pai de Luna apoiasse as Artes das Trevas, e ningu�m mais na tenda parecia haver reconhecido o s�mbolo triangular.
- Voc� er� tem certeza que � de Grindelvald?
- N�o me engano � disse Krum friamente. � Passei por esse s�mbolo durante v�rios anos, conhe�o-o bem.
- Bom, h� uma chance � disse Harry � que Xen�filo n�o saiba exatamente o que significa, os Lovegood s�o bem� diferentes. Ele poderia facilmente ter pego em algum lugar e achado que � um corte transversal da cabe�a de um Bufador de Chifre Enrugado ou algo do g�nero.
- Um peda�o de qu�?
- Eu n�o sei o que eles s�o, mas aparentemente, ele e a filha sa�ram nas f�rias para procur�-los...
Harry achou que estava fazendo um p�ssimo trabalho ao tentar explicar Luna e seu pai.
- Aquela � a filha � ele disse, apontando para Luna, que ainda dan�ava sozinha, movendo os bra�os ao redor da cabe�a como se algu�m estivesse tentando acerta-la com gnomos.
- Por que ela est� fazendo aquilo? � perguntou Krum.
- Provavelmente est� tentando se livrar de um zonz�bulo �wrackspurt� � disse Harry, que reconheceu os sintomas.
Krum pareceu n�o entender se Harry estava zombando dele. Ele tirou a varinha de dentro da t�nica e fez com ela um gesto significativo sobre a coxa; fagulhas sa�ram da ponta.
- Gregorovitch � disse Harry em voz alta, Krum percebeu, mas Harry estava muito excitado para se preocupar; a mem�ria havia voltado a ele quando viu a varinha de Krum. Lembrou de Olivaras pegando-a e examinando-a cuidadosamente antes do Torneio Tribruxo.
- O que tem ele? � Krum perguntou, intrigado.
- Ele � fabricante de varinhas!
- Eu sei disso � respondeu Krum.
- Ele fez sua varinha. Ent�o eu pensei� Quadribol�
Krum olhava para ele mais e mais intrigado.
- Como voc� sabe que Gregorovitch fez minha varinha?
- Eu� eu li em algum lugar. Acho � disse Harry � em uma revista de f�s... � ele improvisou e Krum olhou para ele convencido.
- N�o sabia que discutiam a minha varinha nas revistas de f�s � ele disse.
- Ent�o... Er� Onde est� Gregorovitch atualmente?
Krum pareceu confuso.
- Ele se aposentou h� muitos anos. Fui um dos �ltimos a comprar uma varinha de Gregorovitch. S�o as melhores... Embora, claro, eu saiba que voc�s ingleses compram as de Olivaras. Harry n�o respondeu. Ele fingiu observar os dan�arinos, como Krum, mas estava pensando. Ent�o Voldemort estava procurando por um famoso fabricante de varinhas, e Harry n�o havia percebido o motivo. � claro que foi por causa daquilo que a varinha de Harry fez quando Voldemort o perseguira pelos c�us. A varinha de azevinho e pena de f�nix havia vencido a emprestada, algo que Olivaras n�o havia previsto ou entendido. Ser� que Gregorovitch saberia? Seria ele realmente mais habilidoso que Olivaras, ser� que ele saberia segredos de varinhas que Olivaras n�o conhecia?
- Essa garota � muito bonita � disse Krum, trazendo Harry de volta � realidade. Krum apontava para Gina, que estava divertindo Luna. � Ela tamb�m � sua parente?
- Sim � disse Harry, repentinamente irritado. � E ela est� saindo com algu�m. Um tipo ciumento. Um cara grande. Voc� n�o gostaria de se topar com ele.
Krum grunhiu: - Qual a vantagem � disse ele, secando sua ta�a e levantando-se novamente � de ser um jogador de Quadribol famoso internacionalmente se todas as garotas bonitas j� t�m algu�m?
E saiu de perto da mesa, deixando Harry livre para apanhar um sandu�che de um gar�om que passava e dar uma volta pela pista de dan�a. Queria avisar Ron do que havia descoberto sobre Gregorovitch, mas ele estava dan�ando com Hermione bem no meio da pista.
Harry se apoiou contra um dos pilares dourados e observou Gina, que agora dan�ava com Lino Jordan, amigo de Fred e Jorge, tentando n�o ficar chateado pela promessa que fizera a Ron.
Ele nunca havia ido a um casamento antes, ent�o n�o sabia avaliar o quanto as celebra��es dos bruxos eram diferentes das dos trouxas, embora estivesse agradavelmente certo de que as dos trouxas n�o envolveriam um bolo de casamento com dois tipos de f�nix em cima, que voavam quando o bolo fosse cortado, ou garrafas de champagne que flutuavam sobre a multid�o. Conforme a tarde avan�ava, mariposas come�avam a pousar sobre o dossel, agora iluminado por lanternas douradas voadoras, a festan�a ficava mais e mais descontrolada. Fred e Jorge j� haviam desaparecido na escurid�o com um par de primas de Fleur; Carlinhos, Hagrid e um bruxo gordinho com o rosto levemente arroxeado cantavam alegremente "Ode a um Her�i" em um canto.
Perambulando pela multid�o tentando escapar de um tio b�bado de Ron que havia teimado que Harry era seu filho, Harry mirou um velho bruxo sentado sozinho em uma mesa. Sua nuvem de cabelos brancos o deixava mais parecido com um antigo rel�gio. Ele parecia familiar. Esfor�ando o c�rebro, Harry subitamente percebeu que era Elfias Doge, membro da Ordem da F�nix e autor do obitu�rio de Dumbledore.
Harry se aproximou dele.
- Posso me sentar?
- Claro, claro � disse Doge; ele tinha uma voz rouca, ligeiramente asm�tica.
Harry se inclinou para perto dele.
- Sr. Doge, eu sou Harry Potter.
Doge engasgou.
- Meu caro menino! Arthur me disse que voc� estaria aqui, disfar�ado... Estou t�o contente, t�o honrado!
Tremendo, com uma satisfa��o nervosa, Doge derramou sobre Harry uma ta�a de champagne.
- Pensei em escrever para voc� � sussurrou � ap�s Dumbledore... O choque... E para voc�, tenho certeza...
Seus olhos mi�dos brilharam com l�grimas repentinas.
- Vi o obitu�rio que voc� escreveu para o Profeta Di�rio � disse Harry. � N�o sabia que conhecia o Professor Dumbledore t�o bem.
- T�o bem como qualquer um � disse Doge, secando os olhos com um guardanapo. � Eu certamente o conhecia h� mais tempo, sem contar Aberforth... E n�o sei por que, ningu�m nunca o conta.
- Falando no Profeta Di�rio� N�o sei se o Sr. viu, Sr. Doge...?
- Por favor, me chame de Elfias, caro rapaz.
- Elfias, n�o sei se voc� viu a entrevista que Rita Skeeter deu sobre Dumbledore?
A face de Doge ficou imediatamente avermelhada.
- Oh sim, Harry, eu vi. Aquela mulher, ou urubu, seria um termo mais adequado, ela positivamente me importunou a falar com ela, tenho vergonha de dizer que fui um tanto rude, disse que era uma truta intrometida, o que resultou, como voc� deve ter visto, em indiretas a respeito da minha sanidade.
- Bom, nessa entrevista � Harry continuou � Rita Skeeter insinuou que o Professor Dumbledore estava envolvido com as Artes das Trevas quando jovem.
- N�o acredite em uma �nica palavra disso! � disse Doge, de uma s� vez. � Nenhuma Harry! N�o deixe que nada macule suas lembran�as de Alvo Dumbledore!
Harry olhou para a face estreita e enrugada de Doge e se sentiu, n�o receoso, mas frustrado. Ser� que Doge realmente achava que seria t�o f�cil, que Harry poderia simplesmente escolher n�o acreditar? Ele n�o entendia que Harry precisava ter certeza, saber tudo?
Talvez Doge houvesse suspeitado dos sentimentos de Harry, pois pareceu interessado e preocupado.
- Harry, Rita Skeeter � uma maldita...
Mas foi interrompido por um cacarejo estridente.
- Rita Skeeter? Oh, eu a amo, sempre leio sua coluna!
Harry e Doge olharam para cima e viram Tia Muriel parada ali, com plumas dan�ando em seu cabelo, uma ta�a de champanhe na m�o.
- Ela est� escrevendo um livro sobre Dumbledore, voc�s sabem!
- Ol�, Muriel � disse Doge. � Sim, est�vamos justamente discutindo...
- Voc� a�, me d� sua cadeira! Eu tenho cento e sete anos!
Outro primo Weasley ruivo pulou de seu assento, parecendo alarmado, e a Tia Muriel mergulhou nele com surpreendente agilidade e se acomodou entre Doge e Harry.
- Ol�, novamente, Barny ou o que quer que seja � disse a Harry. � Agora, sabem o que est�o falando de Rita Skeeter, Elfias? Ela est� escrevendo uma biografia de Dumbledore. Mal posso esperar para ler. Devo lembrar de encomendar uma c�pia na Floreios e Borr�es!
Doge parecia s�rio e solene, mas tia Muriel secou a ta�a em um gole e estalou os dedos ossudos para um gar�om que passava voltar a ench�-la. Ent�o, tomou um grande gole, arrotou e disse:
- N�o precisam ficar me olhando como um par de sapos empalhados! Antes de se tornar t�o respeitado e reverenci�vel e tudo o mais, houve uns rumores engra�ados sobre Alvo!
- Fofocas. � disse Doge, ficando novamente vermelho.
- Voc� pode dizer isso, Elfias � cacarejou Tia Muriel. � J� notei como voc� passou por cima de certos assuntos naquele seu obitu�rio!
- Sinto muito que voc� pense assim � disse Doge, ainda mais frio. � Garanto a voc� que escrevi de cora��o.
- Oh, todos sabemos como voc� idolatrava Dumbledore; ouso mesmo dizer que voc� ainda acha que ele seja um santo mesmo que isso signifique esquecer o que ele fez com sua irm� Aborto!
- Muriel! � exclamou Doge.
Um arrepio que n�o tinha nada a ver com a champanhe gelada foi sentido dentro do peito de Harry.
- O que voc� quer dizer? � ele perguntou a Muriel. � Quem disse que a irm� dele era um aborto? Pensei que ela fosse doente.
- Ent�o voc� pensou errado, n�o �, Barry? � disse tia Muriel, parecendo deliciada com o efeito de suas palavras. � De qualquer forma, como voc� poderia esperar saber algo sobre esse assunto? Tudo aconteceu muitos anos antes de voc� ser sequer um pensamento, meu querido, e a verdade � que aqueles de n�s que j� eram vivos nunca souberam o que realmente aconteceu. Por isso eu n�o posso esperar para ver o que Skeeter descobriu! Dumbledore manteve sua irm� escondida por muito tempo!
- N�o � verdade! � ofegou Doge. � Absolutamente falso!
- Ele nunca me disse que a irm� era um aborto � disse Harry, sem pensar, ainda gelado por dentro.
- E por que motivo ele diria isso a voc�? � guinchou Muriel, se remexendo um pouco no assento enquanto tentava focalizar Harry.
- O motivo pelo qual Alvo nunca falou de Ariana � come�ou Elfias, com a voz embargada pela emo��o � �, devo imaginar, muito claro. Ele esteve t�o devastado com sua morte...
- E por que ningu�m mais a viu, Elfias? � grasnou Muriel. � Por que metade de n�s sequer sabia que ela existia at� que eles carregaram o caix�o para fora da casa e fizeram um funeral para ela? Onde estava o santo Alvo enquanto Ariana esteve trancada no por�o? Certamente brilhando em Hogwarts, e deixando de lado o que acontecia em sua pr�pria casa!
- O que voc� quer dizer com trancada no por�o? � perguntou Harry. � O que � isso?
Doge parecia miser�vel. Tia Muriel cacarejou novamente e respondeu a Harry:
- A m�e de Dumbledore era uma mulher terr�vel, simplesmente terr�vel. Nascida trouxa, embora eu j� tenha ouvido que ela fingia ser outra coisa...
- Ela nunca fingiu nada assim! Kendra era uma boa mulher � sussurrou Doge, angustiado, mas Tia Muriel o ignorou.
- � o que voc� diz, Elfias, mas explique, ent�o, por que ela nunca foi a Hogwarts! � disse Tia Muriel. Ela voltou-se para Harry. � em nossa �poca, Abortos eram freq�entemente renegados, embora fosse um extremo aprisionar uma garotinha em casa e fingir que ela n�o existia...
- Estou dizendo, isso n�o aconteceu! � disse Doge, mas Tia Muriel apenas evirou os olhos, ainda se dirigindo a Harry.
- Abortos eram normalmente enviados a escolas trouxas e encorajados a integrar a comunidade trouxa... Muito melhor que tentar encontrar para eles um lugar no mundo m�gico, onde sempre seriam cidad�os de segunda classe, mas naturalmente Kendra Dumbledore nem sonharia em deixar a filha ir a uma escola trouxa...
- Ariana era doente! � disse Doge, desesperadamente. � Sua sa�de sempre foi fr�gil para permitir que ela...
- Para permitir que ela sa�sse de casa? � cacarejou Muriel. � E ainda assim ela jamais foi levada a Hospital St. Mungus e nenhum Curandeiro jamais a viu?
- Realmente, Muriel, como voc� pode saber se...
- Para sua informa��o, Elfias, meu primo Lancelot era um Curandeiro em St. Mungus naquela �poca, e ele falou para minha fam�lia em estrita confid�ncia que Ariana nunca foi vista ali. Lancelot achava isso muito suspeito!
Doge parecia estar � beira das l�grimas. Tia Muriel, que parecia enormemente satisfeita consigo mesma, estalou os dedos em busca de mais champanhe. Harry pensou nebulosamente em como os Dursley j� haviam feito ele se calar, trancando-o, mantido-o em segredo, tudo pelo crime de ser um bruxo. Teria a irm� de Dumbledore sofrido o mesmo destino ao contr�rio: aprisionada por sua falta de magia? E teria Dumbledore realmente deixado-a ao sabor do seu destino enquanto ia para Hogwarts e mostrava como era talentoso e brilhante?
- Agora, se Kendra n�o houvesse morrido antes � resumiu Muriel � eu diria que foi ela que acabou com Ariana...
- Como voc� pode, Muriel! � grunhiu Doge � Uma m�e matar a pr�pria filha? Pense no que est� dizendo!
- Se a pr�pria m�e for capaz de aprisionar a pr�pria filha por anos a fio, por que n�o? � volveu Tia Muriel, pensativamente. �Mas eu digo, se n�o fosse por Kendra ter morrido antes de Ariana, ningu�m teria certeza disso.
-Sim, Ariana fez uma tentativa desesperada para se libertar e matou Kendra- disse Tia Muriel pensativamente� balance a cabe�a o quanto quiser, Elfias. Voc� esteve no funeral de Ariana, n�o?
- Sim, estive � disse Doge, com os l�bios tr�mulos � E foi a situa��o mais triste e desesperadora que posso me lembrar. Alvo estava com o cora��o partido...
- Seu cora��o n�o era a �nica coisa. N�o se lembra que Aberforth quebrou o nariz de Alvo a caminho da cerim�nia f�nebre?
Se Doge j� parecia aterrorizado antes disso, n�o era nada em compara��o com seu aspecto agora. Muriel poderia t�-lo apunhalado. Ela cacarejou em voz alta e tomou outro gole de champanhe, que escorreu por seu queixo.
- Como voc�... � crocitou Doge.
- Minha m�e era amiga da velha Bathilda Bagshot � disse Tia Muriel, alegremente. � Bathilda descreveu tudo para minha m�e e eu escutei atr�s da porta. Uma rixa ao lado do caix�o. Pelo que Bathilda disse, Aberforth gritou que era tudo culpa de Alvo, que Ariana estava morta e ent�o socou sua cara. De acordo com Bathilda, Alvo sequer se defendeu, e isso j� foi bem esquisito. Alvo poderia ter destru�do Aberforth em um duelo com as duas m�os amarradas nas costas.
Muriel tomou ainda mais champanhe.
A narrativa de todos aqueles esc�ndalos parecia entret�-la tanto quanto horrorizava Doge. Harry n�o sabia o que pensar, em que acreditar. Ele queria a verdade e ainda assim tudo o que Doge fazia era ficar ali sentado repetindo fracamente que Ariana estivera doente. Harry mal podia acreditar que Dumbledore n�o tivesse interferido na tamanha crueldade que aconteceu dentro de sua pr�pria casa, e ainda assim, havia algo indubitavelmente estranho na hist�ria.
- E vou dizer mais � continuou Muriel, solu�ando alto ao pousar a ta�a. � Acho que Bathilda entregou tudo a Rita Skeeter. Todas essas notas na entrevista da Skeeter sobre uma fonte importante perto dos Dumbledores... Deus sabe que ela esteve por l� durante toda essa coisa com a Ariana, e poderia ser ela!
- Bathilda jamais falaria para Rita Skeeter � sibilou Doge.
- Bathilda Bagshot? � Harry disse. � A autora de Hist�ria da Magia?
O nome estivera impresso na capa de um dos livros escolares de Harry, embora ele admitisse que n�o lera com muita aten��o.
- Sim � disse Doge, se agarrando a pergunta como um homem afogado que se agarra a uma b�ia. � Uma das melhores historiadoras m�gicas e velha amiga de Alvo.
- Meio gag� atualmente, ouvi dizer � acrescentou Tia Muriel animadamente.
- Se � assim, � ainda mais vergonhoso para Skeeter tirar vantagem dela � disse Doge, - e nenhum cr�dito pode ser dado a o que Bathilda tenha dito!
- Oh, h� maneiras de trazer de volta as mem�rias, e tenho certeza que Rita Skeeter conhece todas elas � disse Tia Muriel. � Mas mesmo se Bathilda estiver completamente lel�, tenho certeza que ainda tem velhas fotografias, talvez at� cartas. Ela conhecia os Dumbledores h� anos� Bem, valeria uma viagem a Godric�s Hollow,eu penso.
Harry, que estivera tomando um gole de cerveja amanteigada, engasgou. Doge bateu em suas costas enquanto ele tossia, olhando para Tia Muriel por entre as l�grimas
Quando recobrou o controle da voz, ele perguntou:
- Bathilda Bagshot mora em Godric's Hollows?
- Oh sim, ela est� l� h� uma eternidade! Os Dumbledore se mudaram para l� depois que Percival foi preso, e ela era a vizinha.
- Os Dumbledores moravam em Godric's Hollows?
- Sim, Barry, foi o que eu acabei de dizer � reiterou Tia Muriel.
Harry se sentiu sugado, vazio. Nunca, jamais, em seis anos, Dumbledore havia dito a Harry que ambos haviam vivido e perdido pessoas queridas em Godric's Hollow. Por qu�? Ser� que L�lian e Tiago haviam sido enterrados perto da irm� e da m�e de Dumbledore? Teria ele visitado suas sepulturas, talvez caminhado at� a de L�lian e de Tiago para isso? E ele nunca contara a Harry� Jamais se importou em dizer...
E porque isso era importante, Harry n�o poderia explicar nem para si mesmo, mas mesmo assim sentia que era quase uma mentira n�o contar a ele que tinham essas experi�ncias em comum. Ele se ergueu, mal notando o que acontecia ao seu redor, e n�o percebeu que Hermione surgira da multid�o at� que se deixou cair em uma cadeira ao seu lado.
- Eu simplesmente n�o posso mais dan�ar... � ela ofegou, tirando um dos sapatos e esfregando a sola do p�. � Ron foi procurar mais cervejas amanteigadas. � um pouco estranho, eu acabei de ver Victor se afastando do pai da Luna, parecia que eles tinham discutido... � ela baixou a voz, olhando para ele � Harry, voc� est� bem?
Harry n�o sabia por onde come�ar, mas isso n�o importava, naquele momento, alguma coisa grande e prateada baixou do dossel at� a pista de dan�a.
Gracioso e brilhante, o lince pousou levemente no meio dos dan�arinos at�nitos. Cabe�as se viraram, os mais pr�ximos congelaram no meio da dan�a. Ent�o a boca do patrono se abriu e ele falou com a voz profunda e lenta de Kingsley Shaklebolt:
- O Minist�rio caiu. Scrimgeour est� morto. Eles est�o chegando.
Equipe Armada Tradutora
Tradu��o por Felipe Don Ferrari e Tonks Snape
Revis�o por Tonks Snape e Juliana Badin
- CAP�TULO NOVE -
Um lugar para se esconder
Tudo parecia desfocado, devagar. Harry e Hermione pularam e sacaram suas varinhas. Muitas pessoas acabavam de notar que alguma coisa estranha tinha acontecido. Alguns ainda olhavam para o gato prateado enquanto ele sumia. O sil�ncio espalhou-se em ondas frias ao redor do lugar onde o patrono apareceu. Ent�o algu�m gritou.
Harry e Hermione seguiram a multid�o em p�nico. Convidados corriam em todas as dire��es, alguns estavam desaparatando, os feiti�os de prote��o ao redor da Toca tinham sumido.
� Rony! � Hermione gritou. � Rony, onde voc� est�?
Enquanto eles passavam pela pista de dan�a, Harry viu figuras mascaradas e vestidas com capa aparecendo na multid�o, ent�o ele viu Lupin e Tonks, suas varinhas erguidas, e escutou os dois gritarem, �Protego!�, um choro ecoou por todos os lados.
� Rony! Rony! � Hermione gritava, meio solu�ando, enquanto ela e Harry eram empurrados pelos convidados aterrorizados. Harry levantou sua m�o para ter certeza de que eles n�o seriam separados enquanto os tra�os de luz passavam pelas suas cabe�as; se eram feiti�os protetores ou alguma coisa mais sinistra, ele n�o sabia.
E ent�o Rony estava l�. Ele agarrou o bra�o livre de Hermione e Harry a sentiu girar; vis�o e som se extinguiram enquanto a escurid�o o pressionava. Tudo que ele podia sentir era a m�o de Hermione enquanto era espremido atrav�s do tempo e do espa�o para longe da Toca, para longe dos rec�m-chegados comensais, para longe, talvez, de Voldemort em pessoa.
� Onde estamos? � disse a voz de Rony.
Harry abriu os olhos. Por um momento, ele pensou que n�o tinha sa�do do casamento, eles ainda pareciam cercados de gente.
� Estrada da Corte Tottenham � afirmou Hermione. � Ande, apenas ande. N�s precisamos encontrar um lugar pra voc�s trocarem de roupa.
Harry fez como ela pediu. Eles meio que andaram, meio que correram pela rua escura, deserta, cheia de coisas reveladoras e lojas fechadas, as estrelas reluzindo acima deles. Um �nibus de dois andares passou fazendo barulho e um grupo de freq�entadores de bar os observou enquanto eles passavam. Harry e Rony ainda vestiam ternos.
� Hermione, n�o temos nada pra vestir � Rony disse para ela, enquanto uma adolescente dava risadinhas abafadas para Rony.
� Por que eu n�o trouxe minha Capa de Invisibilidade? � disse Harry culpando a si mesmo por sua estupidez. � Todo o ano passado eu a carreguei e...
� Tudo bem, eu peguei a capa e roupas para voc�s dois � disse Hermione. � Apenas tente agir naturalmente at� que... Aqui vai dar certo.
Ela os levou at� uma rua paralela e depois para dentro do abrigo de um beco escuro.
� Quando voc� diz que est� carregando a capa, as roupas... � disse Harry, franzindo as sobrancelhas para ela, que estava carregando nada mais que sua pequena bolsa de m�o onde agora estava mexendo.
� Sim, est�o aqui � disse Hermione, e para a surpresa de Harry e Rony, ela tirou uma cal�a jeans, uma camiseta, algumas meias marrons e finalmente a capa prateada.
� Mas como � que...?
� Feiti�o de extens�o indetect�vel � disse Hermione. � Arriscado, mas eu acho que fiz tudo certo. De qualquer modo, eu consegui colocar tudo que precis�vamos aqui. � Ela deu uma chacoalhada na bolsa de aspecto fr�gil que ecoou como se levasse uma carga de v�rios objetos pesados. � Nossa! Deve ser os livros � ela disse olhando dentro da bolsa. � E eu tinha separado por assunto... Ah, bem... Harry, � melhor voc� pegar sua Capa de Invisibilidade. Rony, troque-se logo.
� Quando voc� fez tudo isso?
� Eu te disse na Toca, eu tinha todo o essencial ensacado h� dias. Caso a gente precisasse fazer uma sa�da r�pida, sabe? Eu guardei suas coisas essa manh�, Harry, depois de voc� ter se trocado, e coloquei tudo aqui. Eu tive um pressentimento...
� Voc� � maravilhosa, com certeza � disse Rony dando a ela suas roupas enxovalhadas.
� Obrigada � disse Hermione dando um pequeno sorriso enquanto colocava as roupas na bolsa.
� Por favor, Harry! Coloque a capa!
Harry jogou sua Capa de Invisibilidade nos ombros e sobre a cabe�a, sumindo de vista. Ele tinha acabado de se dar conta do que tinha acontecido.
� Os outros.. Todo mundo no casamento...
� N�s n�o podemos nos preocupar com isso agora � sussurrou Hermione. � � atr�s de voc� que eles est�o, Harry, e n�s colocaremos todo mundo em mais perigo se voltarmos.
� Ela est� certa � disse Rony, que sabia que Harry estava a ponto de discutir mesmo que n�o pudessem ver seu rosto. � A maioria dos membros da Ordem estava l�... Eles tomam conta de todo mundo.
Harry fez que sim com a cabe�a, lembrou que eles n�o podiam v�-lo e disse: ��.� Mas pensou em Gina e o medo queimou feito �cido em seu est�mago.
� Vamos. Eu acho que n�s devemos ir � disse Hermione.
Eles voltaram para a rua e depois novamente para a avenida principal.
� S� por curiosidade, por que Estrada da Corte Tottenham? � Rony perguntou a Hermione.
� N�o tenho id�ia, simplesmente apareceu na minha cabe�a, mas eu tenho certeza de que estamos mais salvos no mundo bruxo, eles n�o esperam nos encontrar aqui.
� Verdade � disse Rony olhando ao redor. � Mas voc� n�o se sente um tanto exposta?
� Onde mais? Perguntou Hermione encolhendo-se enquanto os homens do outro lado da rua come�aram a uivar que nem lobos. � N�s n�o vamos conseguir quartos no Caldeir�o Furado, vamos? E Grimmauld Place est� fora de quest�o porque Snape pode entrar l�. Eu acho que podemos tentar minha casa, apesar de haver uma chance de os comensais irem l� checar. Ai, eu queria que eles calassem a boca!
� Tudo bem, gracinha? � o mais b�bado dos homens na outra cal�ada gritava. � Gostaria de tomar um drinque? Anime-se e venha tomar um gole!
� Vamos sentar em algum lugar! � Hermione disse rispidamente enquanto Rony abria a boca para gritar de volta:
� Olha, deve servir, aqui!
Era um pequeno e sujo caf� 24 horas. Uma luz cor de graxa pairava em todas as mesas de f�rmica, mas pelo menos estava vazio. Harry sentou primeiro em uma cabine e Rony sentou-se do seu lado, de frente para Hermione que estava de costas para a entrada e n�o gostava nada disso. Ela olhava sobre o ombro t�o freq�entemente que parecia ter um tique nervoso. Harry n�o gostava de ficar parado, andar dava a sensa��o de que eles tinham uma dianteira. Por detr�s da capa, ele podia sentir os �ltimos vest�gios da po��o Polissuco desaparecer, suas m�os retornando ao tamanho e forma normais. Ele tirou seus �culos do bolso e os colocou de novo.
Depois de um ou dois minutos, Rony disse:
� Sabe? N�s n�o estamos longe do Caldeir�o Furado, � ali na Charing Cross.
� Rony, n�o podemos! � afirmou Hermione de uma vez.
� N�o pra ficar l�, mas pra saber o que est� acontecendo!
� N�s sabemos o que est� acontecendo! Voldemort tomou o Minist�rio da Magia, o que mais precisamos saber?!
� T� bom, tudo bem, era s� uma id�ia!
Eles ca�ram em um sil�ncio inc�modo. A gar�onete que mascava chicletes passou e Hermione pediu dois cappuccinos: como Harry estava invis�vel, ia parecer estranho pedir um para ele. Um par de trabalhadores entrou no caf� e se espremeu na outra cabine. Hermione baixou a voz para um suspiro.
� Eu digo que devemos achar um lugar calmo para desaparatar e ir para o campo. Quando estivermos l�, mandamos uma mensagem para a Ordem.
� Voc� pode fazer aquela coisa do patrono falante? � perguntou Rony.
� Eu tenho praticado e acho que sim � disse Hermione.
� Bem, contanto que eles n�o se metam em encrenca, apesar de que j� devem estar presos nesse momento. Deus, isso � revoltante � Rony acrescentou depois de dar um gole no seu caf� ralo e espumoso. A gar�onete ouviu; lan�ou a Rony um olhar de desprezo enquanto passava para pegar os pedidos dos outros fregueses. O maior dos dois homens, que era loiro e enorme, acenava para que ela fosse embora na hora que Harry olhou. Ela o encarou irritada.
� Vamos indo ent�o, eu n�o quero mais beber essa porcaria � disse Rony. � Hermione, voc� tem dinheiro trouxa para pagar isso?
� Sim, eu peguei todo meu dinheiro guardado antes de ir � Toca. Eu aposto que todos os trocados est�o a� no fundo � apontou Hermione pegando sua bolsa frisada.
Os dois homens fizeram movimentos id�nticos e Harry imitou sem nem ter consci�ncia do que fazia. Os tr�s sacaram suas varinhas. Rony, que percebeu segundos depois o que acontecia, pulou na mesa e puxou Hermione para baixo de sua cadeira. A for�a dos feiti�os dos comensais foi tanta que espatifou o teto no lugar onde a cabe�a de Rony estava segundos antes, enquanto Harry, ainda invis�vel, gritava: �Estupefa�a!�
O grande e loiro Comensal da Morte foi atingido no rosto por um raio de luz. Ele caiu de lado, inconsciente. Seu companheiro, sem poder ver quem lan�ou o feiti�o, lan�ou outro em Rony. Cordas pretas voaram da ponta de sua varinha e ataram Rony dos p�s a cabe�a � a gar�onete correu para a porta. Harry lan�ou outro feiti�o estuporante no comensal com o rosto retorcido que tinha atado Rony, mas o feiti�o errou, bateu em uma parede e voltou na gar�onete que caiu em frente � porta.
� Expulso! � gritou o comensal e a mesa em frente a Harry explodiu. A for�a da explos�o o mandou para a parede e ele sentiu sua varinha voar enquanto a capa sa�a de seu corpo.
� Petrificus Totalus! � gritou Hermione fora de vis�o e o comensal caiu como uma est�tua com um estalido alto na bagun�a de lou�a quebrada, mesas e caf�. Hermione rastejou debaixo do banco sacudindo o cabelo para tirar os cacos e tremendo.
� D-diffind! � ela disse apontando a varinha para Rony, que gritou de dor quando ela abriu um buraco no seu jeans, deixando um corte profundo na pele. � Desculpe-me Rony, minhas m�os est�o tremendo! Diffindo!
As cordas apertadas ca�ram. Rony levantou sacudindo seus bra�os para voltar a senti-los. Harry pegou de volta sua varinha e andou por sobre os escombros at� onde o grande comensal estava esparramado entre as cadeiras.
� Eu devia t�-lo reconhecido, ele estava l� na noite que Dumbledore morreu � ele disse. Ele virou o comensal mais escuro com seu p�, os olhos do homem estavam se movendo rapidamente entre Harry, Rony e Hermione.
� Este � Dolohov � disse Rony. � Eu o reconheci pelos p�steres de procurado. Eu acho que o grande � Thorfinn Rowle.
� N�o importa como eles se chamam! � disse Hermione um pouco hist�rica. � Como eles descobriram a gente? O que n�s vamos fazer?
De algum modo, o p�nico na voz dela clareou a mente de Harry.
� Tranque a porta � ele disse pra ela. � E ,Rony, desligue as luzes.
Ele olhava abaixo para o Dolohov paralisado e pensava r�pido enquanto a fechadura fazia um click e Rony usava o Apagueiro para p�r o caf� na escurid�o. Harry podia ouvir os homens que antes tinham gritado para Hermione fazer a mesma coisa com outra garota em algum lugar distante.
� O que n�s vamos fazer com eles? � Rony falou baixinho para Harry em meio � escurid�o, ent�o disse ainda mais r�pido: � Mat�-los? Eles iam nos matar. Fizeram uma boa tentativa agora. � Hermione deu um passo pra tr�s e Harry balan�ou a cabe�a.
� N�s temos apenas que apagar suas mem�rias � disse Harry. � � melhor desse jeito, n�s tiramos eles de cena. Se n�s os matarmos, vai ficar �bvio que estivemos aqui.
� Voc� � quem manda � disse Rony soando profundamente aliviado. � Mas eu nunca fiz um feiti�o de mem�ria.
� Nem eu � disse Hermione. � Mas eu sei a teoria. � Ela respirou calma e brevemente e ent�o apontou a varinha para a testa de Dolohov e disse: � Obliviate!
Na mesma hora os olhos de Dolohov ficaram fora de foco.
� Brilhante! � disse Harry batendo nas costas da garota. � Cuida do outro e da gar�onete enquanto eu e Rony limpamos o lugar...
� Limpar? � disse Rony olhando para o caf� quase destru�do. � Por qu�?
� Voc� n�o acha que eles v�o imaginar o que aconteceu caso acordem e encontrem um lugar que parece ter sido bombardeado?
� Ah, �... Verdade.
Rony demorou um momento antes de tirar a varinha do seu bolso.
� N�o � � toa que n�o consigo tir�-la, Hermione. Voc� empacotou meu jeans velho, est� apertado.
� Desculpa � sussurrou Hermione enquanto tirava a gar�onete da vista da janela, Harry a escutou dando uma sugest�o de onde Rony poderia colocar a sua varinha.
Uma vez que o caf� tinha voltado a sua condi��o anterior, eles levantaram os comensais e os colocaram de novo nas suas cadeiras, arrumando para que ficassem um de frente pro outro.
� Mas como eles nos acharam? � Hermione perguntou olhando de um homem inerte para o outro. � Como eles descobriram onde nos encontrar?
Ela se virou para Harry.
� Voc�-voc� acha que ainda tem o Rastro em voc�, acha Harry?
� Ele n�o pode ter - disse Rony. � O rastro rompe-se na hora que voc� faz dezessete, isso � lei dos bruxos, n�o pode ser colocado em adultos.
� At� onde eu sei � disse Hermione �, mas e se os comensais acharam um jeito de colocar em um adolescente de dezessete anos?
� Mas Harry n�o esteve perto de um comensal nas �ltimas vinte e quatro horas. Quem poderia ter colocado o rastro nele?
Hermione n�o respondeu. Harry se sentia contaminado, doente: ser� que foi assim que os comensais tinham achado-lhe?
� Se eu n�o posso usar magia e voc�s tamb�m n�o podem usar quando est�o comigo sem denunciar nossa posi��o... � ele come�ou.
� N�s n�o vamos nos separar � disse Hermione com firmeza.
� N�s precisamos de um lugar seguro para nos esconder � disse Rony. � D�-nos tempo pra pensar nas coisas direito.
� Grimmauld Place � lembrou Harry.
Os outros dois gemeram.
� N�o seja burro, Harry. Snape pode entrar l�!
� O pai do Rony disse que eles colocaram feiti�os no lugar contra o Snape e mesmo que eles n�o funcionem... � ele falou correndo quando Hermione parecia querer discutir � E a�? Eu juro, n�o tem nada que eu queira mais do que encontrar Snape!
� Mas...
� Hermione, onde mais? � a melhor chance que n�s temos. Snape � s� um comensal. Se eu ainda tiver o Rastro, n�s teremos montes de comensais onde quer que a gente v�.
Ela n�o tinha mais argumentos para usar, mesmo parecendo que se os tivesse, ia adorar us�-los.
Enquanto ela destrancava a porta, Rony acionava o Apagueiro e devolvia a luz ao caf�. E assim que Harry contou at� tr�s, eles reverteram os feiti�os nas suas tr�s v�timas, e antes que a gar�onete ou algum dos dois comensais pudessem fazer algo mais do que se espregui�ar, Harry, Rony e Hermione giraram e sumiram na escurid�o compressora mais uma vez.
Segundos depois, os pulm�es de Harry expandiram-se agradecidos e ele abriu os olhos: agora eles estavam parados no meio de uma pequena e suja rua familiar. Casas grandes e r�sticas lhes cercavam por todos os lados. O n�mero doze estava vis�vel para eles porque Dumbledore havia dito-lhes que ela existia, ele era o guardi�o do segredo. Eles correram para alcan��-lo checando de metro em metro se n�o estavam sendo seguidos ou observados. Subiram nos degraus de pedra e Harry bateu na porta uma vez com a varinha. Eles ouviram uma s�rie de cliques met�licos e a porta abriu-se com barulho, ent�o entraram correndo pela ante-sala.
Assim que Harry fechou a porta atr�s de si, as velhas lamparinas criaram vida jogando uma luz vacilante em toda a extens�o do corredor. Era como Harry lembrava: um corrim�o comido por tra�as, as silhuetas das cabe�as dos elfos nas paredes jogando estranhas sombras na escadaria. Longas cortinas negras escondiam o retrato da m�e de Sirius. A �nica coisa fora de lugar era a perna de trasgo, onde se encostavam os guarda-chuvas, que estava ca�da de lado como se Tonks tivesse derrubado outra vez.
� Eu acho que algu�m esteve aqui � Hermione sussurrou, apontando para a perna de trasgo.
� Aquilo pode ter acontecido quando a Ordem foi embora.
� Ent�o onde est�o os feiti�os que eles colocaram contra Snape? � Harry perguntou.
� Talvez eles s� entrem em a��o caso Snape apare�a � sugeriu Rony.
Eles ainda permaneciam juntos � ma�aneta, grudados na porta, com medo de entrar na casa.
� Bem... N�o podemos ficar aqui pra sempre � disse Harry dando um passo � frente.
� Severo Snape? � A voz de Olho-Tonto Moody ecoou na escurid�o fazendo os tr�s pularem assustados.
� N�o somos Snape! � esgani�ou Harry antes de alguma coisa t�-lo atingido como um vento frio passando por ele e enrolando sua l�ngua, fazendo com que fosse imposs�vel falar. Mas antes que ele tivesse a chance de senti-la, sua l�ngua tinha se desenrolado dentro da sua boca.
Os outros dois pareciam ter experimentado a mesma sensa��o ruim. Rony fazia barulhos com a boca e Hermione gaguejava:
� Isso de-deve s-ser o f-feiti�o co-cola l-l�ngua que Olho-Tonto deixou para Snape!
Cuidadosamente, Harry deu outro passo adiante. Alguma coisa moveu-se nas sombras do fim do corredor e, antes que qualquer um deles pudesse dizer alguma coisa, uma figura levantou do carpete, alta, acinzentada e terr�vel. Hermione gritou e Sra. Black fez o mesmo enquanto suas cortinas se abriam. A figura cinza estava deslizando r�pido at� eles, mais e mais r�pido, seus cabelos compridos e a barba balan�ando atr�s, seu rosto como o de um cad�ver, descarnado, com buracos vazios no lugar dos olhos: horrivelmente familiar, terrivelmente alterado, ele levantou um bra�o apontando pra Harry.
� N�o! � Harry gritou e apesar de ter levantado sua varinha nenhum feiti�o lhe ocorreu. � N�o! N�o fomos n�s! N�o matamos voc�!
Com a palavra �matamos�, a figura explodiu em uma grande nuvem de poeira: tossindo, seus olhos lacrimejando, Harry olhou ao redor para ver Hermione, agachada no ch�o com as m�os sobre a cabe�a, e Rony, que tremia dos p�s a cabe�a dando tapinhas em seu ombro e dizendo:
� T� tudo bem... Ele se foi...
A poeira aglutinou-se ao redor Harry como n�voa, capturando a luz azul da lamparina enquanto a Sra. Black continuava a gritar.
� Sangues ruins, sujeira, manchas de vergonha, vergonha da casa dos meus pais!
� CALA A BOCA! � Harry gritou direcionando sua varinha para ela e com um estouro e fa�scas vermelhas as cortinas fecharam e ela foi silenciada.
� Aquele... Aquele era... � Hermione choramingou enquanto Rony ajudava-lhe a se levantar.
� � � disse Harry. � Mas n�o era ele de verdade, era? Apenas alguma coisa para aterrorizar o Snape.
Ser� que funcionou?, Harry pensou, Ou Snape teria passado pela figura casualmente, do mesmo jeito que matou o verdadeiro Dumbledore? Os nervos ainda tensos, ele levou os outros dois pelo corredor, meio esperando algo aterrorizante aparecer, mas nada se moveu al�m de um esqueleto de rato no v�o do corredor.
� Antes de n�s irmos mais longe, acho melhor checar � sussurrou Hermione. E ela levantou a varinha e disse: � Homenum revelio!
Nada aconteceu.
� Bem, voc� teve um grande choque � disse Rony amavelmente. � O que aquilo devia fazer?
� Ele fez o que deveria fazer! � disse Hermione rispidamente. � Aquilo era um feiti�o para revelar presen�a humana e n�o tem ningu�m aqui a n�o ser n�s!
� E o velho empoerado* � disse Rony olhando para o peda�o de carpete de onde a figura humana emergiu.
� Vamos subir � disse Hermione com um olhar assustado para o ch�o, e ela seguiu na frente pelas escadas barulhentas at� a sala de pintura no primeiro andar.
Hermione agitou sua varinha para ligar as velhas lamparinas e ent�o, tremendo de frio, ela sentou no sof� do quarto de pintura, seus bra�os apertados com for�a em volta de si. Rony foi at� a janela e afastou as cortinas um pouco.
� N�o posso ver ningu�m l� fora � ele disse. � Harry, voc� acha que se ainda tivesse um Rastro em voc� eles teriam seguido a gente at� aqui? Eu sei que eles n�o podem entrar na casa, mas... O que aconteceu, Harry?
Harry soltou um uivo de dor: sua cicatriz queimou como se alguma coisa passasse atrav�s da sua mente como luz na �gua. Ele viu uma sombra e sentiu uma f�ria que n�o era sua tomando conta do seu corpo, violenta e r�pida como um choque el�trico.
� O que voc� viu? � Rony perguntou avan�ando para Harry. � Voc� o viu na minha casa?
� N�o, eu s� senti raiva. Ele est� com muita raiva.
� Mas ele pode estar na Toca � disse Rony alto. � O que mais? Voc� viu alguma coisa? Ele estava enfeiti�ando algu�m?
� N�o, eu s� senti raiva. N�o poderia dizer...
Harry sentia-se invadido, confuso, e Hermione n�o ajudou quando disse numa voz apavorada:
� Sua cicatriz de novo? Mas o que est� acontecendo? Eu achei que essa conex�o j� tinha se fechado!
� Fechou-se por um tempo � murmurou Harry, sua cicatriz ainda estava dolorida, o que fez com que fosse dif�cil se concentrar. � Eu... Eu acho que ela se abre de novo quando ele perde o controle. Era assim que costumava aconte�
� Mas voc� tem que fechar sua mente! � Hermione falou esgani�ada. � Harry, Dumbledore n�o queria que voc� usasse essa conex�o, ele queria que voc� a fechasse. � por isso que voc� aprendia Oclum�ncia! Caso contr�rio, Voldemort pode plantar falsas imagens na sua mente, lembra?
� Sim, eu me lembro, obrigado � disse Harry com dentes cerrados; ele n�o precisava que Hermione dissesse-lhe que um dia Voldemort usou essa mesma conex�o para lev�-lo a uma armadilha, nem que isso resultou na morte de Sirius. Ele desejou n�o ter dito nada sobre o que viu e sentiu, fez Voldemort parecer mais amea�ador, como se ele estivesse pressionando seu rosto na janela da sala. E a dor na sua cicatriz estava crescendo, ele lutou contra ela: era como resistir � vontade de vomitar.
Ele deu as costas para Rony e Hermione fingindo examinar a velha tape�aria da fam�lia Black na parede. Ent�o Hermione gritou. Harry empunhou sua varinha e virou-se para ver um patrono prateado no meio da sala de pintura parar no ch�o, na frente deles e se solidificar numa doninha que falou com a voz do pai de Rony:
Fam�lia salva, n�o responda. N�s estamos sendo observados.
O patrono dissolveu-se em nada. Rony deixou escapar um barulho entre um gemido e um solu�o e caiu no sof�. Hermione juntou-se a ele agarrando o seu bra�o.
� Eles est�o bem, est�o bem! � ela suspirou e Rony meio que riu, meio que a abra�ou.
� Harry � ele disse sobre o ombro de Hermione �, eu...
� N�o tem problema � disse Harry, fraquejando sob a dor de cabe�a. � � sua fam�lia, claro que voc� estava preocupado. Eu tamb�m estaria. � Ele pensou em Gina. � Eu estava preocupado.
A dor em sua cicatriz estava chegando ao pico como se ele estivesse de volta ao jardim da Toca. Fracamente, ele ouvia Hermione dizer:
� Eu n�o quero ficar sozinha. N�s podemos usar os sacos de dormir que eu trouxe e acampar aqui essa noite?
Ele ouviu Rony concordar. N�o podia mais brigar. Tinha sucumbido.
� Banheiro � ele murmurou. E saiu da sala o mais r�pido que p�de sem correr. Quase n�o conseguiu: batendo a porta atr�s de si com as m�os tremendo, ele se arrastou com a cabe�a pesada e caiu no ch�o. Ent�o, numa explos�o de agonia, sentiu toda a raiva que n�o pertencia a ele e viu uma longa sala iluminada apenas com uma fogueira e o comensal loiro e gigante no ch�o, gritando e implorando para uma figura alta na frente dele com a varinha estendida enquanto Harry falava em uma alta, fria e impiedosa voz:
� Mais, Rowle, ou n�s devemos terminar isso e dar voc� de comer para Nagini? Lord Voldemort n�o sabe se vai perdo�-lo dessa vez... Voc� me chamou de volta para isso, para dizer que Harry Potter tinha escapado de novo? Draco, d� a Rowle outro gostinho do nosso descontentamento... Fa�a ou sinta minha ira voc� mesmo!
Um pergaminho na lareira: as chamas elevaram-se com suas luzes dan�ando em um rosto aterrorizado, branco, pontudo. Com a sensa��o de estar emergindo do fundo da �gua, Harry respirou fundo v�rias vezes e abriu seus olhos.
Ele estava esparramado no frio e negro ch�o de m�rmore, seu nariz estava a alguns cent�metros de uma das serpentes prateadas que suportavam a banheira enorme. Ele sentou. O rosto de Draco petrificado de medo parecia queimar dentro dos seus olhos. Harry sentiu-se enjoado com o que viu, com o servi�o que Draco agora fazia para Voldemort.
Houve uma batida forte na porta e Harry pulou quando Hermione falou:
� Harry, voc� quer sua escova de dente? Eu estou com ela aqui.
� �, quero sim � ele disse lutando para manter sua voz casual enquanto levantava pra deix�-la entrar.
*no original �And old Dusty.� Por Dusty aparecer em letra mai�scula, pode ser uma brincadeira com Dumby.(Dumbledore). (por Juliana Badin)
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por Albelene Santos
E revisado por Pierre Lira e Kalidrio
- CAP�TULO DEZ �
O conto do Monstro
Harry acordou cedo na manh� seguinte, envolto em um saco de dormir no andar da sala de visitas. Uma parte de c�u estava vis�vel entre as cortinas pesadas. Era o azul frio e claro de tinta ag�ada, em algum lugar entre a madrugada e o amanhecer e tudo estava quieto, exceto as respira��es profundas e baixas de Rony e Hermione. Harry espiou as figuras escuras que eles faziam no piso ao seu lado. Rony tinha tido um chilique de galanteio e insistiu que Hermione dormisse nas almofadas do sof�, de forma que sua silhueta ficasse acima da dele. Seu bra�o curvado ao ch�o, seus dedos a cent�metros dos de Rony. Harry imaginou se eles tinham ca�do no sono de m�os dadas. A id�ia o fez sentir estranhamente solit�rio.
Ele olhou para o teto sombrio, o candelabro cheio de teias de aranha. H� menos de vinte horas, ele estava de p� � luz do sol na entrada da marquese, esperando os convidados do casamento. Parecia uma vida longa e distante. O que ia acontecer agora? Ele deitou no ch�o e pensou nas horcruxes, na assustadora e complexa miss�o que Dumbledore lhe deixou... Dumbledore...
A tristeza que o tinha possu�do desde a morte de Dumbledore era sentida diferente agora. As acusa��es que ele tinha ouvido de Muriel no casamento pareciam ter se aninhado em seu c�rebro como algo doente, que infectava suas lembran�as do bruxo que ele tinha idolatrado. Dumbledore poderia ter deixado tais coisas acontecerem? Ele tinha sido como Duda, contente em assistir neglig�ncia e abuso desde que n�o o afetassem? Ele poderia ter virado as costas para uma irm� que estava sendo aprisionada e escondida?
Harry pensou em Godric�s Hollow, nos t�mulos que Dumbledore nunca tinha mencionado, ele pensou nos objetos misteriosos deixados sem explica��o no testamento de Dumbledore, e o ressentimento preencheu a escurid�o. Por que Dumbledore n�o lhe contara? Por que n�o lhe explicara? Dumbledore de fato se importara com Harry de alguma forma? Ou Harry fora nada mais que uma ferramenta a ser polida e afiada, mas n�o confiado e nunca confidenciado?
Harry n�o poderia ficar deitado ali com nada al�m de pensamentos amargos como companhia. Desesperado por alguma coisa para fazer, por distra��o, ele deslizou para fora de seu saco de dormir, pegou sua varinha e arrastou-se para fora da sala. Na escadaria ele sussurou �Lumos� e come�ou a subir os degraus com a luz da varinha.
No segundo piso estava o quarto no qual ele e Ron tinham dormido na �ltima vez que eles estiveram aqui, ele deu uma espiada dentro dele. O guarda-roupa permanecia aberto e as roupas de cama tinham sido rasgadas. Harry se lembrou da perna de trasgo no andar de baixo. Algu�m tinha revistado a casa desde que a Ordem tinha partido. Snape? Ou talvez Mundungus, que tinha surrupiado muita coisa da casa antes e depois de Sirius ter morrido? As contempla��es de Harry vaguearam para o retrato que algumas vezes continha Fineus Nigellus Black, o tatarav� de Sirius, mas estava vazio, mostrando nada al�m de um espa�o de pano de fundo sujo. Fineus Nigellus estava evidentemente passando a noite no escrit�rio da diretoria em Hogwarts.
Harry continuou a subir as escadas at� alcan�ar a parte superior onde haviam somente duas portas. A que encarava Harry sustentava uma placa em que se lia Sirius. Harry nunca tinha entrado no quarto de seu padrinho antes. Ele abriu a porta, segurando sua varinha para iluminar do modo mais amplo poss�vel. O quarto era espa�oso e outrora devia ter sido elegante. Havia uma cama grande com uma cabeceira de madeira entalhada, uma janela alta obscurecida por longas cortinas aveludadas e um candelabro densamente coberto de poeira ainda com tocos de vela descansando em seus encaixes, cera s�lida suspendia como gotas congeladas. Uma fina pel�cula de poeira cobria os quadros nas paredes e a cabeceira da cama, uma teia de uma aranha esticada entre o candelabro e o topo de um guarda-roupa grande e quando Harry se moveu mais para dentro da sala, ele ouviu uma uma corrida de ratos perturbados.
O Sirius adolescente tinha colado nas paredes tantos p�steres e fotos que pouco da seda cinza-prateado da parede era vis�vel. Harry n�o poderia s� supor que os pais de Sirius foram incapazes de remover o Feiti�o Adesivo Permanente que os mantinha na parede porque ele tinha certeza que eles n�o teriam apreciado o gosto de seu filho mais velho de decora��o. Sirius parecia por muito tempo ter mudado seus h�bitos para irritar seus pais. Haviam sete banners(cartazes) grandes, de vermelho e ouro desbotado s� para sublinhar sua diferen�a de todo o resto da fam�lia sonserina. Haviam muitas fotos de motocicletas de trouxas e tamb�m (Harry teve que admirar a coragem de Sirius) diversos p�steres de mo�as trouxas de biqu�ni. Harry poderia dizer que elas eram trouxas porque ficavam bem im�veis dentro de suas fotos, sorrisos desbotados e olhos vidrados congelados no papel. Esta estava em contraste com a �nica fotografia bruxa na parede que era uma imagem de quatro alunos de Hogwarts parados de bra�os cruzados, rindo para a c�mera.
Com um sobressalto de agrado, Harry reconheceu seu pai, seus cabelos pretos e desajeitados para tr�s como os de Harry e ele tamb�m usava �culos. Ao lado dele estava Sirius, descuidadamente bonito, seu rosto um pouquinho arrogante t�o mais jovem e mais feliz do que Harry j� o vira vivo. � direita de Sirius estava Pettigrew, mais do que uma cabe�a mais curta, rechonchudo e olhos aquosos, molhados de prazer por sua inclus�o na mais legal das gangues, com os rebeldes muito admirados que Tiago e Sirius tinham sido. � esquerda de Tiago estava Lupin, at� ent�o de apar�ncia um pouco desgastada, mas ele tinha o mesmo ar de surpresa satisfeita em se encontrar inclu�do ou era simplesmente porque Harry sabia como tudo tinha acontecido, que ele via essas coisas na foto? Ele tentou peg�-la da parede, era dele agora, afinal de contas, Sirius tinha lhe deixado tudo, mas a foto n�o se movia. Sirius n�o tinha tirado nenhuma chance de prevenir seus parentes de redecorarem seu quarto.
Harry olhou por volta do ch�o. O c�u estava ficando mais claro. Um raio de luz revelava algumas quantias de papel, livros e objetos pequenos espalhados sobre o tapete. Evidentemente o quarto de Sirius tinha sido mexido tamb�m, embora seu conte�do pareceu ter sido julgado na maior parte, sen�o completamente, sem valor. Alguns livros tinham sido sacudidos rudemente o suficiente para se separar das capas e p�ginas diferentes que sujavam o ch�o.
Harry se curvou, pegou alguns peda�os de papel e os examinou. Ele reconheceu um como a parte de uma velha edi��o de A Hist�ria da Magia, de Batilda Bagshot, e outro como pertence de uma manual de manuten��o de uma motocicleta. O terceiro estava escrito � m�o e amarrotado. Ele o alisou.
Querido Almofadinhas,
Muito obrigado, muito obrigado pelo presente de anivers�rio do Harry! Foi o favorito dele at� agora. Um ano de idade e j� plana numa vassoura de brinquedo, ele parecia t�o satisfeito consigo mesmo. Estou incluindo uma foto para que voc� possa ver. Voc� sabe que ela s� levanta a aproximadamente dois p�s de alturas do ch�o, mas ele quase matou o gato e quebrou um vaso horr�vel que Pet�nia me enviou de Natal (sem reclama��es aqui). � claro que James achou que foi t�o engra�ado, diz que ele vai ser um grande jogador de quadribol, mas n�s tivemos que tirar do caminho todos os ornamentos e ter certeza que n�o vamos tirar o olho dele quando ele come�ar.
N�s tivemos um ch� de anivers�rio muito discreto, s� n�s e a velha Batilda que sempre foi um doce conosco e que adora Harry. Sentimos muito por voc� n�o poder vir, mas a Ordem tem que vir primeiro e Harry n�o � velho suficiente para saber que � anivers�rio dele de qualquer forma! Tiago est� ficando um pouquinho frustrado trancado aqui, ele tenta n�o mostrar isso, mas eu posso dizer - tamb�m Dumbledore ainda est� com a Capa de Invisibilidade dele - ent�o sem chance de pequenas excurs�es. Se voc� pudesse visit�-lo, isto o animaria tanto. Rabicho esteve aqui no fim de semana passado. Achei que ele parecia desanimado, mas isso foi provavelmente depois dos McKinnons, eu chorei a noite inteira quando eu soube.
Batilda nos visita quase todos os dias, ela � uma criatura fascinante com as hist�rias mais incr�veis sobre Dumbledore. N�o tenho certeza se ele ficaria contente se soubesse! Eu n�o sei em quanto acreditar na verdade, porque parece incr�vel que Dumbledore...
As extremidades de Harry pareceram ter se anestesiado. Ele ficou bem parado, segurando o milagroso papel em seus dedos inertes enquanto dentro dele um tipo de erup��o quieta enviava trovejantes alegria e tristeza em medidas iguais pelas suas veias. Inclinando-se para a cama, ele se sentou. Leu a carta novamente, mas n�o p�de captar mais nenhum significado que ele tinha conseguido na primeira vez, e foi reduzido a encarar a pr�pria caligrafia. Ela fazia os "g" da mesma maneira que ele. Ele procurou na carta por cada um deles, e em cada um sentiu uma pequena onda amig�vel vislumbrada por tr�s de um v�u. A carta era um tesouro incr�vel, prova de que Lilian Potter tinha vivido, realmente vivido, que sua m�o quente tinha uma vez se movido por este pergaminho, tra�ando tinta dentro dessas letras, dessas palavras, palavras a respeito dele, Harry, seu filho.
Impacientemente removendo a umidade de seus olhos, ele releu a carta, desta vez se concentrando no significado. Era como ouvir uma voz meio lembrada.
Eles tinham um gato... talvez ele tinha perecido, como seus pais em Godric's Hollow... ou ent�o fugiu quando n�o havia mais ningu�m para aliment�-lo... Sirius tinha comprado para ele sua primeira vassoura... seus pais tinham conhecido Batilda Bagshot; Dumbledore os tinha apresentado? Dumbledore ainda est� com a Capa de Invisibilidade dele... tinha algo engra�ado a�...
Harry parou, ponderando as palavras de sua m�e. Por que Dumbledore tinha tomado a Capa da Invisibilidade de Tiago? Harry lembrava claramente seu diretor contando-lhe anos atr�s: �Eu n�o preciso de uma capa para ficar invis�vel�. Talvez algum membro menos talentoso da Ordem tinha precisado da ajuda dela e Dumbledore tinha agido como um transportador? Harry continuou...
Rabicho esteve aqui... Pettigrew, o traidor, tinha parecido �desanimado�, mesmo? Ele estava ciente de que estava vendo Tiago e Lilian pela �ltima vez?
E finalmente Batilda de novo, que contou hist�rias incr�veis sobre Dumbledore. Parece incr�vel que Dumbledore...
Que Dumbledore o que? Mas haviam v�rios n�meros de coisas que pareceriam incr�veis sobre Dumbledore; que ele tinha uma vez recebido notas �timas em um exame de Transfigura��o, por exemplo, ou tinha feito feiti�os em um bode como Aberforth...
Harry levantou-se e analisou o ch�o. Talvez o resto da carta estivesse aqui em algum lugar. Ele agarrou pap�is, tratando-os com entusiasmo, com menos considera��o que o primeiro pesquisador, puxou as gavetas, sacudiu livros, subiu em uma cadeira para passar a m�o no topo do guarda-roupa, e engatinhou para olhar embaixo da cama e da poltrona.
Finalmente, deitado de bru�os no ch�o, ele identificou o que parecia um peda�o rasgado de papel debaixo da c�moda. Quando ele o puxou, provou ser a maior parte da fotografia que Lilian tinha descrito em sua carta. Um beb� de cabelos pretos estava entrando e saindo da foto em uma vassoura muito pequena, gargalhando estrondosamente, e um par de pernas que deve ter pertencido a Tiago perseguindo-o. Harry enfiou a fotografia dentro de seu bolso com a carta de Lilian e continuou a procurar a segunda folha.
Ap�s outros quinze minutos, contudo, ele foi for�ado a concluir que o resto da carta de sua m�e tinha se extraviado. Tinha sido extraviado durante os dezesseis anos que tinham se passado desde quando fora escrita? Ou tinha sido levado por quem quer que tivesse procurado no quarto? Harry leu a primeira folha de novo, desta vez procurando pistas para o que poderia ter sido a segunda valiosa folha . Sua vassoura de brinquedo dificilmente poderia ser considerada interessante para os comensais da morte... a �nica coisa potencialmente �til que ele poderia ver nela era a informa��o poss�vel sobre Dumbledore. Parece incr�vel que Dumbledore � o qu�?
- Harry? Harry? Harry!
- Eu estou aqui! - Ele chamou. - O que aconteceu?
Houve um ru�do de passos do lado de fora da porta e Hermione entrou bruscamente.
- N�s acordamos e n�o soubemos onde voc� estava! - Ela disse sem ar. Ela se virou e gritou por cima de seus ombros. - Rony, eu o encontrei!
A voz irritada de Rony ecoou de longe de diversos andares abaixo:
- Bom! Diga a ele por mim que ele � um imbecil!
- Harry, n�o desapare�a assim, por favor, est�vamos aterrorizados! Por que voc� veio aqui de qualquer forma?- Ela observou a sala saqueada. - O que voc� est� fazendo?
- Olhe o que eu acabei de achar!
Ele estendeu a carta de sua m�e. Hermione a pegou e leu enquanto Harry a olhava. Quando ela chegou ao fim da p�gina ela olhou para ele.
- Ah, Harry...
- E h� isso tamb�m.
Ele lhe passou a fotografia rasgada e Hermione sorriu para o beb� voando para dentro e fora de vis�o na vassoura de brinquedo.
- Eu estou procurando pelo resto da carta, - Harry disse, - mas n�o est� aqui.
Hermione observou a sala.
- Voc� fez toda essa bagun�a ou um pouco dela estava assim quando voc� entrou aqui?
- Algu�m tinha procurado antes de mim, - disse Harry.
- Foi o que pensei. Todos os quartos que eu espiei no caminho tinham sido revirados. No que eles estavam interessados voc� acha?
- Informa��o sobre a Ordem, se foi o Snape.
- Mas voc� pensaria que ele j� teria tudo o que precisava. Quero dizer, ele estava na Ordem, n�o estava?
- Bem, ent�o - disse Harry, entusiasmado para discutir sua teoria, - e informa��o sobre Dumbledore? A segunda p�gina do pergaminho, por exemplo. Voc� sabe que essa Batilda que minha m�e menciona, voc� sabe quem ela �?
- Quem?
- Batilda Bagshot, a autora de...
- Uma Hist�ria da Magia, - disse Hermione, olhando interessada. - Ent�o seus pais a conheciam? Ela foi uma historiadora m�gica incr�vel!
- E ela ainda est� viva, - disse Harry, - e ela mora em Godrics Hollow. A tia do Rony, Muriel, estava falando dela no casamento. Ela conhecia a fam�lia de Dumbledore tamb�m. Seria bem interessante para uma conversa, ela n�o seria?�
Havia um entendimento meio exagerado demais, pro gosto de Harry, no sorriso que Hermione lhe deu. Ele tomou de volta a carta e a fotografia e as enfiou dentro da bolsa pendurada em seu pesco�o, para que n�o tivesse que olhar para ela e se denunciar.
- Eu entendo que voc� gostaria de conversar com ela sobre sua m�e e seu pai, e Dumbledore tamb�m - disse Hermione. - Mas isso n�o nos ajudaria em nossa busca pelas horcruxes, ajudaria? - Harry n�o respondeu e ela se apressou: - Harry, eu sei que voc� realmente quer ir a Godrics Hollow, mas eu tenho medo. Eu me assustei com como foi t�o f�cil para aqueles comensais da morte nos encontrarem ontem. Isso s� me fez sentir mais do que nunca que n�s devemos evitar o lugar onde os seus pais est�o enterrados, tenho certeza que eles estariam esperando que voc� o visitasse.
- N�o � s� isso.- Harry disse, ainda evitando olhar para ela, - Muriel disse coisas sobre Dumbledore no casamento. Eu quero saber a verdade...
Ele contou a Hermione tudo o que Muriel lhe contou. Quando ele tinha terminado, Hermione disse:
- � claro, eu posso ver por que isso tem te preocupado, Harry.�
- Eu n�o estou preocupado,- ele mentiu, - eu s� gostaria de saber se � ou n�o verdade ou...
- Harry, voc� realmente acha que voc� vai conseguir a verdade de uma mulher velha maliciosa como Muriel, ou da Rita Skeeter? Como voc� pode acreditar nelas? Voc� conhecia Dumbledore!
- Eu achei que eu o conhecia,- ele murmurou.
- Mas voc� sabe quanta verdade havia em tudo o que Rita escreveu sobre voc�! Doge est� certo, como voc� pode deixar essas pessoas mancharem suas mem�rias de Dumbledore?
Ele desviou o olhar, tentando n�o trair o ressentimento que sentia. Ali estava de novo: escolher o que acreditar. Ele queria a verdade. Por que todo mundo estava t�o determinado que ele n�o deveria obt�-la?
- Vamos descer para a cozinha? - Hermione sugeriu ap�s uma pausa pequena. - Achar alguma coisa para o caf� da manh�?
Ele concordou, mas de m� vontade, e a seguiu para fora para a escadaria e passou pela segunda porta de sa�da. Haviam profundas marcas arranhadas na pintura embaixo de uma placa pequena que ele n�o tinha notado na escurid�o. Ele passou no topo das escadas para l�-la. Era uma plaquinha pomposa, organizadamente escrita � m�o, o tipo de coisa que Percy Weasley poderia ter prendido na porta de seu quarto.
N�o entre
sem a expressa permiss�o de
R�gulo Arcturus Black
Excita��o escorreu por Harry, mas ele n�o estava imeadiatamente certo do porqu�. Ele leu a placa de novo. Hermione j� estava em muitos degraus abaixo dele.
- Hermione, - ele disse, e estava surpreso que sua voz estivesse t�o calma. - Volte aqui para cima.
- Qual � o problema?
- R.A.B, eu acho que eu o achei.
Houve uma arfada e ent�o Hermione correu de volta para cima.
- Na carta da sua m�e? Mas eu n�o vi...
Harry negou com a cabe�a, apontando para a placa de R�gulo. Ela a leu, ent�o agarrou o bra�o de Harry com tanta for�a que ele se contraiu.
- O irm�o de Sirius? - ela sussurrou.
- Ele era um comensal da morte, - disse Harry. - Sirius me falou sobre ele, ele se alistou quando era realmente jovem e depois tentou escapar, ent�o eles o mataram.
- Isso encaixa! - arfou Hermione. - Se ele era um comensal da morte ele tinha acesso a Voldemort, e se ele ficou desiludido, ent�o ele teria querido derrubar Voldemort!
Ela soltou Harry, apoiou-se sobre o corrim�o e gritou: - Rony! RONY! Suba aqui, r�pido!
Rony apareceu, ofegando, um minuto depois, sua varinha pronta em sua m�o.
- O que foi? Se for aranhas imensas de novo eu quero tomar caf� da manh� antes de eu...
Ele franziu as sobrancelhas para a placa na porta de R�gulo, para a qual Hermione estava silenciosamente apontando.
- O qu�? Esse era o irm�o do Sirius, n�o era? R�gulo Arcturus... R�gulo... R.A.B! O medalh�o, voc� n�o sup�e que...?
- Vamos descobrir, - disse Harry. Ele empurrou a porta: estava fechada. Hermione apontou sua varinha para a ma�aneta e disse: �Alohomora�. Houve um clique e a porta se abriu.
Eles se moveram sobre o limiar, observando o lugar. O quarto de R�gulo era levemente mais pequeno que o de Sirius, embora tinha a mesma sensa��o de anterior grandeza. Visto que Sirius tinha procurado anunciar sua diferen�a do resto da fam�lia, Regulus tinha se esfor�ado em fazer o oposto. As cores de Slytherin de esmeralda e prata estavam por toda a parte, guarnecendo a cama, as paredes e as janelas. O bras�o da fam�lia Black estava meticulosamente pintado sobre a cama, junto com seu lema, �TOUJOURS PUR� (Sangue � poder). Embaixo dele havia uma cole��o de recortes de jornais amarelados, todos grudados um no outro para fazer uma colagem irregular. Hermione atravessou o quarto para examin�-la.
- S�o todas sobre Voldemort - ela disse. - R�gulo parece ter sido um f� por poucos anos antes de se juntar ao comensais da morte...�
Um monte de poeira elevou-se da colcha quando ela se sentou para ler os recortes. Harry, entretanto, tinha notado outra fotografia: uma equipe de quadribol de Hogwarts estava sorrindo e acenando na foto. Ele se moveu para mais perto e viu as cobras adornadas em seus peitos: Slytherin. R�gulo foi instantaneamente reconhecido como o garoto sentado no meio da fila da frente: ele tinha os mesmos cabelos pretos e o olhar levemente presun�oso de seu irm�o, embora ele era pequeno, esguio e bem menos bonito que Sirius tinha sido.
- Ele era apanhador, - disse Harry.
- O qu�?- disse Hermione vagamente. Ela estava ainda submersa com os recortes de jornais de Voldemort.
- Ele est� sentado no meio da fila da frente, que � onde o apanhador... n�o importa, - disse Harry, percebendo que ningu�m estava ouvindo. Rony estava agachado de quatro, procurando embaixo do guarda-roupa. Harry olhou em volta do quarto por esconderijos prov�veis e se aproximou da escrivaninha. Contudo, de novo, algu�m tinha procurado antes deles. O conte�do da gaveta tinha sido roubado recentemente, a poeira remexida, mas n�o havia nada de valor ali: penas velhas, livros escolares desatualiazados que comprovavam a evid�ncia de terem sido tratados rudemente, um tinteiro recente quebrado, seu res�duo pegajoso cobrindo o conte�do da gaveta.
- H� um modo mais f�cil, - disse Hermione, quando Harry limpou seus dedos sujos de tintas em sua cal�a, ela levantou sua varinha e disse: �Accio medalh�o!�
Nada aconteceu. Rony, que estava procurando nas dobras das cortinas desbotadas pareceu se decepcionar.
- � isso, ent�o? N�o est� aqui?
- Ah, poderia ainda estar aqui, mas sob contra-feiti�os, - disse Hermione. - Feiti�os para previni-lo de ser convocado magicamente, voc� sabe.
- Como Voldemort colocou na bacia de pedra na caverna, - disse Harry, lembrando-se de como ele foi incapaz de convocar o medalh�o falso.
- Como � que vamos ach�-lo ent�o? - Perguntou Ron.
- N�s procuramos maunalmente - disse Hermione.
- Essa � um id�ia boa, - disse Ron, pestanejando, e reiniciou sua examina��o das cortinas.
Eles reviraram cada canto do quarto por mais que uma hora, mas foram for�ados, finalmente, a concluir que o medalh�o n�o estava l�.
O sol tinha nascido agora; sua luz os ofuscou at� mesmo atrav�s das janelas sujas.
- Poderia estar em qualquer lugar da casa mesmo assim, - disse Hermione e um tom animado quando eles foram para o andar de baixo. Visto que Harry e Rony tinham ficado mais desencorajados, ela pareceu ter ficado mais determinada. - Caso ele tivesse conseguido destrui-lo ou n�o, ele iria querer mant�-lo escondido de Voldemort, n�o iria? Voc�s se lembram de todas aquelas coisas terr�veis que n�s tivemos que nos livrar quando est�vamos aqui da �ltima vez? Aquele rel�gio que atirava fa�scas em todos e aquelas roupas velhas que tentaram estrangular Ron; R�gulo pode t�-las colocado l� para proteger o esconderijo do medalh�o, mesmo assim n�s n�o o percebemos na... na...
Harry e Rony olharam para ela. Ela estava com um p� na escada e outro no ar, com um olhar vago de quem tinha acabado de ser adingido por um feiti�o obliviador; seus olhos tinham at� sa�do de foco.
- ...naquela vez, - ela terminou em um suspiro.
- Algo errado? - perguntou Ron.
- Havia um medalh�o.
- O qu�? - Disseram Harry e Ron juntos.
- No armarinho da sala de visitas. Ningu�m p�de abri-lo. E n�s... n�s...
Harry sentiu como se um tijolo tivesse escorregado de seu peito para dentro de seu est�mago. Ele se lembrou. Ele at� tinha segurado o objeto quando eles o circularam, cada um tentando por vez for��-lo a abrir. Tinha sido jogado dentro de um saco de lixo, junto com a caixa de rap� de p� de Wartcap e a caixa de m�sica que tinha deixado todo mundo sonolento...
- Monstro afanou um monte de coisas de volta de n�s, - disse Harry. Era a �nica chance, a �nica esperan�a deixada para eles, e ele iria agarr�-la at� ser for�ado a soltar. - Ele tinha um amontoado de objetos em seu arm�rio na cozinha. Venham.
Ele desceu as escadarias correndo pulando dois degraus por vez, os outros dois correndo em sua trilha. Eles fizeram tanto barulho que acordaram o retrato da m�e do Sirius assim que eles passaram pelo hall.
�Imund�cie, sangues-ruins, esc�ria!� Ela gritou atr�s dele assim que eles desembestaram dentro do por�o da cozinha e bateram a porta atr�s deles. Harry correu toda a extens�o do corredor, derrapou em frente da porta do arm�rio do Monstro e a abriu com for�a. Havia o abrigo de cobertores velhos nos quais o elfo-dom�stico tinha outrora dormido, mas eles n�o estavam mais brilhando com as bugigangas que Monstro tinha salvado. A �nica coisa que havia era uma c�pia antiga de �Nobreza da Natureza: um genealogia bruxa�. Recusando-se em acreditar nos seus olhos, Harry agarrou os cobertores e os sacudiu. Um rato morto caiu e rolou tristemente pelo ch�o. Rony gemeu quando se atirou na cadeira da cozinha; Hermione fechou os olhos.
- N�o acabou ainda, - disse Harry, ele aumentou sua voz e chamou: - Monstro�
Houve um estalo alto e o elfo-dom�stico que Harry tinha t�o relutantemente herdado de Sirius apareceu do nada na frente da lareira fria e vazia. Diminuto, tamanho meio humano, sua pele p�lida caindo em pelancas, p�los brancos crescidos copiosamente em suas orelhas de morcego. Ele ainda estava vestindo o trapo sujo no qual eles o tinham conhecido antes, e o olhar desdenhoso que ele dirigiu a Harry mostrou que sua atitude para sua mudan�a de dono tinha alterado n�o mais ent�o que sua vestimenta.
- Mestre, - resmungou Monstro com sua voz de sapo-boi, e ele fez uma rever�ncia baixa, resmungando para seus joelhos, - de volta na casa da antiga casa de minha senhora com o traidor do sangue Weasley e a sangue-ruim...
- Eu pro�bo voc� de chamar algu�m de �traidor do sangue� ou �sangue-ruim�, - rosnou Harry. Ele teria achado Monstro, com seu nariz tipo fucinho e olhos irritados, um objeto claramente imposs�vel de ser amado mesmo se o elfo n�o tivesse tra�do Sirius para Voldemort.
- Eu tenho uma pergunta pra voc�.- Disse Harry seu cora��o batendo mais r�pido enquanto olhava pra Monstro. - E eu ordeno que voc� responda com toda a sinceridade. Entendeu?
- Sim mestre.- Disse Monstro fazendo de novo uma profunda refer�ncia. Harry viu seus l�bios se moverem sem som, sem d�vida contendo os insultos que ele tinha sido proibido de pronunciar.
- Dois anos atr�s, - disse Harry, seu cora��o agora martelando contra suas costelas, - havia um grande medalh�o de ouro na sala de visitas l� em cima. N�s o jogamos fora. Voc� o roubou de novo?
Houve um momento de sil�ncio, durante o qual Monstro endireitou-se para olhar Harry direto no rosto. Ent�o disse:
- Sim.
- Onde ele est� agora? - Perguntou Harry com alegria assim que Ron e Hermione olharam felizes.
Monstro fechou seus olhos como se ele n�o pudesse tolerar ver suas rea��es para sua pr�xima palavra.
- Perdido.
- Perdido? - Ecoou Harry, uma grande sensa��o de desespero tomando conta de seu esp�rito. - O que voc� quer dizer, est� perdido?
O elfo tremeu. Ele oscilou.
- Monstro, - disse Harry impetuosamente, - eu ordeno que voc�...
- Mundungo Fletcher, - resmungou o elfo, seus olhos ainda fechados bem apertados. - Mundungo Fletcher roubou tudo; os quadros das senhoritas Bela e Ci�a, as luvas de minha senhora, a Ordem de Merlin Primeira Classe, os c�lices com o bras�o da fam�lia Black, e... e...
- Monstro estava arfando por ar. Seu peito oco estava subindo e descendo rapidamente, ent�o seus olhos se arregalaram e ele pronunciou um grito de gelar o sangue.
- ... e o medalh�o, o medalh�o do Mestre R�gulo. Monstro portou-se mal, Monstro falhou com as ordens dele!
Harry reagiu instintivamente. Quando Monstro se arremessou para a p� na lareira, ele se lan�ou contra o elfo, achatando-o. Os gritos de Hermione se misturaram com os de Monstro, mas Harry gritou mais alto que os dois:
- Monstro, eu ordeno que voc� permane�a im�vel!
Ele sentiu o elfo congelar e o soltou. Monstro ficou esticado no ch�o de pedra fria, l�grimas brotando de seus olhos envergados.
- Harry, fa�a-o cessar! Hermione sussurrou.
- Ent�o ele pode se espancar com a p�? - Bufou Harry ajoelhando-se ao lado do elfo. - Eu acho que n�o. Certo. Monstro, eu quero a verdade: como voc� sabe que Mundungo Fletcher roubou o medalh�o?
- Monstro o viu! - Arfou o elfo assim que l�grimas se derramaram em seu fucinho e dentro de sua boca cheia de dentes acinzentados. - Monstro o viu saindo do arm�rio do Monstro com suas m�os cheias de tesouros do Monstro. Monstro disse ao lar�pio para que parasse, mas Mundungo Fletcher riu e correu...
- Voc� chamou o medalh�o de �medalh�o do mestre R�gulo� - disse Harry. - Por qu�? De onde ele veio? O que R�gulo teve a ver com ele? Monstro, sente-se e conte-me tudo o que voc� sabe sobre aquele medalh�o, e tudo sobre o que R�gulo teve a ver com ele!
O elfo se sentou, se enrolou como uma bola, p�s sua cara �mida entre seus joelhos, e come�ou a se agitar para tr�s e para frente. Quando ele falou, sua voz estava abafada, mas bem distingu�vel na cozinha silenciosa e ecoante.
- Mestre Sirius fugiu, problema resolvido, porque ele era um garoto mau e quebrou o cora��o de minha senhora com seus costumes fora da lei. Mas Mestre R�gulo tinha costumes adequados; ele sabia o que era por causa do nome Black e a dignidade de seu sangue puro. Por anos ele falou sobre o Lord das Trevas, que ia tirar os bruxos do sigilo para governar os trouxas e os nascidos trouxas... e quando ele completou dezesseis anos de idade, Mestre R�gulo se uniu ao Lord das Trevas. T�o orgulhoso, t�o orgulhoso, t�o feliz em servir...
- E um dia, um ano depois que ele se uniu, Mestre R�gulo desceu at� a cozinha para ver Monstro. Mestre R�gulo sempre gostou de Monstro. E Mestre R�gulo disse... ele disse...
O elfo velho se agitou mais r�pido do que nunca.
- ... ele disse que o Lord das Trevas exigia um elfo.
- Voldemort precisava de um elfo? - Harry repetiu, olhando ao redor para Ron e Hermione, que apenas olharam t�o confusos quanto ele.
- Ah, sim - gemeu Monstro. - E Mestre R�gulo tinha voluntariado Monstro. Era uma honra, disse Mestre R�gulo, uma honra para ele e para Monstro, que deveria se certificar em fazer qualquer coisa que o Lord das Trevas o ordenasse fazer... e depois voltar para casa.
Monstro se agitou ainda mais r�pido, sua respira��o vindo em solu�os.
- Ent�o Monstro foi com o Lord das Trevas. O Lord das Trevas n�o contou a Monstro o que ele deveria fazer, mas levou Monstro consigo para uma caverna perto do mar. E al�m da caverna havia uma gruta, e na gruta havia um grande lago negro...
Os p�los na nuca de Harry se arrepiaram. A voz resmungante de Monstro pareceu chegar at� ele atrav�s da �gua escura. Ele viu o que tinha acontecido t�o claramente como se estivesse presente.
- ...havia um barco...
� claro que tinha havido um barco; Harry conhecia o barco, fantasmagoricamente verde e pequeno, enfeiti�ado para carregar um bruxo e uma v�tima em dire��o � ilha no centro. Isto, ent�o, foi como Voldemort tinha testado as defesas que circulavam a horcrux, emprestando uma criatura descart�vel, um elfo-dom�stico...
- Havia uma b-bacia cheia de po��o na ilha. O Lord das Trevas fez Monstro beb�-la...
O elfo tremeu da cabe�a aos p�s.
- Monstro bebeu, e enquanto ele bebia ele via coisas terr�veis...o interior de Monstro queimava... Monstro gritou para que Mestre R�gulo o salvasse, ele gritou pela sua Senhora Black , mas o Lord das Trevas apenas ria... ele fez Monstro beber a po��o toda... ele deixou cair um medalh�o dentro da bacia vazia... ele a encheu com mais po��o.
- E depois o Lord das Trevas navegou para longe, deixando Monstro na ilha...
Harry podia ver isso acontecendo. Ele assistia a brancura de Voldemort, rosto of�dico, desaparecendo na escurid�o, aqueles olhos vermelhos fixados sem piedade no elfo sovado de quem a morte ocorreria dentro de minutos, quando fosse ele sucumbir � desesperada sede que a po��o ardente causaria a sua v�tima... mas aqui, a imagina��o de Harry n�o p�de prosseguir adiante, porque ele n�o podia ver como Monstro tinha escapado.
- Monstro precisava de �gua, ele engatinhou para a borda da ilha e bebeu a do lago negro... e m�os, m�os mortas, sa�ram da �gua e dragaram Monstro para baixo da superf�cie...
- Como voc� conseguir escapar? - Harry perguntou, e ele n�o estava surpreso por se ouvir sussurrando.
Monstro levantou sua cabe�a feia e olhou Harry com seus grandes e olhos rajados de sangue.
- Mestre R�gulo disse a Monstro para voltar - ele disse.
- Eu sei, mas como voc� escapou dos Inferi?
Monstro n�o pareceu entender.
- Mestre R�gulo disse a Monstro para voltar - ele repetiu.
- Eu sei, mas...
- Bom, � obvio, n�o �, Harry? - Disse Rony. Ele desaparatou!
- Mas... voc� n�o poderia aparatar dentro e fora daquela caverna, - disse Harry, - sen�o Dumbledore...
- A magia �lfica n�o � como magia bruxa, �? - Disse Rony. - Digo, eles podem aparatar e desaparatar dentro e fora de Hogwarts, enquanto que n�s n�o podemos.
Houve um sil�ncio enquanto Harry digeria isso. Como Voldemort p�de ter cometido um erro assim? Mas quando ele pensou nisso, Hermione falou, e sua voz estava fria.
- � claro, Voldemort teria considerado os caminhos dos elfos-dom�sticos bem mais abaixo de sua considera��o... jamais teria ocorrido a ele que eles poderiam ter m�gica que ele n�o tinha.
- A lei mais alta do elfo-dom�stico � a ordem de seu mestre, - intonou Monstro. - Foi ordenado a Monstro para voltar para casa, ent�o Monstro voltou para casa...
- Bom, ent�o, voc� fez o que lhe foi ordenado, n�o fez? - Disse Hermione bondosamente. Voc� n�o desobedeceu ordens de forma alguma!
Monstro balan�ou sua cabe�a, se agitando t�o r�pido como nunca.
- Ent�o o que aconteceu quando voc� voltou? - Harry perguntou. - O que Regulus disse quando voc� contou a ele o que aconteceu?
- Mestre R�gulo ficou muito preocupado, muito preocupado, - coaxou Monstro. - Mestre R�gulo disse a Monstro para ficar escondido e n�o sair da casa. E ent�o, era um pouco tarde... Mestre R�gulo veio procurar Monstro em seu arm�rio uma noite, e Mestre R�gulo estava estranho, n�o como ele geralmente era, perturbado de mente, Monstro poderia contar... e ele pediu para Monstro para lev�-lo � caverna, a caverna onde Monstro tinha ido com o Lord das Trevas...
E ent�o eles tinham come�ado. Harry p�de visualiz�-los bem claramente, o elfo anci�o e o apanhador magro e escuro que se parecia tanto com Sirius... Monstro soube como abrir a entrada oculta para a caverna subterr�nea, soube como levantar o barco pequeno; desta vez foi seu amado R�gulo que navegou com ele at� a ilha com a bacia de po��o.
- E ele te fez beber a po��o? - Disse Harry, repugnado.
Mas Monstro negou com a cabe�a e chorou. A m�o de Hermione moveu-se repentinamente para sua boca. Ela pareceu ter entendido alguma coisa.
- M-Mestre R�gulo tirou de seu bolso um medalh�o como aquele que o Lord das Trevas tinha, - disse Monstro, l�grimas transbordando por cada lado de seu nariz de focinho. - E ele pediu a Monstro para peg�-lo e, quando a bacia estivesse vazia, para trocar os medalh�es...
Os solu�os de Monstro vieram com grande aspereza agora; Harry teve que se concentrar para entend�-lo.
- E ele ordenou que... Monstro partisse... sem ele. E ele disse a Monstro... para voltar para a casa... e nunca contar para minha senhora... o que ele tinha feito... mas destruir... o primeiro medalh�o. E ele bebeu... toda a po��o... e Monstro trocou os medalh�es... e assistiu... como o Mestre R�gulo... foi arrastado para baixo d� �gua... e...
- Ah, Monstro! - Lamentou Hermione que estava chorando. Ela ficou de joelhos ao lado do elfo e tentou abra��-lo. Imediatamente ele ficou de p�, encolhendo-se para longe dela, completa e obviamente repelida.
- A sangue-ruim tocou Monstro, ele n�o permitir� isso, o que sua senhora diria?
- Eu te disse para n�o cham�-la de �sangue-ruim�! - Rosnou Harry, mas o elfo j� estava se castigando. Ele caiu no ch�o e espancou sua testa no ch�o.
- Pare ele, pare ele! - Hermione gritou. - Ah, voc� n�o v� como � doentio, o modo como eles t�m que obedecer?
- Monstro, pare, pare!- Gritou Harry.
- O elfo deitou no ch�o, ofegando e tremendo, muco verde brilhava em volta de seu focinho, uma contus�o j� florescia em sua testa p�lida onde ele tinha se espancado, seus olhos inchados e inflamados, nadando em l�grimas. Harry jamais tinha visto algo t�o pat�tico.
- Ent�o voc� trouxe o medalh�o para casa, - ele disse grosseiramente, porque ele estava eterminado a saber a hist�ria completa. - E voc� tentou destrui-lo?
- Nada que Monstro fez produziu qualquer marca nele, - gemeu o elfo. - Monstro tentou tudo, tudo que ele sabia, mas nada, nada funcionava... muitos feiti�os poderosos no inv�lucro, Monstro tinha certeza que a maneira de destrui-lo era conseguir abri-lo, mas ele nunca se abriria. Monstro se castigou, tentou de novo, se castigou, tentou de novo. Monstro falhou em obedecer ordens, Monstro n�o p�de destruir o medalh�o! E sua senhora estava louca de tristeza, porque Mestre R�gulo tinha desaparecido e Monstro n�o podia contar a ela o que tinha acontecido, n�o, porque Mestre R�gulo o tinha proibido de contar para algu�m da fam�lia o que aconteceu na c-caverna...
Monstro come�ou a solu�ar t�o forte que n�o haviam mais palavras coerentes. L�grimas escorerram pelas bochechas de Hermione enquanto ela assistia Monstro, mas ela n�o se atreveu a toc�-lo de novo. At� mesmo Rony, que n�o era f� algum de Monstro, parecia preocupado. Harry sentou-se com os bra�os cruzados e balan�ou negativamente sua cabe�a, tentando clare�-la.
- Eu n�o compreendo voc�, Monstro, - ele disse finalmente. - Voldemort tentou te matar, R�gulo morreu para matar Voldemort, mas voc� ainda ficou feliz em trair Sirius para Voldemort? Voc� ficou feliz por ir at� Narcisa e Belatriz, e passar informa��o para Voldemort atrav�s delas...
- Harry, Monstro n�o pensa assim, - disse Hermione, limpando seus olhos nas costas de sua m�o. - Ele � um escravo; elfos-dom�sticos est�o acostumados ao mau, at� mesmo tratamento brutal; o que Voldemort fez para Monstro n�o foi t�o distante da maneira comum. O que guerras bruxas significam para um elfo como Monstro? Ele � leal com as pessoas que s�o bondosas para ele, e a Sra. Black deve ter sido, e R�gulo certamente era, ent�o ele os serviu de bom grado e imitou suas cren�as. Eu sei o que voc� vai falar, - ela continuou assim que Harry come�ou a protestar, - que R�gulo mudou de id�ia... mas ele n�o parece ter explicado isso para Monstro, parece? E eu acho que eu sei por qu�. A fam�lia de Monstro e Regulus estariam todas mais seguras se ele mantivessem a velha linhagem da pureza de sangue. R�gulo estava tentando proteger todos eles.
- Sirius...
- Sirius foi horr�vel para Monstro, Harry, e n�o me olhe assim, voc� sabe que � verdade. Monstro ficou sozinho por um tempo t�o longo quando Sirius veio para viver aqui, e estava provavelmente desejando um pouquinho de afei��o. Tenho certeza que a �Srta Ci�a� e a �Srta Bela� foram perfeitamente ador�veis com Monstro quando ele voltou, ent�o ele fez um favor para elas e contou a elas tudo o que elas queriam saber. Eu tenho dito desde o come�o que bruxos pagariam por como eles tratam os elfos-dom�sticos. Bom, Voldemort pagou... e Sirius tamb�m.
Harry n�o tinha resposta. Vendo Monstro solu�ando no ch�o, ele se lembrou do que Dumbledore tinha dito a ele, meras horas ap�s a morte de Sirius: Eu n�o creio que Sirius alguma vez tenha visto Monstro como um ser com sentimentos t�o profundos quanto o dos humanos...
- Monstro, - disse Harry ap�s um tempo, - quando voc� se sentir pronto para fazer isso, hmm... por favor, sente-se.
Passaram diversos minutos antes de Monstro parar de solu�ar e se silenciar. Ent�o ele se empurrou para um posi��o sentada de novo, esfregando seus n�s dos dedos em seus olhos como uma criancinha.
- Monstro, vou pedir para voc� fazer algo, - disse Harry. Ele olhou de relance para Hermione por assist�ncia. Ele queria dar a ordem bondosamente, mas ao mesmo tempo, ele n�o podia fingir que n�o era uma ordem. Entretanto, a mudan�a em seu tom pareceu ter ganhado sua aprova��o. Ela sorriu de maneira encorajante.
- Monstro, eu quero que voc�, por favor, v� e ache Mundungo Fletcher. N�s precisamos descobrir onde o medalh�o do Mestre Regulus est�. � realmente importante. N�s queremos terminar o trabalho que Mestre R�gulo come�ou, n�s queremos... hmm... assegurar que ele n�o tenha morrido em v�o.
Monstro baixou seus punhos e olhou para Harry.
- Encontrar Mundungo Fletcher? - Ele coaxou.
- E traga-o aqui, para o Largo Grimmauld, - disse Harry. - Voc� acha que voc� poderia fazer isso para n�s?
Assim que Monstro acenou e ficou de p�, Harry teve uma repentina inspira��o. Ele puxou a bolsa de Hagrid e tirou o medalh�o substituto no qual R�gulo tinha colocado o bilhete para Voldemort.
- Monstro, eu... hmm, gostaria que voc� tivesse isso, - ele disse, apertando o medalh�o na m�o do elfo. - Isto pertenceu a R�gulo e eu tenho certeza que ele iria querer que voc� o tivesse como um sinal de gratid�o pelo quanto voc�...
- Se sacrificou por isso, amigo - disse Rony quando o elfo deu uma olhada no medalh�o, soltou um uivo de choque e tristeza, e se jogou de volta no ch�o.
Eles demoraram quase meia hora para acalmar Monstro, que estava t�o devastado por ser presenteado com uma rel�quia da fam�lia Black s� sua que seus joelhos estavam fracos demais para ficar em p� propriamente. Quando finalmente ele foi capaz de dar poucos passos, todos eles o acompanharam at� seu arm�rio, o assistiram enfiar o medalh�o seguramente em seus cobertores sujos, e assegurou-lhe que eles fariam de sua prote��o a primeira prioridade deles enquanto ele estivesse fora. Ele ent�o fez duas rever�ncias baixas para Harry e Ron, e at� fez um pequeno movimento involunt�rio na dire��o de Hermione que pode ter sido uma tentativa para uma sauda��o respeitosa, antes de desaparatar com o comum e alto craque.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por Matheus
Revisado por Albelene Santos e Kalidrio
CAP�TULO 11
O Suborno
Se Monstro conseguira escapar de um lago repleto de Inferi, Harry confiou que a captura de Mundungo levaria pouco tempo, e caminhou pela casa a manh� toda, em constante expectativa. Monstro, por�m, n�o voltou naquela manh�, e nem mesmo naquela tarde. Ao anoitecer, Harry se sentia desencorajado e ansioso, e um jantar constitu�do essencialmente de p�o mofado, sobre o qual Hermione tinha tentado uma s�rie de transfigura��es, n�o ajudou em nada.
Monstro n�o retornou no dia seguinte, nem no outro. No entanto, dois homens de capa haviam aparecido na pra�a � frente do n�mero doze, e passaram a noite l�, olhando na dire��o da casa que n�o conseguiam enxergar.
- Comensais da Morte, sem d�vida, - disse Rony, enquanto ele, Harry e Hermione observavam da janela da sala de visitas. - Acham que eles sabem que estamos aqui?
- Acho que n�o, - disse Hermione, embora parecesse amedrontada, - ou eles teriam mandado Snape atr�s de n�s, n�o?
- Voc�s acham que ele esteve aqui e teve sua l�ngua amarrada pela maldi��o do Moody?,- perguntou Rony.
- Sim, - disse Hermione, - ou ele teria conseguido dizer �quele bando como entrar, n�o acha? Mas eles provavelmente est�o vigiando para ver quando vamos aparecer. Afinal, eles sabem que Harry � o dono da casa.
- Como eles �?, - come�ou Harry.
- Testamentos de bruxos s�o examinados pelo Minist�rio, lembra? Eles sabem que Sirius deixou a casa para voc�.
A presen�a dos Comensais da Morte l� fora fazia crescer o �nimo sinistro dentro do n�mero doze. Eles n�o tinham ouvido sequer uma palavra de algu�m de fora do Largo Grimmauld desde a apari��o do Patrono do Sr. Weasley, e a tens�o come�ava a ficar aparente. Inquieto e irritado, Rony desenvolveu o inc�modo h�bito de brincar com o apagueiro em seu bolso: isso enfurecia particularmente Hermione, que tentava passar o tempo da espera estudando os Contos de Beedle, o Bardo, e n�o gostava nem um pouco de ver as luzes se acendendo e apagando.
- D� para parar com isso? - ela gritou na terceira noite da aus�ncia de Monstro, quando toda a luz foi sugada da sala mais uma vez.
- Desculpa, desculpa! - disse Rony, clicando o apagueiro e reacendendo as luzes. - Eu fa�o isso sem perceber!
- Que tal encontrar algo de �til para se ocupar?
- O qu�, algo como ler hist�rias infantis?
- Dumbledore me deixou este livro, Rony �
- - e ele me deixou o apagueiro, talvez eu deva us�-lo!
N�o ag�entando mais a picuinha, Harry se esgueirou para fora do quarto sem ser percebido por nenhum dos dois. Desceu as escadas em dire��o � cozinha, que ele sempre visitava por ter certeza de que seria o lugar onde Monstro provavelmente apareceria. Na metade da escada, no entanto, ele ouviu uma batida na porta da frente, e depois estalidos met�licos e o ranger de correntes.
Cada nervo em seu corpo pareceu se enrijecer: ele sacou a varinha, se escondeu nas sombras ao lado das cabe�as de elfos decapitadas, e aguardou. A porta se abriu: ele vislumbrou a pra�a � luz das l�mpadas l� fora, e um vulto encapuzado adentrou o sal�o e fechou a porta atr�s de si. O intruso deu um passo � frente, e a voz de Moody perguntou, �Severo Snape?� Ent�o a figura de p� se ergueu do fundo do sal�o e se moveu rapidamente, levantando sua m�o morta.
- N�o fui eu que matei voc�, Alvo, - disse uma voz tranq�ila.
O feiti�o se quebrou. A figura explodiu novamente, e se tornou imposs�vel distinguir o rec�m-chegado na nuvem cinza deixada pela explos�o.
Harry apontou sua varinha bem para o meio da nuvem.
- N�o se mova!
Ele tinha se esquecido do retrato da Sra. Black: ao som de seu grito, as cortinas que a escondiam se abriram de repente, e ela come�ou a gritar: �Sangue-ruins e esc�ria desonrando minha casa � �
Rony e Hermione vieram despencando escada abaixo atr�s de Harry, varinhas apontadas, como a dele, para o homem desconhecido, agora de p�, com os bra�os erguidos, no meio do sal�o.
- N�o atirem, sou eu, Remo!
- Gra�as a Deus, - disse Hermione, sem for�as, apontando sua varinha para a Sra. Black; com um estrondo as cortinas se fecharam zunindo, e o sil�ncio voltou. Rony tamb�m abaixou sua varinha, mas Harry, n�o.
- Mostre-se!, - ele gritou.
Lupin se moveu para a luz, m�os ainda erguidas num gesto de rendi��o.
- Eu sou Remo Jo�o Lupin, lobisomem, algumas vezes conhecido como Aluado, um dos quatro criadores do Mapa do Maroto, casado com Ninfadora, mais conhecida como Tonks, e ensinei a voc� como produzir um Patrono, Harry, que tem a forma de um cervo.
- Ah, tudo bem, - disse Harry, abaixando sua varinha,- mas eu tinha que conferir, n�o � mesmo?
- Falando como seu ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, eu concordo plenamente que voc� precisava conferir. Rony, Hermione, voc�s n�o deviam baixar suas defesas t�o rapidamente.
Eles correram escada abaixo at� ele. Enrolado numa grossa capa de viagem preta, ele parecia exausto, mas satisfeito por v�-los.
- Nenhum sinal de Severo? - perguntou.
- N�o, - disse Harry. - O que est� acontecendo? Est�o todos bem?
- Sim, - disse Lupin, - mas estamos todos sendo vigiados. H� uma dupla de Comensais da Morte na pra�a l� fora �
- N�s sabemos �
- Precisei aparatar exatamente no �ltimo degrau da porta da frente para ter certeza de que eles n�o me veriam. Eles n�o sabem que voc�s est�o aqui, ou mais pessoas estariam l� fora. Eles est�o apostando em todos os lugares que tenham alguma conex�o com voc�, Harry. Vamos descer, tenho muito para contar a voc�s, e quero saber o que aconteceu depois que voc�s deixaram a Toca.
Eles desceram para a cozinha, onde Hermione apontou sua varinha para a lareira. Uma chama brotou imediatamente, dando a ilus�o de aconchego �s austeras paredes de pedra e iluminando a comprida mesa de madeira. Lupin tirou algumas cervejas amanteigadas de dentro de sua capa, e eles se sentaram.
- Eu deveria ter chegado aqui h� tr�s dias, mas precisava despistar os Comensais da Morte que estavam me seguindo, - disse Lupin. - Voc�s vieram direto para c� depois do casamento?
- N�o, - disse Harry, - s� depois de termos dado de cara com alguns comensais da morte num caf� em Tottenham Court Road*.
Lupin derramou quase toda a cerveja amanteigada.
- O qu�?
Eles explicaram o que tinha acontecido. Quando terminaram, Lupin parecia horrorizado.
- Mas como eles encontraram voc�s t�o r�pido? � imposs�vel rastrear algu�m que esteja aparatando, a n�o ser que voc� consiga segur�-lo enquanto desaparecer!
- E n�o parece prov�vel que eles estivessem simplesmente passeando por Tottenham Court Road naquele momento, parece? - disse Harry.
- N�s nos perguntamos, - disse Hermione, insegura, - ser� que Harry poderia ainda ter o Rastro?
- Imposs�vel, - disse Lupin. Rony fez um ar convencido, e Harry se sentiu imensamente aliviado.- Al�m de tudo, se Harry ainda estivesse com o Rastro, eles sem d�vida saberiam que ele est� aqui, n�o acham? Mas n�o consigo compreender como eles podem ter seguido voc�s at� Tottenham Court Road, isso � muito preocupante.
Ele parecia perturbado, mas para Harry aquela pergunta podia esperar.
- Conte-nos o que aconteceu depois que sa�mos, n�o ouvimos nada desde que o pai de Rony nos contou que a fam�lia estava a salvo.
- Bem, Quim nos salvou, - disse Lupin. - Gra�as ao aviso dele a maior parte dos convidados do casamento conseguiu desaparatar antes que eles chegassem.
- Eles eram Comensais da Morte ou pessoal do Minist�rio?, - interrompeu Hermione.
- Uma mistura; mas para todos os fins, eles s�o a mesma coisa, agora, - disse Lupin. - Havia cerca de uma d�zia deles, mas eles n�o sabiam que voc� estava l�, Harry. Arthur ouviu rumores de que eles tentaram torturar Scrimgeour, antes de o matarem, para saber do seu paradeiro. Se for verdade, ele n�o denunciou voc�.
Harry olhou para Rony e Hermione; suas express�es refletiam o misto de choque e gratid�o que ele sentia. Ele nunca gostara muito de Scrimgeour, mas se aquilo era verdade, o ato final dele havia sido tentar proteger Harry.
- Os Comensais da Morte reviraram a Toca de cabe�a para baixo, - Lupin continuou. - Eles encontraram o vampiro, mas n�o quiseram chegar muito perto � e ent�o tentaram interrogar o resto de n�s por horas a fio. Eles estavam tentando obter informa��es sobre voc�, Harry, mas claro que ningu�m al�m da Ordem sabia que voc� tinha estado l�.
- Ao mesmo tempo em que estavam destruindo o casamento, mais Comensais da Morte invadiam todas as casas ligadas � Ordem no pa�s. Sem mortes, - ele acrescentou rapidamente, antecipando a pergunta, - mas eles foram duros. Queimaram a casa de D�dalo Diggle � que, como voc�s sabem, n�o estava l�, e usaram a Maldi��o Cruciatus na fam�lia da Tonks. Mais uma vez, eles estavam tentando descobrir para onde voc� tinha ido depois de visit�-los. Eles est�o bem � abatidos, � claro, mas ainda assim, bem.
- Os Comensais da Morte conseguiram passar por todos aqueles feiti�os de prote��o?- perguntou Harry, lembrando-se de como haviam sido eficazes na noite em que ele despencara no jardim dos pais de Tonks.
- O que voc� precisa entender, Harry, � que os Comensais da Morte agora t�m todo o poder do Minist�rio a seu favor,- disse Lupin. - Eles t�m poder para realizar alguns feiti�os terr�veis sem medo de serem identificados ou presos. Eles conseguiram penetrar todos os feiti�os que hav�amos lan�ado para nos proteger deles, e, uma vez dentro, eles foram bastante diretos sobre a raz�o de estarem ali.
- E eles est�o preocupados em dar alguma desculpa para torturarem as pessoas em busca de informa��o sobre o Harry? - perguntou Hermione, exasperada.
- Bem, - disse Lupin. Ele hesitou, e ent�o puxou uma c�pia dobrada do Profeta Di�rio.
- Aqui, - ele falou, empurrando o jornal pela mesa at� Harry, - voc� vai descobrir mais cedo ou mais tarde, de qualquer forma. Esse � o pretexto deles para perseguir voc�.
Harry alisou o papel. Uma imensa fotografia de seu pr�prio rosto se destacava na primeira p�gina. Ele leu a manchete sobre ela:
PROCURADO PARA INTERROGAT�RIO ACERCA DA MORTE DE ALVO DUMBLEDORE
Rony e Hermione rugiram de indigna��o, mas Harry n�o disse nada. Empurrou o jornal para longe; n�o queria ler mais: ele sabia o que estaria escrito. Ningu�m al�m de quem estivera no alto da torre quando Dumbledore morreu sabia quem realmente o matara, e, como Rita Skeeter j� havia dito ao mundo dos bruxos, Harry fora visto correndo do lugar momentos ap�s a queda de Dumbledore.
- Sinto muito, Harry, - disse Lupin.
- �Ent�o os Comensais da Morte tomaram o Profeta Di�rio tamb�m? - perguntou Hermione, furiosa.
Lupin assentiu.
- Mas com certeza as pessoas perceberam o que est� acontecendo?
- O golpe foi suave e virtualmente silencioso, - disse Lupin. - A vers�o oficial do assassinato de Scrimgeour � que ele renunciou; ele foi substitu�do por Pius Thicknesse, que est� sob a Maldi��o Imperius.
- Por que Voldemort n�o se declarou Ministro da Magia? - perguntou Rony.
Lupin riu.
- Ele n�o precisa disso, Rony. Ele � efetivamente o Ministro, mas por que ele iria se sentar atr�s de uma mesa no Minist�rio? Sua marionete, Thicknesse, est� tomando conta dos neg�cios cotidianos, deixando Voldemort livre para estender seu poder para al�m do Minist�rio.
- Naturalmente muitas pessoas deduziram o que ocorreu. Houve uma mudan�a t�o dram�tica na pol�tica do Minist�rio nos �ltimos dias, que muitos andam sussurrando que Voldemort deve estar por tr�s de tudo. Por�m, essa � a quest�o: eles apenas sussurram. Eles n�o ousam fazer confid�ncias uns aos outros, pois n�o sabem em quem confiar; est�o assustados demais para protestar, caso suas suspeitas sejam verdadeiras e suas fam�lias estejam na mira. Sim, Voldemort est� jogando um jogo muito astuto. Declarar-se poderia provocar rebeli�o aberta: permanecer oculto criou confus�o, incerteza e medo.
- E essa mudan�a dram�tica na pol�tica do Minist�rio,- perguntou Harry, - envolve alertar toda a comunidade dos bruxos contra mim, ao inv�s de Voldemort?
- Sem d�vida, isso � uma parte, - respondeu Lupin, - e � um golpe de mestre. Agora que Dumbledore est� morto, voc� � o Menino Que Sobreviveu � sem d�vida se tornaria o s�mbolo e o ponto de apoio para qualquer resist�ncia contra Voldemort. Mas, ao sugerir que voc� possa ter tido participa��o na morte do velho her�i, Voldemort n�o apenas colocou um pre�o pela sua cabe�a, mas semeou medo e d�vida entre muitos que poderiam defend�-lo.
- Enquanto isso, o Minist�rio come�ou a atuar contra os Nascidos-Trouxa.
Lupin apontou para o Profeta Di�rio.
- Olhem na p�gina dois.
Hermione virou as p�ginas com a mesma express�o de repulsa que havia mostrado ao manusear os Segredos das Artes das Trevas.
- �Registro de Nascidos-Troux�,- ela leu em voz alta. - �O Minist�rio da Magia est� realizando um recenseamento de todos os chamados �Nascidos-Trouxa�, para entender melhor como eles vieram a ter segredos m�gicos.
�Recentes pesquisas do Departamento de Mist�rios revelaram que a magia s� pode ser passada de uma pessoa a outra quando bruxos se reproduzem. Quando n�o existe comprovada ascend�ncia de bruxos, portanto, os chamados Nascidos-Trouxa provavelmente obtiveram poder m�gico por furto ou uso da for�a.�
�O Minist�rio est� determinado a extirpar tais usurpadores de poder m�gico, e para esse fim enviou um convite para que todos os chamados Nascidos-Trouxa se apresentem para uma entrevista com a recentemente criada Comiss�o de Registro de Nascidos-Trouxa.�
- As pessoas n�o v�o deixar isso acontecer, - disse Rony.
- Isso est� acontecendo, Rony, - disse Lupin. - Nascidos-Trouxa est�o sendo arrebanhados enquanto conversamos.
- Mas como eles poderiam ter �roubado� magia? - perguntou Rony. -� insano, se voc� pudesse roubar magia n�o haveria nenhum Aborto, haveria?
- Eu sei, - respondeu Lupin. - Ainda assim, a n�o ser que voc� possa comprovar que tem ao menos um parente pr�ximo bruxo, presume-se que voc� tenha obtido seu poder m�gico ilegalmente, e deva sofrer a puni��o.
Ron olhou de esguelha para Hermione, e ent�o disse, - E se os puro-sangues e mesti�os admitirem um Nascido-Trouxa como parte de sua fam�lia? Eu diria a eles que Hermione � minha prima �
Hermione segurou a m�o de Rony e a apertou.
- Obrigada, Rony, mas eu n�o deixaria voc� �
- Voc� n�o ter� escolha, - disse Ron impetuosamente, apertando de volta a m�o dela. - Vou explicar a voc� minha �rvore geneal�gica para que voc� possa responder perguntas sobre ela.
Hermione deu uma risada tr�mula.
- Rony, n�s estamos fugindo com Harry Potter, a pessoa mais procurada do pa�s, acho que isso n�o importa muito. Se eu fosse voltar para a escola seria diferente. O que Voldemort est� planejando para Hogwarts? - ela perguntou a Lupin.
- A freq��ncia agora � obrigat�ria para todos os jovens bruxos e bruxas, - ele respondeu. - Isso foi anunciado ontem. � uma grande mudan�a, porque nunca havia sido obrigat�rio antes. Claro, quase todos os bruxos e bruxas da Gr�-Bretanha foram educados em Hogwarts, mas seus pais tinham o direito de educ�-los em casa ou envi�-los para o exterior, se preferissem. Dessa forma, Voldemort ter� toda a popula��o de bruxos sob seu dom�nio desde muito jovens. E tamb�m � uma outra forma de excluir os Nascidos-Trouxa, porque os alunos devem receber Status de Sangue � o que significa que eles precisam ter comprovado ao Minist�rio que possuem ascend�ncia de bruxos � antes de obterem permiss�o para freq�entar.
Harry se sentiu enojado e furioso: nesse momento, meninos e meninas de onze anos, ansiosos, estariam contemplando pilhas de livros rec�m-comprados, alheios ao fato de que eles nunca veriam Hogwarts, talvez nunca mais veriam suas fam�lias.
- Isso �... isso �... - ele murmurou, lutando para encontrar palavras que expressassem o horror que sentia, mas Lupin apenas disse, calmamente, - Eu sei.
Lupin hesitou.
- Eu vou entender se voc� n�o puder confirmar isso, Harry, mas a Ordem tem a impress�o de que Dumbledore deixou uma miss�o para voc�.
- Sim, ele deixou�, respondeu Harry, - e Rony e Hermione sabem disso, e v�o comigo.
- Voc� pode me dizer do que se trata essa miss�o?
Harry olhou para o rosto precocemente enrugado, emoldurado por cabelos grisalhos, e desejou poder dar outra resposta.
- N�o posso, Remo, sinto muito. Se Dumbledore n�o contou, n�o acho que eu possa faz�-lo.
- Imaginei que voc� fosse dizer isso, - disse Lupin, desapontado. - Mas eu poderia ser �til para voc�s. Voc�s sabem quem sou, e sabem o que posso fazer. Eu poderia ir com voc�s e dar prote��o. N�o seria necess�rio me contar exatamente o que pretendem.
Harry hesitou. Era uma oferta tentadora, embora como manter sua miss�o secreta se Lupin estivesse com eles o tempo todo, era algo que ele n�o conseguia imaginar.
Hermione, no entanto, parecia intrigada.
- Mas, e a Tonks? - ela perguntou.
- O que tem a Tonks? - disse Lupin.
- Bem, - respondeu Hermione, franzindo as sobrancelhas, - voc� est� casado! Como ela se sente sobre voc� vir conosco?
- Tonks vai estar perfeitamente segura, - disse Lupin. - Ela vai ficar na casa de seus pais.
Havia algo estranho no tom de Lupin; era quase frio. Havia algo de estranho, tamb�m, na id�ia de que Tonks ficaria escondida na casa dos pais; afinal, ela era um membro da Ordem, e, at� onde Harry sabia, possivelmente desejaria estar no meio da a��o.
- Remo, - disse Hermione cautelosamente, - est� tudo bem... voc� sabe... entre voc� e �
- Est� tudo muito bem, obrigada, - respondeu Lupin imediatamente.
Hermione enrubesceu. Houve uma outra pausa, estranha e embara�osa, e ent�o Lupin disse, com um ar de quem for�ava a si mesmo a admitir algo desagrad�vel, - Tonks vai ter um beb�.
- Que maravilha! - guinchou Hermione.
- Excelente! - disse Rony, entusiasmado.
- Parab�ns. - disse Harry.
Lupin deu um sorriso artificial, que mais parecia uma careta, e disse, - Ent�o... voc� aceita minha oferta? Tr�s podem virar quatro? N�o acho que Dumbledore desaprovaria, afinal, ele me nomeou como seu professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. E devo dizer que acredito que enfrentaremos magia de um tipo que muitos de n�s jamais encontraram ou imaginaram.
Rony e Hermione olharam para Harry.
- Apenas � apenas para esclarecer, - ele disse. - Voc� quer deixar Tonks na casa dos pais e ir embora conosco?
- Ela estar� perfeitamente segura l�, eles cuidar�o dela, - disse Lupin. Ele falou com uma firmeza que beirava � indiferen�a. - Harry, tenho certeza que Tiago gostaria que eu ficasse com voc�.
- Bem, - disse Harry, lentamente, - eu n�o. Tenho bastante certeza que meu pai gostaria de saber por que voc� n�o est� ficando com seu pr�prio filho, na verdade.
Lupin empalideceu. A temperatura na cozinha parecia ter ca�do uns dez graus. Rony olhava ao redor como se tentasse memorizar a cena, enquanto o olhar de Hermione dan�ava entre Harry e Lupin.
- Voc� n�o compreende. - disse Lupin, por fim.
- Explique, ent�o. - disse Harry.
Lupin engoliu em seco.
- Eu � eu cometi um s�rio engano ao me casar com Tonks. Fiz isso a despeito de um melhor julgamento, e me arrependo desde ent�o.
- Entendo, - disse Harry, - ent�o voc� vai simplesmente dar o fora nela e no beb� e fugir conosco?
Lupin se ergueu de uma vez: sua cadeira virou, e ele encarou a todos com tamanha ferocidade que Harry percebeu, pela primeira vez, a sombra de um lobo sob sua face humana.
- Voc� n�o entende o que fiz � minha mulher e ao meu filho ainda n�o nascido? Eu nunca deveria ter me casado com ela, eu a tornei uma renegada!
Lupin chutou a cadeira que havia derrubado.
- Voc� s� me v� participando da Ordem, ou sob a prote��o de Dumbledore em Hogwarts! Voc� n�o sabe como a maior parte dos bruxos enxerga criaturas como eu! Quando eles descobrem o que me aflige, eles mal falam comigo! Voc� n�o v� o que eu fiz? At� mesmo a fam�lia dela tem repulsa ao nosso casamento, que pais gostariam de ver sua �nica filha se casar com um lobisomem? E a crian�a � a crian�a �
Lupin puxava tufos de seu pr�prio cabelo. Ele parecia fora de si.
- Minha ra�a normalmente n�o procria! Ele vai ser como eu, estou convencido disso � como posso me perdoar, quando sabidamente arrisquei transmitir minha condi��o a uma crian�a inocente? E se, por algum milagre, ela n�o for como eu, ent�o ela vai estar cem vezes melhor sem um pai de quem sempre se envergonhar�.
- Remo! - sussurou Hermione, com l�grimas nos olhos. - N�o diga isso � como qualquer crian�a poderia se envergonhar de voc�?
- Ah, n�o sei, Hermione, - disse Harry. - Eu ficaria bastante envergonhado dele.
Harry n�o sabia de onde estava vindo aquela ira, mas ela o tinha impulsionado a se levantar tamb�m. Lupin parecia ter recebido um soco dele.
- Se o novo regime considera que Nascidos-trouxa s�o ruins, - disse Harry, - o que eles far�o, ent�o, com um meio-lobisomem cujo pai est� na Ordem? Meu pai morreu tentando proteger minha m�e e eu, e voc� acha que ele te diria para abandonar seu filho e ir se aventurar conosco?
- Como � como voc� ousa? - disse Lupin. - Isso n�o tem nada a ver com um desejo de � de perigo e gl�ria pessoal � como voc� ousa sugerir algo t�o �
- Acho que voc� anda muito audacioso, - disse Harry. - Est� pensando em tomar o lugar de Sirius �
- Harry, n�o! - implorou Hermione, mas ele continuou a encarar o rosto furioso de Lupin.
- Eu nunca acreditaria nisso, - Harry disse. - O homem que me ensinou a lutar contra os dementadores � um covarde.
Lupin sacou sua varinha t�o r�pido que Harry mal conseguiu alcan�ar a sua pr�pria; houve um estrondo, e ele foi jogado para tr�s, como se arremessado. Quando bateu contra a parede da cozinha e deslizou para o ch�o, ainda teve um vislumbre da barra da capa de Lupin desaparecendo pela porta.
- Remo, Remo, volte! - gritou Hermione, mas Lupin n�o respondeu. Um momento depois eles ouviram a porta da frente bater.
- Harry! - exclamou Hermione. - Como voc� p�de?
- Foi f�cil, - disse Harry. Ele se levantou. Podia sentir um galo se formando no lugar em que sua cabe�a batera na parede. Ainda estava t�o cheio de f�ria que tremia.
- N�o olhe assim para mim! - rosnou para Hermione.
- N�o desconte nela! - rosnou de volta Rony.
- N�o � n�o � n�s n�o devemos brigar! - disse Hermione, metendo-se entre os dois.
- Voc� n�o deveria ter dito aquelas coisas para o Lupin, - Ron disse a Harry.
- Foi ele que pediu por isso, - disse Harry. Imagens fragmentadas se sucediam em sua cabe�a: Sirius passando pelo v�u; Dumbledore suspenso em pleno ar, derrotado; um jato de luz verde e a voz de sua m�e, implorando miseric�rdia...
- Pais, - continuou Harry, - n�o deveriam deixar seus filhos a n�o ser que � a n�o ser que realmente seja necess�rio.
- Harry � - disse Hermione, estendendo uma m�o para consol�-lo, mas ele deu de ombros e saiu de perto, seus olhos fixos no fogo que Hermione havia conjurado. Ele havia uma vez falado com Lupin naquela lareira, procurando ser tranq�ilizado com rela��o a Tiago, e Lupin o havia consolado. Agora o l�vido rosto atormentado de Lupin parecia flutuar � sua frente. Ele sentiu um embrulho no est�mago de remorso. Nem Rony, nem Hermione disseram nada, mas Harry sentiu que eles estavam se entreolhando pelas suas costas, comunicando-se silenciosamente.
Ele se virou e os pegou abruptamente se virando para frente.
- Eu sei que n�o deveria t�-lo chamado de covarde.
- N�o, voc� n�o deveria, - disse Rony, imediatamente.
- Mas ele est� agindo como um covarde.
- Ainda assim... - disse Hermione.
- Eu sei, - retrucou Harry. - Mas se isso fizer com que ele volte para junto de Tonks, ter� valido a pena, n�o?
Ele n�o conseguia evitar o tom de s�plica em sua voz. Hermione parecia compreensiva, Ron, incerto. Harry desviou os olhos para baixo, pensando em seu pai. Teria Tiago o apoiado no que ele dissera a Lupin, ou ele ficaria bravo com seu filho por ter maltratado um de seus velhos amigos?
A cozinha silenciosa parecia vibrar com o choque da cena recente e com a reprova��o silente de Rony e Hermione. O Profeta Di�rio que Lupin trouxera ainda estava sobre a mesa, o rosto de Harry na primeira p�gina olhando para o teto. Ele foi at� l� e se sentou � mesa, abrindo o jornal ao acaso, e fingindo ler. Ele n�o conseguia absorver qualquer palavra, sua cabe�a ainda estava repleta de tudo o que ocorrera no encontro com Lupin. Ele tinha certeza de que Rony e Hermione haviam retomado sua comunica��o t�cita do outro lado do Profeta. Ele virou a p�gina com estardalha�o, e o nome de Dumbledore pulou � sua frente. Sob a fotografia estavam as palavras: A fam�lia Dumbledore, da esquerda para a direita: Alvo; Percival segurando a rec�m-nascida Ariana; Kendra; e Aberforth.
Aquilo chamou sua aten��o, e Harry examinou a fotografia com mais cuidado. O pai de Dumbledore, Percival, era um homem bem-apessoado, com olhos que pareciam brilhar mesmo naquela foto velha e desbotada. O beb�, Ariana, era um pouco maior do que um p�ozinho, e dif�cil de distinguir. A m�e, Kendra, tinha cabelo preto amarrado num coque alto. Seu rosto tinha certo ar de escultura. Harry se lembrou de fotos que vira de �ndios americanos, enquanto analisava seus olhos, suas ma��s do rosto salientes, e o nariz retil�neo, formalmente composto sobre um vestido de seda de gola alta. Alvo e Aberforth estavam usando semelhantes jaquetas rendadas de gola e id�nticos cortes de cabelo na altura do ombro. Alvo parecia muitos anos mais velho, mas exceto por isso os dois garotos eram muito parecidos, pois isso fora antes de o nariz de Alvo ser quebrado, e antes de ele come�ar a usar �culos.
A fam�lia parecia bastante normal e feliz, sorrindo serenamente na p�gina do jornal. A pequena Ariana agitava seus bra�os vagamente em sua manta. Harry olhou acima da foto e leu a manchete:
TRECHO EXCLUSIVO DA NOVA BIOGRAFIA DE ALVO DUMBLEDORE
Por Rita Skeeter
Pensando que dificilmente algo poderia faz�-lo se sentir pior do que j� se sentia, Harry come�ou a ler:
Orgulhosa e arrogante, Kendra Dumbledore n�o tolerou permanecer em Mould-on-the-Wold* depois da muito divulgada pris�o de seu marido Percival, encarcerado em Azkaban. Ela decidiu ent�o deslocar a fam�lia para Godric�s Hollow, o vilarejo que mais tarde ganharia fama como cen�rio da inexplic�vel fuga de Harry Potter de Voc�-Sabe-Quem.
Como Mould-on-the-Wold, Godric�s Hollow era lar de v�rias fam�lias de bruxos, mas uma vez que Kendra n�o as conhecia, seria poupada da curiosidade, enfrentada por ela em sua antiga casa, acerca do crime de seu marido. Seguidamente recha�ando as tentativas de aproxima��o de seus novos vizinhos bruxos, ela logo assegurou que a fam�lia fosse deixada completamente s�.
�Bateu a porta na minha cara quando fui dar as boas-vindas com uma fornada de bolinhos de caldeir�o caseiros�, disse Batilda Bagshot. �Durante o primeiro ano em que estavam aqui, eu s� via os dois rapazes. N�o saberia que havia uma filha se n�o tivesse visto Kendra levar Ariana at� o jardim, numa noite em que eu estava colhendo plangentinas � luz da lua, no inverno em que eles se mudaram. Ela a levou at� o jardim dos fundos, deu uma volta no gramado, mantendo-a bem segura, e ent�o a levou novamente para dentro. Eu n�o sabia o que pensar.�
Aparentemente Kendra considerou que a mudan�a para Godric�s Hollow era a oportunidade perfeita para esconder Ariana de uma vez por todas, algo que ela provavelmente j� planejava h� v�rios anos. O momento foi relevante. Ariana tinha cerca de sete anos quando desapareceu, e sete � a idade a que a maior parte dos especialistas concorda que a magia j� deva se manifestar, se presente. Ningu�m se recorda de Ariana jamais ter demonstrado qualquer habilidade m�gica. Parece claro, portanto, que Kendra tomou a decis�o de esconder a exist�ncia de sua filha, ao inv�s de admitir a vergonha de ter produzido um Aborto. Mudar-se para longe de seus amigos e vizinhos que conheciam Ariana s� tornaria o isolamento desta mais f�cil. As poucas pessoas que sabiam da exist�ncia de Ariana, ent�o, iriam com certeza manter o segredo, incluindo seus dois irm�os, que evitavam perguntas capciosas com a resposta que sua m�e lhes ensinara: �minha irm� � fr�gil demais para ir � escola�.
Na pr�xima semana: Alvo Dumbledore em Hogwarts � Os pr�mios e a presun��o
Harry estava errado: o que havia lido tinha efetivamente feito com que se sentisse pior. Ele olhou de novo para a fotografia da fam�lia de apar�ncia feliz. Seria verdade? Como ele poderia descobrir? Ele queria ir a Godric�s Hollow, mesmo se Batilda n�o estivesse l�cida o suficiente para conversar com ele; ele queria visitar o lugar onde ambos, ele e Dumbledore, haviam perdido entes queridos. Estava abaixando o jornal, para pedir a opini�o de Rony e Hermione, quando um estalo ensurdecedor ecoou pela cozinha.
Pela primeira vez em tr�s dias Harry havia se esquecido de Monstro. Seu primeiro pensamento foi que Lupin tinha voltado, e por um instante n�o assimilou a massa de membros revoltos que havia aparecido do nada ao lado de sua cadeira. Ele ficou de p� rapidamente enquanto Monstro se desembolava. Fazendo uma profunda rever�ncia para Harry, ele crocitou: �Monstro voltou com o ladr�o Mundungo Fletcher, Mestre�.
Mundungo se levantou atabalhoadamente e sacou sua varinha; Hermione, por�m, foi mais r�pida que ele.
- Expelliarmus!
A varinha de Mundungo foi arremessada no ar, e Hermione a segurou. Com um olhar assustado, Mundungo correu para as escadas: Ron se atirou sobre ele, e Mundungo foi derrubado sobre o ch�o de pedra com um som abafado de coisas se quebrando.
- O que foi?- ele gritou com toda for�a, contorcendo-se para tentar se soltar da pegada de Rony. - O que eu fiz? Colocar um maldito elfo atr�s de mim, que brincadeira � essa, o que eu fiz, me solta, me solta, ou �
- Voc� n�o est� numa boa posi��o para fazer amea�as, - disse Harry. Ele atirou o jornal para o lado, atravessou a cozinha a passos largos, e se ajoelhou ao lado de Mundungo, que parou de lutar e pareceu aterrorizado. Rony se levantou, arfando, e observou enquanto Harry apontava sua varinha para o nariz de Mundungo. Mundungo fedia a suor azedo e tabaco: seu cabelo estava embara�ado, e suas roupas, manchadas.
- Monstro pede desculpas pelo atraso na captura do ladr�o, Mestre, - crocitou o elfo. - Fletcher sabe como se safar, tem muitos esconderijos e comparsas. Ainda assim, no fim das contas Monstro o encurralou�.
- Voc� se saiu muito bem, Monstro, - disse Harry, e o elfo fez uma rever�ncia.
- Certo, agora temos algumas perguntas para voc�, - Harry falou para Mundungo, que come�ou a gritar.
- Eu entrei em p�nico, OK? Eu nunca quis participar, sem ofensa, cara, mas eu nunca me ofereci para morrer por voc�, e l� estava o maldito Voc�-Sabe-Quem voando na minha dire��o, qualquer um teria tentado escapulir, eu disse o tempo todo que n�o queria �
- Para a sua informa��o, nenhum dos demais tentou desaparatar, - disse Hermione.
- Bem, voc�s s�o um bando de malditos her�is, ent�o, mas eu nunca fingi estar disposto a me sacrificar �
- N�s n�o estamos interessados em saber por que voc� abandonou Olho-Tonto, - disse Harry, movendo sua varinha para mais perto dos olhos injetados e inchados de Mundungo. - N�s j� sabemos que voc� � uma esc�ria trai�oeira.
- Bom, ent�o, por que diabos estou sendo ca�ado por elfos? Ou isso tem alguma coisa a ver com as ta�as novamente? Eu n�o tenho mais nenhuma delas, ou voc� poderia ficar com elas �
- Tamb�m n�o � sobre as ta�as, mas voc� est� chegando perto, - disse Harry. - Cale a boca e escute.
Era fant�stico finalmente ter algo a fazer, algu�m de quem ele pudesse exigir verdades. A varinha de Harry agora estava t�o pr�xima do nariz de Mundungo que ele tinha ficado vesgo tentando mant�-la � sua vista.
- Quando voc� fez um limpa de todas as coisas de valor nesta casa, - come�ou Harry, mas Mundungo o interrompeu novamente.
- Sirius nunca se preocupou com nada desse lixo �
Houve um barulho de p�s batendo no ch�o, um brilho c�preo, um tinido ecoando, e um grito de agonia: Monstro tinha corrido at� Mundungo e o atingido na cabe�a com uma panela.
- Tire ele daqui, tire ele daqui, ele devia estar preso!, - berrou Mundungo, cobrindo a cabe�a enquanto Monstro erguia a pesada panela novamente.
- Monstro, n�o! - pediu Harry.
Os finos bra�os de Monstro tremeram com o peso da panela, ainda segura no alto, pronta para bater.
- S� mais uma vez, Mestre Harry, para dar sorte?
Rony riu.
- N�s precisamos dele consciente, Monstro, mas se ele precisar de um pouco de persuas�o, voc� pode fazer as honras, - disse Harry.
- Muito obrigado, Mestre, - disse Monstro, numa rever�ncia, e recuou uma pequena dist�ncia, seus grandes olhos p�lidos ainda fixos sobre Mundungo com desd�m.
- Quando voc� despiu esta casa de todas as coisas de valor que conseguiu encontrar, - Harry come�ou de novo, - voc� tirou um monte de coisas do arm�rio da cozinha. Havia um medalh�o l�. - A boca de Harry ficou seca de repente: ele podia sentir a tens�o e a ansiedade de Rony e Hermione, tamb�m. - O que voc� fez com ele?
- Por qu�? - perguntou Mundungo. - Era valioso?
- Voc� ainda est� com ele! - gritou Hermione.
- N�o, ele n�o est�, - disse Rony sombriamente. - Ele est� pensando se poderia ter pedido um valor mais alto.
- Mais alto? - disse Mundungo. - Isso n�o teria sido dif�cil... Acabei dando a porcaria, n�o foi? N�o tive escolha.
- O que voc� quer dizer?
- Eu estava vendendo no Beco Diagonal quando ela veio e me perguntou se eu tinha licen�a para comercializar artefatos m�gicos. Maldita intrometida. Ela ia me multar, mas se encantou pelo medalh�o e me disse que iria lev�-lo e me deixar daquela vez, e que eu deveria me considerar de sorte.
- Quem era essa mulher? - perguntou Harry.
- N�o sei, alguma bruxa velha do Minist�rio.
Mundungo pensou por um momento, franzindo a testa.
- Baixinha. La�o no alto da cabe�a.- Franziu as sobrancelhas e acrescentou, - Parecia um sapo.
Harry deixou cair sua varinha: ela atingiu Mundungo no nariz e lan�ou jatos vermelhos em suas sobrancelhas, que pegaram fogo.
- Aguamenti! - gritou Hermione, e um jato de �gua brotou de sua varinha, atingindo Mundungo, que afogava e se engasgava.
Harry olhou para cima e viu seu pr�prio susto refletido nos rostos de Rony e Hermione. As cicatrizes em sua m�o direita latejaram novamente.
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Notas do Tradutor:
*Tamb�m n�o traduzi Tottenham Court Road, porque � uma rua importante de Londres.
*Considerando-se que a Lia n�o traduziu nomes como Godric�s Hollow, estou preservando o nome da cidade em ingl�s.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por: Deborah Le�o
Revis�o por: Mosqueteira
- CAP�TULO DOZE -
Magia � Poder
Com a chegada de Agosto, o bloco de grama malcuidado no centro do Largo Grimmauld murchou ao sol at� se tornar fr�gil e amarelado. Os habitantes do n�mero doze nunca foram vistos por ningu�m das casas ao redor, assim como o pr�prio n�mero doze. Os trouxas que viviam no Largo Grimmauld h� muito tinham aceitado o divertido erro de numera��o que havia situado o n�mero onze bem ao lado do treze.
O Largo come�ava agora a atrair um pingado de visitantes que parecia achar a anomalia muito intrigante. Nenhum dia se passava sem uma ou duas pessoas chegando ao Largo Grimmauld com nenhuma outra finalidade, ou pelo menos foi o que pareceu, do que parar ao lado oposto �s cercas encarando o n�mero onze e treze, assistindo � jun��o entre as duas casas. Os visitantes nunca eram os mesmos passados dois dias, apesar de todos parecerem compartilhar o mesmo desagrado por roupas normais. A maioria dos londrinos que passavam por ali se surpreendia ao ver pessoas vestirem roupas t�o exc�ntricas e �s vezes parava para analis�-las, um deles ocasionalmente olhou para tr�s perguntando-se porque algu�m vestiria uma capa num calor desses.
Os visitantes pareciam estar pouco satisfeitos com sua vig�lia. Ocasionalmente um deles tentava avan�ar � frente excitadamente, como se tivesse visto algo finalmente interessante, mas apenas voltava para tr�s parecendo desapontado.
No primeiro dia de setembro, havia mais pessoas espreitando o Largo do que jamais houvera. Meia d�zia de homens vestindo longas capas permaneceram calados e entretidos, mirando ainda entre as casas onze e treze, mas a coisa que ainda esperavam parecia ilus�ria. Com a chegada da noite, e com ela um vento g�lido de chuva pela primeira vez em semanas, ocorreu mais um daqueles inexplic�veis momentos quando algu�m parecia ter visto algo de interessante. O homem com a cara retorcida apontou e seu companheiro mais pr�ximo, um homem atarracado e p�lido avan�ou a frente mas um momento depois eles voltaram ao seu inicial estado de inatividade, olhando frustrados e desapontados.
Enquanto isso, dentro do n�mero doze, Harry acabara de adentrar o hall. Ele tinha acabado de perder o equil�brio, tinha aparatado a um passo da porta da frente, e pensou que os Comensais da Morte deviam ter vislumbrado seu cotovelo exposto. Fechando cuidadosamente a porta atr�s dele, retirou sua capa de invisibilidade, dobrou-a sobre seu bra�o, e saiu rapidamente pelo corredor do hall at� uma porta de acesso ao por�o, a c�pia roubada do Profeta Di�rio em sua m�o.
O usual sussurro baixo de �Severo Snape?�, cumprimentou-o, o vento frio varreu-o e sua l�ngua enrolou-se por um momento.
- Eu n�o matei voc�, - ele falou, uma vez que desenrolou, depois segurou a respira��o quando a empoeirada figura amaldi�oada explodiu. Ele esperou at� estar a meio caminho das escadas da cozinha, fora dos limites auditivos da Sr�. Black e limpo da nuvem de poeira, antes de anunciar - Eu tenho novidades e voc�s n�o gostar�o delas.
A cozinha estava quase irreconhec�vel. Cada superf�cie brilhava agora; Potes e panelas de cobre foram polidas para um fulgor r�seo; a superf�cie da mesa de madeira brilhava; as ta�as e pratos j� estavam colocados para o jantar na luz de um alegre e chamejante fogo no qual havia um caldeir�o cozinhando. Nada no c�modo, entretanto, era mais dramaticamente diferente do que o elfo dom�stico que vinha rapidamente na dire��o de Harry, vestido numa toalha branco neve, os pelos de suas orelhas t�o limpos e macios quanto algod�o de l�, o medalh�o de R�gulo balan�ando no seu peito magro.
- Tire os sapatos, por favor, Mestre Harry, e lave as m�os antes do jantar,- grasnou Monstro, recolhendo a capa de invisibilidade e erguendo-se para pendur�-la num gancho na parede, ao lado de in�meras vestes fora de moda rec�m lavadas.
- O que aconteceu? - perguntou Rony apreensivo. Ele e Hermione estavam trabalhando em cima de um monte de notas rabiscadas e mapas feitos � m�o que se estendiam por toda a mesa da cozinha, mas agora eles observavam Harry avan�ar at� eles jogando o jornal em cima de todos aqueles pergaminhos.
Uma grande foto de algu�m familiar, um homem de nariz de gancho, cabelos pretos e longos os encarou abaixo de uma manchete em que se lia:
SEVERO SNAPE CONFIRMADO COMO NOVO DIRETOR DE HOGWARTS.
- N�o! - falaram alto Rony e Hermione.
Hermione fora mais r�pida; ela levantou o jornal e come�ou a ler a hist�ria em voz alta.
�Severo Snape, por muito tempo professor de po��es na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, foi hoje apontado como novo diretor na mais importante das s�ries de mudan�as realizadas na antiga escola. Seguindo a resigna��o, Aleto Carrow ser� professor da mat�ria Estudo dos Trouxas enquanto seu irm�o Amico, preencher� a posi��o de professor de Defesa Contra Artes das Trevas.�
�Eu dou boas vindas � oportunidade de apoiar nossas melhores tradi��es e valores da bruxaria ��
- Como cometer assassinato e cortar as orelhas das pessoas, eu suponho! Snape, diretor! Snape no lugar de Dumbledore, pelas barbas de Merlin! - ela gritou fazendo Rony e Harry pularem. Ela pulou por cima da mesa e foi em dire��o ao quarto gritando, - Eu volto em um minuto!
- �Pelas barbas de Merlin?� - repetiu Rony, olhando maravilhado. - Ela deve estar perturbada. Ele puxou o jornal para si e leu o artigo de Snape.
- Os outros professores n�o aceitar�o isso, McGonagall, Flitwick e Sprout, todos sabem a verdade, eles sabem como Dumbledore morreu. Eles n�o aceitaram Snape como diretor. E quem s�o esses Carrows?
- Comensais da Morte - falou Harry. - Tem fotos deles dentro do jornal. Eles estavam no topo da torre quando Snape matou Dumbledore, ent�o est�o todos entre amigos. E, - Harry foi amargamente pegar um cadeira, - Eu n�o vejo outra sa�da para os professores sen�o ficar. Se o ministro e Voldemort est�o por tr�s de Snape isso ser� uma escolha entre ficar e ensinar ou passar poucos agrad�veis anos em Azkaban � e isso se tiverem sorte. Eu considero que eles ficar�o e proteger�o os alunos..
Monstro veio contornando a mesa com uma grande tigela �s m�os e depositou sopa em pratos primitivos, assobiando entre os dentes.
- Obrigado, Monstro, - falou Harry, fechando o Profeta, pois assim n�o veria o rosto de Snape. - Bem, pelo menos sabemos onde Snape est� agora.
Ele levou a colher de sopa � boca. A qualidade da comida do Monstro tinha melhorado drasticamente desde que foi presenteado com o medalh�o de R�gulo: As cebolas francesas hoje estavam melhor do que nunca.
- Ainda h� um grupo de Comensais da Morte vigiando a casa - falou a Rony que comia - mais do que normalmente. � como se esperassem que sa�ssemos carregando nosso material escolar em dire��o ao Expresso Hogwarts.
Rony deu uma olhada em seu rel�gio.
- Eu estive pensando nisso o dia todo. J� saiu h� seis horas atr�s. � estranho n�o estar nele n�o acha?
Em sua mente Harry pareceu imaginar a m�quina a vapor escarlate que ele e Rony uma vez seguiram voando entre campos e colinas, uma ondulante e vermelha lagarta.
Ele tinha certeza que Gina, Neville e Luna estavam agora sentados juntos e talvez se perguntando onde estariam ele Rony e Hermione ou debatendo qual seria a melhor forma de arruinar o novo regime de Snape.
- Eles quase me viram voltando agora - Falou Harry - Eu aparatei de mau jeito bem em frente � porta e a capa escorregou.
- Eu fa�o isso toda vez, oh aqui est� ela - adicionou Rony rodeando seu assento para assistir Hermione retornar � cozinha. - E o que, em nome de Merlin, � isso?
- Eu me lembrei disto - arquejou Hermione.
Ela estava carregando um grande quadro emoldurado, que agora ela colocou no ch�o, antes de pegar sua pequena bolsa no aparador da cozinha. Abrindo-a, ela come�ou a for�ar a pintura para dentro descartando o fato de isso ser aparentemente muito grande para caber naquela bolsa min�scula, mas em poucos segundos tinha desaparecido, muito facilmente, nas profundidades espa�osas da bolsa.
- Fineus Nigellus - Explicou Hermione atirando a bolsa em cima da mesa da cozinha, produzindo um estalo.
- Desculpe? - falou Rony, mas Harry entendeu. A figura pintada de Fineus Nigellus Black era capaz de viajar entre seu quadro no Largo Grimmauld e aquele que ficava pendurado no escrit�rio do diretor de Hogwarts: a salinha circular onde Snape estaria sem d�vida sentado a essa hora, na triunfante possess�o dos delicados e prateados instrumentos m�gicos de Dumbledore, a Penseira, o Chap�u Seletor, e a n�o ser que tivesse sido retirada, a espada de Gryffindor.
- Snape poderia mandar Fineus dar uma olhada nessa casa para ele - Explicou Hermione para Rony assim que tinha retomado seu assento - Mas deixe-o tentar agora, tudo o que Fineus Nigellus ser� capaz de ver � o fundo da minha bolsa.
- Bem pensado - falou Rony impressionado.
- Obrigado - falou Hermione levando a sopa at� a si. - Ent�o Harry, o que mais aconteceu hoje?
- Nada - falou Harry - Observei a entrada do Minist�rio de Magia por sete horas, nenhum sinal dela. Pensei ter visto seu pai Rony. Ele parece bem.
Rony demonstrou sua aprecia��o por essa not�cia. Ele havia concordado que era muito perigoso tentar se comunicar com o Sr. Weasley, j� que estava sempre rodeado de outros empregados do Minist�rio. Isso era, no entanto, bem reconfortante, ter esses vislumbres mesmo que ele parece muito cansado ou ansioso.
- Papai sempre falou que o pessoal do ministro utiliza a Rede de Flu para ir ao trabalho - falou Rony - � por isso que nunca vimos Umbridge, ela nunca caminha, acha que � muito importante para isso.
- E aquela velha bruxa engra�ada e aquele bruxinho com capas azul-marinho?- perguntou Hermione.
- Ah sim, o homem da Manuten��o M�gica - falou Rony
- Como voc� sabe que ele trabalha na Manuten��o M�gica? - perguntou Hermione, sua colher de sopa suspensa no ar.
- Papai disse que todo mundo da Manuten��o M�gica usa capas azul-marinho.
- Mas voc� nunca nos falou isso.
Hermione largou sua colher e puxou para perto os blocos de notas e mapas que ela e Rony estavam examinando quando Harry chegou na cozinha.
- Bem, n�o h� nada aqui sobre roupas de marinheiro, nada!� ela falou passando as p�ginas ferventemente.
-Bem, isso realmente importa?
-Rony, tudo isso importa! Se n�s vamos entrar no minist�rio sem sermos percebidos quando eles est�o ligados � procura de intrusos, todos os m�nimos detalhes importam. N�s passamos e repassamos isso, quer dizer, qual a finalidade de todas essas viagens se voc� n�o quer se aborrecer para nos contar-
- Calma, Hermione, eu esque�o uma coisa pequenininha-
- Voc� deve perceber, n�o? Que n�o h� provavelmente nenhum lugar mais perigoso para n�s agora do que o Minist�rio de-
- Eu acho que devemos fazer isso amanh�, - falou Harry.
Hermione parou mortificada, engasgando. Rony sufocou acima de sua sopa.
-Amanh�? - repetiu Hermione - Voc� n�o ta falando s�rio, est� Harry?
- Estou - falou Harry - Eu n�o acho que estaremos mais preparados do que estamos agora nem se vigi�ssemos o Minist�rio por mais um m�s. Quanto mais tempo perdermos, mais longe aquele medalh�o estar�. Ainda tem uma boa chance da Umbridge ter jogado fora, a coisa n�o abre.
- A menos,- falou Rony - que ela tenha achado um jeito de abrir e agora est� possu�da.
- N�o faria a m�nima diferen�a para ela, ela estar� t�o demon�aca quanto antes.- Falou Harry.
Hermione estava mordendo o l�bio, imersa em seus pensamentos.
- N�s sabemos tudo do que importa - Harry continuou, olhando para Hermione - N�s sabemos que eles proibiram Aparata��o tanto dentro como fora do Minist�rio; N�s sabemos que somente os assistentes s�niors do Ministro podem usar a Rede de Flu agora, porque Rony ouviu aqueles Inomin�veis se queixando disso. E n�s sabemos por alto onde � o escrit�rio da Umbridge, porque voc� ouviu o homem barbudo falar para seu companheiro-
- �Eu estarei no n�vel um, Umbridge quer me ver� - Hermione recitou imediatamente
- Exatamente - falou Harry - E n�s sabemos que voc� entrou usando essas moedas engra�adas, ou s�mbolos, ou seja, l� o que forem porque eu vi aquela bruxa emprestando uma pra amiga dela-
- Mas n�s n�o temos nenhuma.
- Se o plano funcionar n�s teremos - Continuou Harry calmamente.
- Eu n�o sei, Harry, eu n�o sei... tem um monte de coisas que pode dar errado, muita coisa em jogo...
- Isso ser� verdade mesmo se n�s passarmos mais tr�s meses preparando - falou Harry - � hora de agir.
Ele podia apostar pelas caras de Rony e Hermione que eles estavam assustados; ele n�o estava particularmente confiante at� achar que chegou o tempo do plano ser posto em pr�tica.
Eles passaram as quatro semanas que passadas alternando com a capa de visibilidade e espionando a entrada o oficial do Minist�rio, que Rony, gra�as ao Sr. Weasley, conhecia desde sua inf�ncia. Eles tinham seguido os trabalhadores do Minist�rio, escutado suas conversas, e aprendido com cuidadosa observa��o aqueles que eles contavam aparecer, sozinho, � mesma hora todos os dias. Ocasionalmente eles tinham a chance de roubar um Profeta Di�rio fora da pasta de algu�m. Lentamente eles tinham constru�do os mapas e notas � frente de Hermione agora.
- Tudo bem - Falou Rony lentamente - digamos que entraremos l� amanh�... eu acho que dever�amos ir s� eu e Harry.
- Oh, n�o comece isso de novo! - avisou Hermione - Pensei que j� t�nhamos resolvido isso.
- Uma coisa � vigiar as entradas de baixo da capa, mas isso � diferente, Hermione - Rony espetou o dedo num Profeta Di�rio datado de dez dias atr�s. - Voc� est� na lista de nascidos trouxas que n�o se apresentaram para interroga��o.
- E voc� devia estar morrendo uma hora dessas. Se algu�m aqui n�o deve ir esse algu�m � o Harry, ele conseguiu dez mil gale�es por sua cabe�a-
- �timo, eu ficarei aqui - Falou Harry - Deixa eu saber, voc� vai derrotar o Voldemort, n�o vai?
Com a risada de Rony e Hermione, a cicatriz de Harry come�ou a doer. Sua m�o voou em dire��o a ela. Ele viu os olhos de Hermione se estreitarem e tentou disfar�ar passando as m�os por seus cabelos e os tirando da frente do olho.
- Bem, se n�s tr�s vamos, teremos que desaparatar separadamente - Falou Rony - N�o cabemos mais todos embaixo da capa.
A cicatriz de Harry estava ficando mais dolorosa. Ele se levantou. Imediatamente, Monstro se apressou at� ele.
- O senhor n�o terminou a sopa, o mestre prefere aquele guisado, ou o melado que gosta tanto?
- Obrigado Monstro, mas voltarei num minuto � er � banheiro.
Atento ao olhar suspeitoso de Hermione, Harry se apressou �s escadas em dire��o ao corredor, chegou ao banheiro e trancou a porta. Grunhindo de dor inclinou-se sobre a pia preta cujas torneiras eram na forma de serpentes com a boca aberta e fechou seus olhos. Estava andando por uma longa rua. Os pr�dios dos dois lados eram altos, com grandes suportes; eles pareciam como casas feitas de p�o de gengibre. Aproximou-se de uma delas, ent�o ele viu a brancura dos seus pr�prios longos dedos contra a porta. Bateu, sentindo uma pontada de excita��o. A porta se abriu. Uma mulher sorridente estava parada em frente a ele, sua face simp�tica se desfez enquanto olhava o rosto de Harry. Seu sorriso se fora, a express�o de terror se aflorava.
- Gregorovitch? - disse uma voz alta e g�lida.
Ela balan�ou a cabe�a, estava tentando fechar a porta. A m�o branca a segurou, impedindo-a de deix�-lo do lado de fora.
- Eu quero Gregorovitch.
- Er wohnt hier nitch mehr! - ela chorava, balan�ando a cabe�a. - Ele n�o viver aqui! Ele n�o viver aqui! Eu n�o conhe�er ele!*
Abandonando ao desejo de fechar a porta, come�ou a andar para tr�s na sala escura, e Harry a seguiu, bem perto dela, e sua m�o com dedos longos segurando a varinha.
- Onde ele est�?
- Das weiB ich nitch! Ele mudar! Eu n�o saber! Eu n�o saber!
Ergueu a varinha. Ela gritou. Duas crian�as entraram correndo para dentro da sala. Ela tentou proteg�-los com os bra�os. Houve um lampejo de luz verde.
- Harry! Harry!
Abriu seus olhos. Havia afundado no ch�o. Hermione estava batendo na porta novamente.
- Harry, abra!
Havia gritado, ele sabia. Voltou e abriu a porta. Hermione entrou no banheiro outra vez, olhando em volta. Rony estava bem atr�s dela, procurando alguma coisa enquanto apontava sua varinha para os cantos do frio banheiro.
- O que voc� estava fazendo? - perguntou Hermione severamente.
- O que voc� acha que eu estava fazendo? - perguntou Harry debilmente
- Voc� estava gritando! - disse Rony.
- Ah, �, eu devo ter cochilado ou...
- Harry, por favor, n�o insulte nossa intelig�ncia. - disse Hermione, falando em sussurros - N�s sabemos que sua cicatriz doeu l� em baixo, e voc� est� branco feito papel.
Harry sentou na beirada da banheira.
- �timo, eu s� acabei de ver Voldemort assassinando uma mulher. Agora ele provavelmente deve ter matado toda a fam�lia, e ele n�o precisava fazer isso. Foi como o Cedrico, tudo de novo, eles s� estavam l�...
- Harry, voc� n�o deveria deixar isso acontecer novamente! - exclamou Hermione, sua voz ecoando por todo banheiro - Dumbledore queria que voc� usasse oclum�ncia! Ele achava que a conex�o era perigosa, Voldemort pode us�-la, Harry! De que forma pode ser bom ver ele matar e torturar? Como isso pode ajudar?
- Porque isso significa que eu sei o que ele est� fazendo - disse Harry.
- Ent�o voc� n�o vai nem ao menos tentar fazer isso parar?
- Hermione, eu n�o posso. Voc� sabe que eu sou um fracasso em oclum�ncia. Eu nunca peguei o jeito.
- Voc� nunca realmente tentou! - disse horrorizada - N�o entendo, Harry. Voc� gosta de ter essa conex�o especial ou...
Ela parou ao olhar que ele se levantara.
- Gostar? - ele disse calmamente - Voc� gostaria?
- Eu... n�o, me desculpa, Harry, eu n�o quis dizer...
- Eu odeio isso, eu odeio o fato de saber que ele pode entrar na minha mente, que eu tenho que assisti-lo quando ele � mais perigoso. Mas eu vou usar isso.
- Dumbledore...
- Esque�a Dumbledore, est� � a minha chance e de ningu�m mais, e eu quero saber porque ele est� atr�s de Gregorovitch.
- Quem?
- Ele � um artes�o de varinhas estrangeiro. - disse Harry - Ele fez a varinha de Krum. Krum disse que o homem � brilhante.
- Mas de acordo com voc�... - disse Rony - Voldemort pegou Olivaras e o trancou em algum lugar. Se ele j� tem um artes�o de varinhas, por que ele precisa de outro?
- Talvez ele concorde com Krum, talvez ele ache que Gregorovitch � melhor... Ou talvez ele pense que Gregorovitch saber� explicar o que minha varinha fez quando ele estava atr�s de mim, porque Olivaras n�o sabia.
Harry desviou o olhar para o quebrado e sujo espelho, e viu Rony e Hermione trocando olhares atr�s dele.
- Harry, voc� continua falando sobre o que sua varinha fez... - disse Hermione - Mas voc� fez acontecer! Por que voc� est� t�o determinado a n�o tomar responsabilidade pelos seus pr�prios poderes?
- Por que eu sei que n�o era eu! E Voldemort tamb�m sabe, Hermione! N�s dois sabemos o que realmente aconteceu!
Eles olharam um para o outro; Harry sabia que ele n�o tinha convencido Hermione e que ela estava procurando outros argumentos contra sua teoria e pelo fato dele estar se permitindo ver dentro da mente de Voldemort. Para sua sorte, Rony interveio.
- Esquece - ele a avisou - � decis�o dele. E se n�s vamos amanh� para o Minist�rio, n�o dever�amos revisar mais uma vez o plano?
Foram dormir tarde naquela noite, depois de passar horas revendo o plano at� recit�-lo, palavra por palavra, um para o outro. Harry, que agora estava dormindo no quarto de Sirius, deitou na cama com a luz de sua varinha direcionada para a velha fotografia de seu pai, Sirius, Lupin e Pettigrew. Assim que apagou sua varinha, no entanto, n�o estava pensando na po��o polissuco, vomitilhas, ou nos uniformes azul-marinho da manuten��o m�gica; pensava no artes�o de varinhas, Gregorovitch, e por quanto tempo ele poderia permanecer escondido enquanto Voldemort tentava o capturar com toda determina��o. O amanhecer pareceu chegar rapidamente ap�s ter passado da meia-noite.
- Voc� est� horr�vel! - anunciou Rony, enquanto entrava no quarto para acordar Harry.
- N�o por muito tempo... - disse Harry bocejando.
Eles encontraram Hermione na cozinha. Ela estava sendo servida com caf� e bolinhos por Monstro, e tinha uma express�o man�aca que Harry havia associado a que ela tinha no per�odo das provas.
- Uniformes. - disse sem f�lego, demonstrando que sabia da chegada deles com um nervoso aceno com a cabe�a e continuando a mexer em sua bolsa. - Po��o Polissuco... Capa de invisibilidade... Nug�s Sangra-Nariz, Orelhas Extens�veis...
Engoliram seu caf� da manh� e voltaram para o andar de cima, Monstro sempre se curvando ou fazendo rever�ncias e prometendo que cuidaria e deixaria a casa pronta para quando eles retornassem.
- Aben�oado seja. - disse Ron formalmente - E s� de pensar que eu costumava me imaginar cortando a cabe�a dele e pendurando na parede!
Eles podiam ver dois comensais vigiando a casa do outro lado do quarteir�o. Hermione desaparatou com Rony primeiro, Harry foi logo ap�s. Depois da usual escurid�o e da sensa��o de sufocamento, Harry viu-se no meio de um pequeno beco onde eles haviam programado de iniciar a primeira parte do plano. O local estava deserto, exceto por duas grandes caixas. Os funcion�rios do primeiro Ministro n�o costumavam ir trabalhar antes das oito horas.
- O.k. ent�o. - disse Hermione, olhando seu rel�gio - Ela deve chegar aqui em, mais ou menos, cinco minutos. Quando eu estupor�-la...
- Hermione, n�s sabemos - disse Rony - E eu pensei que n�s ir�amos abrir a porta antes dela chegar aqui.
Hermione deu um gritinho.
- Eu quase esqueci! Cheguem para tr�s...
Ela apontou sua varinha para o cadeado, aparentemente pesado, que abriu com um "craque". O corredor negro conduzia, como eles sabiam pelas suas cuidadosas viagens, para um teatro vazio. Hermione puxou a porta atr�s dela, para fazer parecer que ainda estava fechada.
- E agora, - ela disse, virando-se para encarar os outros dois - N�s colocamos a capa novamente...
- E esperamos. - terminou Rony, jogando a capa sobre a cabe�a de Hermione como se cobrisse um ninho de passarinho, e revirou seus olhos para Harry.
Pouco mais de um minuto mais tarde, houve um pequeno ru�do seco e uma pequena bruxa do minist�rio de cabelo grisalho aparatou passos deles, piscando um pouco com a claridade repentina que o sol lan�ara ap�s ter sa�do tr�s de uma nuvem. Ela quase n�o teve tempo para aproveitar o inesperado sol, pois Hermione acabara de lan�ar um feiti�o n�o-verbal estuporante que a atingiu no queixo e a deixou ca�da no ch�o.
- Muito bem, Hermione! - disse Rony, emergindo de tr�s de uma caixa al�m da porta do teatro, assim que Harry tirou a capa da invisibilidade. Juntos, eles carregaram a pequena bruxa para dentro de uma passagem escura. Hermione arrancou um punhado de fios de cabelo da cabe�a da bruxa e os colocou dentro de um frasco de po��o Polissuco que ela havia retirado da bolsa. Rony estava revirando a pequena carteira da bruxa.
- Ela � Mafalda Hopkirk. - disse, lendo um pequeno cart�o de identificava sua v�tima como uma assistente do escrit�rio de Uso Indevido da Magia - Voc� deveria pegar essa Hermione, e aqui est�o as moedas.
Passou para ela algumas moedas pequenas e douradas, todas cunhadas com as letras M.O.M, que ele tinha pego da bolsa da bruxa. Hermione bebeu a Po��o Polissuco, que agora estava com uma bela cor heliotr�pica. Segundos depois parada perante eles estava a duplicata de Mafalda Hopkirk. Enquanto Hermione removia os �culos de Mafalda e os colocava, Harry checou seu rel�gio.
- Estamos ficando sem tempo, o Sr. da Manuten��o M�gica estar� aqui a qualquer segundo.
Eles correram para fechar a porta com a verdadeira Mafalda. Harry e Rony recolocaram a Capa de Invisibilidade sobre eles, por�m Hermione continuava � vista, esperando. Um segundo depois, seguido de outro estalo, um pequeno bruxo com apar�ncia de um fur�o apareceu na frente deles.
- Ah, ol�, Mafalda.
- Ol�! - disse Hermione com um fio de voz - Como voc� est� hoje?
- Pra dizer a verdade, n�o t�o bem. - replicou o pequeno bruxo, com um olhar abatido. Enquanto Hermione e o bruxo seguiram em dire��o da rua principal, Harry e Rony arrastavam-se atr�s dele.
- Sinto muito por saber que n�o est� bem... - disse Hermione, falando firmemente para o pequeno bruxo enquanto ele tentava expor seus problemas; era essencial par�-lo antes que ele alcan�asse a rua.
- Aqui, pegue um doce.
- Ahn? Ah! N�o, obrigado.
- Eu insisto! - disse Hermione agressivamente, sacudindo o saco de pastilhas na cara dele.
Parecendo um pouco assustado, o bruxo aceitou uma. O efeito foi instant�neo. No momento em que a pastilha tocou sua l�ngua, o bruxo come�ou a vomitar tanto que ele nem ao menos percebeu quando Hermione arrancou do topo de sua cabe�a um monte de cabelos.
- Ah, querido! - disse, enquanto ele vomitava - Talvez voc� devesse tirar o dia de folga.
- N�o... N�o! - engasgou, tentando se recompor e continuar seu caminho mesmo que mal conseguisse andar em linha reta - Devo...Hoje... Eu devo ir...
- Mas isso � tolice! - disse Hermione, alarmada - Voc� n�o pode ir trabalhar nesse estado. Eu acho que voc� deveria ir para o St. Mungus e deixar eles cuidarem de voc�.
O bruxo tinha acabado de ceder e, violentamente, caiu de quatro no ch�o. Ainda tentava engatinhar at� a rua principal.
- Voc� simplesmente n�o pode ir para o trabalho desse jeito!
Finalmente ele pareceu aceitar a verdade que tinha nas palavras de Hermione. Usando uma Hermione confiante, para continuar com o plano, voltaram para as sua posi��es. Rony tomou o seu posto e sumiu, deixando nada para tr�s fora a bolsa que Rony havia tirado de suas m�os e algumas po�as de v�mito.
- Eca! - disse Hermione, levantando a saia de seu uniforme para evitar que ela tocasse na sujeira - Teria feito uma bagun�a muito menor se tiv�ssemos estuporado ele tamb�m.
- Aham! - disse Rony, aparecendo de baixo da capa, segurando a mala do bruxo - Mas eu ainda acho que uma pilha de corpos inconscientes teria chamado mais aten��o. Queria continuar no seu trabalho, dedicado ele, n�o? Passa logo o cabelo e a po��o, ent�o.
Dentro de dois minutos, Ron apareceu em frente a eles, baixo o bruxo doente, e como ele, usava as t�nicas azuis que estavam guardadas na bolsa.
- Estranho, ele n�o estava as usando hoje, n�o � mesmo, viu como ele queria ir? De qualquer jeito, sou Reg Cattermole, de acordo com a etiqueta nas costas.
- Agora espere aqui, - Hermione disse para Harry, que estava quieto debaixo da Capa de Invisibilidade - e n�s voltaremos com alguns cabelos pra voc�.
Ele teve que esperar dez minutos, mas pareceu muito mais pra Harry, escondido sozinho na viela ao lado da porta ocultando a estuporada Mafalda. Finalmente Ron e Hermione reapareceram.
- N�o sabemos quem ele �. - disse Hermione, passando para Harry alguns cabelos negros e encaracolados - Mas ele foi para casa com o nariz sangrando muito! Aqui, ele � bastante alto, voc� ir� precisar de uniformes maiores...
Ela puxou algumas das velhas t�nicas que Monstro lavou para eles e Harry retirou-se para tomar a po��o e trocar-se. Uma vez que a dolorosa transforma��o estava completa, ele estava alto e com bra�os musculosos, constru�dos poderosamente. Ele tamb�m tinha uma barba. Tirando a Capa de Invisibilidade e guardando os �culos na sua nova t�nica, ele se juntou aos outros dois novamente.
- Nossa! Isso � assustador! - disse Rony, erguendo os olhos para Harry, que tinha o cercado agora.
- Pegue uma das moedas de Mafalda, - Hermione avisou Harry - e vamos logo! S�o quase nove.
Eles sa�ram do corredor juntos. 50 jardas atrav�s do piso lotado havia placas pretas enfiadas no ch�o ocupando duas escadas, numa escrito CAVALHEIROS, e na outra, DAMAS.
- Vejo voc�s logo, ent�o... - disse Hermione nervosamente, cambaleando pelos degraus em dire��o da placa escrito DAMAS. Harry e Rony se juntaram a um n�mero de homens mal vestidos descendo para o que parecia ser um banheiro p�blico ordin�rio no subsolo, com azulejos brancos e pretos.
- Bom dia, Reg! - cumprimentou um outro bruxo em um uniforme azul marinho enquanto entrava em um cub�culo depois de introduzir sua moeda dourada em uma fenda na porta. - Um p� no saco isso, n�? For�ando todos n�s a ir trabalhar desse jeito! Quem eles esperam que apare�a aqui? Harry Potter?
O bruxo riu da sua pr�pria piada. Rony deu a ele um sorriso for�ado.
- �... - ele disse. - Rid�culo, n�o?
E ele e Harry entraram em cub�culos adjacentes. Pelos dois lados de Harry veio o som de jatos de �gua. Abaixou-se e olhou atrav�s da brecha o fundo do cub�culo em tempo de ver um par de botas subir no vaso ao lado. Ele olhou para a esquerda e viu Rony piscando para ele.
- N�s temos que dar descarga em n�s mesmos? - perguntou em um murm�rio.
- Parece que sim. - Harry murmurou de volta, sua voz profunda e grave.
Os dois se levantaram. Sentindo-se incrivelmente idiota, Harry subiu e "entrou" no vaso. Soube imediatamente que tinha feito a coisa certa, embora parecesse que ele estivesse em p� sobre a �gua, seus sapatos, p�s e t�nica permaneceram secos. Endireitou-se, puxou a descarga, e logo em seguida sumiu em uma r�pida queda, emergindo de uma lareira dentro do Minist�rio da Magia.
Levantou-se desajeitado. Tinha muito mais do seu corpo do que ele estava acostumado. O grande �trio parecia mais escuro do que Harry lembrava. Antes uma fonte dourada enchia o centro da entrada, lan�ando jatos de luz bruxuleante por todo o ch�o polido e pelas paredes. Agora uma est�tua gigante de uma pedra preta dominava a cena. Era at� intimidante aquela grande escultura de uma bruxa e um bruxo sentado num trono com ornamentos entalhados, olhando para baixo, onde os trabalhadores do minist�rio surgam das lareiras. Encravadas em letras garrafais na base da est�tua estava a frase: MAGIA � PODER.
Harry recebeu um pesado sopro atr�s de suas pernas. Outro bruxo tinha acabado de voar para fora da lareira atr�s dele.
- Saia da frente! Voc� n�o pode... Oh! Desculpe Runcorn!
Claramente assustado, o bruxo careca saiu correndo. Aparentemente o homem que Harry encarnava era algu�m intimidador.
- Ei! - disse uma voz, ent�o olhou em volta para uma pequena bruxa e um bruxo com cara de fur�o da Manuten��o M�gica que o chamavam de tr�s da est�tua. Harry acelerou para encontrar com eles.
- Voc� entrou sem problemas? - Hermione perguntou � ele.
- N�o, ele ainda est� preso no p�ntano - disse Rony.
- Ah, muito engra�ado... � horr�vel, n�o � mesmo? - disse para Harry, enquanto esse olhava para a est�tua. - Voc� v� em que eles est�o sentados?
Harry olhou mais de perto e percebeu que o que ele achava ser tronos entalhados decorativamente eram na verdade pilhas de peda�os humanos: centenas e centenas de corpos nus, homens, mulheres e crian�as, todos com rostos est�pidos e feios, revirados e amassados para suportar o peso de bruxos bem vestidos.
- Trouxas! - sussurrou Hermione - Colocados no seu devido lugar. Vamos logo, vamos resolver isto.
Eles se juntaram ao fluxo de bruxos e bruxas indo em dire��o aos port�es dourados no fim do Hall, parecendo t�o calmos quanto podiam, mas n�o havia nenhum sinal da de Dolores Umbridge. Passaram pelo port�o e entraram num Hall menor, onde filas estavam se formando na frente de 20 grades douradas. Mal se juntaram na mais pr�xima quando uma voz disse: "Cattermole!".
Eles olharam em volta. O est�mago de Harry deu uma volta. Um dos comensais que tinha testemunhado a morte de Dumbledore estava correndo na dire��o deles. Os trabalhadores do Minist�rio atr�s deles ficaram em sil�ncio, seus olhos ganharam um tom depressivo. Harry p�de sentir o medo crescendo entre eles. A express�o feia, levemente brutal, n�o combinava com sua magnific�ncia, em seu uniforme impressionante coberto com cordas de ouro. Algu�m na multid�o em volta dos elevadores falou com ele.
- Bom dia, Yaxley! - Yaxley ignorou-o.
- Eu requeri algu�m da Manuten��o M�gica para dar um jeito no meu escrit�rio, Cattermole. Ainda est� chovendo l�.
Rony olhou em volta como se esperando que algu�m intervisse na conversa, mas ningu�m o fez.
- Chovendo? No seu escrit�rio? Isso n�o � muito bom, �?
Rony deu risadinhas nervosas, os olhos de Yaxley se arregalaram.
- Voc� acha engra�ado, n�o acha?
Duas bruxas abriram caminho e furaram a fila do elevador.
- N�o! Claro que n�o! - disse Rony.
- Voc� sabia que eu estou indo l� para cima interrogar sua esposa, Cattermole? Na verdade, eu estou surpreso que neste momento voc� n�o esteja l� segurando a m�o dela enquanto ela espera. Voc� j� desistiu dela, n�o foi? Provavelmente uma escolha s�bia. Tenha certeza de casar com uma puro-sangue da pr�xima vez.
Hermione teve um pequeno espasmo de horror. Yaxley se virou para ela, que deu uma tossidinha assustada e se virou.
- Eu... Eu... - gaguejou Rony.
- Mas se minha esposa fosse acusada de ser uma sangue-ruim, - disse Yaxley - n�o que eu fosse me casar com qualquer mulher que estivesse suja a este ponto, e a c�pula do Departamento de Execu��o de Leis M�gicas precisasse de um trabalho feito, eu priorizaria aquele trabalho, Cattermole. Voc� me entende?
- Sim... - murmurou Rony.
- Ent�o o fa�a! E se meu escrit�rio n�o estiver completamente seco dentro de uma hora, o status do sangue de sua esposa estar� mais em d�vida do que est� agora.
A grade dourada em frente deles abriu-se. Com um aceno de cabe�a e um sorriso desagrad�vel para Harry, que evidentemente esperava apreciar isso de Cattermole, Yaxley moveu-se para outro elevador. Harry, Rony e Hermione entraram, mas ningu�m os seguiu: era como se eles estivessem infectados. A grade fechou com um estalo e o elevador come�ou a mover-se de maneira estranha.
- O que eu vou fazer? - Rony perguntou aos outros dois, parecendo profundamente nervoso - Se eu n�o voltar, minha esposa, quer dizer, a esposa de Cattermole...
N�s vamos com voc�. N�s devemos ficar juntos... - come�ou Harry, mas Rony movia sua cabe�a negativamente.
- Isso � idiota, n�s temos pouco tempo. Voc�s v�o procurar Umbridge, e eu vou pro escrit�rio de Yaxley, mas como eu fa�o parar de chover?
- Tente Finite Incantatem. - disse Hermione de uma vez - Isso deve fazer parar de chover se for uma maldi��o ou azara��o; se der certo, algo deu errado com o Feiti�o Atmosf�rico, o que vai ser mais dif�cil de consertar, ent�o usa o Impervius como um meio de proteger os pertences dele...
- Repete tudo, devagar... - disse Rony, procurando uma pena em seus bolsos, mas nesse momento o elevador parou.
Uma voz feminina falou, "N�vel Quatro, Departamento de Regulamenta��o e Controle de Criaturas M�gicas, incorporando a Divis�o de Bestas, Seres e Esp�ritos, Escrit�rio de Goblin Liaison, Comiss�o de Controle de Pestes", e as grades se abriram de novo, deixando que entrassem um dois bruxos e alguns avi�ezinhos de papel roxo que voavam em cima de suas cabe�as.
- Bom dia, Albert. - disse um homem de barba, sorrindo para Harry. Ele deu uma olhada para Rony e Hermione e o elevador se mexeu de maneira estranha outra vez; Hermione estava agora sussurrando instru��es para Rony. O bruxo se aproximou de Harry, e com uma olhar malicioso falou - Dirk Cresswell, n�? De Goblin Liaison? Bom, Albert. Eu estou certo de que consigo o emprego dele agora!
Ele riu, e Harry sorriu de volta, esperando que isso fosse suficiente. O elevador parou e as portas se abriram mais uma vez.
- N�vel Dois, Departamento de Execu��o das Leis M�gicas, incluindo o Escrit�rio de Uso Indevido de Magia, Quartel General dos Aurores e Servi�os Administrativos do Tribunal", disse a voz feminina.
Harry viu Hermione dar um empurr�ozinho em Ron, e ele saiu do elevador, seguido pelos outros bruxos, o que os fez ficarem sozinhos. No momento em que a porta se fechou, Hermione falou muito r�pido - Na verdade, eu acho que deveria ir com ele Harry. Eu acho que ele n�o sabe o que est� fazendo, e se ele estragar tudo...
- "N�vel Um, Ministro da Magia e Equipe de Apoio�
A grade abriu de novo, e Hermione engasgou. Quatro pessoas ficaram em sua frente, duas delas profundamente entretidas em uma conversa, um bruxo de cabelos longos vestindo um magn�fico robe preto e dourado, a outra, uma bruxa atarracada e com a apar�ncia de um sapo, usando uma tiara de veludo e apertando uma prancheta contra o peito.
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Nota da revisora:
* A fala original tem as partes em alem�o, e as em ingl�s s�o meio erradas como. He move (ao inv�s de He moved), etc. Ent�o pus a tradu��o meio errada.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por: Igor Sp�ndola
Revisado por : Kalidrio e Juliana Badin
- CAP�TULO 13 -
A Comiss�o de Registro de Nascidos-trouxa
- Ah, Mafalda! - disse Umbridge, olhando para Hermione. - Traver mandou voc� aqui, �?
- S-sim, - gemeu Hermione.
- �timo, voc� vai servir perfeitamente. - Umbridge se dirigiu ao bruxo vestido de preto e dourado. - Pronto, problema resolvido. Ministro, se a Mafalda pode ser aproveitada para fazer os relat�rios n�s podemos come�ar imediatamente.� Ela consultou sua prancheta. - Dez pessoas hoje e uma delas � esposa de um empregado do Minist�rio! Tsk, tsk... At� aqui, no cora��o do Minist�rio!- Ela entrou no elevador ao lado de Hermione, com mais dois bruxos que estavam ouvindo a conversa de Umbridge com o Ministro. - Vamos direto l� para baixo, Mafalda, voc� vai encontrar tudo de que precisa na sala da corte. Bom dia, Albert, voc� n�o v�o descer?
- Sim, claro, - disse Harry, na voz grossa de Runcorn.
Harry saiu do elevador. As grades douradas se fecharam com um estalido atr�s dele. Numa espiadela por tr�s de seu ombro, Harry viu o rosto ansioso de Hermione se afundando para fora da vista, um bruxo alto de cada lado, o la�o de veludo de Umbridge na altura de seu ombro.
- O que faz por aqui, Runcorn?, - perguntou o novo Ministro da Magia. Seu longo cabelo negro e sua barba j� tinha tra�os de cinza, e uma testa saliente escurecia seus olhos brilhantes, lembrando Harry de um siri olhando de tr�s de uma rocha.
- Preciso ter uma conversa r�pido com � , - Harry hesitou por uma fra��o de segundo, - �Arthur Weasley. Algu�m me disse que ele estava no primeiro andar.
- Ah, - disse Pio Thicknesse. - Ele foi pego tendo contato com um Indesej�vel?
- N�o, - disse Harry, sua garganta seca. - N�o, nada desse tipo.
- Ah, bem. � apenas uma quest�o de tempo -, respondeu Thicknesse. - Na minha opini�o, os traidores de sangue s�o piores do que os Nascidos-trouxa. Bom dia para voc�, Runcorn.
- Bom dia, Ministro.
Harry observou Thicknesse marchar pelo corredor forrado de carpete grosso. No momento em que o Ministro sumiu de sua vista, Harry puxou a Capa de Invisibilidade de dentro de sua pesada capa preta, enrolou-se nela, e saiu pelo corredor na dire��o oposta. Runcorn era t�o alto que Harry era for�ado a se manter abaixado para manter seus grandes p�s escondidos.
O p�nico pulsava na boca de seu est�mago. � medida que passava por v�rias portas de madeira brilhantes, cada uma trazendo uma pequena placa com o nome de seu dono e sua ocupa��o, todo o poder do Minist�rio, sua complexidade, sua impenetrabilidade, pareciam pesar sobre ele, de forma que o plano que ele tinha cuidadosamente arquitetado com Rony e Hermione nas �ltimas quatro semanas parecia ridiculamente infantil. Eles haviam concentrado todos os esfor�os em entrar sem ser percebidos: n�o tinham parado para pensar nem um minuto no que fariam se precisassem se separar. Agora Hermione estava presa em procedimentos de julgamento, que sem d�vida levariam horas; Rony estava lutando para conseguir fazer m�gica que Harry tinha certeza que estava al�m dele, a liberdade de uma mulher possivelmente dependendo do resultado; e ele, Harry, estava vagando pelo �ltimo andar, sabendo muito bem que seu alvo tinha acabado de descer no elevador.
Ele parou de andar, encostou-se em uma porta, e tentou decidir o que fazer. O sil�ncio o pressionava: n�o havia barulhos, ou conversa, ou passos r�pidos ali, os corredores de carpete roxo eram abafados como se o feiti�o Abaffiato tivesse sido lan�ado por todos os lados.
- A sala dela deve ser aqui em cima, Harry pensou.
Parecia bastante improv�vel que Umbridge mantivesse suas j�ias no escrit�rio, mas por outro lado parecia tolice n�o procurar para ter certeza. Ele ent�o saiu novamente pelo corredor, passando apenas por um bruxo de cara fechada que murmurava instru��es para uma pena flutuando � sua frente, escrevendo num peda�o de pergaminho.
Agora atento aos nomes nas portas, Harry virou uma esquina. Na metade do corredor ele chegou a um espa�o amplo, aberto, onde uma d�zia de bruxos e bruxas estavam sentados em pequenas carteiras enfileiradas, muito semelhantes �s de uma escola, embora muito mais polidas e sem picha��es. Harry parou para observ�-los, pois o efeito era impressionante. Todos eles moviam suas varinhas em un�ssono, e quadrados de papel colorido voavam em todas as dire��es como pipas cor-de-rosa. Depois de alguns segundos, Harry percebeu que havia um ritmo no processo, que todos os pap�is formavam um mesmo padr�o, e depois de mais alguns segundos ele percebeu que estava assistindo � cria��o de panfletos � que os quadrados de papel eram p�ginas, as quais, quando reunidas, se dobravam e se assentavam magicamente no lugar, caindo em pilhas arrumadas ao lado de cada bruxo.
Harry se esgueirou mais para perto, embora os trabalhadores estivessem t�o concentrados no que estavam fazendo que ele duvidava que eles fossem escutar um passo abafado pelo carpete, e surrupiou um panfleto da pilha ao lado de uma jovem bruxa. Ele o examinou sob a Capa de Invisibilidade. A capa do panfleto, cor-de-rosa, estava enfeitada com um t�tulo dourado:
Nascidos-trouxa
e os Perigos que Representam para uma Pac�fica Sociedade Puro-sangue
Sob o t�tulo havia o desenho de uma rosa vermelha com um rosto sorridente entre suas p�talas, sendo estrangulada por uma erva-daninha verde com caninos pontiagudos e uma careta. N�o havia nome do autor do panfleto, mas novamente as cicatrizes na m�o de Harry latejaram enquanto ele o examinava. A jovem bruxa ao lado dele ent�o confirmou suas suspeitas, dizendo, ainda balan�ando e girando sua varinha, - A velha bruxa vai interrogar Nascidos-trouxa o dia todo, algu�m sabe?
- Cuidado, - disse o bruxo ao lado dela, olhando ao redor nervosamente; uma de suas p�ginas escorregou e caiu no ch�o.
- O que foi, ela agora tem orelhas m�gicas al�m de um olho m�gico?
A bruxa olhou de relance para a brilhante porta de mogno de frente para o espa�o cheio de fazedores de panfletos; Harry tamb�m olhou, e a f�ria se levantou dentro dele como uma cobra. Onde deveria haver um olho m�gico numa porta trouxa normal, um olho grande e redondo, com uma �ris azul e brilhante, havia sido encravado na madeira � um olho que era assustadoramente familiar para qualquer um que houvesse conhecido Alastor Moody.
Por uma fra��o de segundo Harry se esqueceu de onde estava e do que estava fazendo ali: ele esqueceu at� mesmo que estava invis�vel. Dirigiu-se diretamente para a porta para examinar o olho. Ele n�o estava se movendo. Olhava cegamente para cima, paralisado. A placa sobre ele dizia:
Dolores Umbridge
Subsecret�ria S�nior do Ministro
Abaixo desses dizeres uma placa um pouco mais brilhante dizia:
Chefe da Comiss�o de Registro de Nascidos-trouxa
Harry olhou para os fazedores de panfletos atr�s dele. Embora estivessem concentrados em seu trabalho, era dif�cil imaginar que eles n�o perceberiam se a porta de uma sala vazia se abrisse � sua frente. Ele ent�o retirou de um bolso interno um objeto curioso com perninhas balan�antes e um corpo em forma de chifre de borracha. Abaixando-se sob a capa, ele colocou o Detonador-Chamariz no ch�o.
Ele correu para longe imediatamente, pelo meio das pernas dos bruxos e bruxas � frente. Alguns segundos depois, durante os quais Harry aguardou com sua porta na ma�aneta, vieram um estrondo e uma grande quantidade de fuma�a acre de um dos cantos. A jovem bruxa na fileira da frente guinchou: p�ginas cor-de-rosa voaram por todos os lados enquanto ela e seus colegas pulavam, procurando a origem da como��o. Harry girou a ma�aneta, adentrou o escrit�rio de Umbridge, e fechou a porta atr�s de si.
Ele sentiu que tinha voltado no tempo. A sala era exatamente como o escrit�rio de Umbridge em Hogwarts: cortinas rendadas, tapetinhos de mesa e flores secas cobriam todas as superf�cies. Nas paredes, os mesmos pratos ornamentais, cada um trazendo o desenho de um gatinho colorido com uma fita, brincando e pulando, cheios de gracinhas. A mesa estava coberta por uma toalha florida drapeada. Por tr�s do olho de Olho-Tonto, um equipamento teles�pico permitia a Umbridge espiar os trabalhadores do outro lado da porta. Harry olhou por ele e viu que todos ainda estava reunidos ao redor do Detonador. Ele removeu o telesc�pio da porta, deixando um buraco, puxou o globo ocular m�gico de dentro do buraco, e colocou no bolso. Ent�o ele se virou de frente para a sala de novo, levantou sua varinha e murmuro, �Accio Medalh�o�.
Nada aconteceu, mas ele realmente n�o esperava que acontecesse; sem d�vida Umbridge sabia tudo sobre feiti�os e magias protetoras. Ele ent�o correu por tr�s da mesa e come�ou a abrir todas as gavetas. Ele viu penar e cadernos e fita adesiva; clipes m�gicos de papel que davam o bote como cobras e tinham que ser empurrados de volta; uma caixinha fresca envolta com renda e repleta de la�os de cabelo e grampos; mas nenhum sinal do medalh�o.
Havia um arm�rio de arquivo atr�s da mesa: Harry decidiu revist�-lo. Como o arquivo de Filch em Hogwarts, estava cheio de pastas, cada uma com um nome. Mas foi s� quando Harry chegou at� a gaveta mais baixa que encontrou algo que o distraiu de sua busca: a pasta do Sr. Weasley.
Ele a puxou para fora e a abriu.
Arthur Weasley
Status de Sangue: Puro-sangue, mas com inaceit�veis tend�ncia pr�-Trouxa. Sabidamente membro da Ordem da F�nix.
Fam�lia: Esposa (Puro-sangue), sete filhos, os dois mais novos em Hogwarts. Nota: Filho mais novo atualmente em casa, seriamente doente, confirmado por inspetores do Minist�rio.
Status de Seguran�a: SEGUIDO. Todos os movimentos est�o sendo monitorados. Grande possibilidade de ser contactado pelo Indesej�vel N� 1 (j� ficou com a fam�lia Weasley anteriormente)
- Indesej�vel N�mero Um, - murmurou Harry enquanto recolocava a pasta do Sr. Weasley no lugar e fechava a gaveta. Ele achava que sabia bem quem era aquele, e, sem d�vida, quando se levantou e olhou ao redor procurando outros poss�veis esconderijos, viu um p�ster de si mesmo na parede, com as palavras INDESEJ�VEL N� 1 escritas em seu peito. Um bilhetinho cor-de-rosa estava colado nele com o desenho de um gatinho na beirada. Harry atravessou a sala para l�-lo, e viu que Umbridge havia escrito, �Para ser punido�.
Mais furioso do que nunca, ele continuou a revirar o fundo dos vasos e cestas de flores secas, mas n�o se surpreendeu por n�o encontrar o medalh�o. Deu uma �ltima olhada para a sala, e seu cora��o parou de bater por um instante. Dumbledore olhava para ele, de um pequeno espelho retangular, colocado sobre um porta-livros ao lado da mesa.
Harry correu at� l� e o pegou, mas percebeu, no momento em que o tocou, que n�o era um espelho. Dumbledore estava sorrindo meditativamente na capa de um livro brilhante. Harry n�o percebeu imediatamente o rebuscado escrito verde sobre seu chap�u � A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore� � nem a escrita ligeiramente menor sobre seu peito: �por Rita Skeeter, autora do bestseller Armando Dippet: Mestre ou Tolo?�
Harry abriu o livro ao acaso e viu uma fotografia de p�gina inteira de dois garotos adolescentes, ambos rindo desmesuradamente com os bra�os ao redor dos ombros um do outro. Dumbledore, agora com cabelo na altura do cotovelo, tinha deixado crescer uma barbicha que lembrava a de Krum, que tanto tinha incomodado Rony. O garoto que rugia num sil�ncio divertido ao lado de Dumbledore tinha algo de selvagem e entusiasmado. Seu cabelo dourado ca�a em cachos sobre seus ombros. Harry se perguntou se seria o jovem Doge, mas antes que pudesse conferir a legenda, a porta da sala se abriu.
Se Thicknesse n�o estivesse olhando para tr�s quando entrou, Harry n�o teria tido tempo de se envolver na Capa de Invisibilidade. Da forma como tudo aconteceu, ele pensou que Thicknesse poderia ter vislumbrado algum movimento, porque por alguns instantes ele permaneceu parado, olhando curiosamente para o lugar onde Harry tinha desaparecido. Provavelmente considerando que o que havia visto era Dumbledore co�ando seu nariz na capa do livro, pois Harry o tinha recolocado em seu lugar na prateleira, Thicknesse finalmente andou at� a mesa e apontou sua varinha para a pena no tinteiro. Ela se ergueu e come�ou a escrever um bilhete para Umbridge. Lentamente, mal ousando respirar, Harry recuou para fora do escrit�rio at� a �rea aberta do lado de fora.
Os fazedores de panfletos ainda estavam amontoados sobre os destro�os do Detonador-Chamariz, que continuava a apitar debilmente enquanto ainda soltava fuma�a. Harry foi rapidamente pelo corredor, ainda ouvindo a jovem bruxa dizer, �Aposto que ele veio dos Feiti�os Experimentais, eles s�o t�o descuidados, lembram-se do pato venenoso?�
Apressando-se em dire��o aos elevadores, Harry analisou suas op��es. Nunca fora muito prov�vel que o medalh�o estivesse no Minist�rio, e n�o havia qualquer esperan�a de conseguir enfeiti�ar Umbridge para descobrir seu paradeiro, enquanto ela estivesse sentada numa corte lotada. Sua prioridade agora era sair do Minist�rio antes que eles fossem descobertos, e tentar de novo num outro dia. A primeira coisa a fazer era encontrar Ron, e ent�o eles poderiam descobrir uma forma de retirar Hermione da sala de julgamento.
O elevador estava vazio quando chegou. Harry pulou para dentro e tirou a Capa de Invisibilidade quando come�ou a descer. Para seu imenso al�vio, quando o elevador se sacudiu para parar no segundo andar, quem entrou foi um Rony ensopado e de olhos arregalados.
- B-bom dia, - ele gaguejou para Harry assim que o elevador partiu novamente.
- Rony, sou eu, Harry! -
- Harry! Caramba, eu tinha me esquecido de como voc� estava � por que Hermione n�o est� com voc�?
- Ela teve que descer para as salas de julgamento com a Umbridge, ela n�o pode recusar, e �
Mas antes que Harry pudesse terminar, o elevador parou de novo. As portas se abriram e o Sr. Weasley entrou, conversando com uma bruxa anci� cujo cabelo loiro estava amarrado t�o alto que lembrava um formigueiro.
- Eu entendo o que voc� quer dizer, Wakanda, mas penso que n�o posso tomar parte em �
O Sr. Weasley se interrompeu; tinha percebido Harry. Era estranho ver o Sr. Weasley olhando para ele com tanta antipatia. As portas do elevador se fecharam e os quatro desceram barulhentamente mais uma vez.
- Ah, ol�, Reg, - disse o Sr. Weasley, olhando ao redor ao ouvir o barulho de �gua pingando da roupa de Rony. - Sua esposa n�o est� sendo interrogada hoje? � � o que aconteceu com voc�? Por que est� t�o molhado?
- Est� chovendo na sala de Yaxley, - respondeu Rony. Ele se dirigiu ao ombro do Sr. Weasley, e Harry percebeu que ele estava com medo de que seu pai pudesse reconhec�-lo se ele o olhasse diretamente nos olhos. - N�o consegui acabar com a chuva, ent�o eles me mandaram buscar Bernie � Pillsworth, acho que foi o que eles disseram �
- Sim, tem chovido em v�rios escrit�rios recentemente, - disse o Sr. Weasley. - Voc� j� tentou Meteolojinx Recanto? Funcionou com o Bletchley.
- Meteolojinx Recanto?, - sussurou Rony. - N�o, n�o tentei. Obrigada, P � quero dizer, obrigada, Arthur.
As portas do elevador se abriram; a velha bruxa com o cabelo de formigueiro saiu, e Ron passou correndo por ela e sumiu de vista. Harry fez men��o de segui-lo, mas encontrou seu caminho bloqueado pela entrada de Percy Weasley, com o nariz enterrado na leitura de alguns pap�is.
S� depois que as portas j� haviam fechado num estrondo novamente � que Percy percebeu que estava num elevador com seu pai. Olhou para cima, viu o Sr. Weasley ficar vermelho como um rabanete, e saiu do elevador assim que as portas se abriram de novo. Pela segunda vez, Harry tentou sair, mas dessa vez seu caminho foi bloqueado pelo bra�o do Sr. Weasley.
- Um minuto, Runcorn.
As portas do elevador se fecharam, e enquanto eles desciam mais um andar, o Sr. Weasley disse - Ouvi dizer que voc� tem informa��es sobre Dirk Cresswell.
Harry teve a impress�o de que a raiva do Sr. Weasley era tamb�m pelo encontro com Percy. Ele decidiu que sua melhor op��o era fingir-se de desentendido.
- O qu�? - ele disse.
- N�o finja, Runcorn, - disse o Sr. Weasley ferozmente. - Voc� seguiu o bruxo que falsificou a �rvore geneal�gica dele, n�o foi?
- Eu � e se eu segui? - disse Harry.
- Ent�o Dirk Cresswell � dez vezes mais bruxo que voc�, - disse o Sr. Weasley calmamente, enquanto o elevador descia cada vez mais. - E se ele sobreviver a Azkaban, voc� vai ter que se entender com ele, sem mencionar sua esposa, seus filhos, e seus amigos �
- Arthur, - interrompeu Harry, - voc� sabe que est� sendo seguido, n�o sabe?
- Isso � uma amea�a, Runcorn? - desafiou o Sr. Weasley.
- N�o, - retrucou Harry, - � um fato! Eles est�o observando cada um de seus movimentos �
As portas do elevador se abriram. Eles haviam chegado ao �trio. O Sr. Weasley lan�ou um olhar de desd�m e se afastou do elevador. Harry ficou ali, perturbado. Ele desejou estar na pele de outra pessoa que n�o Runcorn... As portas do elevador se fecharam num estrondo.
Harry puxou a Capa de Invisibilidade e se envolveu nela de novo. Ele iria tentar extrair Hermione sozinho enquanto Rony lidava com a sala chuvosa. Quando as portas se abriram, ele adentrou uma passagem iluminada por tochas, bem diferentes dos corredores acarpetados e com pain�is de madeira dos andares acima. Enquanto o elevador se sacudia novamente, Harry tremeu, olhando para a distante porta negra que marcava a entrada para o Departamento de Mist�rios.
Ele seguiu, seu destino n�o era a porta negra, mas uma porta de que ele se recordava, do lado esquerdo, que abria para um lance de escadas at� as c�maras da corte de julgamento. Sua mente lutava com as possibilidades enquanto ele descia cuidadosamente: ele ainda tinha alguns Detonadores-Chamariz, ou talvez fosse melhor simplesmente bater � porta da sala de julgamento, entrar como Runcorn, e pedir uma palavrinha com Mafalda? O problema � que ele n�o sabia se Runcorn era suficientemente importante para se safar disso, e, ainda que ele conseguisse, o desaparecimento de Hermione poderia desencadear uma busca antes que eles conseguissem sair do Minist�rio...
Perdido em seus pensamentos, ele n�o percebeu de imediato o frio antinatural que se alastrava sobre ele, como se estivesse descendo para dentro de uma neblina. Ia ficando mais frio a cada degrau que ele descia; um frio que alcan�ava o fundo de sua garganta e retorcia seus pulm�es. E ent�o ele teve aquela sensa��o de desespero, de falta de esperan�a, preenchendo-o, se expandindo dentro dele...
Dementadores, ele pensou.
Quando alcan�ou o final da escadaria e se virou para a direita, viu uma cena aterradora. A passagem escura de fora das salas de julgamento estava repleta de figuras altas, com capuzes negros, suas faces inteiramente ocultas, sua respira��o entrecortada o �nico som no lugar. Os Nascidos-trouxa paralisados, trazidos para interrogat�rio, estavam sentados amontoados e tr�mulos em duros bancos de madeira. A maior parte escondia seu rosto nas m�os, talvez numa tentativa instintiva de se proteger contra as gananciosas bocas dos dementadores. Alguns estavam acompanhados por suas fam�lias, outros estavam sozinhos. Os dementadores passavam de um lado para o outro na frente deles, e o frio, a falta de esperan�a, e o desespero do lugar ca�ram sobre Harry como uma maldi��o...
Lute contra isso, ele disse a si mesmo, mas sabia que n�o poderia conjurar um Patrono ali sem se revelar instantaneamente. Ent�o ele se moveu para a frente t�o silenciosamente quanto poss�vel, e a cada passo o entorpecimento parecia tomar seu c�rebro, mas ele se for�ava a pensar em Rony e Hermione, que precisavam dele.
Mover-se ao redor das imensas figuras negras era aterrorizante: suas faces sem olhos escondidas sob os capuzes quando ele passava, e ele tinha certeza de que eles o sentiam, sentiam, talvez, uma presen�a humana que ainda tinha alguma esperan�a, alguma resist�ncia...
E ent�o, abruptamente e assustadoramente, dentre o sil�ncio congelado, uma das portas das masmorras � esquerda do corredor se abriu, e gritos ecoaram de dentro dela.
- N�o, n�o, eu sou mesti�o, eu sou mesti�o, estou dizendo! Meu pai era um mago, ele era, procure por ele, Arkie Alderton, ele � um conhecido designer de vassouras, procure por ele, estou dizendo � tire suas m�os de mim, tire suas m�os �
- Esse � o seu aviso final, - disse a voz suave de Umbridge, magicamente aumentada para soar claramente acima dos gritos desesperados do homem. - Se voc� lutar, vai ser submetido ao Beijo do Dementador.
Os gritos do homem cessaram, mas solu�os secos ecoaram pelo corredor.
- Levem-no embora, - disse Umbridge.
Dois dementadores apareceram na porta da sala, suas m�os apodrecidas e marcadas apertando os bra�os de um bruxo que parecia prestes a desmaiar. Eles deslizaram pelo corredor com ele, e a escurid�o que os seguia o engoliu da vista.
- Pr�xima � Mary Cattermole, - chamou Umbridge.
Uma mulher pequena se levantou; ela tremia dos p�s � cabe�a. Seu cabelo escuro estava ajeitado num coque, e ela usava roupas simples. Sua face estava completamente l�vida. Quando ela passou pelos dementadores, Harry a viu ter um calafrio.
Ele foi instintivamente, sem qualquer plano, porque odiou a id�ia de v�-la andando sozinha para as masmorras: quando a porta come�ou a se fechar, esgueirou-se para dentro da sala atr�s dela.
N�o era a mesma sala em que ele fora interrogado por uso impr�prio de magia. Esta era uma sala muito menor, embora o teto fosse quase t�o alto quanto o daquela; dava a sensa��o claustrof�bica de estar preso no fundo de um po�o profundo.
Havia mais dementadores ali, lan�ando sua aura congelante sobre o lugar; eles ficavam de p� como sentinelas sem rosto nos cantos mais distantes da alta plataforma. Ali, atr�s de uma balaustrada, sentava-se Umbridge, com Yaxley de um lado, e Hermione, quase t�o p�lida quanto a Sra. Cattermole, do outro. Ao p� da plataforma, um brilhante gato prateado de p�lo longo andava de um lado para o outro, e Harry percebeu que ele estava ali para proteger a acusa��o do desespero que emanava dos dementadores: aquilo era uma sensa��o para o acusado, n�o para os acusadores.
- Sente-se, - disse Umbridge, em sua voz suave e aveludada.
A Sra. Cattermole se arrastou at� a �nica cadeira no meio do ch�o abaixo da plataforma. No momento em que ela se sentou, correntes rangeram dos bra�os da cadeira e a prenderam ali.
- Voc� � Mary Elizabeth Cattermole? - perguntou Umbridge.
A Sra. Cattermole assentiu, com um �nico e tr�mulo movimento de cabe�a.
- Casada com Reginald Cattermole do Departamento de Manuten��o M�gica?
A Sra. Cattermole explodiu em l�grimas.
- Eu n�o sei onde ele est�, ele deveria ter vindo me encontrar aqui!
Umbridge a ignorou.
- M�e de Maisie, Ellie e Alfred Cattermole?
A Sra. Cattermole solu�ou mais alto do que nunca.
- Eles est�o com medo, pensam que eu posso n�o voltar �
- Poupe-nos, - cuspiu Yaxley. - Os pirralhos de Nascidos-trouxa n�o despertam nossa simpatia.
Os solu�os da Sra. Cattermole ocultaram os passos de Harry enquanto ele se dirigia, cuidadosamente, aos degraus que levavam � plataforma. No momento em que passou pelo lugar onde o Patrono patrulhava, sentiu uma mudan�a na temperatura: estava quente e confort�vel ali. O Patrono, ele tinha certeza, era de Umbridge, e brilhava intensamente porque ela estava t�o feliz ali, no seu elemento, fazendo cumprir leis distorcidas que ela havia ajudado a escrever. Lenta e cuidadosamente ele se esgueirou por tr�s da plataforma por tr�s de Umbridge, Yaxley e Hermione, sentando-se atr�s desta �ltima. Ele estava preocupado em n�o fazer Hermione se assustar e pular. Ele pensou em usar o feiti�o Abaffiato sobre Umbridge e Yaxley, mas mesmo sussurrar a palavra poderia alertar Hermione. Ent�o Umbridge ergueu a voz para se dirigir � Sra. Cattermole, e Harry aproveitou a chance.
- Estou atr�s de voc�, - ele sussurrou no ouvido de Hermione.
Como esperado, ele deu um pulo t�o violento na cadeira que quase virou o tinteiro que ela deveria estar usando para fazer o relat�rio da entrevista, mas Umbriddge e Yaxley estavam concentrados na Sra. Cattermole, e isso passou despercebido.
- Uma varinha foi tomada de voc� na chegada ao Minist�rio hoje, Sra. Cattermole, - ia dizendo Umbridge. - Vinte e dois cent�metros, cerejeira, corda de fio de cauda de unic�rnio. Voc� reconhece essa descri��o?
A Sra. Cattermole assentiu, enxugando os olhos em sua manga.
- Voc� poderia nos dizer de que bruxo ou bruxa voc� tomou essa varinha?
- T-tomou? - solu�ou a Sra. Cattermole. - Eu n�o t-tomei de ningu�m. Eu c-comprei quando fiz onze anos. Ela � ela � ela me escolheu.
Ela chorou ainda com mais for�a.
Umbridge deu uma risadinha infantil que fez Harry querer voar em cima dela. Ela se inclinou sobre a barreira, para observar melhor sua v�tima, e algo dourado pendeu para a frente, tamb�m, e balan�ou sobre o vazio: o medalh�o.
Hermione o viu; deixou escapar um grito, mas Umbridge e Yaxley, ainda focados em sua presa, estava surdos para todo o resto.
- N�o, - disse Umbridge, - n�o, eu penso que n�o, Sra. Cattermole. Varinhas s� escolhem bruxos ou bruxas. Voc� n�o � uma bruxa. Eu tenho aqui suas respostas ao question�rio que foi enviado � Mafalda, passe-as para c�.
Umbridge estendeu sua m�ozinha: ela parecia tanto com um sapo naquele momento que Harry se surpreendeu em n�o ver membranas entre seus dedos gordos. As m�os de Hermione tremiam com o susto. Ela remexeu numa pilha de documentos equilibrada na cadeira ao seu lado, finalmente retirando uma folha de pergaminho com o nome da Sra. Cattermole nele.
- Isso � isso � lindo, Dolores, - ela disse, apontando para o pendente brilhando nas dobras estufadas da blusa de Umbridge.
- O qu�?, - rosnou Umbridge, olhando para baixo. - Ah, sim � uma velha heran�a de fam�lia, - ela disse, acariciando o medalh�o em seu colo amplo. - O �S� significa Selwyn... Eu sou aparentada com os Selwyns... Na verdade, s�o poucas as fam�lias de bruxos com as quais eu n�o tenho algum parentesco... Uma pena, - ela continuou, numa voz mais alta, folheando o question�rio da Sra. Cattermole, - que o mesmo n�o possa ser dito de voc�. �Profiss�o dos pais: verdureiros�.
Yaxley riu. Abaixo deles, o peludo gato prateado patrulhava para cima e para baixo, e os dementadores continuavam esperando nos cantos.
Foi a mentira de Umbridge que fez o sangue de Harry ferver e obliterar seu senso de precau��o � que o medalh�o que havia sido tomado como suborno de um ladr�ozinho de meia tigela estivesse sendo usado para se gabar de suas pr�prias credenciais de Puro-sangue. Ele levantou sua varinha, sem nem se preocupar em mant�-la oculta sobre a Capa de Invisibilidade, e disse �Estupefa�a!�
Houve um jato de luz vermelha; Umbridge caiu e sua testa atingiu a beirada da balaustrada: os pap�is da Sra. Cattermole escorregaram do seu colo para o ch�o e, l� embaixo, o gato prateado desapareceu. Um vento gelado os atingiu: Yaxley, confuso, olhou ao redor, procurando a fonte do problema, e viu a m�o sem corpo de Harry, com a varinha apontando para ele. Ele tentou sacar sua pr�pria varinha, mas foi tarde demais: �Estupefa�a!�
Yaxley deslizou para o ch�o e caiu enroscado.
- Harry!
- Hermione, se voc� acha que eu ia sentar aqui e deixa-la fingir �
- Harry, a Sra. Cattermole!
Harry girou, arremessando para longe a Capa de Invisibilidade; l� embaixo, os dementadores haviam sa�do dos cantos; eles estavam deslizando em dire��o � mulher amarrada � cadeira: seja porque o Patrono havia desaparecido, seja porque seus mestres n�o estavam mais no controle, eles pareciam ter abandonado suas restri��es. A Sra. Cattermole deu um grito terr�vel, quando uma m�o gosmenta e ferida seguro seu queixo e empurrou sua cabe�a para tr�s.
- EXPECTO PATRONUM!
O cervo prateado voou da ponta da varinha de Harry e saltou sobre os dementadores, que ca�ram para tr�s e se misturaram �s sombras novamente. A luz do cervo, mais poderosa e mais aquecedora que a prote��o do gato, encheu toda a masmorra enquanto ele passeava pela sala.
- Pegue o horcrux, - Harry disse a Hermione.
Ele correu de volta escada abaixo, enfiando a Capa de Invisibilidade de volta em sua mochila, e se aproximou da Sra. Cattermole.
- Voc�? - ela sussurrou, olhando para seu rosto. - Mas � mas Reg disse que tinha sido voc� a submeter meu nome para interrogat�rio!
- Fui eu?, - murmurou Harry, puxando as correntes que prendiam os bra�os dela. - Bem, eu mudei de id�ia. Diffindo! - Nada aconteceu. - Hermione, como � que me livro dessas correntes?
- Espere, estou tentando uma coisa aqui �
- Hermione, estamos cercados de dementadores!
- Eu sei, Harry, mas se ela acordar e o medalh�o tiver desaparecido � eu preciso duplica-lo � Geminio! Isso... Isso deve engan�-la...
Hermione veio correndo escada abaixo.
- Vamos ver... Relashio!
As correntes rangeram e voltaram para dentro dos bra�os da cadeira. A Sra. Cattermole parecia t�o assustada quanto antes.
- Eu n�o compreendo, - ela sussurou.
- Voc� vai sair daqui conosco, - disse Harry, ajudando-a a se levantar. - Vai para casa, pegar seus filhos e fugir, fugir do pa�s se preciso for. Disfarcem-se e fujam. Voc� viu como �, n�o vai haver nada como um devido processo legal, aqui.
- Harry, - disse Hermione, - como vamos conseguir sair daqui com todos aqueles dementadores l� fora?
- Patronos, - disse Harry, apontando sua varinha para o seu pr�prio: o cervo reduziu a velocidade e come�ou a andar, ainda brilhando intensamente, em dire��o � porta. - Quantos voc� conseguir fazer; fa�a o seu, Hermione.
- Expec � Expecto patronum, - disse Hermione. Nada aconteceu.
- � o �nico feiti�o com o qual ela teve problemas, - Harry explicou a uma Sra. Cattermole completamente confusa. - Um pouco desagrad�vel, realmente... Vamos l�, Hermione...
- Expecto patronum!
Uma lontra prateada surgiu da ponta da varinha de Hermione e nadou graciosamente pelo ar para se juntar ao cervo.
- Vamos, - disse Harry, e levou Hermione e a Sra. Cattermole at� a porta.
Quando os Patronos deslizaram para fora da masmorra houve gritos de susto das pessoas esperando l� fora. Harry olhou ao redor; os dementadores estavam recuando de ambos os lados, misturando-se � escurid�o, se espalhando diante das criaturas prateadas.
- Foi decidido que todos voc�s devem voltar para casa e se esconder com suas fam�lias, - Harry disse aos Nascidos-trouxa que aguardavam, e que, ofuscados pela luz dos Patronos, ainda se encolhiam um pouco. - V�o para o exterior, se puderem. Apenas saiam do alcance do Minist�rio. Essa � a � bem � nova posi��o oficial. Agora, se voc�s puderem seguir os Patronos, v�o conseguir deixar o �trio.
Eles conseguiram subir os degraus de pedra sem ser interceptados, mas � medida que se aproximaram dos elevadores Harry come�ou a ver problemas. Se eles emergissem para o �trio com um cervo prateado, uma lontra flutuando ao lado dele, e cerca de vinte pessoas, metade delas acusadas de ser Nascidos-trouxa, ele tinha a sensa��o de que eles atrairiam aten��o indesej�vel. Ele tinha atingido esta conclus�o desagrad�vel quando o elevador rangiu e parou diante deles.
- Reg!, - gritou a Sra. Cattermole, e se jogou nos bra�os de Rony. - Runcorn me libertou, ele atacou Umbridge e Yaxley, e ele disse que n�s devemos ir embora do pa�s, acho melhor fazermos isso, mesmo, Reg, realmente acho, vamos correr para casa e buscar as crian�as, e � por que voc� est� todo molhado?
- �gua, - murmurou Rony, se libertando dela. - Harry, eles sabem que h� intrusos no Minist�rio, algo com rela��o a um buraco na porta da sala da Umbridge, acho que temos uns cinco minutos se �
O Patrono de Hermione desapareceu com um estalo quando ela olhou horrorizada para Harry.
- Harry, estamos encurralados aqui!
- N�o se n�s agirmos depressa, - disse Harry. Ele se dirigiu ao silencioso grupo atr�s deles, todos boquiabertos olhando para ele.
- Quem tem varinhas?
Cerca de metade deles levantaram as m�os.
- OK, todos os que n�o t�m varinhas precisam se juntar a algu�m que tenha. Vamos precisar ser r�pidos, antes que eles possam nos parar. Vamos.
Eles conseguiram se espremer em dois elevadores. O Patrono de Harry ficou de sentinela diante das grades douradas enquanto elas se fechavam e os elevadores partiam.
- Oitavo andar, - disse uma voz de bruxa, - �trio.
Harry soube logo de cara que eles estavam enrascados. O �trio estava cheio de pessoas se movendo de uma lareira para outra, lacrando-as.
- Harry! - gemeu Hermione. - Como vamos conseguir?
- PAREM! - comandou Harry, e a ponderosa voz de Runcorn ecoou pelo �trio: os bruxos lacrando as lareiras estancaram. - Sigam-me, - ele sussurrou para o grupo de Nascidos-trouxa paralisados, que se locomoveram juntos, pastoreados por Ron e Hermione.
- O que foi, Albert? - disse o mesmo bruxo careca que havia seguido Harry para fora da lareira, mais cedo. Ele parecia nervoso.
- Esse grupo aqui precisa sair antes que voc�s lacrem as sa�das, - disse Harry com toda a autoridade que podia.
O grupo de bruxos � sua frente se entreolhou.
- Disseram para lacrar todas as sa�das e n�o deixar ningu�m �
- Voc� est� me dando o contra, - Harry desafiou. - Voc� gostaria de ter a sua �rvore geneal�gica analisada, como fiz com Dirk Cresswell?
- Desculpe!, - engasgou o bruxo careca, recuando. - Eu n�o tive a inten��o, Albert, mas eu pensei... Pensei que eles estavam aqui para interrogat�rio e...
- O sangue deles � puro, - disse Harry, e sua voz profunda ecoou de forma impactante pelo sal�o. - Mais puro do que muitos de voc�s, eu me atrevo a dizer. V�o, - ele ordenou aos Nascidos-trouxa, que correram para as lareiras e come�aram a desaparecer em duplas. Os bruxos do Minist�rio ficaram ao fundo, alguns parecendo confuso, outros, assustados e indignados. Ent�o:
- Mary!
A Sra. Cattermole olhou para tr�s. O verdadeiro Reg Cattermole, n�o mais vomitando, mas p�lido e fraco, tinha sa�do correndo de um elevador.
- R-Reg?
Ela olhava do marido para Ronny, que praguejou alto.
O bruxo careca engasgou, sua cabe�a se virando ridiculamente de um Reg Cattermole para o outro.
- Ei � o que est� acontecendo? O que � isso?
- Lacre a sa�da! LACRE!
Yaxley tinha sa�do de outro elevador e estava correndo em dire��o ao grupo entre as lareiras, nas quais todos os Nascidos-trouxa menos a Sra. Cattermole agora tinham desaparecido. Quando o bruxo careca levantou sua varinha, Harry meteu-lhe um murro que o mandou voando pelo ar.
- Ele estava ajudando os Nascidos-trouxa a escapar, Yaxley! - Harry gritou.
Os colegas do bruxo careca se revoltaram, permitindo a Ronny agarrar a Sra. Cattermole, e empurr�-la para dentro de uma lareira ainda aberta. Depois, desapareceu. Confuso, Yaxley olhava de Harry para o bruxo em que ele batera, enquanto o verdadeiro Reg Cattermole berrava, - Minha esposa! Quem era aquele com a minha esposa? O que est� acontecendo?
Harry viu a cabe�a de Yaxley se voltar, e percebeu um tom de verdade surgir na face cruel.
- Venha! - Harry gritou para Hermione; segurou a m�o dela e eles pularam juntos na lareira enquanto a maldi��o de Yaxley voava sobre a cabe�a de Harry. Eles giraram por alguns segundos antes de serem atirados por um vaso sanit�rio em um cub�culo. Harry abriu a porta; Ronny estava ali, ao lado das pias, ainda lutando com a Sra. Cattermole.
- Reg, eu n�o compreendo �
- Por favor me solte, eu n�o sou o seu marido, voc� precisa ir para casa!
Houve um barulho no cub�culo atr�s deles; Harry olhou ao redor; Yaxley tinha acabado de aparecer.
- VAMOS! - berrou Harry. Agarrou Hermione pela m�o e Ronny pelo bra�o, e girou no lugar.
A escurid�o os envolveu, junto com a sensa��o de m�os os apertando, mas algo estava errado... A m�o de Hermione parecia deslizar de sua pegada...
Ele achou que ia sufocar, ele n�o conseguia ver ou respirar e as �nicas coisas s�lidas no mundo eram o bra�o de Ronny e os dedos de Hermione, que estava lentamente escorregando para longe...
E ent�o ele viu a porta do n�mero doze, no Largo Grimmauld, com seu batedor de porta em forma de serpente, mas antes que pudesse inspirar, houve um grito e um jato de luz roxa; a m�o de Hermione se grudou a ele como uma ventosa e tudo ficou escuro novamente.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por: Deborah Le�o
Revisador por: Juliana Badin
- Capitulo Catorze -
O ladr�o
Harry abriu os olhos e foi tomado por uma luz dourada e verde. Ele n�o tinha id�ia do que havia acontecido, s� sabia que estava deitado em alguma coisa que parecia ser folhas e galhos. Lutando pra respirar com os pulm�es que pareciam comprimidos, ele piscou e percebeu que aquele clar�o ofuscante era a luz do sol refletindo em muitas folhas bem acima dele.
Alguma coisa encostou em seu rosto. Ele se apoiou nas m�os e joelhos, pronto pra encarar alguma pequena e estranha criatura, mas viu que era apenas o p� de Rony. Olhando em volta, Harry viu que eles e Hermione estavam deitados no ch�o de uma floresta, aparentemente sozinhos.
O primeiro pensamento de Harry foi que deveria ser a Floresta Proibida. Mesmo que ele soubesse o qu�o idiota e perigoso seria eles aparecerem nas terras de Hogwarts, o seu cora��o saltou com a id�ia de se enfiar nas arvores at� a cabana de Hagrid. Entretanto, nos poucos instantes que se passaram at� que Rony fizesse algum barulho e Harry se rastejasse at� ele, Harry percebeu que n�o era a Floresta Proibida, as �rvores pareciam mais novas, eram mais espa�osas, o ch�o era mais claro.
Harry viu Hermione, tamb�m apoiada nas m�os e nos joelhos, curvada sobre a cabe�a de Rony. No momento em que os olhos dele miraram Rony, todas as outras preocupa��es se esva�ram, tinha sangue molhando todo o lado esquerdo dele, e o rosto estava esmagado, p�lido, contra o ch�o. O efeito da Po��o Polissuco estava desaparecendo agora, Rony estava parecendo alguma coisa entre ele mesmo e Cattermole, o seu cabelo ficando cada vez mais vermelho enquanto seu rosto voltava � cor natural.
- O que aconteceu com ele?
- Estrunchamento. � disse Hermione, as m�os dela j� na manga de Rony onde havia mais sangue e estava mais escuro.
Harry assistiu horrorizado enquanto ela rasgava o tecido da roupa de Rony. Ele sempre achara que estruncamento fosse engra�ado, mas isso... O seu est�mago revirava enquanto Hermione deitava o bra�o nu de Rony onde um bom peda�o de carne faltava, como se arrancado por uma faca.
- Harry, r�pido, na minha bolsa, tem uma garrafa pequena com uma etiqueta em que diz �Ess�ncia de Ditanny�.
- Bolsa...certo.
Harry foi at� o lugar onde Hermione havia apontado, agarrou a pequena bolsa e colocou a m�o dentro. Ele foi tocando alguns objetos, sentiu alguns livros, algumas pe�as de roupa, sapatos.. .
- R�pido!
Ele pegou a varinha no ch�o e apontou para a bolsa. �Accio Dittany!�
Uma pequena garrafa marrom saiu do interior da bolsa, ele agarrou-a e levou de volta at� Hermione e Rony, cujos olhos agora estavam meio fechados, pouco se via do globo ocular atrav�s das p�lpebras.
- Ele est� desmaiado � disse Hermione, que estava um pouco p�lida, ela n�o estava mais parecendo Mafalda, apesar de seu cabelo ainda estar um pouco grisalho em alguns lugares. � Abre isso pra mim, Harry, minhas m�os est�o tremendo.
Harry abriu a pequena garrafa, Hermione a pegou e pingou 3 gotas da po��o no machucado de Rony que sangrava. Uma fuma�a esverdeada saiu do machucado e ent�o clareou, Harry viu que o sangramento havia parado. O machucado agora parecia que havia acontecido h� dias, nova pele surgiu onde h� poucos instantes havia carne exposta.
- Nossa! � disse Harry.
- � s� o que eu me sinto segura fazendo. � disse Hermione tensa. � Existem feiti�os que iam deix�-lo completamente curado, mas eu n�o vou us�-los, caso eu fa�a errado poderia piorar ainda mais... Ele j� perdeu muito sangue.
- Como ele se machucou? Quero dizer... � Harry balan�ou a cabe�a tentando entender, compreender o sentido de seja-l�-o-que estivesse acontecendo. � Por que n�s estamos aqui? Eu pensei que n�s �amos voltar pro Largo Grimmauld.
Hermione respirou fundo. Ela parecia prestes a chorar.
- Harry, eu n�o acho que n�s vamos poder voltar pra l�.
- O que voc�?
- Quando n�s desaparatamos, Yaxley me segurou e eu n�o consegui me livrar dele, ele era muito forte, e ele ainda estava me segurando quando n�s chegamos ao Largo Grimmauld, e ent�o... Bom, eu acho que ele deve ter visto a porta e viu que n�s est�vamos parando ali... Ent�o ele afrouxou a m�o e eu consegui me livrar e nos trouxe pra c�.
- Mas ent�o, onde ele est�? Espera a�... Voc� n�o quer dizer que ele est� no Largo Grimmauld? Ele n�o pode entrar l�.
Os olhos dela brilharam com as l�grimas enquanto ela afirmava.
- Harry, eu acho que ele pode, eu o forcei a me largar com um feiti�o de repuls�o, mas eu j� tinha o levado pra dentro da prote��o do fiel do segredo. Desde que Dumbledore morreu, n�s somos os fi�is do segredo, ent�o eu acabei fazendo dele um fiel do segredo tamb�m, n�o fiz?
N�o havia como negar, Harry tinha certeza que ela estava certa. Foi uma mancada s�ria. Se Yaxley podia entrar na casa, ent�o de modo algum eles poderiam voltar. Nesse exato momento, ele poderia estar levando Comensais da Morte pra l� por aparata��o. Apesar de a casa ser sombria e opressiva como era, tinha sido o �nico ref�gio seguro para Harry e os amigos, ainda mais agora que Monstro estava bem mais feliz e amig�vel, era uma esp�cie de lar. Com uma pontada de arrependimento que n�o tinha nada a ver com comida, Harry imaginou o elfo dom�stico se empenhando em fazer uma torta que Harry, Rony e Hermione jamais iriam comer.
- Harry, eu sinto muito� muito mesmo!
- N�o seja boba, n�o foi sua culpa! Se a culpa foi de algu�m, foi minha.
Harry colocou a m�o dentro do bolso e tirou o olho de Olho-Tonto Moody. Hermione recuou horrorizada.
- Umbridge colocou isso na porta do escrit�rio dela, pra espionar as pessoas. Eu n�o podia deixar l�... Mas foi como eles souberam que havia intrusos.
Antes que Hermione pudesse responder, Rony gemeu e abriu os olhos. Ele ainda estava p�lido e tinha o rosto molhado de suor.
- Como voc� se sente? � Hermione falou baixinho.
- Horr�vel � resmungou Rony, olhando em volta enquanto sentia o seu bra�o machucado. � Onde n�s estamos?
- Na floresta onde fizeram a Copa Mundial de Quadribol � disse Hermione. � Eu queria um lugar escondido e esse foi...
- O primeiro lugar que voc� pensou. � Harry finalizou por ela, olhando em volta para a aparentemente deserta clareira. Ele n�o conseguia evitar lembrar-se do que havia acontecido da �ltima vez que eles aparataram no primeiro lugar em que Hermione havia pensado, em como os Comensais da Morte tinham os achado em minutos. Teria sido Legilim�ncia? Ser� que Voldemort ou seus fi�is capangas saberiam, mesmo agora, onde Hermione havia os levado?
- Voc� n�o acha que a gente deveria seguir em frente? � Rony perguntou para Harry, e Harry percebeu pelo olhar do amigo que ele havia pensado a mesma coisa.
- Eu n�o sei.
Rony ainda estava p�lido e �mido. Ele n�o havia feito nenhum movimento pra se levantar e parecia que ele ainda estava muito fraco pra isso. Se mover era doloroso.
- Vamos ficar aqui por enquanto. � disse Harry.
Parecendo aliviada, Hermione ficou em p�.
- Onde voc� est� indo? � Perguntou Rony.
- Se n�s vamos ficar ent�o n�s dev�amos colocar alguns encantamentos de prote��o por aqui. � Ela respondeu, e levantando a varinha ela come�ou a andar em c�rculos em volta de Harry e Rony murmurando feiti�os por onde ia. Harry viu alguns movimentos no ar, era como se Hermione colocasse um nevoeiro em volta deles.
- Salvio Hexia . . . Protego Totalum . . . Repello Muggletum . . . Muffliato . . . Voc� pode ir armando a barraca Harry. . . .
- Barraca?
- Na bolsa!
- Na bolsa� � claro. � disse Harry.
Ele n�o se preocupou em procurar na bolsa dessa vez, usou outro feiti�o convocat�rio. A barraca voou da bolsa com um monte de cordas, lonas e estacas. Harry a reconheceu, em parte por causa do cheiro de gatos, como na tenda em que eles haviam dormido na noite da Copa Mundial de Quadribol.
- Essa barraca n�o pertencia a um tal Perkins do Minist�rio? � Ele perguntou come�ando a desembara�ar as estacas.
- Aparentemente ele n�o a quis de volta, estava com muita dor lombar. � disse Hermione, agora fazendo movimentos complicados com a varinha � Ent�o o pai do Rony disse que eu podia pegar emprestada. Erecto! � ela completou apontando a varinha para a lona desarrumada, que com um r�pido movimento apareceu completamente em forma de barraca, algumas estacas voaram e se juntaram e a barraca completa se fixou no ch�o presa por algumas cordas.
- Cave Inimicum - Hermione finalizou. � Isso � tudo o que eu posso fazer. Pelo menos por enquanto. Na pior das hip�teses, n�s devemos saber que eles est�o vindo. Eu n�o posso garantir que isso vai impedir Vol...
- N�o diz o nome! � Rony a interrompeu, a voz ofendida.
Harry e Hermione se entreolharam.
- Desculpa. � Rony disse, lamentando enquanto ele se levantava pra olhar para eles � Mas parece um mau agouro ou alguma coisa assim. N�s n�o podemos cham�-lo de Voc� �Sabe-Quem, por favor?
- Dumbledore disse que o nome de uma coisa... � come�ou Harry.
- Caso voc� n�o tenha notado, amigo, chamar Voc�-Sabe-Quem pelo nome n�o deu muito certo para Dumbledore no fim � Rony contrapartiu. � S�... S� demonstre algum... Respeito por Voc�-Sabe-Quem!
- Respeito? � Harry repetiu, mas Hermione endere�ou a ele um olhar cauteloso, aparentemente ele n�o deveria discutir com Rony numa situa��o em que ele estivesse t�o fraco.
Harry e Hermione tiveram que praticamente empurrar e carregar Rony pra dentro da barraca. O interior era exatamente como Harry se lembrava: um pequeno apartamento completo com banheiro e uma pequena cozinha. Ele empurrou uma cadeira para o lado e colocou Rony cuidadosamente na ponta de uma cama beliche. Esse pequeno percurso tinha deixado Rony mais p�lido e quando eles o colocaram na cama, ele fechou os olhos e n�o falou por algum tempo.
Eu vou fazer um ch� � disse Hermione ofegante tirando uma chaleira e x�caras do fundo da sua bolsa e as levando pra cozinha.
Harry achou a bebida quente t�o bem vinda quanto o whisky da noite em que Olho-Tonto havia morrido; parecia levar embora um pouco do medo que se agitava em seu peito. Depois de um minuto ou dois, Rony quebrou o sil�ncio.
- O que voc� acha que aconteceu com os Cattermoles?
- Com alguma sorte, eles foram embora. � disse Hermione, apertando a x�cara em busca de conforto. � Contando com o fato de que o Sr. Cattermole tenha alguma sagacidade, ele deve ter transportado a Sra. Cattermole por aparata��o acompanhada e eles devem estar fugindo do pa�s agora mesmo com as crian�as. Foi isso que Harry lhe disse para fazer.
- Espero que eles tenham escapado � disse Rony apoiando-se nos travesseiros. O ch� parecia estar fazendo bem a ele, um pouco de sua cor natural havia retornado � Eu n�o achava que Reg Cattermole era t�o esperto assim, pelo modo com que falavam comigo quando eu era ele. Nossa, eu espero que eles tenham conseguido... Se eles acabarem em Azkaban por nossa causa...
Harry olhou pra Hermione - a pergunta que ele estava para fazer sobre a falta da varinha da Sra. Cattermole que a impediria de aparatar junto do marido � silenciou. Hermione olhava pra Rony falando dos Cattermoles com uma express�o de carinho que fez Harry pensar que ela iria beijar Rony.
- Ent�o... Voc� o pegou? � Harry perguntou pra ela, em partes pra lembr�-la que ele ainda estava ali.
- Peguei... Peguei o qu�? � disse ela despertando.
- Pelo que n�s passamos por tudo isso? O medalh�o! Cad� o medalh�o?
- Voc� o pegou? � gritou Rony, se levantando um pouco dos travesseiros. � Ningu�m me diz nada! Que saco, voc� poderia ter mencionado!
- Bom, n�s est�vamos correndo dos Comensais da Morte pelas nossas vidas, n�o est�vamos? � disse Hermione. � Aqui. � Ent�o ela puxou o medalh�o de suas vestes e o entregou para Rony. Era do tamanho de um ovo de galinha. Uma bonita letra S, com algumas pedras verdes pequenas incrustadas que refletiam vagarosamente na luz fraca que brilhava atrav�s da lona escura do teto da tenda.
- N�o existe nenhuma possibilidade de que algu�m tenha destru�do isso desde que Monstro o guardou? � perguntou Rony esperan�oso. � Quer dizer, n�s temos certeza que isso � ainda um Horcrux?
- Eu acho que sim � disse Hermione pegando o medalh�o de volta e olhando-o de perto. Ela o passou para Harry que o virou entre os dedos. O medalh�o parecia perfeito, primitivo. Ele se lembrou do estrago no di�rio, e como a pedra no anel Horcrux tinha sido rachada quando Dumbledore a destruiu.
- Eu acho que o Monstro est� certo � disse Harry � n�s vamos ter que descobrir como abrir essa coisa antes de destru�-la.
Uma repentina consci�ncia do que ele estava segurando, do que vivia por tr�s daquele pequeno objeto, bateu em Harry enquanto ele falava. Mesmo depois de todos os esfor�os para achar aquilo, ele sentiu uma violenta vontade de arremess�-lo para longe dele. Se esfor�ando de novo, ele tentou separar os dois lados do medalh�o com os dedos, e ent�o tentou o encantamento que Hermione havia usado pra abrir a porta do quarto de R�gulo. Nenhum dos dois funcionou. Ele deu o medalh�o pra Rony e Hermione, e cada um de deles tentou seu o melhor, mas n�o foram mais bem sucedidos em abrir o medalh�o do que ele.
- Voc�s conseguem sentir? � Rony perguntando com uma voz tranq�ila enquanto ele segurava forte o medalh�o.
- Como assim?
Rony passou o horcrux para Harry. Depois de algum momento, Harry percebeu que entendia o que Rony queria dizer. Ou era o sangue dele pulsando em suas veias que ele podia sentir, ou era algo batendo dentro do medalh�o, como um pequeno cora��o de metal?
- O que n�s vamos fazer com isso? � Hermione perguntou.
- Manter a salvo at� descobrirmos como destru�-lo. � Harry respondeu, e apesar de ser a �ltima coisa que desejava, ele pendurou a corrente no pesco�o, deixando o medalh�o fora de vista dentro das suas vestes, onde descansava no peito dele ao lado da bolsa que Hagrid havia dado a ele.
- Eu acho que n�s dev�amos nos revezar pra vigiar a barraca. � ele disse para Hermione que ficava em p� e se espregui�ava. - E n�s precisamos pensar em alguma comida tamb�m. E voc� fica aqui. � ele completou enquanto Rony se esfor�ava para sentar e liberar uma suja fuma�a verde. Com o bisbilhosc�pio que Hermione havia dado a Harry em seu anivers�rio, eles passaram o dia todo monitorando o lado de fora da tenda. Entretanto, o bisbilhosc�pio permaneceu silencioso e im�vel durante o dia todo, um pouco por causa dos encantamentos que Hermione havia lan�ado em volta deles, ou porque as pessoas raramente se aventuravam essa hora do dia em uma floresta deserta. S� apareciam ocasionalmente alguns p�ssaros e esquilos.
Quando a noite caiu, nada mudou. Harry levou a varinha quando trocou de lugar com Hermione na tarefa de vigiar, e n�o viu nada al�m de uma cena deserta, ele notou alguns morcegos que se alvoro�avam bem acima dele entre o pouco de c�u vis�vel devido �s �rvores da clareira onde eles estavam.
Ele sentia fome agora, e um pouco tonto. Hermione n�o havia colocado nenhuma comida na mala, por pensar que eles iriam voltar para o Largo Grimmauld naquela noite, ent�o eles n�o tinham nada para comer exceto alguns cogumelos silvestres que Hermione pegara de algumas �rvores ali perto e fizera um ensopado.
Depois de ingerir um pouco, Rony deixou de lado parecendo enjoado; Harry s� havia continuado pra n�o ferir os sentimentos de Hermione.
O sil�ncio foi quebrado por alguns sussurros e um som que parecia ser de galhos se quebrando; Harry preferiu pensar que o barulho era causado por animais em vez de pessoas, apesar de segurar a varinha forte no momento. O est�mago dele estava ainda mais desconfort�vel por causa dos cogumelos, ele formigava inquieto.
Ele pensou que iria se sentir alegre se eles conseguissem roubar a Horcrux, mas ele n�o se sentia. Tudo que ele sentia enquanto ele olhava pro escuro l� fora, era preocupa��o com o que viria em seguida.
Ele pensava que trilharia por esse caminho semanas, meses, talvez anos, mas agora ele tinha chegado a uma parte tortuosa da miss�o.
Havia outros Horcruxes l� fora em algum lugar, mas ele n�o tinha a m�nima id�ia de onde eles estariam. Ele nem sabia o que de fato eles poderiam ser. Entrementes, ele estava na batalha pra descobrir como destruir aquele Horcrux que estava apoiado contra o seu peito dele. Curiosamente, o medalh�o n�o adquirido calor do corpo dele, o objeto continuava frio como se tivesse emergido da �gua gelada. Em tempos em tempos, Harry achava ou imaginava que ele podia sentir as pequenas batidas do medalh�o batendo contra as do seu pr�prio cora��o. Press�gios desconhecidos surgiram enquanto ele sentava l� fora no escuro. Ele tentou resistir-lhes, afast�-los, mas eles persistiam. Um n�o pode viver, enquanto o outro sobreviver. Rony e Hermione, agora falavam baixo l� atr�s na tenta, eles poderiam ir embora se quisessem; Harry n�o poderia. E enquanto ele tentava se proteger do medo e da exaust�o parecia que o Horcrux no seu peito estava cronometrando o tempo que lhe restava... id�ia idiota, ele pensou, n�o pense nisso...
Sua cicatriz come�ou a fisgar de novo. Ele estava com medo de que isso estivesse acontecendo por pensar naquelas coisas, e tentou distrair seus pensamentos. Ele pensou no pobre Monstro, que estava os esperando em casa e tinha recebido Yaxley ao inv�s. O elfo dom�stico iria ficar quieto ou falaria ao Comensal da Morte tudo o que sabia? Harry queria acreditar que Monstro havia mudado no decorrer do �ltimo m�s, que ele seria legal, mas quem sabe o que aconteceria? E se o Comensal da Morte torturasse o elfo? Imagens horr�veis come�aram a surgir na cabe�a de Harry e ele tentou afast�-las tamb�m, no momento n�o havia nada que ele pudesse fazer por Monstro; ele e Hermione j� haviam decidido n�o cham�-lo, e se algu�m do Minist�rio viesse tamb�m? Eles n�o poderiam contar que a aparata��o do elfo fosse livre da mesma falha que levara Yaxley acidentalmente para o Largo Grimmauld agarrado � bainha da manga de Hermione.
A cicatriz de Harry queimava agora. Ele pensou que havia tanta coisa que eles n�o sabiam: Lupin tinha raz�o quanto �s magias que eles nunca haviam encontrado ou imaginado. Por que Dumbledore n�o explicara mais? Ser� que ele pensara que haveria mais tempo Que iria viver por longos anos, s�culos talvez, como o seu amigo Nicolas Flamel? Se fosse assim, ele havia se enganado... Snape havia acontecido... Snape, a cobra adormecida� que havia estado no topo de uma torre e Alvo Dumbledore havia ca�do�ca�do...
- Me d� isso, Gregorovitch!
A voz de Harry estava alta, clara e fria, segurava a varinha com uma m�o branca com dedos compridos. O homem para o qual ele estava apontando estava suspenso de cabe�a pra baixo no ar, apesar da aus�ncia de cordas o segurando, ele se mexeu l�, invisivelmente amarrado, pernas e bra�os amarrados, o rosto apavorado, em um n�vel em que Harry via o sangue descendo para a cabe�a dele. Ele tinha cabelos muito brancos, barba espessa, algo parecido a um Papai Noel.
- Eu n�o tenho, eu n�o tenho mais... foi roubado de mim h� muitos anos atr�s!
- N�o minta para Lord Voldemort, Gregorovitch. Ele sabe...ele sempre sabe.
As pupilas do homem pendurado estavam dilatadas de medo e elas pareciam inchar-se, cada vez maiores e maiores, at� que a escurid�o engoliu Harry por completo.
E ent�o Harry estava correndo por um corredor escuro, Gregorovitch segurava uma lanterna, ele entrou num quarto no fim da passagem e a lanterna iluminou algo que parecia um escrit�rio, havia peda�os de madeira e uma luz dourada reluzia suave, e na soleira de uma janela, como um gigante p�ssaro, havia um jovem homem de cabelos dourados. No exato segundo que a lanterna o iluminou, Harry viu o contentamento no seu bonito rosto, ent�o o intruso lan�ou um feiti�o de sua varinha e pulou apressadamente para fora da janela com uma risada.
E ent�o Harry deixou aquela vis�o das estranhas pupilas, a face de Gregorovitch estava paralisada de terror.
- Quem era aquele ladr�o, Gregorovitch? � disse a voz fria.
- Eu n�o sei, nunca o vi, um homem qualquer� n�o� por favor� POR FAVOR!
Um grito surgiu e ent�o uma explos�o de luz verde.
- Harry!
Ele abriu os olhos, tremendo, a sua testa palpitando. Ele havia desmaiado ao lado de fora da tenta, estava do lado da lona, jogado no ch�o.
Ele olhou para Hermione, cujos cabelos ocultavam o pouco de c�u que aparecia atrav�s das altas �rvores em cima deles.
- Sonho � ele disse, levantando-se r�pido e atentamente para encarar o olhar feroz, por�m inocente de Hermione. � Devo ter cochilado, desculpa.
- Eu sei que � a sua cicatriz! Eu posso ter certeza s� pelo seu rosto. Voc� estava vendo atrav�s dos olhos de Vol...
- N�o diga o nome dele! � a voz irada de Rony veio de dentro da tenda.
- Tudo bem � retornou Hermione � Voc�-Sabe-Quem, ent�o!
- Eu n�o quis que acontecesse � Harry disse � Foi um sonho! Voc� consegue controlar o que voc� sonha Hermione?
- Se voc� tivesse aprendido a usar Oclum�ncia, sim.
Mas Harry n�o estava interessado nisso; ele queria discutir o que acabara de ver.
- Ele achou Gregorovitch, Hermione, e eu acho que ele o matou, mas antes de matar ele leu a mente de Gregorovitch e eu vi...
- Eu acho melhor eu vigiar, voc� est� muito cansado, voc� at� pegou no sono � disse Hermione friamente.
- Eu posso terminar meu turno!
- N�o, voc� est� obviamente exausto. V� e deite!
Ela ficou ali mal humorada. Com raiva, mas querendo evitar uma discuss�o, Harry entrou.
Rony, ainda p�lido, estava saindo do beliche de baixo; Harry subiu no de cima, deitou e ficou olhando pra lona escura acima dele. Depois de algum tempo, Rony falou numa voz muito baixa para n�o despertar a aten��o de Hermione que estava na entrada.
- O que Voc�-Sabe-Quem estava fazendo?
Harry fechou os olhos para tentar lembrar cada detalhe, ent�o relatou baixinho no escuro.
- Ele achou Gregorovitch. Ele estava com ele amarrado, estava o torturando...
- E como Gregorovitch vai fazer uma nova varinha para ele se estiver amarrado?
- N�o sei... � estranho, n�o �?
Harry fechou os olhos pensando em tudo o que ele havia visto e ouvido. Quanto mais ele repensava, menos sentido fazia... Voldemort n�o dissera nada sobre a varinha de Harry, nada sobre as varinhas g�meas, nada sobre Gregorovitch fazendo uma nova e mais poderosa varinha que pudesse bater a de Harry
- Ele queria alguma coisa de Gregorovitch � Harry disse, com os olhos fechados � ele queria que Gregorovitch lhe entregasse algo, mas ele disse que havia sido roubado... E ent�o... E ent�o...
Ele se lembrou de como ele, vendo pelos olhos de Voldemort, parecia ter entrado pelos olhos de Gregorovitch, dentro das lembran�as dele.
- Ele leu a mente de Gregorovitch, e eu vi um rapaz jovem na soleira da janela, e ele jogou um feiti�o em Gregorovitch e ent�o pulou para fora. Ele roubou algo, seja-l�-o-que Voc�-Sabe-Quem est� procurando. E eu acho... Eu acho que j� o vi em algum lugar.
Harry desejou que ele pudesse ter outra vis�o do rosto sorridente do rapaz. O roubo havia acontecido h� muitos anos atr�s, de acordo com Gregorovitch. Por que o jovem rapaz lhe parecia familiar?
Os barulhos das �rvores eram inaud�veis dentro da tenda. Tudo o que Harry podia ouvir era a respira��o de Rony. Depois de algum tempo, Rony falou baixinho:
- Voc� n�o p�de ver o que o ladr�o estava segurando?
- N�o. Deveria ser algo pequeno.
- Harry?
Ent�o a madeira do beliche rangeu enquanto Rony se mexia na cama de baixo.
- Harry, voc� n�o acha que Voc�-Sabe-Quem estava atr�s de alguma coisa pra fazer um outro Horcrux?
- Eu n�o sei, � Harry falou devagar � talvez. Mas n�o seria perigoso para ele fazer outro? Hermione n�o disse que ele j� tinha atingido um limite?
- �... Mas talvez ele n�o saiba disso.
- �... Talvez. � disse Harry.
Ele tivera certeza que Voldemort estava procurando por uma solu��o para o problema das varinhas g�meas, certeza de que Voldemort procurara essa solu��o no velho fabricante de varinhas... mas ele o havia matado aparentemente sem perguntar uma �nica palavra sobre varinhas.
O que Voldemort estava tentando achar? Por que, com o Minist�rio da Magia e todo o mundo m�gico aos seus p�s ele estava longe, interessado em possuir o tal objeto que havia sido de Gregorovitch e havia sido roubado pelo desconhecido ladr�o?
Harry ainda podia ver o rosto loiro e jovem, tinha um ar triunfante parecido com os de Fred e George. Ele havia sumido da janela como um p�ssaro, e Harry o havia visto antes, mas ele n�o sabia onde...
Com Gregorovitch morto, era o tal ladr�o que estava em perigo agora, e era nele em que os pensamentos de Harry estavam, e enquanto os roncos de Rony come�aram a surgir da parte debaixo do beliche, Harry adormeceu outra vez.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por Ana Claudia.
Editado por Samantha Melo.
- Cap�tulo Quinze -
A Vingan�a dos Duendes
Na manh� seguinte, antes dos outros dois acordarem, Harry deixou-os na barraca para procurar pela floresta a mais velha, mais �spera e resistente �rvore que ele pudesse encontrar. Ali, em sua sombra, ele enterrou o olho de �Olho-Tonto� Moody e fez a marca de uma pequena cruz, com a varinha, na casca da �rvore. N�o era muito, mas Harry sentiu que Olho-Tonto preferia muito mais isso a estar fincado na porta de Dolores Umbridge. Harry voltou � barraca esperou os outros acordarem e para discutirem o que eles fariam em seguida. Harry e Hermione acharam que o melhor a fazer era n�o ficar em lugar algum por muito tempo. Rony concordou, sob a condi��o de que n�o mexeria um m�sculo enquanto n�o comessem um sandu�che de bacon. Hermione tirou os encantamentos que colocou na clareira, enquanto Harry e Rony escondiam todas as marcas e impress�es no solo que poderia mostrar que eles estiveram acampados ali. Eles desaparataram para os arredores de uma pequena cidade. Montaram a barraca, sob prote��o de uma copa de �rvores, e a cercaram com novos encantamentos, Harry arriscou-se a buscar alimento usando a Capa de Invisibilidade. Isso, entretanto, n�o sa�ra como o planejado. Ele tinha praticamente chegado � cidade, quando um calafrio anormal, uma n�voa e um repentino escurecer do c�u o fez parar exatamente onde estava.
� Mas voc� consegue fazer um Patrono perfeito! - protestou Rony, assim que Harry voltou, de m�os vazias, sem f�lego e disse a palavra "Dementadores".
� Eu n�o pude... conjurar nenhum. - ofegou ele, apertando uma parte do est�mago. - N�o daria certo!
A express�o deles de consterna��o e desapontamento fez Harry se sentir envergonhado. Parecia um pesadelo ver � dist�ncia os dementadores deslizando pela n�voa e perceber, com o frio paralisante em seus pulm�es e com um grito distante em seus ouvidos, que ele n�o seria incapaz de se proteger. Isso fez com que Harry usasse toda sua for�a de vontade para sair de onde estava e correr, deixando os dementadores deslizarem por entre os Trouxas, que n�o podiam v�-los, mas certamente podiam sentir o desespero que eles causavam aonde quer que passavam.
� Ent�o... n�s ainda n�o temos o que comer!
� Cala a boca, Rony - interrompeu Hermione. - Harry, o que aconteceu? Por que voc� acha que n�o conseguiria conjurar um Patrono? Voc� o conjurou perfeitamente ontem!
� Eu n�o sei.
Ele se largou em uma das velhas poltronas na barraca de Perkins, se sentindo mais humilhado agora. Ele temia que alguma coisa estivesse errada com ele. Ontem parecia ter sido muito tempo atr�s. Hoje ele parecia ter treze anos de novo, o �nico que desmaiou no Expresso Hogwarts. Rony chutou a perna de uma cadeira.
� O qu�? - ele rosnou para Hermione.
� Eu estou morrendo de fome! Tudo que eu comi, desde que sangrei quase at� � morte, foi um punhado de cogumelos!
�Vai l� e luta com os dementadores do seu modo, ent�o! - disse Harry, aflito.
� Eu iria, mas meu bra�o est� numa tip�ia, caso voc� n�o tenha notado.
� Que conveniente!
� E o que voc� acha que eu deveria...
� Claro! - gritou Hermione, batendo as m�os na testa e calando os dois. - Harry me d� o medalh�o. Anda! - disse ela impaciente, estalando seus dedos na frente dele, esperando que ele reagisse. - A Horcrux, Harry, voc� ainda a est� usando!
Ela estendeu as m�os e Harry ergueu a corrente dourada sobre sua cabe�a. No momento em que o medalh�o desfez o contato com a sua pele, ele se sentiu surpreendentemente livre e leve. Ele n�o havia percebido o quanto estava nervoso ou que havia algo pressionando seu est�mago, at� a hora as sensa��es se foram.
� Est� melhor? - Perguntou Hermione
� Sim... muito melhor!
� Harry! - ela disse, agachando-se na frente dele, usando um tipo de voz que ele associou com quem visita doentes - Voc� n�o acha que estava possu�do, acha?
� O qu�? N�o! - disse na defensiva. - Eu lembro de tudo que fizemos enquanto eu o estava usando. Eu saberia se estivesse possu�do, n�o? Gina me disse que houve vezes em que ela n�o se lembrava de nada.
� Hum... - Hermione disse, olhando para o pesado medalh�o dourado. - Bom... talvez n�s n�o dev�ssemos us�-lo. Devemos guardar na cabana.
� N�o devemos deixar esta Horcrux por a�. - Harry declarou firmemente. - Se n�s a perdermos, se ela for roubada...
� Tudo bem, tudo bem. - disse Hermione. Ela colocou-a em volta do pr�prio pesco�o e escondeu dentro de sua camisa. - Mas, n�s revezaremos o uso, ningu�m ficar� com ele por muito tempo.
� �timo! - disse Rony irritado. - E agora que j� resolvemos isso, podemos buscar comida?
� Certo... mas iremos para algum outro lugar para consegui-la. - disse Hermione com um r�pido olhar para Harry. � N�o h� raz�o para ficar onde sabemos que Dementadores est�o aparecendo.
No fim eles passaram a noite num terreno acidentado, que pertenciam a um fazendeiro solit�rio, onde conseguiram ovos e p�es.
� Isso n�o � roubar, �? - perguntou Hermione numa voz transtornada, enquanto eles devoravam ovos mexidos com torrada. - N�o se voc� deixar dinheiro debaixo da gaiola das galinhas, n�?
Rony virou os olhos e disse, com suas bochechas inchadas. � �o se eocupe uito, He-ione. Elaxe!
E de fato, era muito mais f�cil relaxar enquanto eles estavam confortavelmente bem alimentados. A discuss�o sobre os dementadores foi substitu�da por uma noite de risadas, e Harry se sentiu alegre, at� mesmo esperan�oso, enquanto come�ava a primeira das tr�s rondas noturnas.
Era a primeira vez percebia que est�magos cheios significam bom humor, e um vazio, disputa e melancolia. Harry estava surpreso com isso, pois ele passou por fases de fome com os Dursley. Hermione se chateava nas noites em que n�o comiam nada, a n�o ser frutos e biscoito seco. O humor dela ficava um pouco pior do que o normal e o sil�ncio, obstinado. Rony, entretanto, acostumado com tr�s refei��es ao dia, cortesia de sua m�e ou dos elfos-dom�sticos de Hogwarts, tornou-se irracional e irasc�vel quanto � fome. Quando a falta de comida coincidia com a sua vez de usar a Horcrux, ele tornava-se absolutamente desagrad�vel.
� Ent�o, pra onde agora? - era seu constante refr�o. Ele parecia n�o ter nenhuma id�ia pr�pria, mas esperava Harry e Hermione vir com planos enquanto se sentava a meditava sobre o pequeno estoque de comida. Harry e Hermione espontaneamente gastavam horas tentando decidir onde eles poderiam encontrar os outros Horcruxes e como destruir a que eles j� tinham. As conversas tornaram-se gradativamente repetitivas pois eles n�o tinham nenhuma informa��o nova.
Como Dumbledore havia dito a Harry que acreditava que Voldemort tinha escondido as Horcruxes em lugares importantes para ele, eles ficam repassando, numa ladainha deprimente, os locais onde sabiam que Voldemort tinha vivido ou visitado. O orfanato onde ele nasceu e cresceu; Hogwarts, onde ele foi educado; Borgin e Burke�s, onde tinha trabalhado quando deixou a escola e a Alb�nia, onde passou seus anos de ex�lio. Esses lugares eram a base de suas especula��es.
� Vamos � Alb�nia! N�o levar� mais do que uma tarde para procurar no pa�s todo - disse Rony, sarcasticamente.
� N�o pode haver nada l�. Ele fez suas cinco Horcruxes antes de ir para o ex�lio, e Dumbledore tem certeza que a cobra � o sexto. - disse Hermione. - N�s sabemos que ela n�o est� na Alb�nia, geralmente ela est� com Vol...
� Eu n�o pedi para voc� parar de dizer isso?
� Certo. A cobra geralmente est� com Voc�-Sabe-Quem. Feliz?
� Nem um pouco.
� N�o consigo v�-lo escondendo algo na Borgin e Burke's - disse Harry, que fez essa mesma observa��o v�rias vezes antes, mas a repetiu s� para quebrar o sil�ncio desagrad�vel.
� Borgin e Burke�s � especialista em artefatos das trevas, eles certamente reconheceriam uma Horcrux.
Rony bocejou agressivamente.
Reprimindo um forte impulso de atirar algo nele, Harry entrou no assunto:
� Eu ainda acho que ele escondeu algo em Hogwarts.
Hermione suspirou.
� Mas Dumbledore a teria encontrado, Harry!
Harry repetiu o argumento que guardava a favor de sua teoria.
� Dumbledore disse para mim que nem ele conhecia todos os segredos de Hogwarts. Eu estou dizendo, se h� um lugar onde Vol...
� Oi...
� Voc�-Sabe-Quem, ent�o! - Harry gritou, perdendo a paci�ncia. - Se h� um lugar que � realmente importante para Voc�-Sabe-Quem, � Hogwarts!
� Ah... qual �! - zombou Rony - A escola dele?
� Sim... a escola dele! Que foi seu primeiro lar, o lugar que fez ele se sentir especial. Significava tudo para ele, e mesmo depois que partiu...
� � sobre o Voc�-Sabe-Quem que estamos falando, certo? N�o sobre voc�? - perguntou Rony. Ele estava arrancando o medalh�o do pesco�o; Harry ficou tentado a agarrar a corrente e enforc�-lo.
� Voc� nos disse que Voc�-Sabe-Quem pediu a Dumbledore um cargo antes dele desaparecer. - disse Hermione.
� Isso mesmo - disse Harry!
� E Dumbledore achou que ele s� queria voltar para tentar encontrar algo, provavelmente a rel�quia de outro Fundador, para fazer outra Horcrux?
� Sim. - disse Harry.
� Mas ele n�o conseguiu o emprego, conseguiu? - Hermione disse - Ent�o, ele nunca teve a chance de encontrar outra rel�quia e escond�-la na escola!
� Certo, ent�o. - Harry disse, derrotado. - Esque�am Hogwarts.
Sem qualquer outro caminho, eles viajaram por Londres, se escondendo debaixo da Capa da Invisibilidade, procurando pelo orfanato onde Voldemort cresceu. Hermione entrou furtivamente numa biblioteca e descobriu em seus registros que o lugar em quest�o fora demolido anos atr�s. Eles visitaram os terrenos e encontraram apenas pr�dios de escrit�rio.
� Poder�amos tentar escavar as funda��es!? - disse Hermione.
� Ele n�o esconderia uma Horcrux aqui. - Harry disse. Ele sabia disso h� muito tempo. O orfanato era o lugar de onde Voldemort estava determinado a fugir. Ele nunca esconderia parte de sua alma al�. Dumbledore mostrou a Harry que Voldemort via grandeza ou misticismo em seus esconderijos; esta esquina cinza e sombria de Londres, como voc� pode imaginar, estava longe de um lugar como Hogwarts ou o Minist�rio ou uma constru��o como Gringotes, o banco dos bruxos, com suas portas douradas e ch�o de m�rmore.
Mesmo sem id�ia alguma, eles continuaram a andar pelo interior, montando a barraca, cada noite, em diferentes lugares, s� por seguran�a. Toda manh� eles conferiam se tinham removido todas as pistas da presen�a deles, e ent�o iam procurar outro local isolado e solit�rio, viajando por Aparata��o entre as florestas, pelas sombras de penhascos, por p�ntanos, por montanhas com picos cobertos, e uma vez, por uma �spera e protegida enseada. A cada doze horas ou mais, eles revezavam a Horcrux entre eles. Parecia que eles jogavam algum perverso e lento jogo de dan�a-das-cadeiras, onde eles temiam que a m�sica parasse, pois a recompensa seriam doze horas de crescente de ansiedade e medo.
A cicatriz de Harry come�ou a arder. Algo que agora acontecia sempre, ele notou, quando estava usando a Horcrux. �s vezes ele n�o conseguia parar de reagir � dor.
� O qu�? O que voc� viu? - perguntava Rony, quando ele notava Harry gemer.
- Um rosto - murmurava Harry, toda vez. - O mesmo rosto. O ladr�o que o roubou de Gregorovitch.
E Rony se virava, sem fazer esfor�o para esconder seu desapontamento.
Harry sabia que Rony estava esperan�oso de ouvir not�cias de sua fam�lia ou do resto da Ordem da F�nix, mas, apesar de tudo, ele, Harry, n�o era uma antena de televis�o. Ele somente podia ver o que Voldemort estava pensando naquela hora, n�o ajustar seu canal para o que desejava ver. Aparentemente Voldemort ficava relembrando o jovem desconhecido, com a felicidade estampada no rosto, cujo nome e paradeiro, Harry tinha certeza, Voldemort conhecia tanto quanto ele. Como a cicatriz de Harry continuava a queimar e o feliz garoto de cabelo amarelo continuava entrando em suas lembran�as, ele aprendeu a reprimir qualquer sinal de dor ou desconforto, para que os outros dois n�o mostrassem impaci�ncia � men��o do ladr�o. Ele n�o podia culp�-los por completo, quando estavam procurando, t�o desesperadamente por uma pista das Horcruxes.
Como os dias se prolongaram em semanas, Harry come�ou a suspeitar que Rony e Hermione estivessem tendo conversas sem, e sobre, ele. V�rias vezes eles paravam de falar rapidamente quando Harry entrava na barraca, e duas vezes ele os viu acidentalmente, encolhidos a uma pequena dist�ncia, cabe�as juntas e falando r�pido. Ambas as vezes eles ficaram em sil�ncio quando percebiam que Harry se aproximava se apressaram em parecer ocupados, pegando gravetos ou �gua.
Harry n�o conseguia parar de pensar que os amigos s� concordaram em vir em sua jornada, que agora parecia sinuosa e sem sentido, pois pensaram que ele tinha algum plano secreto que eles � saberiam durante o percurso.
Rony n�o estava fazendo nenhum esfor�o para esconder seu mau humor, e Harry come�ou a temer que Hermione tamb�m estivesse desapontada com sua fraca lideran�a. No desespero, ele tentava pensar na localiza��o das Horcruxes, mas na �nica coisa que lhe ocorria era Hogwarts, e nenhum deles pensava o mesmo. Enfim ele parou de sugerir isso.
O outono chegou ao interior quando estavam exatamente nele; agora eles estavam armando a barraca sob o ch�o coberto de folhas ca�das. Uma neblina natural juntou-se � dos dementadores: vento e chuva somaram-se aos seus problemas. O fato de que Hermione estava ficando cada vez melhor para identificar cogumelos comest�veis n�o compensava, no entanto, a isola��o cont�nua, a car�ncia da companhia de outras pessoas ou sua total ignor�ncia do que estava ocorrendo l� fora, na guerra contra Voldemort.
� Minha m�e pode fazer aparecer comida do ar. - falou Rony numa noite, quando estavam sentados na barraca perto de um rio em Wales.
Ele cutucou tristemente um peda�o de peixe queimado em seu prato. Harry olhou rapida e automaticamente para o pesco�o de Rony e viu, como se j� soubesse, a corrente dourada da Horcrux, brilhando. Ele segurou o impulso de dar uma dura em Rony, cuja atitude poderia, ele sabia, melhorar quando chegasse a hora de tir�-lo.
� Sua m�e n�o pode conjurar comida do ar - disse Hermione. - Ningu�m pode. Comida � a primeira das cinco Principais Exce��es na Lei de Transfigura��o de Gamp.
� Oh... voc� fala Ingl�s, n�o? - Rony disse, prendendo um peda�o de osso de peixe entre seus dentes.
� � imposs�vel fazer boa comida do nada! Voc� pode convoc�-la se souber onde ela est� e transform�-la, voc� pode aumentar a quantidade se voc� j� tiver um pouco, mas...
� Bom, voc� n�o precisa se dar ao trabalho de aumentar isso. Est� nojento!
� Harry pegou o peixe e eu fiz o melhor que pude! Eu notei que sou sempre eu que acabo escolhendo nossa comida , porque eu sou uma garota, suponho!
� N�o, � porque voc� � a melhor em magia! - Rony respondeu. Hermione se levantou e peda�os de peixe assado ca�ram de seu prato.
� Voc� pode cozinhar amanh�, Rony! Voc� pode encontrar os ingredientes e tentar um feiti�o para fazer algo que valha a pena comer e eu estarei sentada aqui, olhando tudo e me queixando. Voc� ver� como...
� Calem a boca! - disse Harry, ficando em p� e fazendo sinal com as m�os. - Fica quieta agora!
Hermione se sentiu ultrajada.
� Como voc� pode ficar do lado dele, ele nunca faz a comida...
� Hermione, fica quieta! Estou ouvindo algo!
Ele estava se esfor�ando para ouvir, as m�os ainda levantadas, acenando para ningu�m falar. Ent�o, al�m do barulho e movimento do rio no escuro, ele ouviu as vozes de novo, e olhou em volta, para o Bisbilhosc�pio, que continuava parado.
� Voc� lan�ou o feiti�o Muffliato sobre n�s, certo? - cochicou para Hermione.
� Lancei todos! - ela cochichou de volta. - Muffliato, Anti-Trouxas e Feiti�os da Desilus�o, todos eles. Eles n�o podem nos ver ou nos ouvir, onde quer que estejam.
Sons de p�s pesados se arrastando, somado ao som de pedras e galhos sendo pisoteados, deu-lhes a impress�o de que muitas pessoas estavam descendo pela encosta do bosque, onde a barraca estava armada. Eles sacaram as varinhas, esperando. O encantamento que lan�aram sobre eles parecia ser o suficiente, naquela escurid�o, para escond�-los da vista de trouxas, bruxos e bruxas normais. Se fossem Comensais de Morte, talvez a defesa deles seria testada, pela primeira vez, contra Magia Negra.
As vozes se tornaram mais altas, mas n�o mais intelig�veis quando o grupo de homens alcan�ou a barragem. Harry calculou que os donos das vozes estavam a uns vinte metros de dist�ncia, mas a cascata do rio tornava imposs�vel tal certeza. Hermione abriu a bolsa e come�ou a procurar algo. Depois de um momento ela tirou tr�s Orelhas Extens�veis e deu uma para Harry e outra para Rony, colocando, rapidamente, uma ponta nas orelhas e a outra ponta a passaram pela entrada da barraca.
Em segundos, Harry ouviu uma voz de homem, cansada.
� Deve ter salm�es aqui, ou voc� acha que � muito cedo para a esta��o? Accio Salm�o!
Houve v�rios esguichos de �gua e o som de peixe batendo contra carne. Alguns resmungaram apreciativos. Harry pressionou para mais fundo as Orelhas Extens�veis. Al�m do murm�rio do rio, ele pode ouvir mais vozes, mas elas n�o estavam falando ingl�s ou qualquer l�ngua humana que ele j� tivesse ouvido. Era uma l�ngua grosseira e sem melodia, uma s�rie de tons fortes, guturais, e pareciam ser dois falantes, um com a voz levemente baixa e mais lenta que o do outro. Uma fogueira brilhou, viva, do lado de fora da barraca, sombras eram projetas na lona. O cheiro delicioso de salm�o cozido seguia para dentro da barraca. Ent�o veio o barulho de talheres nos pratos e o primeiro homem falou novamente.
� Aqui, Griphook, Gornuk.
� Duendes! - Hermione murmurou para Harry, que acenou com a cabe�a.
� Obrigado. - disse o duende em ingl�s.
� Ent�o, voc�s tr�s est�o na estrada h� muito tempo? - perguntou uma nova, suave e agrad�vel voz que, para Harry, parecia familiar e que pertencia a algu�m com um rosto redondo e alegre.
� Seis, sete semanas... n�o me lembro. - disse o homem cansado. - Conheci Griphook nos primeiros dois dias e juntei for�as com Gornuk n�o muito tempo depois. � bom ter companhia.
Houve uma pausa enquanto as facas raspavam os pratos e as canecas eram colocadas no ch�o.
� O que fez voc� partir, Ted? - continuou o homem.
� Eu sabia que eles estavam vindo atr�s de mim - respondeu o Ted, o homem de voz suave; e Harry rapidamente soube quem ele era: o pai de Tonks.
� Ouvi que Comensais da Morte estavam na �rea na semana passada e eu decidi que era melhor correr. Recusei-me a ser registrado como um Trouxa no come�o, entende, e ent�o eu sabia que era s� uma quest�o de tempo, eu sabia que no fim, teria que partir. Minha esposa est� bem, ela � puro-sangue. E ent�o eu encontrei o Dino aqui, o qu�.. uns dias atr�s, n�o foi, filho?
� Sim... - disse outra voz, e Harry, Ron e Hermione se olharam, em sil�ncio, mas excitados, pois claramente reconheceram a voz de Dino Thomas, companheiro deles da Grifin�ria.
� Nascido Trouxa? - perguntou o primeiro homem.
� N�o tenho certeza. - disse Dino. - Meu pai largou minha m�e quando eu era crian�a e eu n�o tenho provas de que ele era um bruxo.
Fez-se um breve sil�ncio, interrompido pelo som de mastiga��o; e Ted falou de novo.
� Eu devo dizer, Dirk, que eu estou surpreso de fugir com voc�. Satisfeito, mas surpreso. Disseram que voc� tinha sido capturado.
� E fui - disse Dirk. - Eu estava a meio caminho de Azkaban quando eu fiz minha fuga. Estuporei Dawlish e quebrei sua vassoura. Foi mais f�cil do que voc� pensa. Eu n�o sei se ele estava bem. Parecia ter sido Confundido. Eu gostaria de apertar as m�os do bruxo que fez isso, pois, provavelmente, salvou minha vida.
Houve outra pausa com o fogo crepitando e o rio correndo, e Ted disse:
� E onde voc�s se instalaram? Eu tinha a impress�o que os duendes estavam todos com Voc�-Sabe-Quem.
� Voc� teve uma impress�o errada. - disse o duende com a voz mais alta. - N�s n�o temos lado. Est� � uma guerra de bruxos.
� Ent�o, por que voc�s est�o se escondendo?
� Eu achei prudente - disse o duende com a voz grave. - Tendo recusado, o que eu considero uma requisi��o impertinente, eu vi que minha seguran�a pessoal estava em risco.
� O que eles lhe pediram para fazer? - perguntou Ted.
� Servi�os que abalam a dignidade da minha ra�a - respondeu o duende. A voz mais rouca e menos humana quando ele disse isso. - Eu n�o sou um elfo-dom�stico.
� E voc�, Griphook?
� Raz�es semelhantes... - disse o duende numa voz alta. - Gringotes n�o est� mais sobre o controle do nosso povo. Eu n�o reconhe�o um bruxo como mestre.
Ele disse algo em de Gorgol�s e Gornuk riu.
� Qual � a piada? - perguntou Dino.
� Ele disse que h� coisas que os bruxos tamb�m n�o reconhecem. - repetiu Dirk. Houve uma pausa pequena.
� Eu n�o entendi. - disse Dino.
� Realizei uma pequena vingan�a antes de partir - disse Griphook em ingl�s.
� Bom homem... duende, quero dizer. - corrigiu rapidamente Ted. - Voc� n�o trancou um Comensal da Morte num dos velhos cofres de seguran�a, eu suponho?
� Mesmo se tivesse, a espada n�o o ajudaria em nada em sua tentativa de fuga. - respondeu Griphook. Gornuk riu de novo e at� Dirk deu uma risadinha seca.
� Dino e eu ainda achamos que falta alguma coisa. - disse Ted.
� O Severo Snape tamb�m, embora ele n�o saiba... - disse Griphook, e os duendes urraram numa risada maliciosa. Na barraca, Harry respirava profundamente, cheio de excita��o; ele e Hermione olharam-se fixamente, ouvindo o m�ximo que podiam.
� N�o ouviu nada sobre isso, Ted? - perguntou Dirk. - Sobre os garotos que tentaram roubar a espada de Grifindor do escrit�rio do Snape, em Hogwarts?
Uma corrente el�trica pareceu atravessar o corpo de Harry, ati�ando todos os seus nervos, enquanto ele continuava em p�.
� N�o soube de nada - disse Ted. - N�o apareceu n�O Profeta, apareceu?
� Dificilmente. - gargalhou Dirk. - Griphook quem me disse. Ele ouviu isso do Gui Weasley, que trabalha no banco. Uma das crian�as que tentaram roubar a espada era a irm� mais nova do Gui.
Harry olhou de relance para Hermione e Rony. Ambos estavam agarrados �s Orelhas Extens�veis como se estivesse segurando seu �nico meio de contato.
� Ela e alguns amigos foram ao escrit�rio do Snape e quebraram o vidro onde aparentemente ele guardava a espada. Snape os pegou quando eles estavam tentando escond�-la debaixo da escadaria.
� Ah, Deus os proteja! - disse Ted. - O que eles estavam pensando, que podiam usar a espada contra Voc�-Sabe-Quem? Ou contra Snape?
� Bem, o que quer que fosse que iam fazer com ela, Snape decidiu que ela n�o estava segura al� - disse Dirk. - Uns dois dias depois, uma vez que ele tinha que pedir permiss�o a Voc�-Sabe-Quem, eu acho, ele a enviou para Londres, para ser guardada em Gringotes.
Os duendes come�aram a rir de novo.
� Eu ainda n�o entendi a piada - disse Ted.
� � falsa!
� A espada de Griffindor!?
� Ah, sim... � uma c�pia! Uma excelente c�pia, na verdade, mas foi feita por bruxos. A original foi forjada s�culos atr�s pelos duendes e tinha certas propriedades que somente as armas feitas pelos duendes possu�am. Aonde quer que a verdadeira espada de Griffindor esteja, n�o est� num cofre em Gringotes.
- Entendo... - disse Ted. - E eu acredito que voc� n�o disse isso ao Comensal da Morte?
- Eu n�o vi porqu� incomod�-los com essas informa��es. - disse Griphook presun�osamente, e agora Ted e Dino se juntaram nas risadas de Gornuk e Dirk.
Dentro da barraca, Harry fechou seus olhos, rezando para que algu�m fizesse a pergunta que ele precisava de resposta, e depois de um minuto que pareceu dez, Dino a fez; ele era tamb�m (Harry se lembrou, com um solavanco) ex-namorado de Gina.
� O que aconteceu com Gina e os outros? Os que tentaram roubar a espada?
� Ah, eles foram punidos, e cruelmente. - disse Griphook, indiferente.
� Eles est�o bem, n�o est�o? - perguntou Ted rapidamente. - Quero dizer, os Weasley n�o precisam de mais um filho ferido, precisam?
� N�o foram ferimentos s�rios, pelo que estou sabendo. - disse Griphook.
� Sorte deles. - disse Ted. - Com o passado de Snape, eu suponho que devemos estar gratos por eles estarem vivos.
� Voc� acredita naquela hist�ria, Ted? - Dirk perguntou. - Voc� acredita que Snape matou Dumbledore?
� Claro que acredito - Ted disse. - Voc� n�o vai se sentar a� e me dizer que o Potter tem algo a ver com isso?
� � dif�cil saber em quem acreditar ultimamente. - murmurou Dirk.
� Eu conhe�o Harry Potter. - disse Dino. - E eu acredito que ele � o que dizem ser. O Escolhido ou de qualquer coisa que queiram cham�-lo.
� Sim, h� muita gente que gostaria de acreditar que ele �, filho. - disse Dirk. - Inclusive eu. Mas, onde ele est�? Fugindo por a�, procurando coisas. Voc� acha que se ele soubesse de algo que n�o sabemos, ou se tivesse alguma coisa de especial, ele n�o iria estar l�, lutando, criando resist�ncia, ao inv�s de se esconder? E voc� sabe, o Profeta fez uma boa mat�ria contra ele.
� O Profeta? - zombou Ted. - Voc� tamb�m merece que mintam pra voc�, se continua lendo aquela porcaria, Dick. Se voc� quer fatos, leia O Pasquim.
Houve uma explos�o de asfixia e �nsia de v�mito somado a mais algumas pancadas; pelo som disso tudo, Dirk tinha se engasgado com a espinha de peixe. E por fim, gaguejou:
� O Pasquim? Aquela revista lun�tica do Xeno Lovegood?
� N�o est� t�o lun�tica, ultimamente. - disse Ted. - Voc� deveria dar uma olhada. Xeno est� publicando tudo que o Profeta rejeita, e n�o houve uma s� cita��o sobre Bufadores de Chifres Enrugados no �ltimo n�mero. At� onde eles deixar�o ele chegar, eu n�o sei, mas Xeno diz, na capa de cada exemplar, que qualquer bruxo que se opor � Voc�-Sabe-Quem ter� como prioridade n�mero um, ajudar Harry Potter.
� � dif�cil ajudar um garoto que sumiu da face da terra. - disse Dirk.
� Ou�am, o fato de que eles ainda n�o o terem capturado � uma fa�anha. - disse Ted. � Eu aceitaria umas dicas dele com prazer, j� que � exatamente isso que estamos tentando fazer, ficarmos livres, n�o �?
� Sim... bem... voc� tocou num ponto. - disse Dirk pesadamente. - Com o Minist�rio e todos os seus informantes procurando por ele, eu acredito que ele j� deva ter sido capturado a essa altura. Pense, quem dir� que eles o capturaram e o mataram sem que isso seja publicado?
� Ah, n�o diga isso, Dirk - murmurou Ted.
Houve uma longa pausa com mais bater de facas e garfos. Quando eles falaram de novo, foi para discutir onde eles iriam dormir -- na encosta ou na floresta. Decidindo que as �rvores dariam melhor prote��o, eles apagaram o fogo, escalaram a encosta, as vozes sumindo enquanto se distanciavam.
Harry, Rony e Hermione guardaram as Orelhas Extens�veis. Harry, que tinha achado muito dif�cil a necessidade de ficarem em sil�ncio enquanto estavam escutando escondidos, se encontrou incapaz de dizer mais do que � Gina� a espada ��
� Eu sei - disse Hermione, pegando a bolsa e enfiando todo o bra�o em seu interior. � Aqui... est�. - ela disse entre os dentes, puxando algo que estava, evidentemente, no fundo da bolsa. Vagarosamente, a extremidade de um porta-retrato apareceu. Harry foi ajud�-la. Quando eles tiraram o retrato vazio de Fineus Nigellus da bolsa, Hermione pegou sua varinha e apontou-a para tela, pronta para atacar a qualquer momento.
� Se algu�m trocou a espada verdadeira pela falsa enquanto estava no escrit�rio de Dumbledore... - ela ofegou, enquanto eles encostavam a pintura na lona da barraca - Fineus Nigellus teria visto, j� que fica pendurado ao lado da caixa.
� A menos que ele estivesse dormindo - disse Harry, mas ainda assim segurou a respira��o quando Hermione ajoelhou na frente da tela vazia, e com a varinha apontada para o centro dela, limpou a garganta e disse:
� Eh, Fineus? Fineus Nigellus? - nada aconteceu. - Fineus Nigellus? - disse Hermione de novo. - Professor Black? Por favor, podemos conversar? Por favor?
� Por favor sempre ajuda - disse uma voz fria e maliciosa, e Fineus Nigellus deslizou para sua moldura. De pronto, Hermione gritou:
� Obscuro!
Uma venda preta apareceu sobre os olhos de Fineus Nigellus, cobrindo seus olhos negros, fazendo-o bater na moldura e gemer de dor.
� O qu�... como ousa... o que voc� est�...?
� Eu sinto muito professor Black... - disse Hermione - mas � s� por precau��o.
� Tire essa faixa imunda de uma vez! Tire isso, estou mandando! Voc� est� prejudicando uma grande obra de arte! Onde eu estou? O que est� acontecendo?
� N�o importa onde estamos. - disse Harry, e Fineus Nigellus parou, esquecendo de seus ataques, abandonando suas tentativas de tirar a venda pintada.
� Seria essa a voz do esquivo Sr. Potter?
� Talvez - disse Hermione, sabendo que isso manteria o interesse de Fineus Nigellus. - N�s temos algumas perguntas para lhe fazer... sobre a espada de Griffindor.
� Ah! - disse Fineus Nigellus, for�ando a cabe�a contra a tela com esfor�o para ver algum sinal de Harry. - Sim... aquela garota tola n�o pensou muito para entrar aqui...
� Olha como fala da minha irm�! - disse Rony, grosseiramente. Fineus Nigellus ergueu sua sobrancelha.
� Quem mais est� aqui? - ele perguntou, jogando a cabe�a lado-lado. - O seu tom me desagrada! A garota e seus amigos foram tolos ao extremo. Roubar do diretor...
� Eles n�o estavam roubando - disse Harry. - Aquela espada n�o � do Snape.
� Ela pertence � escola do Professor Snape. - disse Fineus Nigellus. - Exatamente que direito aquela garota Weasley tinha sobre ela? Ela mereceu sua puni��o, assim como o idiota do Longbottom e a esquisita da Lovegood!
� Neville n�o � um idiota e Luna n�o � esquisita! - disse Hermione.
� Onde eu estou? - repetiu Fineus Nigellus, lutando com a venda de novo. - Onde voc�s me trouxeram? Porque voc�s me tiraram da casa de meus ancestrais?
� N�o importa! Como Snape puniu Gina, Neville e Luna? - Harry perguntou urgentemente.
� Professor Snape os enviou � Floresta Proibida para fazer algum servi�o com o imbecil do Hagrid...
� Hagrid n�o � um imbecil! - disse Hermione estridentemente.
� E Snape deve ter pensado que era uma puni��o. - disse Harry - mas Gina, Neville e Luna provavelmente deram boas risadas com Hagrid. A Floresta Proibida... com certeza eles j� enfrentaram coisas piores que a Floresta Proibida, grande coisa! - Ele se sentiu aliviado, ele tinha imaginado horrores como a Maldi��o Cruciatus no m�nimo.
� O que n�s queremos saber realmente, professor Black, � se algu�m mais pegou a espada. Talvez eles tenham levado para limpar ou algo assim? - Fineus Nigellus parou de novo sua luta contra a venda e deu uma risadinha.
� Trouxas de nascen�a...! - ele disse. - As armas forjadas pelos duendes n�o precisam ser limpas, garota ing�nua. A prata dos duendes repele a sujeira mundana, absorve somente o que a fortalece.
� N�o chame Hermione de ing�nua! - disse Harry
� Eu estou me aborrecendo! - disse Fineus Nigellus. - Talvez esteja na hora de voltar ao escrit�rio do diretor? Ainda com a venda, ele come�ou a tatear o lado da moldura, tentando achar o caminho at� seu quadro em Hogwarts. Harry teve uma inspira��o repentina.
� Dumbledore! Voc� pode nos trazer Dumbledore?
� Perd�o? - perguntou Fineus Nigellus.
� O quadro de Dumbledore! Voc� n�o pode traz�-lo aqui, para o seu retrato?
Fineus Nigellus virou seu rosto em dire��o � voz de Harry:
� Evidentemente n�o s�o s� os Trouxas de nascen�a, os ignorantes, Potter. Os quadros de Hogwarts podem se comunicar uns com os outros, sim, mas n�o podem sair do castelo a n�o ser para visitar uma pintura deles mesmos pendurada em algum outro lugar. Dumbledore n�o pode vir comigo, e depois do tratamento que eu recebi nas m�os de voc�s, eu asseguro que n�o haver� uma segunda visita.
Desanimado, Harry viu Fineus redobrar suas tentativas para deixar sua moldura.
� Professor Black!? Voc� n�o poderia nos dizer quando foi a �ltima vez que a espada foi tirada de sua caixa? Antes de Gina peg�-la, eu quero dizer? - Fineus bufou impaciente.
� Eu creio que a �nica vez que eu vi a espada de Griffindor deixar sua caixa foi quando o Professor Dumbledore usou-a para quebrar um anel.
Hermione procurou o olhar de Harry � sua volta. Nenhum deles se preocupou em dizer mais nada na frente de Fineus Nigellus, que tinha afinal achado a sa�da.
- Bem... boa noite para voc�s. - disse, um pouco mal humorado, e come�ou a se mover para fora do quadro. Somente a extremidade do seu chap�u podia ser vista quando Harry o chamou com um grito.
� Espere! Voc� falou alguma coisa ao Snape sobre isso?
Fineus Nigellus tirou sua cabe�a vendada para fora da moldura.
� Professor Snape tem coisas mais importantes em sua cabe�a do que muitas excentricidades de Alvo Dumbledore. Adeus, Potter!
E com aquilo, ele sumiu completamente, deixando para tr�s nada mais do que o fundo vazio de seu quadro.
� Harry! - exclamou Hermione
� Eu sei! - gritou o garoto.
Sem conseguir se conter, ele socou o ar, isso era mais do que ele havia esperado. Ele andou para cima e para baixo na barraca, parecia que tinha corrido um quil�metro. Ele n�o sentia mais fome. Hermione estava guardando o quadro de Fineus Nigellus na bolsa. Quando ela terminou de amarrar o fecho, colocou-a do lado e levantou o rosto resplandecente para Harry.
� A espada pode destruir as Horcruxes! As l�minas dos duendes s� absorvem o que as fortalece! Harry, aquela espada est� impregnada com o veneno do basil�sco!
� E Dumbledore n�o a entregou a mim porque ele ainda precisava dela! Ele queria us�-la no medalh�o...
� ... e ele deve ter percebido que n�o a entregariam a voc� se a colocasse no testamento...!
� ... ent�o ele fez uma c�pia...
� ... e p�s a falsa na caixa de vidro...
� ... e deixou a verdadeira... onde?
Eles se olharam; Harry sentiu que a resposta estava balan�ando, invis�vel no ar acima deles, atraentemente perto. Por que Dumbledore n�o disse a ele? Ou ele de fato tinha dito a Harry, mas Harry n�o percebeu na hora?
� Pense! - sussurrou Hermione. - Pense! Onde ele a deixaria?
� N�o em Hogwarts - disse Harry, retomando sua paci�ncia.
� Em algum lugar na Casa dos Gritos? - sugeriu Hermione.
� A Casa dos Gritos? - disse Harry. - Ningu�m vai l�!
� Mas Snape sabe como entrar l�, n�o seria um pouco arriscado?
� Mas Dumbledore confiava em Snape. - Harry lembrou-a.
� N�o o bastante para lhe dizer que ele trocou as espadas - disse Hermione.
� Sim, voc� est� certa. - disse Harry, e se sentiu mais alegre ao pensar que Dumbledore tinha alguma d�vida sobre a sua confian�a em Snape. - Ent�o, e se ele escondeu a espada bem longe de Hogsmeade? O que voc� acha Rony? Rony?
Harry olhou em volta. Por um momento ele pensou que Rony tivesse sa�do da barraca, mas ent�o ele o viu deitado na sombra do pequeno beliche olhando para o nada.
� Ah... lembrou de mim, foi? - ele disse.
� O qu�?
Rony bufou enquanto descia do beliche.
� Voc�s dois podem continuar. N�o me deixem estragar a divers�o.
Perplexo, Harry olhou para Hermione pedindo ajuda, mas ela chacoalhou a cabe�a aparentemente como se n�o pudesse fazer nada.
� Qual � o problema? - perguntou Harry.
� Problema? N�o h� problema algum. - disse Rony, ainda se recusando a olhar para Harry. - Nada que lhe interesse, afinal.
Houve algumas pancadas na lona sobre a cabe�a deles. Come�ou a chover.
� Bem... voc� definitivamente tem algum problema. - disse Harry. - Quer falar sobre isso?
Rony girou suas grandes pernas para fora da cama e pulou. N�o parecia ser ele mesmo.
� Tudo bem, eu vou lhe dizer. N�o espere que eu carregue essa barraca para cima e para baixo s� porque h� outra maldita coisa que n�s devemos encontrar. Coloque isso na lista coisas que voc� n�o sabe.
� Eu n�o sei? - repetiu Harry. - Eu n�o sei?
Plunk, plunk, plunk. A chuva ca�a cada vez mais pesada, batendo no colch�o de folhas em volta deles e no rio que corria pela escurid�o. Encharcando o j�bilo de Harry; Rony estava dizendo, Harry temia, exatamente o que ele tinha temido que estivesse pensando.
� N�o foi assim que eu pensei em gastar meu tempo, sabe. - disse Rony. - Meu bra�o est� desfigurado, n�o temos nada para comer e minhas costas ficam congeladas toda noite. Eu esperava, entende, que depois de correr essas semanas todas n�s j� tiv�ssemos encontrado alguma coisa.
� Rony - disse Hermione, mas com uma voz t�o baixa que Rony parecia fingir n�o ouvir por causa da chuva forte que caia sobre eles.
� Eu pensei que voc� sabia em que tinha se metido - disse Harry.
� Sim, eu tamb�m pensei que sabia o que estava fazendo.
� Ent�o que parte do acordo n�o atingiu suas expectativas? - perguntou Harry. A raiva se aproximando em sua defesa. - Voc� achou que estar�amos num hotel cinco estrelas? Encontrando uma Horcrux todo dia? Achou que voltaria para sua mam�ezinha no Natal?
� N�s ach�vamos que sab�amos o que est�vamos fazendo. - gritou Rony, ficando em p�, e as palavras deles pareciam facas contra Harry. - N�s pens�vamos que Dumbledore tinha lhe dito o que fazer! N�s pens�vamos que voc� tinha um plano de verdade!
� Rony! - disse Hermione, dessa vez com a voz mais aud�vel sobre a chuva contra a barraca, mas de novo, ele a ignorou.
� Bem... desculpe desapont�-lo. - disse Harry, com voz calma, embora n�o se sentisse do mesmo modo por dentro. - Fui direto com voc� no come�o e lhe disse tudo o que Dumbledore me disse. Em todo caso, se voc� n�o percebeu, n�s encontramos uma Horcrux!
� Sim... e estamos t�o perto de nos desfazer dela como estamos de encontrar o resto... em outras palavras, n�o estamos perto de nada!
� Tire o medalh�o, Rony! - disse Hermione, com a voz anormalmente alta. - Por favor, tire. Voc� n�o estaria falando assim se n�o estivesse usando ele o dia todo.
� Sim, ele estaria. - disse Harry, que n�o queria aceitar desculpas para Rony. - Voc�s acharam que eu percebi que voc�s falam sobre mim pelas minhas costas? Que n�o percebi que voc�s pensam exatamente isso?
� Harry, n�s n�o est�vamos...
� N�o minta! - Rony gritou para ela. - Voc� disse isso tamb�m! Voc� disse que estava desapontada, voc� disse que pensou que ele tinha mais lugares para ir e...
� Eu n�o disse isso desta forma. Harry, eu n�o disse! - choramingou.
A chuva estava pingando na barraca, l�grimas escorriam pelo rosto de Hermione, desaparecendo com a alegria de minutos atr�s. Tudo se parecia com pequenos fogos de artif�cio que subiram e desceram, deixando tudo escuro, molhado e frio. A espada de Griffindor estava escondida e eles n�o sabiam onde. Eles eram tr�s adolescentes numa barraca com um �nico feito, que era, at� o momento, estarem vivos.
� Ent�o, por que ainda est�o aqui? - Harry perguntou a Rony.
� Adivinha!? - disse Rony
� V� para casa, ent�o! - disse Harry.
� Sim... talvez eu v�! - gritou Rony, avan�ando sobre Harry, que n�o recuou. - Voc� n�o ouviu o que eles disseram sobre minha irm�? Mas voc� n�o se importa, n�o �? � s� a Floresta Proibida, Harry �Enfrentei-o-pior� Potter n�o se importa com o que acontece com ela. Bem... eu me importo, tudo bem, aranhas gigantes e essas porcarias psicol�gicas...
� Eu s� disse que ela estava com os outros, estava com Hagrid.
� Sim, eu entendi, n�o se preocupe! E o resto da minha fam�lia? "Os Weasley n�o precisam de mais um filho ferido�, voc� ouviu aquilo?
� Sim... eu...
� N�o se importa com o que isso significa, n�o �?
� Rony! - disse Hermione, for�ando caminho entre eles. - Eu n�o acho que isso significa que alguma coisa aconteceu. Nada que n�o saibamos. Pense Rony. Gui j� est� preocupado. Muitas pessoas j� devem ter percebido que George n�o tem uma orelha, e voc� parecia estar no seu leito de morte quando sa�mos, tenho certeza que, tudo o que ele quis dizer foi...
� Ah... voc� tem certeza? Certo ent�o... bem eu n�o quero aborrecer voc�s sobre eles. Tudo bem para voc�s dois, n�o �? Com seus pais a salvos e fora do caminho...
� Meus pais est�o mortos! - Harry berrou.
� E os meus podem estar no mesmo caminho! - gritou Ron.
� Ent�o V�! - rosnou Harry. - Volte para eles! Finja que est� morrendo e a mam�ezinha ir� aliment�-lo e...
Rony fez um movimento r�pido. Harry reagiu, mas antes que a varinha de ambos sa�sse do bolso, Hermione levantou a sua.
� Protego! - ela gritou, e um campo invis�vel caiu sobre ela e Harry, num lado Harry e do outro Rony. Todos eles foram for�ados a voltar uns passos atr�s pela for�a do feiti�o, e os garotos olharam um para outro atrav�s da barreira transparente como se estivessem se vendo claramente pela primeira vez. Harry sentia uma raiva corrosiva de Rony: algo havia se rompido entre eles.
� Tire a Horcux. - disse Harry.
Rony puxou a corrente por cima de sua cabe�a e deixou o medalh�o numa cadeira perto e se virou para Hermione.
� O que voc� est� fazendo?
� O que quer dizer?
� Voc� vai ficar ou o qu�?
� Eu... - ela parecia angustiada. - Sim. Sim... vou ficar. Rony, n�s dissemos que ir�amos com Harry, n�s dissemos que o ajud...
� Eu entendi. Voc� o escolheu.
� Rony, n�o... por favor... volte, volte!
Estava impedida pelo seu pr�prio Feiti�o Escudo; na hora que ela o conseguiu desfazer ele j� havia sumido na noite. Harry ainda permanecia quieto e em sil�ncio, ouvindo-a solu�ando e chamando o nome de Rony entre as �rvores. Depois de alguns minutos ela voltou, o cabelo molhado colado no rosto.
� Ele se f-foi! Desaparatou!
Ela se jogou numa cadeira, se encolheu e come�ou a chorar. Harry se sentiu aturdido. Ele se inclinou para frente, pegou o Horcrux e colocou em volta do pesco�o. Tirou o cobertor da cama de Rony e o p�s sobre Hermione. Ent�o subiu na sua cama e ficou olhando para o teto de lona, ouvindo os pingos da chuva.
Equipe Armada Tradutora
Tradu��o por: spy84
Revis�o por : NaTyLoKa e LR19
- CAP�TULO DEZESSEIS -
Godric�s Hollow
Harry acordou no dia seguinte, passaram-se v�rios segundos at� que ele se lembrasse o que havia acontecido. Ent�o ele desejou, de maneira infantil, que tivesse sido um sonho, que Rony ainda estivesse l� e nunca tivesse partido. Por�m ao virar sua cabe�a no travesseiro ele p�de ver o beliche de Rony vazio. Parecia ver um cad�ver desenhado em seus olhos. Harry pulou de sua cama, desviando seus olhos da cama de Rony. Hermione, que j� estava ocupada na cozinha, n�o desejou bom dia a Harry, mas virou seu rosto r�pido quando ele entrou.
Ele se foi, Harry falou para si. Ele se foi. Ele continuou pensando nisso enquanto tomava banho e se vestia, como se a repeti��o pudesse diminuir o choque disso. Ele se foi e n�o voltar�. E aquela era simplesmente a verdade, Harry sabia, porque os encantamentos de prote��o tornavam isso imposs�vel, ao menos que eles sa�ssem daquele lugar, para Rony encontr�-los de novo.
Ele e Hermione tomaram o caf� da manh� em sil�ncio. Os olhos de Hermione estavam inchados e vermelhos; ela parecia n�o ter dormido. Eles guardaram suas coisas, Hermione desperdi�ava tempo. Harry sabia por que ela queria desperdi�ar tempo na margem do rio; v�rias vezes ele a viu olhar para o alto esperan�osamente, e estava certo de que ela tinha se enganado, pensando ter ouvido passos na chuva densa, mas nenhuma figura de cabelos vermelhos apareceu entre as �rvores. Todas as vezes que Harry a imitou, olhou ao seu redor (porque ele tamb�m n�o podia deixar de ter um pouco de esperan�a) e n�o viu nada al�m de �rvores molhadas pela chuva, outra pequena parcela de f�ria explodiu dentro dele. Ele podia ouvir Rony falando, �N�s pensamos que voc� soubesse o que estava fazendo!�, e ele come�ou a sentir uma fisgada na boca do est�mago.
O rio enlameado ao lado deles estava enchendo rapidamente e logo iria inundar a margem. Eles haviam ficado um bom tempo, al�m do que costumavam ficar em seu acampamento. Finalmente haviam empacotado as malas tr�s vezes. Hermione pareceu incapaz de encontrar alguma outra raz�o para demorar: ela e Harry deram as m�os e desaparataram, reaparecendo em um arbusto coberto por um declive, que balan�ava ao vento.
O instante que chegaram, Hermione soltou a m�o de Harry e se afastou dele, finalmente sentando-se numa grande pedra, o rosto em seus joelhos, tremendo com o que ele sabia serem solu�os. Ele a observou, pensando que deveria ir confort�-la, mas algo o manteve preso ao ch�o. Tudo dentro dele parecia frio e apertado: outra vez viu a desdenhosa express�o no rosto de Rony. Harry saiu do arbusto, andando em um grande c�rculo com a distra�da Hermione ao centro, lan�ando feiti�os que ela costuma usar para assegurar sua a prote��o.
Eles n�o falaram sobre Rony nos poucos dias seguintes. Harry estava determinado nunca mencionar outra vez o nome dele e Hermione parecia saber que n�o deveria for�ar o assunto, embora �s vezes durante a noite quando ela pensou que ele estava dormindo, ele p�de ouvi-la chorando. Por�m, Harry tinha acabado de pegar o Mapa do Maroto e examin�-lo � luz da varinha. Ele estava esperando pelo momento em que o nome de Rony reaparecesse nos corredores de Hogwarts, provando que ele tinha voltado para o confort�vel castelo, protegido por sua condi��o de sangue-puro. Por�m, Rony n�o apareceu no mapa e depois de um tempo Harry se viu olhando o mapa unicamente para ver o nome de Gina no dormit�rio feminino, imaginando se a intensidade com que ele a observava poderia atrapalhar seu sono, que de algum modo ela saberia que ele estava pensando nela, desejando que ela estivesse bem.
Pela manh�, dedicaram-se tentando determinar a poss�vel localiza��o da espada de Gryffindor, mas quanto mais falavam sobre os lugares em que Dumbledore poderia ter escondido, mais desesperadas e rid�culas suas id�ias se tornavam. Se esfor�ando ao m�ximo, Harry n�o conseguia lembrar qualquer lugar que Dumbledore tivesse mencionado como um bom lugar pra esconder algo. Havia momentos em que n�o soube se estava mais irritado com Rony ou com Dumbledore. N�s pensamos que voc� soubesse o que estava fazendo...N�s pensamos que Dumbledore tivesse lhe contado o que fazer...N�s pensamos que voc� realmente tivesse um plano!
Ele n�o poderia esconder isso de si mesmo: Rony estava certo. Dumbledore havia deixado-o aparentemente com nada. Tinham descoberto uma Horcruxe, mas n�o sabiam como destru�-lo: as outras estavam t�o perdidas quanto sempre estiveram. Desesperadamente amea�ou engoli-lo. Agora ele estava pensando na pr�pria presun��o de aceitar a oferta de seus amigos de acompanh�-lo nessa viagem sem rumo. Ele n�o sabia de nada, n�o tinha nenhuma id�ia e estava constantemente com medo que Hermione tamb�m dissesse que estava cheia, que tamb�m estava partindo.
Eles passaram muitas noites em sil�ncio e Hermione ficava pegando o retrato de Fineus Nigellus e colocando-o em cima de uma cadeira, como se pensasse que ele poderia completar o vazio que a falta do Rony deixara. Apesar dele dizer antes que nunca os visitaria outra vez, Fineus Nigellus n�o pareceu capaz de resistir � chance de descobrir at� onde Harry estava disposto a ir e consentiu em reaparecer, vendado, mesmo que por poucos dias. Harry estava mesmo contente de v�-lo, porque era uma companhia, apesar de ser do pior tipo. Eles n�o tinham nenhuma not�cia do que estava acontecendo em Hogwarts, pareceu que Fineus Nigellus n�o era um informante ideal. Ele venerava Snape, o primeiro l�der de Sonserina desde que ele mesmo tinha controlado a escola, e eles tiveram que ter cuidado para n�o criticar ou n�o fazer perguntas impertinentes sobre Snape, ou Fineus Nigellus deixaria imediatamente seu reatrato.
De qualquer modo, ele deixou escapar algumas coisas. Snape pareceu enfrentar uma constante rebeli�o da maioria dos alunos. Gina tinha sido proibida de entrar em Hogsmeade. Snape tinha restabelecido a ordem decretada por Umbridge proibindo a reuni�o de tr�s ou mais alunos ou qualquer sociedade estudantil n�o oficial.
Por causa de todas essas coisas, Harry deduziu que Gina, e provavelmente Neville e Luna tamb�m, estavam fazendo o que fosse poss�vel para continuar com a Armada de Dumbledore. Essas poucas not�cias fizeram Harry desejar tanto ver a Gina que ele sentiu uma dor no est�mago; mas isso tamb�m o fez pensar em Rony de novo, e em Dumbledore, e at� mesmo em Hogwarts, que ele sentia tanta falta quanto sentia de sua ex-namorada. De fato, enquanto Fineus falava sobre as a��es severas de Snape, Harry experimentou um devaneio quando imaginou seu retorno � escola para se unir � revolta contra o regime de Snape: sendo alimentado e tendo uma cama suave, e outras pessoas levando a culpa, parecia a coisa mais maravilhosa do mundo naquele momento. Mas ent�o recordou que era o Indesejado N�mero Um, que havia a recompensa de dez mil gale�es pela sua cabe�a, e que andar por Hogwarts naqueles dias era t�o perigoso quanto andar pelo Minist�rio da Magia. Certamente, Fineus Nigellus inadvertidamente enfatizou esse fato fazendo perguntas sobre o paradeiro de Harry e Hermione. Hermione o guardava dentro da bolsa toda vez que ele fazia isso, e Fineus invariavelmente se recusava a reaparecer por v�rios dias depois dessas despedidas sem cerim�nias.
O tempo ficou cada vez mais frio. Eles n�o permaneciam em um lugar por muito tempo, ent�o era melhor que permanecessem no sul da Inglaterra, onde o ch�o congelado era a pior de suas preocupa��es, eles continuaram andando pra cima e pra baixo do pa�s, desbravando encostas de montanhas, onde a neve cobriu a barraca; um p�ntano largo e plano, onde a barraca foi inundada com �gua fria; e uma pequena ilha no meio de um lago escoc�s, onde a neve quase cobriu a barraca � noite. Eles tinham visto �rvores de natal brilhando atrav�s de diversas janelas de salas de estar antes que viesse uma noite quando Harry sugeriu novamente, o que parecia ser pra ele, o �nico lugar que restava. Eles tinham apenas comido um banquete incomum: Hermione esteve em um supermercado com a Capa da Invisibilidade (escrupulosamente deixando o dinheiro num caixa aberto quando partiu), e Harry pensou que ela poderia estar mais persuad�vel que de costume com um est�mago cheio de espaguete a bolonhesa e de p�ras enlatadas.
Ele tamb�m tinha a inten��o de sugerir que eles tirassem algumas horas de descanso na busca da Hocrux, que estava longe de terminar.
- Hermione?
- Hmm? - Ela estava deitada nos bra�os da poltrona com o livro �Os contos de Beedle, o bardo�. N�o poderia imaginar quanto mais ela poderia demorar no livro, que n�o era, apesar de tudo, muito longo, mas evidentemente ela estava decifrando algo nele, por que o Silab�rio* do Feiticeiro (Spellman�s Syllabary) jazia aberto no bra�o da cadeira. Harry limpou a garganta. Ele se sentiu exatamente como na ocasi�o, alguns anos atr�s, quando perguntou a professora Mc Gonagall se poderia ir � Hogsmeade, apesar de n�o ter persuadido os Dursleys para assinar sua permiss�o.
- Hermione, eu estive pensando, e �
- Harry, voc� poderia me ajudar com uma coisa? - Aparentemente ela n�o estava ouvindo-o. Ela inclinou-se para frente e mostrou o livro Os contos de Beedle, o bardo. - �Olhe esse s�mbolo, - disse, apontando para o topo de uma p�gina. Acima do que Harry sup�s ser o t�tulo da hist�ria (sendo incapaz de ler runas, ele n�o podia ter certeza), havia um desenho do que se parecia com um olho triangular, a pupila dele cruzada com uma linha vertical.
- Eu nunca traduzi runas antigas, Hermione.
- Eu sei disso; mas isso n�o � uma runa e tamb�m n�o est� no Silab�rio. Esse tempo todo eu pensei que fosse o desenho de um olho, mas n�o acho que seja isso! Ele foi colocado aqui, olhe, algu�m desenhou nele, e ele n�o � realmente parte do livro. Pense. Voc� j� viu isso antes?
- N�o.....n�o, espere um momento.- Harry olhou de perto. - N�o � o mesmo s�mbolo que o pai de Luna estava usando no pesco�o?
- Bem, foi isso que eu pensei tamb�m!
- Ent�o esta � a marca de Grindelwald.
Ela olhou para ele, boquiaberta.
- O qu�?
- Krum me contou... - Ele recontou a historia que Victor Krum havia contado para ele no casamento. Hermione olhou Harry at�nita.
- A marca de Grindewald? - Ela olhou Harry, desviou o olhar para o s�mbolo e voltou a encar�-lo.
- Eu nunca ouvi falar que Grindelwald tivesse uma marca. N�o h� men��o sobre isso em qualquer coisa que eu tenha lido sobre ele.
- Bem, como eu disse, Krum contou que o s�mbolo estava esculpido em uma parede de Durmstrang, e Grindenwald colocou ele l�.
Ela caiu para tr�s na poltrona velha, pensativa.
- Isso � muito estranho. Se for um s�mbolo de magia negra, o que ele est� fazendo em um livro de hist�rias para crian�as?
- Pois �, isso � estranho, - disse Harry. - E presume-se que Scrimgeour o reconheceria. Ele era Ministro, ele deveria ter sido perito em coisas de magia negra.
- Eu sei...talvez ele tenha achado que fosse um olho, assim como eu. Todas as outras hist�rias t�m pequenas figuras sobre os t�tulos. - Ela parou de falar, mas continuou olhando atentamente a estranha marca. Harry tentou de novo.
- Hermione?
- Hmm?
- Eu estive pensando. Eu � Eu quero ir para Godric�s Hollow. - Ela olhou para ele, mas seus olhos estavam desfocados, e ele estava certo que ela ainda estava pensando na misteriosa marca no livro.
- Sim, -Disse ela. - Eu estive pensando nisso tamb�m. Eu realmente acho que n�s devemos ir.
- Voc� me ouviu bem? - ele perguntou.
- Claro que ouvi. Voc� quer ir para Godric�s Hollow. Eu concordo. Eu acho que n�s dev�amos ir. Quero dizer, eu n�o consigo pensar em mais nenhum outro lugar que dev�amos ir. Ser� perigoso, mas quanto mais eu penso sobre isso, mais prov�vel parece que est� l�.
- Er � �o que est� l�? - Perguntou Harry. Nessa hora, ela o fitou t�o confusa quanto ele.
- Bem, a espada, Harry! Dumbledore devia saber que voc� queria voltar l�, quero dizer, Godric�s Hollow � o lugar onde Godric Gryffindor nasceu �
- S�rio? - Gryffindor nasceu em Godric�s Hollow?
- Harry, voc� alguma vez abriu o livro A hist�ria da magia?
- Erm... - ele disse, sorrindo pelo que ele achou ser a primeira vez em meses: os m�sculos em seu rosto pareciam estranhamente duros. - Eu devo ter aberto, voc� sabe, quando eu comprei... apenas uma vez...
- Bem, como o vilarejo foi nomeado depois dele, eu achei que talvez voc� pudesse ter ligado as coisas - disse Hermione. Soou no tom que ela falava antigamente; Harry quase esperou ela anunciar que estava indo para a biblioteca. - H� um bocado sobre a vila em A Hist�ria da Magia, espere... - Ela abriu sua bolsa magicamente aumentada e revirou um pouco, finalmente extraindo sua c�pia do antigo livro escolar, A Hist�ria da Magia por Bathilda Bagshot, que folheou at� encontrar a p�gina que queria.
�Desde a cria��o do estatuto do segredo em 1689, os bruxos t�m se escondido bem. Era natural, talvez, que eles formassem suas pr�prias comunidades pequenas dentro de uma comunidade. Muitas vilas pequenas e aldeias atra�ram diversas fam�lias m�gicas, que se uniram para a sustenta��o e prote��o m�tua. As vilas de Tinworsh em Cornualha (Cornwall), Upper Flagley in Yorkshire, and Otery St. Catchpole na costa sul da Inglaterra eram repousos not�veis para o grupo das fam�lias de bruxos que vivem sob a toler�ncia m�tua e algumas vezes junto com trouxas. O mais famoso desses lugares m�sticos �, talvez, Godric�s Hollow, o vilarejo a oeste do pa�s onde o grande bruxo Godric Gryffindor nasceu, e onde Bowman Wright, bruxo ferreiro, forjou o primeiro Golden Snitch. O cemit�rio est� cheio de nomes de fam�lias m�gicas antigas, e isso explica, sem d�vida, as hist�rias dos lugares que tem mantido a pequena igreja ao lado, por muitos s�culos.�
- Voc� e seus pais n�o foram mencionados. - Hermione disse, fechando o livro, - porque a professora Bagshot n�o cobriu nada depois do final do s�culo IX. Mas voc� v�? Godric�s Hollow, Godric Gryffindor, a espada de Gryffinfor; voc� n�o acha que Dumbledore esperaria que voc� fizesse a conex�o?
- � claro... - Harry n�o quis admitir que n�o tinha pensado na espada quando sugeriu que fossem a Godric�s Hollow. Para ela a import�ncia do vilarejo era o t�mulo de seus pais, a casa onde havia escapado da morte, e a pessoa de Bathilda Bagshot.
- Lembra o que Muriel falou? - ele perguntou eventualmente.
- Quem?
- Voc� sabe, - ele hesitou. Ele n�o quis dizer o nome de Rony. - A tia de Gina. No casamento. Aquela que disse que voc� tinha tonozelos finos.
- Ah, - falou Hermione. Houve uma pausa constrangedora: Harry sabia que ela sentiu o nome do Rony sendo omitido na fala. Ele apressou-se: - Ela disse que Bathilda Bagshot continua morando em Godric�s Hollow.
- Bathilda Bagshot, - murmurou Hermione, correndo o dedo indicador pelo nome de Bathilda na capa do livro, - Bem, eu suponho que...
Ela ofegou t�o dramaticamente que as entranhas de Harry se contorceram; ela pegou a varinha, olhando ao redor da entrada, esperando ver uma m�o for�ando a entrada na tenda, mas n�o havia nada.
- Que foi? - Ele falou meio irritado, meio aliviado. - Por que voc� fez isso? Eu pensei que voc� tivesse visto algum Comensal da Morte abrindo o z�per da tenda, pelo menos.
- Harry, e se Bathilda tiver a espada? E se Dumbledore tiver dado a ela?
Harry considerou essa possibilidade. Bathilda deveria ser uma mulher extremamente velha agora, e de acordo com Muriel, ela era caduca. Era poss�vel que Dumbledore tivesse deixado a espada de Gryffindor com ela? Se fosse, Harry sentiu que Dumbledore tinha feito um neg�cio muito arriscado: Dumbledore nunca mencionara que tinha substitu�do a espada verdadeira por uma c�pia, nem havia mencionado sua amizade com Bathilda. Agora, entretanto, n�o era o momento de duvidar da teoria de Hermione, n�o quando ela estava surpreendentemente disposta como Harry gostava de ver.
- Sim, ele pode ter feito isso! Ent�o, vamos para Godric�s Hollow?
- Sim, mas n�s teremos que planejar isso cuidadosamente, Harry. Ela estava sentando-se agora, e Harry poderia dizer que ter um plano novamente teria melhorado o humor dela tanto quanto o seu. - N�s precisaremos praticar Desaparata��o sob da Capa de Invisibilidade para come�ar, e talvez o Encantamento da Desilus�o seja �til tamb�m, a menos que voc� ache que devemos tomar a Po��o Polissuco? Nesse caso precisaremos coletar cabelo de algu�m. Eu realmente acho que � melhor fazer assim, Harry, quanto maior nosso disfarce melhor...
Harry a deixou falar, assentindo e concordando sempre que havia uma brecha, mas seu pensamento n�o estava na conversa. Pela primeira vez desde que ele descobriu que a espada em Gringotts era falsa, ele se sentiu excitado.
Ele estava prestes a ir pra casa, voltar para o lugar onde ele tinha tido uma fam�lia. Era Godric�s Hollow o lugar onde, por culpa de Voldemort, ele n�o havia crescido e passado os feriados escolares. Ele poderia ter convidado amigos para sua casa... ele poderia ter tido at� mesmo irm�os e irm�s... seria sua m�e que faria seu bolo do d�cimo s�timo anivers�rio. A vida que ele havia perdido nunca pareceu t�o real pra ele quanto naquele momento, quando soube que estava prestes a ver o lugar que tinha sido tirado dele. Depois que Hermione j� tinha ido se deitar naquela noite, ele silenciosamente tirou sua mochila de dentro da bolsa m�gica de Hermione, e de dentro dela, o �lbum de fotos que Hangrid lhe dera h� tanto tempo. Pela primeira vez em meses, viu a velha foto de seus pais, sorrindo e acenando para ele de dentro da foto, que era tudo que tinha deles agora.
Harry ficaria muito feliz se eles fossem para Godric�s Hollow no dia seguinte, mas Hermione tinha outros planos. Convencida como ela estava que Voldemort estaria esperando o retorno de Harry para o lugar onde aconteceu a morte de seus pais, ela estava determinada que eles s� poderiam ir depois que tivessem se assegurado do melhor jeito poss�vel. Por isso que s� uma semana depois � depois que eles tinha secretamente obtido o cabelo de trouxas inocentes que estavam fazendo compras de natal, e tinha praticado aparata��o e desaparata��o enquanto estavam juntos debaixo da Capa de Invisibilidade � que Hermione concordou em fazer a viagem.
Eles iriam aparatar no vilarejo encoberto pela escurid�o da noite, ent�o era no fim da tarde quando eles finalmente tomaram a Po��o Polissuco, Harry se transformou em um trouxa calvo, de meia idade, Hermione em sua baixa e magra esposa trouxa. Suas bagagens e todos os seus pertences (com exce��o da horcruxe que Harry carregava no pesco�o) foram guardados na bolsa m�gica de Hermione. Harry jogou a Capa de Invisibilidade sobre eles, e ent�o passaram pela escurid�o sufocante novamente.
O cora��o pulsava em sua garganta, Harry abriu seus olhos. Eles estavam em p�, de m�os dadas em uma travessa coberta de neve sob o c�u azul escuro, na qual a primeira estrela da noite j� estava brilhando bem fraca. As pequenas casas estavam do outro lado da estrada estreita, decoradas com enfeites natalinos que brilhavam em suas janelas. Um curto caminho a sua frente, um fulgor de luzes douradas da rua indicava o centro do vilarejo.
- Toda esta neve! - Hermione sussurrou abaixo da capa. - Por que n�s n�o pensamos na neve? Depois de todas as nossas precau��es, n�s deixaremos rastros! N�s teremos apenas que nos livrarmos delas � Voc� vai � frente, eu fa�o isso �
Harry n�o queria entrar no vilarejo como um cavalo manco, tentando se esconder enquanto seus rastros eram cobertos magicamente.
- Vamos tirar a capa. - Disse Harry, enquanto Hermione pareceu estar com medo, - Ah, vamos l�, n�s n�o parecemos n�s mesmo e n�o h� ningu�m por aqui.
Ele guardou a capa dentro de sua jaqueta e seguiram andando desimpedidos, o ar congelando seus rostos conforme passavam pelas casas. Qualquer uma poderia ser o lugar onde Thiago e Lilian haviam vivido um dia ou onde Bathilda vivia agora. Harry olhava as portas da frente, seus telhados cheios de neve, e suas varandas, desejando que reconhecesse alguma delas, sabendo no fundo que isso era imposs�vel, que ele tinha pouco mais de um ano quando deixou aquele lugar para sempre. Ele nem mesmo estava certo se seria capaz de ver a sua casa, afinal, n�o sabia o que tinha acontecido quando o Feiti�o Fidelius foi quebrado. Ent�o a pequena rua por onde caminhavam fez uma curva para a esquerda e o cora��o do vilarejo, uma pequena pra�a, lhes foi revelado.
Enfeitada com luzes coloridas por todos os lados, havia o que parecia ser um memorial de guerra no meio, parcialmente oculto por uma enorme �rvore de natal. Havia diversas lojas, um correio, um bar e uma pequena igreja cujos vitrais brilhavam como j�ias incandescentes atrav�s da pra�a.
A neve aqui tinha se tornado compacta: estava dura e escorregadia onde as pessoas haviam pisado durante todo o dia. Os alde�es estavam cruzando a pra�a na frente deles, seus corpos iluminados brevemente pelas luzes da rua. Eles ouviram um misto de risadas e m�sica popular no momento que a porta do bar abriu e fechou; ent�o ouviram um c�ntico alegre come�ar dentro da pequena igreja.
- Harry, eu acho que � V�spera de Natal! - Disse Hermione.
- �? - Ele havia perdido a no��o do tempo; eles n�o viam um jornal h� semanas.
- Estou certa que �, - disse Hermione, com os olhos na igreja. - Eles... Eles ent�o l�, n�o? Sua m�e e seu pai? Eu posso ver o cemit�rio ali atr�s.
Harry sentiu uma emo��o al�m da excita��o, mais para o medo. Agora que ele estava t�o perto, se perguntou o que ele queria ver afinal. Talvez Hermione soubesse como ele estava se sentindo, porque ela o pegou pela m�o e o guiou pela primeira vez, puxando-o para frente. No meio do caminho cruzando a pra�a, ela parou.
- Harry olhe! - Ela estava apontando para o memorial de guerra. Quando eles o passaram, ele havia se transformado. Em vez de um obelisco coberto de nomes, havia uma est�tua de tr�s pessoas: um homem de cabelos desarrumados e �culos, uma mulher com um cabelo longo e um rosto am�vel, bonito, e um beb� embalado nos bra�os de sua m�e. A neve posta sobre suas cabe�as, como gorros brancos e macios.
Harry chegou mais perto, olhando o rosto de seus pais. Ele nunca tinha imaginado que ali haveria uma est�tua... Como era estranho se ver representado em pedra, um beb� feliz sem nenhuma cicatriz em sua testa...
- Vamos, - disse Harry, quando ele havia olhado o suficiente, e se viraram para a igreja de novo. Conforme cruzavam a rua, ele olhou de relance sobre o ombro; a est�tua tinha mudado novamente para o memorial de guerra. A cantoria ficou mais alta conforme e se aproximavam da igreja. Isso fez a garganta de Harry secar, o fez lembrar vigorosamente de Hogwarts, da cantoria rude das armaduras vazias, das doze �rvores de natal do Sal�o Principal, de Dumbledore usando um gorro que havia ganhado em um biscoito, de Rony e seu su�ter feito a m�o...
Havia um port�o na entrada do cemit�rio. Hermione empurrou-o para abrir o mais silenciosamente poss�vel e eles passaram por ele. Do outro lado, na parte escorregadia dentro das portas da igreja, a neve permanecia espessa e intocada. Eles andaram pela neve, deixando rastros profundos no caminho por onde andavam contornando o pr�dio, mantendo-se �s sombras sob as janelas brilhantes.
Atr�s da igreja, fileira ap�s fileira de covas cobertas de neve ressaltadas por um manto azul p�lido que estava tingido com um fascinante vermelho, dourado e verde em qualquer lugar onde o reflexo dos vitrais atingisse a neve. Mantendo sua m�o fechada segurando firmemente a varinha em seu bolso, Harry seguiu para a sepultura mais pr�xima.
- Olhe para isso, � uma Abbott, poderia ser algum parente distante da Ana!
- Fale baixo, - Hermione advertiu-o. Eles continuaram com dificuldade cada vez mais para dentro do cemit�rio, deixando rastros escuros na neve atr�s deles, inclinando-se para examinar as palavras nas l�pides antigas, a todo o momento for�ando a vis�o no meio da escurid�o para ter certeza absoluta que n�o tinham companhia.
- Harry, aqui!
Hermione estava a duas fileiras atr�s; ele teve de voltar at� ela, seu cora��o positivamente batia em seu peito.
- Isso � -?
- N�o, mas olhe!
Ela apontou para a pedra escura. Harry se abaixou e viu, sob o congelado, granito escuro, as palavras Kendra Dumbledore e, logo abaixo as datas de nascimento e morte, e sua filha Ariana. Havia tamb�m a frase:
Onde seu tesouro est� seu cora��o tamb�m estar�.
Ent�o Rita Skeeter e Muriel haviam acertado sobre alguns fatos. A fam�lia de Dumbledore tinha de fato vivido ali, e parte dela tinha morrido tamb�m. Ver o t�mulo era pior do que ouvir a respeito. Harry n�o podia deixar de pensar que ele e Dumbledore tinham ra�zes profundas neste cemit�rio, e que Dumbledore devia ter contado pra ele, mesmo que ele nunca tenha pensando em dividir a conex�o. Eles poderiam ter visitado-os juntos; por um momento, Harry se imaginou indo para l� com Dumbledore, de que o la�o poderia ter existido, de como isso significaria para ele. Mas parecia que para Dumbledore, o fato de que suas fam�lias jaziam lado a lado no mesmo cemit�rio era apenas uma coincid�ncia sem import�ncia, irrelevante, talvez, para o trabalho que ele queria que Harry fizesse. Hermione olhava Harry, e ele estava feliz que seu rosto estivesse escondido na sombra. Ele leu as palavras na l�pide novamente. Onde seu tesouro esta, seu cora��o estar� tamb�m estar�. Ele n�o entendeu o que aquelas palavras significavam. Certamente Dumbledore tinha as escolhido, como o membro mais velho da fam�lia uma vez que sua m�e havia morrido.
- Voc� tem certeza que ele nunca mencionou -?
- N�o, - Disse secamente, ent�o, - vamos continuar procurando, - e ele virou, desejando que n�o tivesse visto a pedra: Ele n�o queria que sua excita��o virasse ressentimento.
- Aqui! - Gritou Hermione novamente um tempo depois de sair da escurid�o. -Ah n�o, desculpa! Eu pensei que dizia Potter.
Ela estava esfregando em uma pedra musgosa caindo aos peda�os, admirando-a, com um pequeno franzido em sua testa.
- Harry, volte aqui um momento. - Ele n�o queria retroceder de novo, e contra sua vontade fez o caminho de volta pela neve at� ela.
- Que foi?
- Olhe isso! - A sepultura estava extremamente velha, t�o desgastada que Harry teria que se esfor�ar para ver o nome. Hermione mostrou-lhe o s�mbolo abaixo dele. - Harry, aquela � a marca no livro! - Ele averiguou o lugar que ela estava apontando: a pedra estava t�o desgastada que foi dif�cil ver o que estava gravado nela, embora parecesse ser uma marca triangular abaixo de um nome quase ileg�vel.
- Sim... poderia ser...- Hermione iluminou sua varinha e apontou para o nome na l�pide.
- Est� escrito Ig � Ignotus, eu acho...
- Eu vou continuar procurando meus pais, tudo bem? - Harry a avisou, com certa indiferen�a em sua voz, e ele se virou de novo, deixando-a agachada ao lado da velha sepultura.
Por v�rias vezes ele reconheceu um sobrenome que, como Abbott, havia conhecido em Hogwarts. �s vezes havia diversas gera��es da mesma fam�lia de bruxos representada no cemit�rio.
Harry poderia presumir a partir das datas que os membros atuais, ou haviam morrido, ou tinham se mudado para longe de Godric�s Hollow. Quanto mais ele adentrava, mais e mais ficava rodeado de sepulturas, e toda vez que alcan�ava uma nova l�pide sentia uma pontada de apreens�o e expectativa.
A escurid�o e o sil�ncio pareciam tornar-se, repentinamente, muito mais profundos. Harry olhou ao redor, preocupado, pensando nos dementadores, ent�o percebeu que os c�nticos haviam terminado e que o falat�rio e o alvoro�o das pessoas na igreja estavam diminuindo enquanto faziam seu caminho de volta na pra�a. Algu�m dentro da igreja tinha acabado de desligar as luzes.
Ent�o a voz de Hermione saiu da escurid�o pela terceira vez, clara e ansiosa a algumas fileiras dali.
- Harry, eles est�o aqui... bem aqui.
E ele sabia pelo tom dela, que dessa vez, eram seus pais: ele moveu-se em sua dire��o, sentindo como se alguma coisa pesada estivesse apertando seu peito, a mesma sensa��o que tivera logo depois que Dumbledore morrera, uma afli��o que realmente pesava em seu cora��o e pulm�o.
A l�pide estava a apenas duas fileiras de dist�ncia atr�s de Kendra e Ariana. Era feita de m�rmore branco, assim como o t�mulo dos Dumbledore, e isto tornou f�cil a leitura, porque parecia brilhar no escuro. Harry n�o precisou ajoelhar ou aproximar-se muito para ler as palavras gravas nela.
Thiago Potter Lilian Potter
Nascido em 27 de Mar�o de 1960 Nascida em 30 de Janeiro de 1960
Morto em 31 de Outubro de 1981 Morta em 31 de Outubro de 1981
O �ltimo inimigo que deve ser derrotado � a morte.
Harry leu as palavras bem devagar, como se achasse que tinha apenas uma chance de entender seu significado, e leu a �ltima delas ruidosamente.
- �O �ltimo inimigo que deve ser derrotado � a morte�...- Um pensamento horr�vel ocorreu a ele, e isso o causou p�nico. - Esse n�o � o lema dos Comensais da Morte? Por que isso est� a�?
- Isso n�o quer dizer derrotar a morte com o mesmo sentido que os Comensais da Morte usam Harry, - falou Hermione, gentilmente. - Significa... voc� sabe... viver al�m da morte, vida ap�s morte.
Mas eles n�o estavam vivos, pensou Harry. Eles se foram. Aquelas palavras vazias n�o mudariam o fato que os restos de seus pais jaziam sob neve e pedras, indiferentes, desconhecidos. E l�grimas surgiram antes que pudesse cont�-las, esquentando e depois instantaneamente congelando em seu rosto, e qual era a raz�o de cont�-las fingindo n�o ser nada? Ele as deixou cair, seus l�bios fortemente cerrados, olhando para baixo para a densa neve escondendo de seus olhos do lugar onde os restos de Lilian e Thiago jaziam, ossos agora, certamente, ou cinzas, sem saber ou se importar que seu filho estivesse vivo e t�o perto, seu cora��o ainda batia, estava vivo por causa do sacrif�cio deles e quase desejando, naquele momento, que estivesse dormindo sob a neve com eles.
Hermione havia pegado sua m�o novamente e estava apertando-a com for�a. Ele n�o podia olhar para ela, mas em retribui��o apertou sua m�o, agora respirando o profundo e cortante ar da noite, tentando se acalmar, tentando recuperar o controle. Ele poderia ter comprado alguma coisa para dar pra eles, e n�o pensara nisso, e todas as plantas no cemit�rio estavam mortas e congeladas. Mas Hermione ergueu sua varinha, moveu-a fazendo um c�rculo no ar, e um arranjo de rosas de natal floresceu diante deles. Harry o pegou e colocou-o no t�mulo de seus pais.
Logo que se levantou quis ir embora: achava que n�o ag�entaria ficar l� por mais tempo. Colocou seu bra�o em volta dos ombros de Hermione, e ela colocou os dela em volta da cintura dele, e viraram em sil�ncio e caminharam pela neve, passando pela m�e e irm� de Dumbledore, voltando pela igreja escura e saindo pelo port�o de ferro.
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*Nota do tradutor � Silab�rio � um conjunto de s�mbolos que representa uma s�laba espec�fica. Geralmente usado com outras l�nguas ou l�nguas feitas para se conjurar feiti�os. Tamb�m cont�m o significado da simbologia r�nica.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por: Daniel Sousa
Revisado por: Josh Lost
- Cap�tulo Dezessete-
O Segredo de Bathilda
- Harry, pare.
- O que foi?
Eles tinham chegado � sepultura de um desconhecido chamado Abbott.
- H� algu�m ali. Algu�m nos espiando. Eu sinto. Ali, perto dos arbustos.
Eles pararam e permanecerem em sil�ncio, segurando-se um ao outro, olhando o limite do cemit�rio emerso na densa escurid�o. Harry n�o conseguia ver nada.
- Tem certeza?
- Eu vi alguma coisa se movendo. Eu poderia jurar.
Ela soltou-se para deixar livre a m�o que segura a varinha.
- N�s estamos com apar�ncia de Trouxas. - afirmou Harry.
- Trouxas que apenas vieram colocar flores nos t�mulos de seus pais? Harry, tenho a certeza que tem algu�m ali!
Harry pensou em �A Hist�ria da Magia�; O cemit�rio era supostamente assombrado; e se --? Mas, em seguida, ele ouviu um farfalhar e viu um redemoinho se deslocando e repelindo a neve precisamente no arbusto onde Hermione tinha apontado. Fantasmas n�o repelem a neve.
- � um gato, - disse Harry, depois de um ou dois segundos, - ou um p�ssaro. Se fosse um Comensal da Morte j� estar�amos mortos. Mas vamos sair daqui, e colocar a capa da invisibilidade.
Olharam para tr�s repetidas vezes enquanto caminhavam para a sa�da do cemit�rio. Harry que n�o se sentia t�o otimista quanto pretendia ao tranquilizar Hermione, estava feliz em alcan�ar o port�o e o pavimento �mido. Eles puseram a capa. O pub estava mais cheio do que estivera. Muitas vozes cantavam can��es de Natal que eles ouviram quando se aproximaram da igreja. Por momentos, Harry pensou que poderiam ficar l�, mas antes de o dizer Hermione murmurou, - Vamos por aqu, - e puxou-o para uma rua escura que os conduzia para fora da vila, na dire��o oposta por onde tinham entrado. Harry conseguia distinguir onde as casas acabavam e a ruela se transformava em campo aberto novamente. Caminharam o mais rapidamente que conseguiam, passando por algumas janelas com luzes intermitentes, vislumbrando o contorno das �rvores de Natal atrav�s das cortinas.
- Como vamos encontrar a casa de Bathilda? - perguntou Hermione, que estava um pouco tr�mula e continuava olhando para tr�s. - Harry? O que voc� acha? Harry?
Ela cutucou seu bra�o, mas Harry nem lhe prestou aten��o. Ele olhava uma massa escura que se encontrava no fim das casas. Nesse momento, Harry se apressou, arrastando Hermione junto com ele, fazendo-a escorregar no gelo.
- Harry �
- Olhe� Olhe ali Hermione�
- Eu n�o� oh!
Ele conseguia ver; o Feiti�o Fidelus deveria ter morrido juntamente com Tiago e Lily. A sebe tinha crescido durante 16 anos, desde que Hagrid tirou Harry dos destro�os. A maioria da casa continuava de p�, embora tivesse ocupada pela neve e uma densa e escura hera. O lado direito do piso superior estava destru�do; Harry sabia que tinha sido a� que ocorrera a explos�o. Ele e Hermione aguardavam no port�o olhando a destrui��o e imaginando que outrora ali estivera uma casa harmoniosa.
- Porque nunca ningu�m reconstruiu isto? - sussurrou Hermione.
- Talvez n�o possa ser reconstru�da? - respondeu Harry. - Provavelmente � como Magia Negra e n�o se pode reparar os danos.
Ele libertou uma m�o da capa da invisibilidade e agarrou o port�o enferrujado e com neve, n�o para abri-lo, apenas para segurar uma parte da casa.
- Voc� vai entrar? Parece inseguro, pode � oh, Harry, olhe!
O toque do Harry parecia ter provocado isso. Um sinal, em frente a ele, se elevou do ch�o, sobrepondo-se �s urtigas e ervas-daninhas, umas letras douradas na madeira diziam:
Neste lugar, na noite de 31 de Outubro de 1981,
Lily e James Potter perderam suas vidas.
O seu filho, Harry, continua sendo o �nico bruxo
que sobreviveu � maldi��o da morte.
Esta casa, invis�vel para os trouxas, foi deixada
em ru�nas como monumento aos Potters
lembrando tamb�m da viol�ncia
que assolou esta fam�lia.
E em volta desta, outras mensagens tinham sido acrescentadas por bruxos e bruxas que visitaram o lugar onde o Menino-Que-Sobreviveu conseguira escapar. Alguns tinham simplesmente assinado seu nome com tinta eterna; outros tinham esculpido suas iniciais na madeira e outros deixaram mensagens. A mais recente de todas, cintilava por cima de 16 anos de grafites m�gicos. Todas diziam coisas semelhantes.
Boa Sorte Harry, onde quer que voc� esteja.
Se ler isso, Harry, estaremos apoiando voc�!
Longa vida ao Harry Potter.
- Eles n�o deveriam ter escrito na placa! - disse Hermione, indignada.
Mas Harry sorriu para ela.
- Est� incr�vel. Fico feliz que eles fizeram isso. Eu�
Ele parou. Uma pesada figura estava no final da ruela em que eles se encontravam, vislumbrando-se a sua silhueta desenhada pelas luzes fracas da pra�a distante. Harry pensou, embora fosse dif�cil de o dizer, que aquela silhueta era de mulher. Ela movia-se lentamente, provavelmente com medo de cair no ch�o coberto de neve. A sua inclina��o, o seu jeito corpulento, o arrastar de seus p�s, tudo o remeteu a uma idade avan�ada. Eles olhavam em sil�ncio enquanto ela se aproximava. Harry aguardava para ver se a mulher entrava em alguma das casas por onde passava, mas algo lhe dizia que ela n�o o faria. Finalmente a velha parou a alguns metros deles e ficou encarando-os, no meio da estrada gelada.
Ele n�o precisou do belisc�o de Hermione para saber. N�o havia d�vida, essa mulher n�o podia ser trouxa: ela permanecia parada contemplando a casa, que estaria invis�vel caso ela n�o fosse bruxa. Mesmo assumindo que ela fosse uma bruxa, porque sairia numa noite como essa, para contemplar uma ru�na? Al�m disso, ela n�o os poderia ver porque eles se encontravam por baixo da capa. Mas Harry tinha a impress�o que ela sabia perfeitamente que eles estavam ali e quem eles eram. Precisamente no momento em que chegou a essa conclus�o, a mulher ergueu uma m�o e come�ou acenando.
Hermione aproximou-se mais e seu bra�o pressionava o de Harry.
- Como ela sabe?
Ele abanou a cabe�a negativamente. A mulher acenou de novo por�m mais vigorosamente. Harry poderia pensar em in�meras raz�es para n�o responder. Tamb�m a sua suspeita sobre a identidade parecia crescer a cada momento que eles ficavam se olhando.
Seria poss�vel que ela estivesse esperando por eles todos esses meses? Que Dumbledore lhe tinha pedido para esperar por Harry? Teria sido ela que os espiara no cemit�rio e os seguira at� ali? At� mesmo sua habilidade de encontr�-los... tudo parecia obra de Dumbledore. Finalmente Harry falou, fazendo Hermione saltar.
- Voc� � Bathilda?
A mulher concordou com a cabe�a e voltou a acenar.
Em baixo da capa, Harry e Hermione entreolharam-se. Harry elevou uma sobrancelha e Hermione deu um aceno nervoso.
Eles avan�aram e a mulher, virando-se imediatamente, os encaminhou de volta pelo caminho que tinha percorrido. Conduzindo-os por entre as casas, entrou em um port�o. Eles seguiram-na por um caminho que atravessava o jardim, igual ao que tinham deixado pra tr�s. Ela procurou desajeitadamente a chave da porta da frente, que abriu, e afastou-se para que eles pudessem entrar.
Ela cheirava mal, ou ent�o era a casa; Harry torceu o nariz e avan�ou para perto dela, tirando a capa. Agora que se encontrava do seu lado, percebeu que a mulher era pequena; curvada pela idade, chegava at� seu peito. Fechando a porta depois que eles entraram, se virou para Harry e ficou olhando sua face. Os olhos dela eram grandes rodeados de pele transparente. Toda a cara dela era pontilhada com veias quebradas e manchas. Ele pensou se ela poderia entender o que se passava, ele continuava sendo o trouxa e calvo.
O odor da velhice, de p�, de roupas sujas e comida podre intensificou-se quando ela desenroulou o manto ro�do pelas tra�as, enquanto revelava uma cabe�a de poucos cabelos brancos na qual se via o couro cabeludo.
- Bathilda? - repetiu Harry.
Ela acenou com a cabe�a novamente. Harry deu conta do medalh�o que estava contra sua pele; a coisa que se encontrava dentro dele, come�ou fazendo tique-taque; ele conseguia senti-lo pulsando atrav�s do ouro frio. Seria por que a coisa que o poderia destruir estivesse perto?
Bathilda passou por eles, empurrando levemente Hermione como se n�o tivesse percebido que ela estivesse ali, e entrou num c�modo que parecia ser a sala de estar.
- Harry, n�o tenho certeza sobre isto. - disse Hermione.
- Olha para o tamanho dela, penso que facilmente a dominaremos se for preciso - disse Harry. - Eu deveria ter-te falado, soube que ela n�o � assim muito boa. Muriel chamou-a de senil.
- Venham! - chamou Bathilda da sala.
Hermione puxou o bra�o de Harry.
- Est� tudo bem - disse Harry para a tranquilizar, conduzindo-a para o quarto.
Bathilda cambaleava pela sala iluminada por algumas velas, mas continuava muito escuro e o ch�o estava coberto por uma espessa camada de p�. Ele pensou quando teria sido a �ltima vez que algu�m teria entrado na casa de Bathilda para ver o que estava acontecendo. Ela parecia ter esquecido que podia fazer magia, porque acendia desajeitadamente as velas, aproximando a manga do fogo que ia acendendo.
- Deixe-me ajud�-la - ofereceu Harry, pegando nos f�sforos. Ela ficou obeservando Harry acabando de acender as velas que se encontravam ao redor da sala por cima de pilhas de livros e em mesas com x�caras rachadas e bolorentas. A �ltima vela que Harry tinha para acender encontrava-se numa c�moda onde estavam v�rias molduras. Quando acendeu a vela, a sua luz refletiu no vidro e pratas empoeirados. Ele reparou que alguns retratos se moviam. Enquanto Bathilda se atrapalhava com a lenha para o fogo, ele murmurou �targeo�. A poeira desapareceu e ele percebeu que faltavam fotografias de uma meia d�zia dos quadros. Ele pensou que Bathilda ou algu�m as teriam removido. Mas, logo em seguida, uma fotografia chamou a sua aten��o.
Era o ladr�o de cabelo dourado e rosto sorridente. O jovem, que havia se apoiado no parapeito de Gregorovitch, estava sorrindo para Harry da sua moldura prateada. E ent�o instantaneamente veio � mente de Harry onde ele vira o garoto antes: �A vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore�, de bra�os dados com um Dumbledore adolescente, e devia ser l� que todas as fotografias sumidas estavam: no livro de Rita.
- Senhora. - Madame Bagshot? - disse ele, com a voz tr�mula. -Quem � esse?
Bathilda estava no centro da sala, olhando Hermione que acendia o fogo para ela.
- Senhora Bagshot? - repetiu Harry, e avan�ou com a fotografia. Bathilda ergueu o seu olhar para ele e Harry sentiu o Horcrux bater apressadamente contra o seu peito.
- Sabe quem � esse homem? - ele disse numa voz mais alta e pausada do que o normal.
- Este homem? Sabe quem �? Como se chama?
Bathilda olhou para ele vagamente e Harry sentiu uma terr�vel frustra��o. O quanto teria Rita Skeeter aberto as mem�rias de Bathilda?
- Quem � esse homem? - ele repetiu ainda mais alto.
- Harry, o que voc� t� fazendo? - perguntou Hermione.
- Esta fotografia. Hermione, � o ladr�o que roubou Gregorovitch! Por favor! - ele disse para Bathilda. - Quem � esse?
Mas ela apenas o olhava.
- Porque voc� disse para a seguirmos, Senhora - Madame - Bagshot? - perguntou Hermione. - Queria nos falar algo?
Aparentando nem ter ouvido Hermione, Bathilda aproximou-se de Harry. Fazendo um sinal com a cabe�a, ela apontou para o sagu�o de entrada.
- Voc� quer que a gente saia? - perguntou ele.
Ela repetiu o gesto, dessa vez apontando frustradamente para ele, depois para ela mesma e para o teto.
- Ah, ok� Hermione, acho que ela quer que a gente v� com ela ao andar de cima.
- Ok - disse Hermione - Vamos ent�o.
Mas quando Hermione come�ou a andar, Bathilda abanou a cabe�a com vigor, mais uma vez apontou para Harry e para ela mesma.
- Ela quer que eu v� com ela, sozinho.
- Porqu�? - perguntou Hermione, e a sua voz soou forte e clara na sala iluminada por velas. A velha senhora abanou mais uma vez a cabe�a.
- Talvez Dumbledore lhe tenha dito para dar a espada apenas a mim?
- Voc� acha mesmo que ela sabe quem voc� �?
- Sim - afirmou Harry, olhando para os olhos de Bathilda. - Acho que ela sabe sim!
- Est� bem, mas n�o demore Harry.
- Mostre-me o caminho - Harry disse a Bathilda.
Ela pareceu entender, porque arrastou os p�s em dire��o � porta. Harry deu um sorriso tranquilizador para Hermione, mas n�o estava certo que ela o tivesse visto; ela permaneceu na sala olhando a estante dos livros. Harry encaminhou-se para o exterior da sala, e fora da vis�o de Hermione e Bathilda ele colocou a moldura prateada dentro do seu casaco.
Os degraus eram �ngremes e estreitos, e Harry estava tentado em ajudar Bathilda a subir para que esta n�o ca�sse em cima dele. Lentamente ela subiu para o piso superior, virando imediatamente � direita e conduzindo Harry para um quarto de teto baixo.
Estava muito escuro e cheirava mal. Harry tinha visto um penico debaixo da cama antes de Bathilda fechar a porta e o quarto mergulhar na escurid�o.
- Lumus - disse Harry e a sua varinha acendeu. Ele deu um salto, Bathilda havia se movido para junto dele naqueles poucos segundos de escurid�o.
- Voc� � o Potter?
- Sim, sou.
Ela acenou lentamente e Harry sentiu o Horcrux bater rapidamente, mais r�pido que seu cora��o, o que dava uma sensa��o agitada e desconfort�vel.
- Voc� tem alguma coisa para mim? � perguntou Harry, mas ela parecia distra�da contemplando a sua varinha.
- Voc� tem alguma coisa para mim? � repetiu ele.
Ela fechou os olhos e sucederam-se v�rias coisas: a cicatriz de Harry pulsou dolorosamente; o Horcrux movia-se agora � frente do seu su�ter; o quarto se dissolveu momentaneamente. Ele sentiu um assomo de alegria e falou em uma voz alta e fria: Segure-o!
Harry vacilou no lugar onde estava. O escuro e malcheiroso quarto parecia se fechar em sua volta de novo e ele n�o percebeu o que tinha acontecido.
- Voc� tem alguma coisa para mim? � ele perguntou pela terceira vez, bem mais alto.
- Por aqui � disse ela, apontando o canto do quarto. Harry levantou a sua varinha e viu os contornos de uma c�moda por baixo da janela.
Desta vez ele n�o esperou que ela o guiasse, avan�ando entre ela e a cama desfeita, com a varinha erguida. Ele n�o queria afastar o seu olhar dela.
- O que � isso? � perguntou ele assim que alcan�ou a c�moda que era maior do que parecia e cheirava a roupa suja.
- L� � ela falou apontando de novo.
E, no momento em que ele olhou, seus olhos procurando um punho de espada e rubi, ela se moveu furtivamente. Ele viu pelo canto de seus olhos. O p�nico o fez virar e ficou paralizado olhando o corpo da velha explodindo e uma cobra gigante surgindo do lugar onde antes o pesco�o havia estado.
A cobra atacou assim que ele ergueu a varinha. A for�a da investida em seu antebra�o fez a varinha saltar em dira��o ao teto. A luz projetada pela varinha percorreu o quarto por momentos at� que se extinguiu. Depois com um poderoso golpe da cauda da cobra, acertando na barriga do Harry, ele caiu em cima da c�moda na bagun�a de roupas imundas.
Ele rolou desviando-se da cauda, que destruiu a c�moda onde ele havia estado segundos antes. Fragmentos da superf�cie de vidro ca�ram sobre ele quando ele bateu no ch�o. No piso de baixo, ele ouviu Hermione chamar: - Harry?
Ele n�o conseguiu reunir f�lego suficiente para responder. Uma fuma�a negra o esmagou contra o ch�o, e ele sentiu sobre ele algo forte e poderoso.
- N�o! � ele disse com voz sufocada.
- Sim! - disse uma voz � Sssim� segur�-lo� segur�-lo�
- Accio � Accio varinha�
Mas nada aconteceu e ele tentou afastar a cobra de cima dele ao mesmo tempo que ela se enrolava em volta de seu corpo, pressionando o horcruxe contra seu peito. Seu cora��o batia descompassadamente e o seu c�rebro estava se afogando numa luz branca e fria, todos os seus pensamentos se esva�am, seu f�lego ficando cada mais fraco, passos distantes, tudo se dissolvendo�
Um cora��o de metal batia do lado de fora de seu peito, e agora ele estava voando com uma sensa��o de triunfo no cora��o, sem precisar de vassoura ou de testr�lios�
Ele acordou abruptamente na f�tida escurid�o. Nagini o havia soltado. Ele se levantou e viu o contorno da cobra contra a luz. Ela atacou e Hermione caiu para o lado com um berro. O seu feiti�o protetor atingiu a janela, que se estilha�ou. O ar gelado entrou pelo quarto enquanto Harry escorregava para escapar dos vidros quebrados. O seu p� deslizou em algo cil�ndrico � sua varinha.
Ele inclinou-se e agarrou-a. A cobra ocupava todo o quarto, chocalhando a sua cauda; Harry n�o conseguia ver Hermione em lado nenhum e pensou o pior, mas ent�o houve um barulho e um flash de luz vermelha e a cobra voou pelo ar, batendo em seu rosto. Harry ergueu sua varinha, mas quando o fez a sua cicatriz come�ou a pulsar dolorosamente, mais forte do que havia feito em anos.
- Ele est� vindo! Hermione, ele est� vindo!
Enquanto ele gritava a cobra caiu, assobiando alto. Estava uma confus�o. Ela esmagava gavetas contra a parede; coisas partidas voavam por todo o lado. Harry pulou para cima da cama e agarrou um vulto negro que ele sabia ser Hermione.
Ela gritou de dor enquanto se estendia na cama. A cobra se colocou na retaguarda de novo, mas Harry sabia que algo pior que a cobra estava chegando. Provavelmente estaria no port�o j�, a sua cabe�a parecia rasgar de tanta dor na cicatriz.
A cobra atacou assim que ele come�ou a correr, arrastando Hermione com ele; Hermione gritou �Confringo� e o seu feiti�o voou pelo quarto, fazendo explodir o espelho do guarda-roupas, fazendo ricochetear por todo o quarto. Harry sentiu algo bater na costa de sua m�o. O vidro cortou sua bochecha quando, puxando Hermione com ele, Harry saltou da cama para a c�moda e da� para o exterior pela janela despeda�ada. O grito dela soou pela noite enquanto eles ca�am.
A sua cicatriz explodiu e ent�o ele era Voldemort. Estava correndo pelo quarto f�tido, as suas m�os esguias e brancas apertando o peitoril da janela enquanto ele controlava o homem careca e a mulher girava e desaparecia. Ele gritava de raiva, confundindo-se o seu grito com o da senhora, que ecoava pelos jardins negros sobre os sinos da igreja soando no dia de Natal�
E o seu grito, era o grito do Harry, a sua dor, era dor do Harry� aquilo iria acontecer aqui, onde j� tinha acontecido outrora� aqui, dentro da vis�o daquela casa que ele havia chegado t�o perto de saber o que seria morrer� morrer� a dor era t�o horr�vel� rasgando seu corpo� Mas se ele n�o tinha corpo, por que sua cabe�a do�a tanto? Se ele estava morto, como podia ser t�o insuport�vel a dor? Ela n�o parava com a morte, n�o parava?
A noite estava �mida e ventosa, duas crian�as vestidas de ab�boras perambulavam pela pra�a. As lojas estavam cobertas de pap�is com aranhas, todas as armadilhas trouxas de um mundo em que eles n�o acreditavam� E ele estava deslizando, aquela sensa��o de inten��o, poder e grandeza que ele conhecia naquelas ocasi�es� N�o havia raiva� isso seria para as almas fracas� mas triunfo, sim� Ele tinha esperado ansiosamente por isso.
- Bela fantasia, senhor!
Ele viu o sorriso do garoto hesitando, enquanto ele corria perto para vislumbrar debaixo da capa de invisibilidade, viu o medo assolar a sua cara e a crian�a fugiu� Sob a capa, ele segurou o cabo de sua varinha� Um simples movimento e a crian�a nunca mais encontraria sua m�e� mas seria desnecess�rio, um tanto desnecess�rio�
E agora por uma nova rua escura ele seguia, e finalmente viu o que queria, o feiti�o Fidelus havia sido quebrado, pensou que eles ainda n�o o sabiam� Assim ele fez o menor barulho poss�vel enquanto deslizava pelo pavimento at� chegar � sebe negra e avan�ou�
Eles n�o tinham cortinas; ele os viu claramente na min�scula sala de estar, o homem alto de cabelo preto e �culos, soprava fuma�a colorida da sua varinha entretendo o pequeno garoto de cabelo preto no seu pijama azul. A crian�a ria e tentava agarrar as espirais.
Uma porta abriu-se e a m�e entrou, dizendo algo que ele n�o ouviu. O seu longo cabelo ruivo ca�a pela sua face. O pai pegando no filho ao colo entregou-o � m�e. Atirando a varinha para baixo do sof� espregui�ou-se, bocejando�
O port�o rangeu enquanto ele o abriu, mas Tiago Potter n�o escutou. Sua m�o branca puxou a varinha debaixo da capa e apontou-a � porta, que se abriu com um estrondo�
Ele j� tinha entrado quando Tiago veio correndo para o hall. Estava f�cil, muito f�cil, ele nem tinha pego a varinha�
- Lily, pegue Harry e v�! � ele! V�! Corra! Eu seguro-o aqui!
Segur�-lo sem uma varinha na m�o!... Ele riu antes de lan�ar o feiti�o�
- Avada Kedavra!
A luz verde encheu o apertado hall, iluminando o carrinho de beb� que estava encostado contra a parede. Tiago Potter caiu como uma marionete cujos cord�es s�o cortados.
Ele conseguia ouvir os gritos dela no andar de cima, presa, mas enquanto ela fosse sensata, n�o teria nada a temer� Ele subiu os degraus, ouvindo com leve prazer as tentativas dela se defender. Tamb�m n�o tinha varinha� como eram est�pidos, e qu�o confiantes que pensavam que repousavam tranquilos entre amigos, onde as armas poderiam ser largadas, mesmo que por momentos�
Com um movimento da varinha, ele for�ou a porta, empurrando para o lado a cadeira e as caixas que precariamente se encontravam empilhadas contra a porta� e ali se encontrava ela, a crian�a nos seus bra�os. Com a vis�o dele, ela colocou seu filho no ber�o atr�s e abriu os bra�os, como se isso fosse ajudar, como se protegendo ele da vis�o, ela esperasse ser escolhida ao inv�s�
- O Harry n�o, ele n�o! Por favor, o Harry n�o!
- Sai da frente garota tonta� sai da frente agora.
- O Harry n�o, por favor, n�o! Leve-me! Mate-me ao inv�s�
- � o meu �ltimo aviso�
- O Harry n�o! Por favor� Miseric�rdia� O Harry n�o! Por favor� Fa�o qualquer coisa�
- Sai da frente! Sai da frente, garota!
Ele poderia t�-la for�ado a sair, mas era mais prudente acabar com todos�
A luz verde iluminou toda a divis�o e ela caiu como o marido. A crian�a n�o havia chorado todo esse tempo. Continuava segurando nas barras do seu ber�o e levantou o olhar para o rosto do intruso com interesse. Pensando talvez que seria o seu pai escondido por baixo da capa, fazendo mais efeitos luminosos, e sua m�e se levantaria a qualquer momento, rindo.
Ele apontou a varinha muito cuidadosamente para o rosto da crian�a. Ele queria ver a destrui��o deste perigo inexplic�vel. A crian�a come�ou a chorar. Percebeu que n�o era Tiago. Ele nunca tinha tido paci�ncia para suportar os pequenos chorando no Orfanato�
- Avada Kedavra!
E ent�o ele desfez-se. Ele n�o era nada, nada al�m de dor e terror, e precisava se esconder, n�o aqui nos escombros da casa em ru�nas onde a crian�a que tinha sido emboscada gritava, mas longe� muito longe�
- N�o � ele gemeu.
A cobra sussurou no ch�o imundo, e ele tinha que matar o menino, e ao mesmo tempo ele era o menino�
- N�o.
E agora ele olhava a janela partida da casa de Bathilda, emerso em mem�rias de suas grandes perdas, e aos seus p�s, a cobra deslizou sobre os vidros e porcelana quebrada. Ele olhou para baixo e viu algo� viu algo incr�vel�
- N�o!
- Harry, est� tudo bem! Voc� est� bem!
Ele se inclinou e apanhou a fotografia amassada. L� estava ele, o ladr�o desconhecido, o ladr�o que ele vinha procurando�
- N�o� Eu deixei cair� Eu deixei cair�
- Harry, est� tudo bem, acorde! Acorde!
Ele era Harry� Harry e n�o Voldemort� e quem sussurrava n�o era a cobra�
Ele abriu os olhos.
- Harry � sussurrou Hermione � voc� est� � est� bem?
- Sim � mentiu ele.
Ele estava na tenda, deitado na cama debaixo do beliche coberto por v�rias mantas. Ele conseguiu perceber que era quase manh� pela quietude e pela luz al�m do teto de lona. Ele estava encharcado de suor, podia perceber isso nos len��is e mantas.
- N�s escapamos!
- Sim � disse Hermione � Eu tive de usar o feiti�o de levita��o para te trazer de volta at� seu beliche. Eu n�o consegui ergu�-lo� Voc� foi� Voc� n�o foi totalmente�
Haviam manchas roxas debaixo de seus olhos castanhos e ele percebeu que ela segurava uma esponja na sua m�o: ela havia estado passando na sua cara.
- Voc� tem estado mal � ela terminou � bem mal.
- H� quanto tempo regressamos?
- H� v�rias horas. � quase manh�.
- Eu estive� inconsciente?
- N�o exatamente � disse Hermione desconfortavelmente � Voc� gritava e gemia e� dizia coisas � acrescentou ela numa voz que fez Harry ficar incomodado. O que teria feito ele? Gritado feiti�os que nem Voldemort? Chorado como o beb� no ber�o?
- Eu n�o consegui tirar o Horcrux de voc� � disse Hermione e ele percebeu que ela queria mudar de assunto � Estava preso, preso no seu peito. E voc� ficou com uma marca; me perdoe, tive que usar um Feiti�o de Separa��o para tirar de voc�. A cobra tamb�m te feriu, mas eu j� limpei a ferida e coloquei um pouco de Dittany�
Ele puxou a camiseta suada que estava usando e olhou para baixo. L� estava um c�rculo vermelho sobre o seu cora��o onde o medalh�o havia queimado. Ele tamb�m podia ver o machucado no antebra�o que j� estava meio curado.
- Onde voc� colocou o Horcrux?
- Na minha mala. Penso que devamos deix�-lo l� por uns tempos.
Ele se encostou nas almofadas e fitou Hermione.
- N�o dever�amos ter ido a Godric�s Hollow. � minha culpa, tudo minha culpa! Hermione, eu sinto muito.
- N�o � sua culpa. Eu quis ir tamb�m. Eu pensei mesmo que Dumbledore poderia ter deixado a espada para voc� l�.
- �. Bem, pensamos mal, n�o �?
- O que aconteceu Harry? O que aconteceu depois que voc�s foram para o andar de cima? Onde estava escondida a cobra? Apareceu e matou a mulher e atacou voc�?
- N�o � disse ele � Ela era a cobra� ou a cobra era ela� desde o princ�pio.
- O q-qu�?
Ele fechou os olhos. Ainda conseguia sentir o cheiro da casa de Bathilda nele; fez com que tudo se tornasse horrivelmente verdadeiro.
- Bathilda deveria ter morrido h� algum tempo j�. A cobra estava dentro dela. Voc�-Sabe-Quem mandou ela esperar em Godric�s Hollow. Voc� tinha raz�o. Ele sabia que eu iria l�.
- A cobra estava dentro dela?
Ele abriu os olhos novamente. Hermione parecia revoltada e enojada.
- Lupin falou que existiam magias que a gente nem fazia no��o � disse Harry � Ela n�o quis falar na sua frente porque ela fala l�ngua de cobra, e eu n�o me deu conta, mas � claro! Eu conseguia entend�-la. Quando j� est�vamos no quarto, a cobra mandou uma mensagem para Voc�-Sabe-Quem, eu ouvi isso acontecer dentro da minha cabe�a, eu o senti ficar contente, ele disse para a cobra me prender� e depois�
Ele se lembrou da cobra que sa�a do pesco�o de Bathilda. Hermione n�o precisava saber os detalhes.
- Ela mudou� mudou para cobra e atacou.
Ele olhou as feridas.
- Ela n�o me mataria, s� queria me segurar at� Voc�-Sabe-Quem aparecer.
Se ele ao menos tivesse conseguido matar a cobra, teria valido a pena� Cansado de tudo, ele se sentou e jogou as mantas.
- Harry, voc� precisa descansar!
- Voc� que precisa de descanso. Sem querer ofender, mas voc� parece terr�vel. Eu estou bem. Fico de vigia agora. Onde est� minha varinha?
Ela n�o respondeu. Ela nem olhou para ele.
- Hermione, onde est� minha varinha?
Ela estava mordendo o l�bio e as l�grimas brotaram dos olhos dela.
- Harry�
- Onde est� minha varinha?
Ela a pegou debaixo da cama e lhe deu.
A varinha de azevinho e pena de F�nix estava partida em duas. Uma parte fr�gil mantinha os dois peda�os unidos. A madeira tinha lascado e estava completamente separada. Harry pegou-a como se fosse algo vivo que tivesse sofrido uma terr�vel maldi��o. Ele n�o conseguia pensar direito. Tudo era uma mistura de p�nico e medo. Ent�o ele a entregou a Hermione.
- Repare-a. Por favor.
- Harry, � melhor n�o. Quando uma varinha se parte --
- Por favor Hermione, tente!
- R-Reparo.
A varinha brilhou delicadamente. Harry apontou-a a Hermione.
-Lumos!
A varinha brilhou fracamente e ent�o apagou. Harry a apontou para Hermione.
- Expelliarmus!
A varinha de Hermione deu uma pequena sacudida, mas n�o saiu de sua m�o. O esfor�o m�gico foi demais para a varinha de Harry. Esta dividiu-se em duas de novo. Ele a fitou, aterrorizado, incapaz de absorver o que estava acontecendo� a varinha que tinha sobrevivido a tanta coisa�
- Harry � sussurou Hermione t�o baixo que ele mal ouviu � Sinto muito. Penso que a culpa � minha. Quando est�vamos saindo, sabe, a cobra estava vindo em nossa dire��o, e ent�o eu lancei o feiti�o �Bombarda�*, e ela ricocheteou em tudo e deve ter � deve ter acertado �
- Foi um acidente � disse Harry mecanicamente. Ele se sentia vazio e atordoado � N�s vamos � n�s vamos arrumar um jeito de consert�-la.
- Harry, n�o acho que seremos capazes de faz�-lo � disse Hermione, abaixando a cabe�a envergonhada - voc� se lembra� se lembra do que aconteceu a Rony? Quando ele partiu a varinha ao bater no carro? Nunca mais foi a mesma, e ele teve que arrumar uma nova.
Harry pensou em Olivaras, sequestrado e mantido ref�m por Voldemort; de Gregorovitch, que agora estava morto. Como � que ele iria conseguir uma nova varinha?
- Bem � ele disse, num falso tom de conformidade � ent�o, por enquanto eu uso a sua, enquanto fa�o a vigia.
Chorando, Hermione entregou sua varinha, e ele a deixou sentada ao lado de sua cama, desejando apenas dist�ncia dela.
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Notas do Tradutor:
* Bombarda: Provoca uma grande explos�o. Uma esp�cie de Reducto, s� que mais poderoso.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por Paty Sangreman
Revisado por Renan da Silva
-Cap�tulo Dezoito -
A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore
O sol estava nascendo: A pura, p�lida vastid�o do c�u esticada sobre ele, indiferente para ele e seu sofrimento. Harry se sentou na entrada da tenda e respirou fundo o ar puro. Simplesmente por estar vivo para olhar o nascer do sol sobre a nevoenta encosta cintilante deve ter sido o mais maravilhoso tesouro na terra, ainda assim ele n�o podia apreciar aquilo: Os seus sentidos tinham sido desfigurados pela calamidade de perder seu amigo. Ele olhava em volta de um vale coberto de neve, distantes sinos de igreja que tocavam atrav�s do sil�ncio resplandecente.
Sem perceber, ele cavava seus dedos em seus bra�os como se ele estivesse tentando resistir � dor f�sica. Ele tinha derramado seu pr�prio sangue mais vezes do que ele poderia contar; Uma vez ele tinha perdido todos os ossos do bra�o direito; esta jornada j� tinha dado para ele cicatrizes no seu peito e antebra�o para se ajuntarem as da sua m�o e testa, mas nunca, at� este momento, ele havia se sentido fatalmente fraco, vulner�vel e nu, como se a melhor parte de seu m�gico poder tivesse sido tirado dele. Ele sabia exatamente o que Hermione diria se ele expressasse um pouco disso: A varinha � somente t�o boa quanto o bruxo. Mas ela estava errada, em seu caso era diferente. Ela n�o tinha sentido sua varinha girar como a ponta de um compasso e disparar flamas douradas em seu inimigo. Ele tinha perdido a prote��o das g�meas, e somente agora que ele percebia o quanto ele contava com isso.
Ele pegou os peda�os da varinha quebrada em seu bolso e, sem olhar para eles, os colocou na bolsa de Hagrid e os amarrou em seu pesco�o. A bolsa agora estava muito cheia de quebrados e in�teis objetos. A m�o de Harry tocou o pomo de ouro atrav�s da Mokeskin e por um momento ele teve que lutar contra a vontade de jog�-lo fora. Impenetr�vel, sem proveito, in�til, como todas as outras coisas que Dumbledore havia deixado para tr�s.
E a sua raiva por Dumbledore o atingia como lava, queimando-se por dentro, destruindo todos os outros sentimentos. Fora do puro desespero eles tinham conversado entre eles e come�avam a acreditar que Godric�s Hollow escondia respostas, convencidos de que teriam que voltar, que tudo era parte de algum caminho secreto que Dumbledore teria deixado para eles: mas n�o havia mapa, n�o havia plano. Dumbledore os deixou perdidos na escurid�o, lutando com desconhecidas e inimagin�veis criaturas, sozinhos e sem ajuda: Nada era explicado, nada era f�cil, eles n�o tinha espada nenhuma, e agora, Harry n�o tinha varinha. E ele tinha deixado cair � foto do ladr�o, e certamente seria mais f�cil agora para Voldemort descobrir quem ele era...Voldemort tinha toda a informa��o agora...
-Harry?
Hermione olhou assustada por ele ter quase a azarado com sua varinha.Sua face marcada com l�grimas, ela se agachou ao seu lado, duas x�caras de ch� tremendo em suas m�os e alguma coisa volumosa embaixo de seu bra�o.
-Obrigado - ele disse, pegando uma das x�caras.
-Voc� se importa se eu falar com voc�?
-N�o - ele disse porque n�o queria chate�-la.
-Harry, voc� queria saber quem era o homem da foto.Bem...Eu consegui o livro.
Timidamente ela empurrou o livro no colo de Harry, uma aut�ntica c�pia do livro A vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore.
-Onde --- como ---?
-Ele estava na sala de estar da Bathilda, simplesmente l�... Esta nota estava em cima dele.
Hermione leu as poucas linhas escritas em ponta fina e de cor verde-lim�o em voz alta.
- �Querida Batty, Obrigado pela ajuda. Aqui est� uma c�pia do livro, espero que voc� goste. Voc� disse tudo, mesmo que n�o se lembre disto. Rita�. Eu acho que isso chegou enquanto a verdadeira Bathilda estava viva, mas talvez ela n�o estava em condi��es de l�-lo?
-N�o, ela provavelmente n�o estava.
Harry olhou para baixo no rosto de Dumbledore e presenciou o surgimento de um prazer selvagem: Agora ele saberia de todas as coisas que Dumbledore nunca havia achado que fossem importantes para dizer para ele, querendo Dumbledore ou n�o.
-Voc� ainda est� bravo comigo, n�o est�?- Hermione disse, ele olhou para cima para ver suas frescas l�grimas escapando dos olhos dela, e sabia que ele devia ter mostrado raiva em seu rosto.
-N�o - ele disse calmamente - N�o, Hermione, eu sei que foi um acidente. Voc� estava tentando nos tirar de l� vivos, e voc� foi incr�vel. Eu estaria morto se voc� n�o estivesse l� para me ajudar.
Ele tentou lhe dar um aguado sorrido, ent�o voltou sua aten��o ao livro. Sua lombada era espessa; claramente nunca havia sido aberto antes. Ele deu uma passada nas p�ginas, procurando por fotografias. Ele passou por uma que lhe chamou aten��o de primeira, o jovem dumbledore e um belo acompanhante, rindo de alguma piada esquecida. Harry dirigiu seus olhos para a legenda.
Alvo Dumbledore, algum tempo depois da morte de sua m�e, com seu amigo Gellert Grindelwald.
Harry mirou-se boquiaberto na �ltima palavra por um grande momento. Grindelwald. Seu amigo Grindelwald. Ele olhou para os lados, para Hermione, que ainda estava contemplando o nome como se ela n�o pudesse acreditar em seus olhos. Lentamente ela olhou para Harry.
-Grindelwald?
Ignorando as outras fotografias, Harry procurou nas p�ginas para a reapari��o daquele nome fatal. Rapidamente ele descobriu e leu com cobi�a, mas acabou perdido: Era necess�rio ir bem para tr�s para tudo isso fazer sentido, e eventualmente ele se encontrou no come�o do cap�tulo chamado: �O Bem Maior�. Juntos, ele e Hermione come�aram a ler:
�Agora se aproximando do seu anivers�rio de dezoito anos, Dumbledore deixou Hogwarts com um status de gl�ria --- Monitor Chefe, Ganhador do Barnabus Frinkley por Excepcional Lista de Feiti�os que conseguia fazer, O mais jovem Brit�nico Representante ao Winzengamot, Ganhador de uma Medalha de Ouro por uma contribui��o que fez para a Internacional confer�ncia de alquimia no Cairo. Dumbledore pretendia, depois, fazer uma grande viagem com Elphias �Bafo de Cachorro*� Doge, o est�pido, mas devoto assistente que ele tinha escolhido na escola.
Os dois jovens homens estavam hospedados no Caldeir�o Furado em Londres, preparando-se para partirem para a Gr�cia na manh� seguinte, quando uma Coruja chegou anunciando a morte da M�e de Dumbledore. �Bafo de Cachorro�, que se recusou a ser entrevistado para este livro, deu ao p�blico a sua vers�o sentimental sobre o que teria acontecido depois. Ele representa a morte de Kendra como um tr�gico impacto, e a decis�o de Dumbledore de desistir de sua expedi��o como um ato nobre de pr�prio sacrif�cio.
Certamente Dumbledore retornou a Godric�s Hollow imediatamente, supostamente para �cuidar� de seu irm�o e irm� mais novos. Mas quanto cuidado ele realmente deu a eles?
�Ele era um grande problema, aquele Aberforth�, disse Enid Smeek, de quem a fam�lia vivia nos arredores de Godric�s Hollow naquela �poca.�Enfureceu-se. Claro, com Pai e M�e ausentes voc� sentiria pena dele, somente ele continuou a tacar bosta de bode na minha cabe�a. Eu n�o acho que Alvo estava ligando para ele. De qualquer jeito, eu nunca os vi juntos�.
Ent�o o que Alvo estava fazendo, se n�o confortando seu rebelde irm�o mais novo? A resposta parece que est� certificando a continuidade do confinamento de sua irm�. Embora que seu primeiro guarda tenha morrido, n�o houve mudan�as na lament�vel condi��o de Ariana Dumbledore. Sua exist�ncia continuou a ser conhecida apenas por algumas pessoas, que como �Bafo de Cachorro�, poderiam contar a hist�ria para quem quisesse acreditar sobre a sua �sa�de ruim�.
Outro amigo facilmente satisfeito da fam�lia era Bathilda Bagshot, a famosa historiadora m�gica que viveu em Godric�s Hollow por muitos anos. Kendra, obviamente, havia rejeitado Bathilda quando ela foi dar �s boas vindas � fam�lia para a vila. Anos depois, no entanto, a autora mandou uma coruja para Alvo em Hogwarts, favoravelmente impressionada pelo seu papel em transforma��o de trans-esp�cies em Transfigura��o Hoje em Dia. Esse acordo incial levou a uma amizade com toda a fam�lia de Dumbledore. Na �poca que Kendra morreu, Bathilda era a �nica pessoa em Godric�s Hollow que tinha contato com a m�e de Dumbledore.
Infelizmente, a brilhante Bathilda agora era ofuscada. �O fogo esteve aceso, mas o caldeir�o vazio�, foi como Ivor Dillonsbry descreveu isso para mim, ou, em Enid Smeek, uma frase mais grosseira sua, �Ela est� totalmente louca�. Todavia, umas combina��es de tentadas-e-testadas t�cnicas de reportagem me permitiram extrair fatos concretos o bastante para juntar com o resto de toda essa escandalosa hist�ria.
Como todo o resto do Mundo Bruxo, Bathilda associa a morte prematura de Kendra a um feiti�o de contra-explos�o, hist�ria repetida por Dumbledore e Aberforth por muitos anos. Bathilda tamb�m mostrou a �rvore geneal�gica em Ariana, chamando-a de �fr�gil� e �delicada�. No entanto, em uma coisa, Bathilda valeu os esfor�os que tive procurando Veritaserum para ela, e ela sozinha, sabe da hist�ria completa do melhor segredo da vida de Alvo Dumbledore. Agora revelado pela primeira vez, pondo em d�vida tudo e todos aqueles admiradores que acreditavam em Dumbledore: sua suposta avers�o �s Artes das Trevas, sua oposi��o � opress�o dos Trouxas, at� mesmo sua dedica��o � fam�lia.
No mesmo ver�o que Dumbledore foi para casa em Godric�s Hollow, agora um �rf�o e chefe de fam�lia, Bathilda Bagshot concordou em aceitar em sua casa seu sobrinho-neto, Gellert Grindelwald.
O nome de Grindelwald � simplesmente famoso: Na lista dos Mais Perigosos Bruxos das Trevas de todos os tempos, ele s� perderia o primeiro lugar porque Voc�-Sabe-Quem chegou, uma gera��o depois, para roubar sua coroa. Como Grindelwald nunca espalhou seu terror para a Inglaterra, no entanto, os detalhes da ascen��o de seu poder n�o s�o totalmente conhecidos aqui.
Educado em Durmstrang, uma famosa escola por sua infeliz toler�ncia �s Artes das trevas, Grindelwald mostrou-se t�o precocemente brilhante quanto Dumbledore. Em vez de canalizar suas habilidades na obten��o de trof�us e pr�mios, no entanto, Gellert Grindelwald n�o se dedicou a nenhum destes prop�sitos. Em seus 16 anos de idade, nem Durmstrang podia mais fingir que n�o viam os distorcidos experimentos de Gellert Grindelwald, e assim ele foi expulso.
At� aqui, tudo o que se soube dos pr�ximos movimentos de Grindelwald � que ele �viajou por a� durante alguns meses�. Agora pode ser revelado que Grindelwald escolheu visitar sua tia-av� em Godric�s Hollow, e que l�, isso ir� ser intensamente chocante para quem ouvir isso, ele engatou uma amizade com ningu�m menos que Alvo Dumbledore.
�Ele parecia um garoto encantador, para mim�, murmura Bathilda, �seja l� o que for que ele se tornou depois. Naturalmente eu o apresentei ao pobre Alvo, que estava sentindo falta da companhia de algu�m da sua idade. Os dois se simpatizaram um com o outro logo de cara�.
Com certeza eles simpatizaram. Bathilda me mostrou uma carta, mantida por ela que Alvo Dumbledore mandou para Gellert Grindelwald na calada da noite.
�Sim, mesmo depois de terem passado o dia inteiro discutindo --- ambos brilhantes garotos, era como um caldeir�o em chamas --- �s vezes, eu ouvia uma coruja batendo na janela do quarto do Gellert, entregando uma carta de Alvo! Uma id�ia tinha brotado nele e ele precisava contar para Gellert imediatamente!�
E que id�ias que eles tinham. Profundamente chocante o fato que os f�s de Alvo Dumbledore ir�o saber disso, aqui est�o os pensamentos de um her�i de dezessete anos, transmitidos ao seu novo melhor amigo. (Uma c�pia original da carta pode ser vista na p�gina 463.).
Gellert ---
Seu ponto de vista sobre o dom�nio Bruxo pelo BEM DOS PR�PRIOS TROUXAS --- este, eu penso, � o ponto crucial. Sim, n�s temos dado poder e sim, aquele poder nos deus o direito � regra, mas tamb�m nos deus responsabilidades sobre a regra. N�s devemos destacar este ponto, ele vai ser � base de pedra sobre a qual n�s construiremos. Onde n�s fomos opostos, como certamente seremos, essa deve ser � base de todos os nossos contra argumentos. N�s tomamos o controle PELO BEM MAIOR. E a partir disso, se encontrarmos resist�ncia, n�s devemos apenas usar a for�a que for necess�ria, e nada mais, (esse foi o seu erro em Durmstrang! Mas eu n�o me queixo, afinal, se voc� n�o tivesse sido expulso n�s nunca nos encontrar�amos).
Alvo.
Surpresa e aprovada, como muitos dos admirados ir�o ficar, esta carta constitu�a o Estatuto do Segredo** e estabelecia as regras m�gicas sobre os Trouxas. Um golpe aos que sempre retrataram Dumbledore como o maior campe�o aos nascidos Trouxas! Qu�o vazios os discursos promovendo direitos aos Trouxas pareciam sob a luz dessa conden�vel nova evid�ncia! Qu�o desprez�vel Alvo Dumbledore aparecia, ocupado embalando sua subida para o poder enquanto ele deveria estar de luto por sua m�e e cuidando de sua irm�!Nenhuma d�vida que determinava manter Dumbledore em seu esfarelado pedestal iria permanecer que ele n�o tinha, depois de tudo, posto seus planos em a��o, que ele deveria ter sofrido uma mudan�a de cora��o, que ele voltara aos seus sentidos. No entanto, a verdade parece mais chocante ainda em um conjunto s�.
Apenas dois meses dentro de suas novas e grandes amizades, Dumbledore e Grindelwald separaram-se, para nunca mais se verem novamente at� eles se encontrarem no legend�rio duelo (para mais, veja cap�tulo 22).O que causou essa abrupta ruptura?Dumbledore tinha voltado aos seus sentidos? Teria ele dito a Grindelwald que ele n�o queria mais fazer parte dos planos? Ah, n�o.
�Foi a pobre Ariana morrendo, eu acho, que fez isso�, Diz Bathilda. �Veio como um terr�vel choque. Gellert estava l� na casa quando isto aconteceu, e ele voltou a minha casa cheio de temor, me contou que queria ir pra casa no pr�ximo dia. Terrivelmente angustiado, sabe. Ent�o eu lhe arranjei uma Chave do Portal e essa foi � �ltima vez que o vi�.
�Alvo estava com ele mesmo na morte de Ariana. Era t�o terr�vel para aqueles dois irm�os. Eles tinham perdido todo mundo exceto um ao outro. Nenhum bom temperamento se manifestava ali. Aberforth culpou Alvo, sabe, como as pessoas ir�o perguntar essas terr�veis circunst�ncias. Mas Aberforth sempre falava um pouco furioso, pobre garoto. Ao mesmo tempo, o nariz quebrado de Alvo n�o estava decente. Isto destruiria Kendra se ela visse seus filhos lutando daquele jeito, perto do corpo de sua filha. Envergonhado Gellert n�o poderia ter ficado para o funeral... Ao menos ele teria sido um conforto para Alvo..�. A disputa ao lado do caix�o, conhecida apenas pelos poucos presentes no funeral de Ariana Dumbledore, gerou v�rias d�vidas. Por que exatamente Aberforth culpava Alvo pela morte da irm�? Era isso, como se fingisse de louco, uma mera efus�o de sofrimento? Ou ali poderia haver mais algumas concretas raz�es para a sua f�ria? Grindelwald expulso de Durmstrang pelos fatais ataques aos estudantes da escola, fugiu do pa�s horas depois da morte da garota, e Alvo (envergonhado ou com medo?) nunca o viu novamente, n�o at� ser for�ado a faz�-lo por pedido do Mundo Bruxo.
Nem Dumbledore nem Grindelwald alguma vez parecerem se referir as suas amizades de inf�ncia, posteriormente em suas vidas. No entanto, n�o pode haver nenhuma d�vida que Dumbledore adiou, por cinco anos de tumultos, fatalidades e desaparecimentos, seu ataque sobre Gellert Grindelwald. Era ima ligeira afei��o pelo homem, ou medo de expor, como um dia tendo sido seu melhor amigo, que fez Dumbledore hesitar? Era somente relutante que Dumbledore tomou a iniciativa para capturar o homem que uma vez ele estava t�o feliz em conhecer?
E como a misteriosa Ariana morreu? Fora ela uma vitima inadvertida de algum ritual das trevas? Teria ela falhado em algo que n�o deveria ter feito, como os dois jovens homens sentados praticando para a sua tentativa de gl�ria e dom�nio? Ser� que � imposs�vel que Ariana tenha sido a primeira pessoa a morrer �pelo bem maior?��
O cap�tulo terminava aqui e Harry olhou para cima.Hermione tinha chegado ao fim da p�gina antes dele.Ela puxou o livro da m�o de Harry, parecendo um pouco alarmada, e fechou o livro sem olhar para ele, como se estivesse escondendo alguma coisa indecente.
- Harry...
Mas ele chacoalhou a cabe�a. Algo dentro dele certamente havia batido; era exatamente a mesma sensa��o de quando Rony partiu. Ele tinha confiado em Dumbledore, acreditado nele: a personifica��o da bondade, intelig�ncia e bom senso.Tudo estava escuro: Quando mais ele poderia perder? Rony, Dumbledore, a varinha de f�nix...
-Harry - Ela perecia ter ouvido os pensamentos dele. - Escute-me. Isso --- Isso n�o foi uma coisa muito boa de se ler ---.
-�, voc� poderia dizer isso ---
-...Mas n�o se esque�a, Harry, que � a Rita Skeeter escrevendo.
-Voc� leu a carta ao Grindelwald, n�o leu?.
-Sim, Eu --- Eu li - Ela hesitou, parecendo chateada, segurando seu ch� nas m�os geladas.
-Eu acho que essa � a pior parte.Eu sei que Bathilda achava que tudo isso era s� uma conversa, mas �pelo bem maior� se tornou o slogan de Grindelwald, e a sua justificativa para todas as atrocidades que ele cometeu mais tarde. E...A partir disso...Parece que Dumbledore deu a id�ia para ele. Eles dizem que �Pelo Bem Maior� estava inclusive gravado na entrada de Nurmengard.
-O que � Nurmengard?
-A pris�o que Grindelwald tinha constru�do para prender seus oponentes.Acabou que ele mesmo foi preso ali, uma vez que Dumbledore o pegou.De qualquer jeito, � --- � um pensamento horr�vel que as id�ias de Dumbledore tenham ajudado Grindelwald a subir ao poder. Mas por outro lado, mesmo Rita n�o pode fingir que eles se conheciam um ao outro h� mais de alguns meses, durante um ver�o quando os dois eram realmente muito jovens, e ---
-Eu achei que voc� iria dizer isso - Harry disse. Ele n�o queria descontar sua raiva nela, mas era dif�cil manter sua voz est�vel.
-Eu achei que voc� diria �Eles eram jovens�. Eles estavam na mesma idade que n�s estamos agora. E olho s� para n�s, arriscando nossas vidas para lutar contra as Artes das Trevas, e l� estava ele, em um grupo, com seu novo melhor amigo tramando a sua ascens�o sobre os Trouxas.
O seu temperamento n�o permaneceria em choque por muito tempo. Ele se levantou e foi dar uma volta, tentando se distrair.
-Eu n�o estou tentando defender o que Dumbledore escreveu - disse Hermione.
-Todo aquele lixo de �direito sobre a regra� � �Magia � Poder�, tudo de novo. Mas Harry, a m�e dele tinha acabado de morre, ele estava preso sozinho em casa ---
-Sozinho? Ele n�o estava sozinho! Ele tinha o seu irm�o e a sua irm� para companhia, a sua irm� abortada que ele mantinha trancada ---
-Eu n�o acredito nisso - disse Hermione.Ela se levantou tamb�m. - Seja l� o que havia de errado com aquela garota, eu n�o acho que ela era um Aborto. O Dumbledore que agente conhecia nunca, j� mais permitiria ---
-O Dumbledore que n�s ach�vamos que conhec�amos n�o iria querer conquistar Trouxas � for�a! - Harry gritou, sua voz ecoou por toda a vazia encosta, e v�rios corvos subiram ao ar, gritando e espiralando contra o c�u perolado.
-Ele mudou, Harry, ele mudou! � tudo muito simples! Talvez ele realmente acreditava naquelas coisas quando ele tinha dezessete anos, mas por todo o resto de sua vida ele se dedicou a lutar contra as Artes das Trevas! Dumbledore foi quem parou Grindelwald, foi quem sempre votou para a prote��o dos Trouxas e para os direitos dos nascidos Trouxas, quem lutou contra Voc�-Sabe-Quem desde o come�o, e quem morreu tentando acabar com ele!
O livro de Rita caiu no ch�o entre eles, de um modo que a face de Alvo Dumbledore sorria tristemente para ambos.
-Harry, sinto muito, mas eu acho que a verdadeira raz�o para voc� estar t�o bravo � que Dumbledore nunca lhe contou nada disso, nada dele mesmo.
-Talvez eu esteja! - Harry berrou, e ele levou suas m�os at� a cabe�a, quase n�o sabendo se estava tentando conter sua raiva ou proteg�-lo do peso de sua desilus�o -Olhe o que ele pediu pra mim, Hermione! Arrisque sua vida, Harry! E de novo! E de novo! E n�o espere que eu te explique tudo, apenas confie em mim cegamente, confie que eu sei o que eu estou fazendo, confie mim mesmo que eu n�o confie em voc�! Nunca toda a verdade! Nunca!
Sua voz falhou com a tens�o, e eles olhavam um para o outro dentro do vazio, e Harry se sentiu como se eles fossem insignificantes como insetos sob esse largo c�u.
-Ele te amava - Hermione sussurrou - Eu sei que ele te amava.
Harry abaixou seus bra�os.
-Eu n�o sei quem ele amava, Hermione, mas n�o nunca deve ter sido eu. Isto n�o � amor, a bagun�a em que ele me deixou dentro. Ele dividiu uma maldita vis�o a mais do que ele realmente estava pensando com Gellert Grindelwald que ele nunca dividiu comigo.
Harry pegou a varinha de Hermione, a qual ele tinha derrubado na neve, e se sentou de costas na entrada da tenda.
-Obrigado pelo ch�. Eu irei terminar de vigiar. Voc� volte para dentro.
Ela hesitou, mas reconheceu a derrota. Ela pegou o livro e ent�o andou de volta para tenda, mas como havia feito, ela acariciou o topo da cabe�a dele ligeiramente com sua m�o. Ele fechou os olhos com o seu toque, e se odiou por desejar que o que ela disse fosse verdade: que Dumbledore realmente se importava.
Nota da Editora (Juliana Badin):
*Dodbreath, no original.
** Statute of Secrecy, no orginal.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por F�
Revisado por Dioh T. Borges
- CAP�TULO DEZENOVE -
A Cor�a Prateada
Estava chovendo na hora em que a Hermione olhou o rel�gio de pulso � meia-noite. Os sonhos do Harry eram confusos e perturbadores: Nagini passeava por eles, primeiro atrav�s de uma guirlanda de Natal de rosas. Ele acordou repetidamente, em p�nico, convencido de que algu�m o gritara � dist�ncia, imaginando que o vento chicoteando a barraca fossem passos ou vozes.
Finalmente, ele acordou na escurid�o e juntou-se a Hermione, que estava encolhida na entrada da barraca lendo A Hist�ria da Magia iluminada por sua varinha. A neve ca�a densamente e ela recebeu a sugest�o dele de fazer as malas cedo e seguir em frente com al�vio.
- Vamos para algum lugar mais abrigado, - ela concordou, tremendo enquanto vestia uma blusa por cima de seu pijama. - Eu n�o paro de pensar que ou�o pessoas andando l� fora. Eu at� pensei ter visto algu�m uma ou duas vezes.
Harry parou o ato de vestir sua blusa e olhou para o silencioso e im�vel bisbilhosc�pio na mesa.
- Tenho certeza de que imaginei isso, - disse Hermione, aparentando estar nervosa. - A neve e a escurid�o pregam pe�as aos nossos olhos� Mas talvez n�s dev�ssemos Disaparatar debaixo da Capa da Invisibilidade, s� para garantir.
Meia hora depois, com a barraca empacotada, Harry usando o Horcrux, e Hermione segurando a mochila enfeitada, eles Disaparataram. A rijeza usual os tragou; os p�s de Harry se separaram do ch�o cheio de neve, depois ca�ram com um baque no que parecia ser um ch�o de terra congelada coberto de folhas.
- Onde estamos? - ele perguntou, examinando o recente grande n�mero de �rvores enquanto Hermione abria a mochila enfeitada e come�ava a retirar as varetas da barraca.
- A Floresta de Dean, - ela disse, - eu vim acampar aqui uma vez com a minha m�e e com o meu pai.
Aqui tamb�m havia neve nas �rvores em volta e estava amargamente frio, mas eles estavam ao menos protegidos do vento. Eles passaram a maior parte do dia dentro da barraca, encolhidos para se aquecerem nas �teis chamas azul-claro que Hermione era perita em produzir as quais podiam ser presas e carregadas num jarro. Harry sentia-se como se estivesse recuperando-se de uma breve, por�m severa doen�a, uma impress�o refor�ada pela preocupa��o de Hermione. Naquela tarde, flocos gelados ca�am sobre eles, por isso que at� a clareira de abrigo deles possu�a uma pequena quantidade de neve.
Ap�s duas noites de pouqu�ssimo sono, os sentidos de Harry pareciam mais alertas do que o normal. A fuga deles de Godric�s Hollow foi t�o por pouco, que Voldemort parecia mais perto que antes, mais amea�ador. Com a chegada novamente da escurid�o, Harry recusou a oferta de Hermione para a guarda e mandou-a dormir.
Harry colocou um velho travesseiro na porta de entrada da barraca e se sentou, usando todas as blusas que ele possu�a, mas mesmo assim tremendo. A escurid�o se aprofundou com o passar das horas at� ficar virtualmente impenetr�vel. Ele estava pensando em pegar o Mapa do Maroto, para olhar o pontinho da Gina por um tempo, antes de lembrar que j� era os feriados de Natal e que ela j� devia estar de volta � Toca.
Cada m�nimo movimento parecia ampliado na vastid�o da floresta. Harry sabia que ela deveria estar cheia de criaturas vivas, mas ele desejava que elas todas continuassem em sil�ncio e sossegadas para que ele separasse os inocentes passeios e correrias de barulhos que poderiam indicar outros movimentos sinistros. Ele se lembrou do som de uma capa sobre as folhas mortas h� muitos anos e, ao mesmo tempo, ele pensou t�-lo ouvido outra vez antes de tremer. Os feiti�os protetores deles haviam funcionado por semanas; por que eles n�o iriam funcionar agora? Mas, mesmo assim, ele n�o conseguia se livrar do sentimento de que aquela noite era diferente.
V�rias vezes ele acordava assustado, com o pesco�o doendo porque havia pegado no sono, encostado num �ngulo esquisito ao lado da barraca. A noite alcan�ou tamanha profundeza de negrume aveludado que talvez ele estivesse suspenso naquele limbo entre Aparata��o e Disaparata��o. Ele havia acabado de erguer a m�o na frente de seu rosto para ver se ele conseguia enxergar seus dedos quando aconteceu.
Uma luz branca e clara apareceu bem frente dele, se movendo por entre as �rvores. Qualquer que fosse a fonte, ela se movia sem sons. A luz parecia simplesmente vir em dire��o a ele.
Ele ficou de p� num salto, sua voz congelou em sua garganta e ele ergueu a varinha da Hermione. Ele cerrou os olhos quando a luz ficou cegante, as �rvores na frente dela aparentavam uma silhueta preta e, ainda assim, a coisa chegava mais perto�
Da� a fonte da luz saiu por detr�s de um velho carvalho. Era uma cor�a branco-prateada, da cor da lua e ofuscante, fazendo seu caminho por sobre o ch�o, ainda sem emitir som, e sem deixar pegadas de seus cascos na fina camada de neve. Ela caminhou em dire��o a ele, com sua bela cabe�a e seus olhos largos de c�lios grandes erguidos.
Harry fitou a criatura, completamente maravilhado, n�o pela estranheza dela, mas pela inexplic�vel familiaridade. Ele se sentia como se esperasse ela vir, mas que ele havia esquecido, at� este momento, que eles haviam combinado de se encontrar. Seu impulso de gritar pela Hermione, que havia sido t�o forte um instante atr�s, tinha desaparecido. Ele sabia, colocaria sua vida em jogo por isso, que ela havia vindo por ele, e s� por ele.
Eles se olharam por v�rios momentos e depois ela se virou e foi embora.
- N�o, - ele disse, sua voz estava rouca devido � falta de uso. - Volte!
Ela continuou a andar deliberadamente em dire��o �s �rvores, e logo seu brilho estava listrado pelos grossos e pretos troncos de �rvores. Por um tr�mulo segundo, ele hesitou. A precau��o lhe murmurou que isso poderia ser um truque, uma isca, uma armadilha. Mas o instinto, um instinto opressivo, lhe disse que isso n�o era Arte das Trevas. Ele disparou em busca dela.
A neve se triturava ruidosamente debaixo de seus p�s, mas a cor�a n�o fez barulho enquanto passava por entre as �rvores, pois ela era muito leve. Ela o conduziu cada vez mais adentro da floresta, e Harry andava rapidamente, certo de que quando ela parasse, ela o permitiria que se aproximasse mais. E depois ela falaria e a voz lhe diria o que ele precisava saber.
Finalmente, ela fez uma parada. Ela virou sua bela cabe�a para ele mais uma vez, e ele disparou numa corrida, com uma pergunta queimando dentro dele, mas quando ele abriu seus l�bios para perguntar, ela desapareceu.
Apesar da escurid�o a engolir por completo, sua imagem brilhante ainda estava impressa nas retinas dele; isso escureceu a vis�o dele, brilhando enquanto ele abaixa as suas p�lpebras, desorientando-o. Agora veio o medo: a presen�a dela significara seguran�a.
- Lumos! - ele sussurrou, e a ponta da varinha se acendeu.
Os vest�gios da cor�a iam desaparecendo a cada piscar de olhos enquanto ele ficava ali, ouvindo os sons da floresta, distantes quebrares de galhos, suaves assobios de neve. Ser� que ele estava prestes a ser atacado? Ser� que ela havia o atra�do para uma emboscada? Ser� que ele estava imaginando algu�m que estava al�m do alcance da luz de sua varinha, observando-o?
Ele ergueu mais varinha. Ningu�m o atacou, nenhuma luz verde saiu de repente por detr�s de alguma �rvore. Por que, ent�o, ela o havia trazido at� este lugar?
Algo cintilou na luz da varinha, Harry se virou, mas tudo que havia era uma po�a pequena e congelada, com sua superf�cie negra e quebrada irradiando enquanto ele erguia sua varinha para examin�-lo.
Ele seguiu em frente bem conscientemente e olhou para baixo. O gelo refletiu sua sombra distorcida e o clar�o da luz da varinha, mas debaixo da carapa�a grossa, cinza e sombria outra coisa brilhou. Uma grande cruz de prata�
Seu cora��o veio parar na boca: ele caiu de joelhos �s margens da po�a e deixou a varinha em um �ngulo como se fosse inundar o fundo da po�a com o m�ximo de luz poss�vel. Um lampejo vermelho profundo� era uma espada de rubis cintilantes no seu cabo� a espada de Griffindor estava no fundo da po�a da floresta.
Quase sem conseguir respirar, ele fitou-a. Como isso era poss�vel? Como ela veio parar numa po�a na floresta, t�o perto do lugar em que eles estavam acampando? Ser� que alguma magia desconhecida havia atra�do Hermione para esse lugar, ou ser� que a cor�a era, o que ele pensara ser um Patrono, algum tipo de guardi� da po�a? Ou ser� que a espada foi posta depois que eles chegaram, precisamente porque eles estavam ali? Em quaisquer das situa��es, onde estava a pessoa que queria pass�-la ao Harry? Mais uma vez, ele apontou a varinha para as �rvores e arbustos, buscando por um contorno humano, por um reflexo no olho, mas ele n�o conseguiu ver ningu�m l�. Ainda assim, um pouco mais de medo fermentou sua alegria enquanto ele voltava sua aten��o para a espada que repousava no fundo da po�a congelada.
Ele apontou a varinha para o formato prateado e murmurou, �Accio Espada.�
Ela n�o se moveu. Ele n�o esperava que isso acontecesse. Se fosse t�o f�cil assim a espada estaria no ch�o para ele a pegar, n�o no fundo de uma po�a congelada. Ele come�ou a dar voltas na po�a, pensando atentamente na �ltima vez que a espada havia aparecido para ele por conta pr�pria. Ele estava correndo grande perigo naquela vez e havia pedido ajuda.
- Socorro, - ele murmurou, mas a espada continuou no fundo da po�a, indiferente, im�vel.
O que, Harry se perguntou (andando novamente), o Dumbledore tinha lhe dito a �ltima vez que ele tinha recuperado a espada? Somente algu�m verdadeiramente de Grifin�ria poderia ter a tirado do chap�u. E quais eram as qualidades que definiam algu�m ser da Grifin�ria. Uma pequena voz dentro da cabe�a de Harry respondeu: ousadia, sangue-frio e nobreza destacam os alunos da Grifin�ria dos demais.
Harry parou de andar e soltou um longo suspiro, seu h�lito esfuma�ado dispersando rapidamente no ar congelado. Ele sabia o que tinha que fazer. Se ele fosse honesto consigo mesmo, ele sabia que iria dar nisso desde o momento em que viu a espada no gelo.
Ele observou as �rvores que o cercava novamente, mas estava convencido agora de quem ningu�m o iria atacar. Eles tiveram suas chances enquanto ele caminhava sozinho pela floresta, tiveram in�meras oportunidades enquanto ele examinava a po�a. O �nico motivo de demorar tanto assim era porque a perspectiva imediata era extremamente desencorajadora.
Com dedos desajeitados, Harry come�ou a tirar suas muitas camadas de roupas. O que �nobreza� tem a ver com isso, ele pensou pesarosamente, ela n�o tinha total certeza, a n�o ser que fosse nobre ele n�o chamar a Hermione para fazer no lugar dele.
Uma coruja piou em algum lugar enquanto ele se despia, e ele pensou com uma pontada em Edwiges. Agora ele estava tremendo, seus dentes batendo horrivelmente, mas, mesmo assim, ele continuou a se despir at� finalmente estar apenas de cueca e p�s descal�os na neve. Ele colocou a bolsa contendo sua varinha, a carta da sua m�e, o peda�o do espelho de Sirius e o velho Pomo em cima das suas roupas, e depois ele apontou a varinha de Hermione para o gelo.
- Diffindo.
Ele quebrou o sil�ncio como se fosse um proj�til. A superf�cie da po�a se quebrou e peda�os grossos de gelo escuro ca�ram na �gua. Pelo que Harry p�de perceber, n�o era funda, mas para pegar a espada ele teria que submergir completamente.
Contemplar a obriga��o n�o ia fazer dela mais f�cil nem da �gua mais quente. Ele pisou na margem da po�a e colocou a varinha de Hermione no ch�o, ainda acesa. E tentando n�o imaginar o qu�o frio ele estava prestes a ficar ou a viol�ncia com que ele estaria tremendo em breve, ele pulou.
Cada poro do seu corpo gritou em protesto. O ar em seus pulm�es parecia congelar quando ele estava submergido at� os ombros na �gua congelante. Ele mal conseguia respirar: tremendo t�o violentamente que a �gua espirrava para fora da po�a, ele procurou a l�mina com seu p� dormente. Ele queria mergulhar uma vez s�.
Harry adiou o momento de total submers�o segundo a segundo, ofegante e tremendo, at� ele se convencer de que devia ser feito, juntou toda a sua coragem e mergulhou.
O frio era agonizante: atacou-o feito fogo. At� seu pr�prio c�rebro parecia ter congelado quando ele foi afundando para ao fundo da �gua escura e estendeu a m�o, agarrando a espada. Seus dedos se fecharam em volta do cabo; ele a puxou para cima.
Foi a� que algo se enrolou apertado em volta de seu pesco�o. Ele pensou em ervas aqu�ticas, apesar de nada ter se prendido a ele quando ele mergulhou, e ergueu sua m�o para se livrar. N�o eram ervas: a corrente da Horcrux havia apertado e estava aos poucos comprimindo sua traqu�ia-art�ria.
Harry esperneava de um modo selvagem, tentando subir � tona, mas ele mal conseguiu chegar at� o lado rochoso da po�a. Debatendo-se, sufocando, ele lutou contra a corrente estrangulante, seus dedos congelados n�o conseguiam solt�-la, e agora pequenas luzes come�avam a aparecer na sua cabe�a, e ele iria se afogar, n�o havia outra sa�da, nada que ele pudesse fazer, e os bra�os que se fecharam ao redor do seu peito eram com certeza da Morte�
Asfixiando-se e quase vomitando, ensopado e com um frio que ele nunca sentiu na vida, ele ficou de cara na neve. Em algum lugar, ali por perto, outra pessoa estava ofegante e tossindo e cambaleando, Hermione havia chegado de novo, assim como ela chegou quando a cobra o atacou...todavia, n�o soava como ela, n�o com aquelas tosses intensas, sem falar no peso dos passos.
Harry n�o tinha for�as para erguer a cabe�a e ver a identidade do seu salvador. Tudo que ele conseguiu fazer foi erguer sua m�o tr�mula at� sua garganta e sentir o local em que o medalh�o havia cortado seu pesco�o. Ele havia sumido. Algu�m havia o cortado e o libertado. Ent�o uma voz ofegante falou sobre a cabe�a dele.
- Voc� -- � -- retardado?
Nada al�m do choque de ouvir aquela voz poderia ter dado a Harry a for�a para se levantar. Tremendo violentamente, ele cambaleou at� ficar em p�. Ali na frente dele estava Rony, totalmente vestido, mas encharcado dos p�s � cabe�a, o cabelo pregado ao rosto, a espada de Griffindor em uma m�o e o Horcrux pendurado na corrente quebrada na outra.
- Por que diabos - ofegou Rony, segurando o Horcrux, que balan�ava para frente e para tr�s na sua corrente diminu�da num tipo de par�dia de hipnose, voc� n�o tirou essa coisa antes de mergulhar?
Harry n�o conseguiu responder. A cor�a de prata n�o era nada, nada comparada ao reaparecimento de Rony; ele n�o acreditava. Tremendo de frio, ele pegou a pilha de roupas ainda �s margens da po�a e come�ou a coloc�-las. Enquanto ele punha uma blusa atr�s da outra, Harry encarava Rony, meio que esperando que ele desaparecesse toda vez que ele o perdia de vista, mas mesmo assim era real: ele tinha acabado de mergulhar na po�a, ele tinha salvo a vida de Harry.
- Foi v-voc�? - disse Harry finalmente, os dentes batendo, sua voz mais fraca do que nunca devido ao quase estrangulamento.
- Bem, foi, - disse Rony, parecendo ligeiramente confuso.
- V-voc� conjurou aquela cor�a?
- O qu�? N�o, � claro que n�o! Achei que foi voc� que o conjurou!
- O meu patrono � um veado adulto.
- Ah, �. Achei que estava diferente mesmo. N�o tinha chifres.
Harry colocou o travesseiro de Hagrid de volta em seu pesco�o, colocou sua �ltima blusa, curvou-se para pegar a varinha da Hermione e encarou o Rony novamente.
- Como voc� veio parar aqui?
Aparentemente Rony esperava que isso fosse acontecer depois, se fosse o caso.
- Bom, eu -- voc� sabe -- eu voltei. Se-- - Ele limpou a garganta. - Voc� sabe. Se voc� ainda me quiser.
Houve uma pausa, na qual o assunto da partida de Rony parecesse erguer uma parede entre os dois. Por�m, ele estava ali. Ele retornara. Ele havia acabado de salvar a vida do Harry.
Rony olhou para baixo, para suas m�os. Ele parecia momentaneamente surpreso em ver as coisas que estava segurando.
- Ah �, eu peguei, - ele disse, praticamente desnecessariamente, erguendo para que Harry inspecionasse a espada. - Foi por isso que voc� pulou, n�o �?
- Foi, - disse Harry. - Mas eu n�o entendo. Como voc� veio parar aqui? Como nos achou?
- � uma longa hist�ria, - disse Rony. - Estive procurando voc�s h� horas, essa floresta � grande, n�o �? E eu comecei a achar que ia ter que dormir debaixo de alguma �rvore e esperar amanhecer quando eu vi aquele cervo vindo e voc� o seguindo.
- Voc� n�o viu mais ningu�m?
- N�o, - disse Rony. - Eu --
Mas ele hesitou, olhando para duas �rvores que cresciam juntas h� alguns metros de dist�ncia.
- Tenho quase certeza de que vi alguma coisa se mover logo ali, mas eu estava correndo para a po�a naquela hora, porque voc� mergulhou e n�o subia, da� eu n�o ia dar uma volta e -- ei!
Harry j� havia disparado para o local que o Rony havia indicado. Os dois carvalhos cresciam juntos, s� havia o espa�o de alguns cent�metros entre os troncos visto a olho nu, um lugar ideal para se ver, mas n�o para se ser visto. O ch�o ao redor das folhas, entretanto, estava livre de neve, e Harry n�o conseguia ver sinais de pegadas. Ele voltou at� onde Rony estava esperando, ainda segurando a pesada e o Horcrux.
- Achou alguma coisa? - perguntou Rony.
- N�o, - disse Harry.
- Como a espada foi parar na po�a, ent�o?
- Seja l� quem conjurou o Patrono deve ter a posto l�.
Ambos olharam para a espada de prata ornada, com seu cabo de rubis cintilando o suficiente � luz da varinha de Hermione.
- Voc� acha que esta � a verdadeira? - perguntou Rony.
- S� tem um jeito de descobrir, n�o �? - disse Harry.
O Horcrux ainda estava balan�ando na m�o de Rony. O medalh�o estava praticamente caindo. Harry sabia que a coisa dentro dele estava inquieta outra vez. Havia sentido a presen�a da espada e havia tentado matar Harry para n�o deixar que ele a pegasse. Agora n�o era a hora de discuss�es longas; agora era o momento de destruir de uma vez por todas. Harry olhou em volta, segurando a varinha de Hermione no alto, e viu o lugar: uma pedra achatada na sombra de um sic�moro.
- Venha aqui. - ele disse e guiou o caminho e estendeu a m�o para o Horcrux. Quando Rony lhe entregou a espada, entretanto, Harry balan�ou sua cabe�a.
- N�o, voc� devia fazer isto.
- Eu? - disse Rony, aparentando chocado. - Por qu�?
- Porque voc� tirou a espada da po�a. Acho que voc� deve fazer.
Ele n�o estava sendo gentil ou generoso. T�o certo quanto ele estava de que a cor�a era benigna, ele sabia que Rony era quem devia empunhar a espada. Dumbledore havia, ao menos, ensinado ao Harry algo sobre certos tipos de magia, do poder incalcul�vel de certos atos.
- Eu vou abrir, - disse Harry, - e voc� ir� golpe�-lo. Imediatamente, certo? Porque seja l� o que estiver a� dentro, ir� lutar. O pouquinho de Riddle no Di�rio tentou me matar.
- Como voc� vai abri-lo? - perguntou Rony. Ele aparentava aterrorizado.
- Vou pedir para que ele se abra, usando L�ngua de Cobra, - perguntou Rony. A resposta veio t�o instantaneamente em seus l�bios que ele pensou j� sab�-la sempre bem fundo: talvez foi necess�rio o seu recente encontro com a Nagini para ele perceber isso. Ele olhou para o sinuoso S, cravado � pedras verdes cintilantes: era f�cil visualizar uma min�scula cobra, enrolada na pedra fria.
- N�o! - disse Rony. - N�o abra! Estou falando s�rio!
- Por que n�o? - perguntou Harry. -Vamos nos livrar dessa desgra�a. Faz meses que--
- Eu n�o consigo, Harry, � s�rio -- faz voc� --
- Mas por qu�?
- Porque essa coisa � ruim para mim, - disse Rony, se afastando do medalh�o na pedra. - Eu n�o dou conta! N�o estou inventando desculpas, pelo jeito que eu era, mas ele me afeta de uma maneira pior do que afeta voc� ou a Hermione, ele me fez pensar em coisas -- coisas que eu j� estava pensando mesmo, mas ele fez tudo pior. N�o d� para explicar, depois que o tirei e minha cabe�a voltou ao lugar outra vez, depois eu tive que colocar essa desgra�a de volta -- eu n�o consigo, Harry!
Ele havia recuado, a espada puxuando-o para o lado, balan�ando a cabe�a.
- Voc� consegue, - disse Harry, - voc� consegue! Voc� acabou de pegar a espada, eu sei que voc� � quem deve us�-la. Por favor, livre-se disto, Rony.
O som de seu nome pareceu agir como um estimulante. Rony engoliu em seco, depois ainda respirando com dificuldades atrav�s do seu longo nariz, voltou-se para a pedra.
- Me fala quando estiver pronto, - ele falou com a voz �spera.
- No tr�s, -disse Harry, olhando para tr�s para o medalh�o e cerrando seus olhos, concentrando-se na letras S, imaginando uma serpente, enquanto o conte�do do medalh�o chacoalhava como uma barata encurralada. Iria ser f�cil compadecer-se dele, a n�o ser pelo corte no pesco�o do Harry que ainda queimava.
- Um� dois� tr�s� abra.
A �ltima palavra soou como um assobio �spero e as portas dourados do medalh�o se abriram com um pequeno estalido.
Por detr�s das duas janelas de vidro, de dentro piscou um olho vivo, escuro e belo como os olhos de Tom Riddle eram antes de se tornarem vermelhos e com pupilas verticais.
- Crave a espada, - disse Harry, segurando o medalh�o firme na rocha.
Rony ergueu a espada com suas m�os tr�mulas: a mira balan�ava freneticamente sobre os olhos girat�rios, e Harry agarrou o medalh�o veementemente, apertando forte, j� imaginando o sangue escorrendo nas janelas vazias.
Da� uma voz assobiou de dentro do Horcrux.
- Eu vi o seu cora��o e ele � me.
- N�o d� ouvidos a ele, - disse Harry rudemente. - Apunhale-o!
- Eu vi os seus sonhos, Ronald Weasley, e eu vi os seus medos. Todos os seus desejos s�o poss�veis, mas tudo que voc� tanto teme tamb�m � poss�vel�
- Apunhale-o! - gritou Harry, sua voz ecoou al�m das �rvores ao redor, a ponta da espada tremeu e Rony olhou fixamente para os olhos de Riddle.
- O menos amado, sempre, por uma m�e que ansiava por uma filha � O menos amado, agora, pela garota que prefere seu amigo� O segundo melhor, sempre, eternamente ofuscado�
- Rony, apunhale-o j�! - Harry berrou: ele podia sentir o medalh�o estremecer em sua m�o e estava com medo do que estava por vir. Rony ergueu a espada ainda mais alto, e ao fazer isso, os olhos de Riddle brilharam vermelhos.
Do lado de fora das duas janelas do medalh�o, fora dos olhos, ali aparecia, como duas bolhas grotescas, as cabe�as de Harry e Hermione, estranhamente distorcidas.
Rony gritou em choque e recuou enquanto as figuras floresciam para fora do medalh�o, primeiro o peitoral, depois a cintura, depois as pernas, at� eles ficarem na frente do medalh�o, lado ao lado como �rvores de ra�zes comuns, balan�ando na dire��o do Rony e do Harry verdadeiro, que havia tirado seus dedos do medalh�o quando ele come�ou a queimar e a ficar branco intenso.
- Rony! - ele gritou, mas o Riddle-Harry estava agora falando com a voz de Voldemort e Rony estava fitando-o, fascinado, seu rosto.
- Por que voltou? Est�vamos melhores sem voc�, mais felizes sem voc�, radiantes com a sua aus�ncia� N�s rimos da sua estupidez, da sua covardia, da sua presun��o --
- Presun��o! - ecoou o Riddle-Hermione, que era mais bonita e ainda mais terr�vel do que a verdadeira Hermione: ela balan�ava, gargalhando, na frente do Rony, que parecia aterrorizado e, ainda, paralisado, segurando a espada sem mirar ao seu lado. - Quem olharia para voc�, quem alguma vez olharia para voc� al�m do Harry Potter? O que voc� j� fez, comparado ao Escolhido? O que voc� �, comparado ao Garoto-Que-Sobreviveu?
- Rony, golpei-o, GOLPEI-O! - Harry berrou, mas Rony n�o se moveu. Seus olhos estavam arregalados, e o Riddle-Harry e o Riddle-Hermione estavam refletidos neles, seus cabelos caindo como fogo, seus olhos brilhavam vermelhos, suas vozes geravam um dueto maligno.
- Sua m�e confessou, - zombou Riddle-Harry, enquanto Riddle-Hermione ria dissimuladamente, - que preferia a mim como filho, que ficaria feliz em fazer uma troca�
- Quem n�o iria preferir ele, que mulher iria aceit�-lo, voc� n�o � nada, nada, nada compara a ele, - sussurrou Riddle-Hermione, e ela se esticou como uma cobra e se entrela�ou no Riddle-Harry, envolvendo-o num abra�o apertado: os l�bios deles se encontraram.
No ch�o em frente deles, o rosto de Rony estava cheio de agonia, ele ergueu a espada bem alto, com os bra�os tremendo.
- Fa�a, Rony, - gritou Harry.
Rony olhou para a dire��o dele e Harry pensou ter visto um tra�o vermelho em seus olhos.
- Rony --?
As espada flamejou e cravou-se : Harry se jogou do caminho, houve um tinido de metal e um longo grito. Harry girou, escorregando na neve, com a varinha pronta para se defender, mas n�o havia mais nada para lutar.
As monstruosas vers�es dele e da Hermione desapareceram: s� havia Rony, ali parado segurando a espada de maneira frouxa em suas m�os, olhando para baixo, para os restos despeda�ados do medalh�o na rocha achatada.
Devagar, Harry caminhou em dire��o a ele, sem saber o que dizer ou o que fazer. Rony estava respirando pesadamente: seus olhos n�o estavam mais vermelhos, estavam seu azul normal: estavam tamb�m molhados.
Harry se inclinou para frente, fingindo que n�o vira, e apanhou o Horcrux quebrado. Rony havia furado o vidro das duas janelas: os olhos do Riddle haviam desaparecido e a seda manchada que sa�a do medalh�o era apenas fuma�a. A coisa que vivia no Horcrux havia desaparecido; torturar o Rony tinha sido seu �ltimo ato. A espada cravou no ch�o quando Rony a derrubou. Ele havia se afundado em seus joelhos, com a cabe�a em seus bra�os. Ele estava tremendo, mas n�o, Harry percebeu, de frio. Harry enfiou o medalh�o quebrado dentro do seu bolso, ajoelhou ao lado de Rony e colocou sua m�o cautelosamente no ombro dele. Ele achou que foi um bom sinal Rony n�o tentar tir�-la.
- Depois que voc� foi embora, - ele disse numa voz baixa, grato pelo fato do rosto de Rony estar escondido, - ela chorou por uma semana. Provavelmente at� mais, mas ela n�o queria que eu a visse. Houve um monte de noites em que nem nos fal�vamos. Sem voc�
Ele n�o conseguiu terminar; foi s� agora que Rony estava ali novamente que Harry percebeu realmente o quanto a aus�ncia dele havia lhe custado.
- Ela � como minha irm�, - ele prosseguiu. - Eu a amo como a uma irm� e eu acho que ela sente a mesma coisa por mim. Foi sempre assim. Eu pensei que voc� soubesse.
Rony n�o respondeu, mas virou o rosto da dire��o de Harry e enxugou seu nariz ruidosamente na manga da sua camisa. Harry levantou-se outra vez e caminhou at� onde a enorme mochila do Rony estava h� alguns metros, que foi descartada quando Rony saiu correndo em dire��o � po�a para salvar o Harry do afogamento. Ele a colocou nas suas pr�prias costas e voltou caminhando at� o Rony, ficou de p� com as ajudas das m�os quando Harry aproximou, seus olhos avermelhados por outro lado serenos.
- Me desculpa, - ele disse numa voz cheia. - Me desculpa por ir embora. Eu sabia que eu era um -- um --
Ele olhou em volta para a escurid�o, como se esperando que uma palavra ruim o suficiente fosse cair sobre ele e declarar o fato.
- Voc� meio que compensou tudo esta noite, - disse Harry. - Pegando a espada. Destruindo o Horcrux. Salvando a minha vida.
- Isso me faz parecer mais legal do que eu fui, - Rony resmungou.
- Essas coisas sempre parecem mais legais do que parecem, - disse Harry. - Estou tentando te falar isso h� anos.
Simultaneamente, eles se precipitaram e se abra�aram, Harry agarrando a ainda molhada jaqueta do Rony.
- E agora, - disse Harry quando eles se soltaram, - s� precisamos achar aquela barraca de novo.
Mas n�o foi dif�cil. Apesar da caminhada pela floresta escura com a cor�a ter parecido extensa, com o Rony ao seu lado, a viagem de volta parecia ter se tornado surpreendentemente curta. Harry mal podia esperar para acordar a Hermione e foi com uma ansiedade acelerada que ele entrou na tenda, com Rony um pouco atr�s dele.
Ali estava gloriosamente quente depois da po�a e da floresta, a �nica ilumina��o eram as chamas azuladas bruxuleando numa tigela no ch�o. Hermione estava dormindo, encolhida debaixo dos seus cobertores e n�o se moveu at� Harry dizer seu nome v�rias vezes.
- Hermione!
Ela se mexeu e sentou direito rapidamente, tirando o cabelo da sua cara.
- O que foi? Harry? Voc� est� bem?
- Estou bem, est� tudo bem. Mais do que bem, estou �timo. Tem uma pessoa aqui.
- Como assim? Quem --?
Ela viu o Rony, que estava ali segurando a espada e pingando no surrado tapete. Harry foi para um canto escurecido, tirou a mochila do Rony e tentou se misturar com a lona.
Hermione deslizou para fora da sua cama e foi como uma son�mbula na dire��o de Rony, com os olhos sobre o rosto p�lido dele. Ela parou bem em frente dele, com os l�bios ligeiramente separados, com os olhos arregalados. Rony deu um sorriso fraco, por�m esperan�oso e meio que ergue seu bra�o.
Hermione se projetou para frente e come�ou a bater em cada cent�metro dele que ela alcan�ava.
- Ai -- ow -- me larga! Mas que --? Hermione � AI!
- Ronald -- Weasley -- seu -- desgra�ado!
Ela pontuava cada palavra com uma porrada: Rony recuou, protegendo sua cabe�a enquanto Hermione avan�ava.
- Voc� -- aparece -- aqui -- depois -- de -- semanas -- e -- semanas -- ah, cad� a minha varinha?
Ela parecia que estava pronta para lutar para retir�-la da m�o de Harry e ele reagiu instintivamente.
- Protego!
Um escudo invis�vel apareceu entre Rony e Hermione. A for�a dele jogou-os de costas no ch�o. Cuspindo cabelo de sua boca, ela levantou num salto outra vez.
- Hermione! - disse Harry. - Calma �
- Eu n�o vou me acalmar!- ela gritou. Ele nunca tinha visto ela perder o controle desse jeito; ela parecia bastante insana. - Devolva a minha varinha! Devolva a minha varinha!
- Hermione, por favor, d� para voc�--?
- N�o me diga o que fazer, Harry Potter! - ela gritou alto. - N�o se atreva! Devolva-a agora! E VOC�!
Ela estava apontando para Rony em acusa��o: era como se fosse uma maldi��o e Harry n�o podia culpar o Rony em dar alguns passos para tr�s.
- Eu sa� correndo atr�s de voc�! Eu te chamei! Eu implorei para voc� voltar!
- Eu sei, - disse Rony, - Me desculpa, Hermione, sinto muito --
- Ah, me desculpa!
Ela riu numa voz aguda e fora de controle; Rony olhou para Harry num pedido de ajuda, mas Harry mal fez uma careta expressando que n�o havia solu��o para ele.
- Voc� voltou depois de semanas -- semanas -- e voc� acha que vai ficar tudo bem s� porque voc� pediu desculpas?
- Bom, o que mais eu posso dizer? - Rony gritou, e Harry estava feliz que ele estava brigando tamb�m.
- Ah, sei l�! - berrou Hermione com um terr�vel sarcasmo. - Use seu c�rebro, Rony, s� vai demorar alguns segundos--
- Hermione, - interp�s-se Harry, que considerou este um golpe baixo, - ele acabou de salvar a minha --
- N�o quero saber! - gritou Hermione. - N�o quero saber o que ele fez! Semanas e semanas, n�s poder�amos estar todos mortos pelo que ele saiba --
- Eu sabia que voc�s n�o estavam mortos! - berrou Rony, sufocando a voz dela pela primeira vez, e chegando o mais perto que podia do Feiti�o de Escudo entre eles. - O Harry vive no Profeta, vivia no r�dio, est�o procurando voc�s em todos os lugares, todos esses rumores e hist�rias malucas, eu sabia que ia ficar sabendo na hora se voc�s morressem, voc� n�o sabe como tem sido--
- Como tem sido para voc�?
Sua voz n�o estava t�o agudo somente morcegos a conseguiriam ouvi-la em breve, mas ela chegou a um n�vel de indigna��o que a deixou temporariamente sem fala, e Rony aproveitou sua oportunidade.
- Eu queria voltar no minuto em que Disaparatei, mas eu cruzei com um bando de Raptores*, Hermione, e n�o consegui ir para lugar nenhum!
- Um bando de qu�? - perguntou Harry, enquanto Hermione se jogava em uma cadeira com os bra�os e pernas cruzadas t�o apertados que parecia improv�vel que ela fosse separ�-los por v�rios anos.
- Raptores, - disse Rony, - eles est�o por toda parte -- bandos que tentam ganhar ouro pegando nascidos-Trouxas e traidores do sangue, o Minist�rio est� oferecendo uma recompensa para todos que forem capturados. Eu estava sozinho e aparento estar na idade de escola; eles ficaram super felizes, pensaram que eu fosse um nascido-Trouxa escondido. Eu tive que pensar r�pido para n�o ser arrastado at� o Minist�rio.�
- O que voc� disse a eles?
- Disse que eu era o Lalau Shunpike. Primeira pessoa em que pensei.
- E eles acreditaram nisso?
- N�o era muito inteligentes. Um deles era at� definitivamente meio trasgo, o cheiro dele�
Rony olhou para Hermione, claramente esperan�oso de que ela fosse suavizar com essa pequena quantidade de humor, mas a express�o dela continuava dura sobre seus membros intricados.
- Enfim, eles tiveram uma discuss�o sobre eu ser Lalau ou n�o. Foi um pouco pat�tico para ser sincero, mas havia cinco deles e s� eu, e eles tomaram a minha varinha. Depois dois deles come�aram a brigar e enquanto os outros estavam distra�dos eu consegui bater no est�mago do que estava me segurando, peguei a varinha dele, Desarmei o sujeito que estava segurando a minha, e Disaparatei. Eu n�o mandei muito bem. Eu me estrunchei outra vez.
- Rony ergueu sua m�o direita para mostrar duas unhas que faltavam: Hermione ergue suas sobrancelhas com indiferen�a - e eu fui para h� quil�metros de onde voc�s estavam. Quando eu voltei para aquele peda�o de barranco onde est�vamos� voc�s tinham sumido.
- Minha nossa, que hist�ria mais fascinante, - Hermione disse numa voz imponente que havia adotado com inten��o de ofender. - Voc� deve ter ficado morrendo de medo. Enquanto isso, n�s fomos a Godric�s Hollow e, deixe-me ver, o que aconteceu l� mesmo, Harry? Ah,�, a cobra de Voc�-Sabe-Quem apareceu, ela quase matou n�s dois, e depois o pr�prio Voc�-Sabe-Quem chegou e quase nos pegou, foi por um triz.
- O qu�? - disse Rony, olhando com espanto dela para Harry, mas Hermione o ignorou.
- Imagina perder duas unhas, Harry! Isso realmente superar as nossas situa��es, n�o �?
- �Hermione,� disse Harry baixo, - o Rony acabou de salvar a minha vida.�
Ela parecia n�o t�-lo ouvido.
- Mas eu queria saber uma coisa, - ela disse, fixando os olhos num lugar um pouco acima da cabe�a de Rony. - Como foi que voc� nos achou hoje? Isso � importante. Assim que soubermos, conseguiremos nos certificar de que n�o seremos visitados por algu�m que n�o queremos ver.
Rony olhou fixamente para ela, depois tirou um objeto pequeno de prata de dentro do bolso da sua cal�a jeans.
- O Apagueiro? - ela perguntou, t�o surpresa que ela esqueceu aparentar frieza e raiva.
- Ele n�o liga e desliga as luzes apenas, - disse Rony. - N�o sei como ele funciona ou por que, isso aconteceu naquela hora e n�o aconteceu nenhuma outra vez, porque estava querendo voltar desde que fui embora. Mas eu estava ouvindo o r�dio bem cedo na manh� de Natal e eu ouvi� eu ouvi voc�.
Ele estava olhando para Hermione.
- Voc� me ouviu no r�dio - ela disse incr�dula.
- N�o, eu ouvi voc� do meu bolso. Sua voz, - ele levantou o Apagueiro outra vez, - saiu disso aqui.
- E o que eu disse exatamente? - perguntou Hermione, seu tom de voz estava entre o ceticismo e a curiosidade.
- Meu nome. �Rony.� E voc� disse� algo sobre uma varinha�
Hermione ficou num tom de escarlate �gneo. Harry se lembrou: foi a primeira vez que o nome do Rony tinha sido dito em voz alta por algum deles desde que ele partiu; Hermione havia mencionado enquanto falavam de consertar a varinha do Harry.
- Da� eu tirei ele, - Rony continuou, olhando para o Apagueiro, - e ele n�o parecia diferente nem nada, mas eu tinha certeza de que tinha ouvido voc�. Da� eu o apertei. E a luz do meu quarto se apagou, mas uma outra luz apareceu bem do lado de fora da janela.
Rony ergueu sua m�o e apontou bem para a frente dele, seus olhos estavam focados em algo que nem o Harry nem a Hermione conseguiam ver.
- Era uma bola de luz, meio pulsante, e azulada, tipo aquela luz de Chave de Portal, sabe?
- Sei, - disse Harry e Hermione juntos automaticamente.
- Eu sabia que era a hora, - disse Rony. - Eu peguei minhas coisas e pus dentro da mochila, da� eu a coloquei e sa� para o jardim.
- A pequena bola de luz estava pairando ali, esperando por mim, e quando eu sa� ela se agitou um pouco e eu a segui escondido e depois ela� bem, ela entrou dentro de mim.
- Como �? - disse Harry, certo de que n�o havia ouvido direito.
- Ela meio que flutuou em minha dire��o, - disse Rony, ilustrando o movimento com seu dedo indicador livre, - at� o meu peito, e da� -- passou por ele direto. Foi bem aqui, - ele tocou um ponto perto do seu cora��o, - eu podia senti-la, estava quente. E depois que ela estava dentro de mim, eu sabia o que eu devia fazer. Eu sabia que ela me levaria para o lugar que eu precisava ir. Da� eu Disaparatei e vim parar do lado de uma colina. Havia neve por toda parte�
- N�s est�vamos l�, - disse Harry. - N�s passamos duas noites l�, e na segunda noite eu fiquei achando que estava ouvindo algu�m se movendo pelo escuro e chamando por alguma pessoa!
- �, bem, devia ser eu, - disse Rony. - Seus feiti�os protetores funcionam afinal, porque eu n�o conseguia te ver nem te ouvir. Por�m, eu sabia que voc� estava por perto, da� eu entrei no meu saco de dormir e esperei algum de voc�s aparecerem. Eu achei que voc�s iam aparecer enquanto guardavam a barraca.
- Na verdade, n�o, - disse Hermione. - N�s temos Disaparatado debaixo da Capa da Invisibilidade como um cuidado extra. E n�s sa�mos bem cedo, porque como o Harry disse, n�s ouvimos algu�m cambaleando por ali.
- Bom, eu fiquei naquela colina o dia todo, - disse Rony. - Fiquei esperando que voc�s aparecessem. Mas quando come�ou a ficar escuro eu sabia que devia ter perdido voc�s, da� eu apertei o Apagueiro outra vez, a luz azul saiu e entrou dentro de mim, da� eu Disaparatei e vim parar aqui nesta floresta. Eu ainda n�o conseguia ver voc�s, da� eu s� podia esperar que algum de voc�s aparecesse finalmente -- e o Harry apareceu. Bem, eu vi a cor�a antes, obviamente.
- Voc� viu o qu�? - disse Hermione rapidamente.
Eles explicaram o que tinha acontecido e como a hist�ria da cor�a prateada e a espada no fundo da po�a se desenrolou, Hermione franzia a sobrancelha para os dois, concentrando-se tanto que ela esqueceu de manter seus membros cruzados.
- Mas deve ter sido um Patrono! - ela disse. - Voc�s n�o viram quem o conjurou? Voc�s n�o viram ningu�m? E ela guiou voc�s at� a espada! N�o acredito nisso! O que aconteceu depois?
Rony explicou como ele havia observado o Harry pular na po�a e como ele tinha esperado o Harry voltar � tona; como ele tinha percebido que algo havia dado errado, mergulhado e salvado o Harry, e depois voltou para pegar a espada. Como havia sido a abertura do medalh�o, a hesita��o dele e a interven��o de Harry.
-- e Rony o golpeou com a espada.
- E� e foi assim? Simples desse jeito? - ela sussurrou.
- Bem, a coisa � a coisa gritou, - disse Harry, olhando de canto para Rony. - Toma.
Ele jogou o medalh�o no colo dela, cuidadosamente ela o pegou e examinou suas janelas perfuradas.
Ao decidir que era seguro fazer isso, Harry removeu o Feiti�o do Escudo com um aceno da varinha de Hermione e se voltou para o Rony.
- Voc� disse que se livrou dos Raptores com uma varinha extra?
- O qu�? - disse Rony, que estava observando Hermione examinar o medalh�o. -Ah -- ah, �.
Ele abriu com um pux�o uma fivela da sua mochila e puxou uma varinha curta e escura do bolso. - Pega, acho que � sempre v�lido ter uma reserva.
- Voc� tinha raz�o, - disse Harry, esticando o bra�o. - A minha quebrou.
- Est� me zoando? - disse Rony, mas assim que Hermione ficou de p� ele aparentou apreensivo de novo.
Hermione colocou o Horcrux derrotado dentro da mochila enfeitada, depois voltou para sua cama e sossegou sem dizer mais nada.
Rony passou a Harry a varinha nova.
- Foi melhor do que voc� esperava, eu acho,- Harry murmurou.
- �, - disse Rony. - Poderia ter sido pior. Lembra daqueles passarinhos que ela mandou me atacar?
- Ainda n�o descartei a possibilidade,- surgiu a voz abafada de Hermione debaixo dos cobertores, mas Harry viu Rony sorrir rapidamente, enquanto ele tirava seu pijama castanho da mochila.
*Nota da Revisora:
Guilherme havia traduzido �SNATCHERS� para Pegadores, por�m, como �Snatch� � aparece tamb�m como g�ria, achei que Raptores se enquadrava mais. Ainda assim, � a primeira vez que o nome aparece, logo na tradu��o da Lia pode vir a aparecer diferente.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por Guilherme Ferreira
Revisado por Juliana Badin
- Cap�tulo Vinte -
Xen�filo Lovegood
Harry n�o esperava que a raiva de Hermione se abatesse durante a noite e foi sem surpresa que ela se comunicou basicamente por olhares de reprova��o e momentos de sil�ncio na manh� seguinte. Rony respondeu mantendo uma conduta melanc�lica que n�o era sua na presen�a dela, al�m de um aparente sinal de cont�nuo remorso.
De fato, quando os tr�s estavam juntos, Harry sentia-se o �nico que n�o estava de luto em funeral fracamente freq�entado. Durante esses poucos momentos que passou sozinho com Harry, entretanto (buscando �gua e procurando por cogumelos na vegeta��o rasteira) Rony se tornou desavergonhadamente alegre.
- Algu�m nos ajudou, - ele continuava falando. - Algu�m mandou aquela cor�a. Algu�m do nosso lado. Uma Horcrux menos, cara! -
Animados pela destrui��o do medalh�o eles debatiam as poss�veis localiza��es das outras Horcruxes,ainda que eles j� tivessem discutido o assunto tantas vezes antes.
Harry sentia-se otimista, certo que mais sucessos iriam suceder o primeiro. O mau humor de Hermione n�o podia frustrar seus esp�ritos leves; A repentina melhora na sorte deles, o aparecimento da misteriosa cor�a, a recupera��o da espada de Gryffindor, e acima de tudo, o retorno de Rony fizeram Harry t�o feliz que era um tanto dif�cil manter-se s�rio.
No fim da tarde ele e Rony escaparam da presen�a sinistra de Hermione novamente e sob o pretexto de procurar na sebe por amoras, eles continuaram seu avan�o em troca de not�cias. Harry tinha finalmente decidido contar a Rony a hist�ria completa dos v�rios passeios dele e de Hermione,seguindo para a hist�ria completa do que aconteceu em Godric's Hollow; Rony estava agora perguntando a Harry tudo o que ele havia descoberto sobre o vasto Mundo Bruxo durante as semanas que esteve fora.
- E como voc� descobriu sobre o Tabu? - ele perguntou a Harry depois de explicar as muitas e desesperadas tentativas dos nascidos-trouxas de fugir do Minist�rio
-O o qu�?
-Voc� e Hermione pararam de dizer o nome de Voc�-Sabe-Quem!
-Ah, sim. Bem, foi s� um mau h�bito pelo qual n�s passamos. - Disse Harry.
-Mas eu n�o tenho problema em cham�-lo de V�
-N�O! - berrou Rony, fazendo Harry pular na dire��o da sebe e de Hermione (com o nariz enterrado num livro na entrada da barraca) olhar zangada para eles.
-Desculpa, - disse Rony, tirando Harry dos espinhos.
-Mas o nome foi azarado, Harry, � como eles localizam as pessoas! Usar o nome dele quebra feiti�os de prote��o, ele causa uma esp�cie de dist�rbio m�gico - foi assim que eles nos acharam na Estrada de Tottenham Court!
-Porque nos usamos o nome dele?
-Exatamente! Voc� tem que dar cr�dito a eles, isso faz sentido. S� pessoas que eram s�rias em confront�-lo, como Dumbledore, que ousavam us�-lo. Agora eles colocaram um Tabu nele, qualquer um que o diga � rastre�vel - um meio r�pido e f�cil de encontrar membros da Ordem! Eles quase pegaram Kingsley...
-Voc� est� brincando!?
-�, um bando de Comensais da Morte o encurralaram, Gui disse, mas ele lutou e conseguiu escapar. Agora ele est� foragido como n�s.
Rony co�ou o queixo pensativo com a ponta de sua varinha.
-Voc�s n�o acham que Kingsley pode ter nos mandado aquela cor�a?
-O Patrono dele � uma lince, n�s vimos no casamento, lembra?
-Ah �...
Eles se moveram ao longo da sebe,para longe da barraca e de Hermione.
-Harry... voc� n�o acha que poderia ter sido Dumbledore?
-Dumbledore o que?
Rony olhou um pouco embara�ado, mas disse numa voz baixa.
-Dumbledore ... a cor�a? Eu quero dizer.
Rony estava observando Harry pelos cantos dos olhos.
- Ele tinha a espada real,afinal,n�o tinha?
Harry n�o riu de Rony, porque ele entendeu muito bem o desejo por tr�s da pergunta. A id�ia de que Dumbledore tinha conseguido voltar para eles, que ele estava olhando por eles, seria inexpressivelmente reconfortante. Ele balan�ou a cabe�a.
-Dumbledore est� morto - ele disse - Eu vi acontecer, eu vi o corpo, ele definitivamente partiu. De qualquer maneira, o Patrono dele era uma f�nix, n�o uma cor�a.
-Patronos podem mudar,acredito, n�o podem? - disse Rony - O de Tonks mudou, n�o �?
-�, mas se Dumbledore estivesse vivo por que n�o se mostraria? Por que ele apenas n�o nos daria a espada?
- N�o sei- disse Rony. -Pela mesma raz�o que ele n�o a deu para voc� enquanto ele estava vivo? Pela mesma raz�o que ele deixou pra voc� um velho Pomo de Ouro e pra Hermione um livro de hist�rias infantis?
-Qual seria? - perguntou Harry, virando para olhar o rosto todo de Rony desesperado pela resposta.
-Eu n�o sei- disse Rony. -�s vezes eu tenho pensado, quando eu estava um pouco frustrado, que ele estava rindo ou - que apenas estava querendo deixar mais dif�cil. Mas eu n�o acho que seja isso, n�o mais. Ele sabia o que estava fazendo quando me deu o Apagueiro, n�o foi? Ele - bem, - As orelhas de Rony se tornaram vermelho claro e ele ficou profundamente interessado num tufo de grama em seu p�, que ele cutucou com seu ded�o - Ele devia saber que eu te abandonaria.
-N�o, - Harry o corrigiu -Ele deve ter sabido que voc� sempre iria querer voltar.
Rony olhou agradecido, mas ainda desajeitado. Em parte para mudar de assunto, Harry disse:
-Falando no Dumbledore, voc� ouviu o que Skeeter escreveu sobre ele?
-Ah sim, - disse Rony de uma vez -As pessoas est�o falando muito sobre isso. Claro, se as coisas fossem diferentes seria uma grande novidade, Dumbledore sendo amigo de Grindelwald, mas agora � apenas algo engra�ado para pessoas que n�o gostavam de Dumbledore, e um pouquinho um tapa na cara de todos que pensaram que ele era um bom homem. Eu n�o acho que isso seja l� grande coisa. Ele era realmente jovem quando eles...
-Nossa idade- disse Harry, na hora que ele replicava Hermione algo em seu rosto pareceu ter decidido Rony a n�o prosseguir com o assunto.
Uma aranha grande acomodou-se num teia coberta de geada nos arbustos espinhosos. Harry fez mira com a varinha que Rony tinha lhe dado na noite anterior, a qual Hermione dignou-se a examinar e decidiu que era feita de abrunheiro.
-Engorgio!
A aranha teve um pequeno arrepio, saltando levemente na teia. Harry tentou novamente. Desta vez a aranha ficou levemente maior.
-Pare com isso - disse Rony rispidamente - Desculpe se eu disse que Dumbledore era jovem, ok?
Harry tinha esquecido a avers�o de Rony por aranhas.
-Desculpe... Reducio.
A aranha n�o encolheu. Harry olhou para a varinha de abrunheiro. Todo feiti�o simples que ele lan�ou com ela at� agora pareceu menos poderoso que os que ele produziu com sua varinha de pena de f�nix. A nova parecia intrusivamente estranha, como ter a m�o de outra pessoa costurada no final de seu bra�o.
-Voc� s� precisa praticar- disse Hermione, que se aproximou silenciosamente e ficou assistindo ansiosamente Harry tentar fazer a aranha crescer e encolher.
-� s� uma quest�o de confian�a, Harry.
Ele sabia porque ela queria que estivesse tudo bem. Ela ainda sentia-se culpada por ter quebrado sua varinha. Ele reprimiu a retalia��o que brotou em seus l�bios, que ela podia levar a varinha de abrunheiro se ela pensava que n�o havia diferen�a, e ele ficaria com a dela ao inv�s dessa. Muito interessado que eles tr�s voltassem a ser amigos novamente, entretanto, ele concordou, mas quando Rony deu a Hermione a tentativa de um sorriso, ela se moveu amea�adoramente e desapareceu atr�s de seu livro novamente.
Os tr�s voltaram para a barraca quando a escurid�o caiu, e Harry ficou com o primeiro turno de vigia. Sentado na entrada ele tentou fazer com que a varinha de abrunheiro levitasse pequenas pedras aos seus p�s, mas a m�gica dele ainda parecia desajeitada e menos poderosa do que tinha sido antes.
Hermione estava deitada em seu beliche lendo enquanto Rony, depois de muitas olhadelas nervosas sobre ela, pegou um pequeno r�dio de madeira sem fio de sua mochila e come�ou a tentar sintoniz�-lo.
- Tem esse programa - ele disse a Harry numa voz baixa -que fala as not�cias como elas realmente s�o. Todos os outros est�o do lado de Voc�-Sabe-Quem e est�o seguindo a linha do Minist�rio mas este... espere at� voc� ouv�-lo, � �timo. S� que eles n�o podem fazer todas as noites, eles tem que ficar mudando de lugar no caso de serem atacados e voc� precisa de uma senha para sintonizar... O problema � que perdi a �ltima...
Rony Tocou levemente no alto do r�dio com sua varinha que murmurando palavras aleat�rias sob sua respira��o. Rony Jogou muitas olhadelas para Hermione, temendo claramente um ataque irritado, mas para Hermione era como se ele simplesmente n�o estivesse l�. Por dez minutos ou mais Rony bateu e murmurou, Hermione girou as p�ginas de seu livro, e Harry continuou a praticar com a varinha de abrunheiro.
Finalmente Hermione escalou para baixo de seu beliche. Rony parou de bater instantaneamente.
- Se � irritante para voc�, eu pararei! - disse para Hermione nervoso. Hermione n�o se dignou a responder, mas disse se aproximando de Harry:
-N�s precisamos conversar.
Olhou o livro ainda apertado em sua m�o. Era A vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore.
-Que? - disse apreensivo.Passou por sua mente que havia um cap�tulo sobre ele l� dentro; ele sentiu at� a vers�o de Rita do interrogat�rio de seu relacionamento com Dumbledore. A resposta de Hermione entretanto,era completamente inesperada.
-Eu quero ir ver Xen�filo Lovegood.
Ele olhou fixamente para ela.
-H�?
-Xen�filo Lovegood, pai de Luna. Eu quero ir v�-lo e falar com ele!
-Er...porqu�?
Ela respirou profundamente, como se apoiasse nela mesma e disse:
- � essa marca, a marca em Beedle o Bardo. Olhe isto!
Empurrou A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore sob os olhos indispostos de Harry e viu uma fotografia com a mensagem original que Dumbledore tinha escrito a Grindelwald, com a letra fina de Dumbledore, inclinada como lhe era familiar. Odiou ver a prova absoluta que Dumbledore tinha escrito realmente aquelas palavras, que n�o tinham sido inven��o de Rita.
-A assinatura, - disse Hermione. -Olhe a assinatura, Harry!
Ele obedeceu. Por um momento n�o teve nenhuma id�ia o que ela falava realmente, mas, olhando mais de perto com a ajuda da ilumina��o da varinha, ele viu que Dumbledore tinha substitu�do o �A� de Alvo com uma vers�o min�scula da mesma marca triangular inscrita em cima de Os Contos de Beedle o Bardo.
-Er... o que voc�s...? - Rony tentou dizer, mas Hermione o reprimiu com um olhar e voltou-se para Harry.
- Ela continua aparecendo, n�o? - disse. -Eu sei que Victor lhe disse que era marca de Grindelwald, mas definitivamente estava gravada naquela sepultura velha em Godric�s Hollow e continua reaparecendo n�o � mesmo? E as datas nas l�pides eram muito antes de Grindelwald aparecer! E agora isso! Bem n�s n�o podemos perguntar para Dumbledore ou Grindelwald o que significa... Eu nem ao menos sei se Grindelwald ainda est� vivo... mas, n�s podemos perguntar ao Sr.Lovegood. Ele estava usando o s�mbolo no casamento. Eu tenho certeza que � importante Harry!
Harry n�o a respondeu imediatamente. Ele olhou em sua ansiosa e intensa face circundada pela escurid�o pensando. Depois de uma longa pausa ele ent�o disse:
-Hermione, n�s n�o precisamos de outro Godric's Hollow. N�s nos convencemos a ir l� e...
-Mas continua aparecendo Harry!! Dumbledore me deixou Os Contos de Beedle, o Bardo, como voc� sabe que n�o � coincid�ncia descobrirmos este sinal?
-Aqui vamos n�s de novo. - Harry se sentia ligeiramente exasperado. -N�s continuamos a tentar nos convencer que Dumbledore nos deixou sinais secretos e pistas...
-O Apagador se mostrou bem �til- piou Rony -Eu acho que a Hermione est� certa, eu acho que dever�amos ir ver Lovegood.
Harry lhe lan�ou um olhar sombrio. Ele estava bastante seguro que com o apoio de Rony, Hermione teria pouco desejo de descobrir o significado da Runa triangular.
-N�o ser� como Godric's Hollow- Rony adiantou-se -Lovegood est� do seu lado Harry, O Pasquim desde o in�cio continua falando para todos que t�m que te ajudar.
-Eu estou segura que isso � importante- Hermione disse.
-Mas voc� n�o acha que se isso fosse, Dumbledore n�o teria me dito antes de morrer?
-Talvez... talvez seja algo que voc� precise descobrir sozinho.
Hermione disse com um ar l�nguido
-�... -Rony disse -Isso faz sentido.
-N�o, n�o faz- Hermione o cortou -mas ainda acho que devemos falar com o Sr. Lovegood. Um s�mbolo que liga Dumbledore, Grindelwald e Godric's Hollow? Harry, tenho certeza que devemos saber mais sobre isso!
-Eu acho que dever�amos votar isso.- disse Rony. -Esses a favor de irem ver os Lovegood.
A m�o dele voou para cima antes mesmo da de Hermione. Os l�bios dela tremeram violentamente quando ela pr�pria elevou a m�o.
-Ganhamos Harry, desculpe. - Rony disse dando tapinhas nas costas de Harry
-�timo.- Harry disse, meio se divertindo, meio irritado. -S� uma coisa, uma vez que tivermos visto Lovegood, vamos tentar procurar por mais Horcruxes,n�o vamos? Onde os Lovegood moram afinal? Algum de voc� sabe?
-N�o � longe da minha casa- Rony disse -Eu n�o sei exatamente aonde, mas meu pai e minha m�e sempre apontam para as colinas quando mencionam eles. N�o deve ser dif�cil de achar.
Quando Hermione voltou para o beliche dela, Harry sussurrou para ele:
-Voc� s� concordou em aceitar para voltar as boas com ela.
-"No amor e na guerra,vale tudo" Rony disse brilhantemente, -um pouco de cada. Se anime, � feriado de Natal, Luna estar� em casa!
Eles tinham uma vis�o excelente da vila de Ottery St. Cachopole a partir da fresca colina de onde eles tinham aparatado na manh� seguinte. De seu alto ponto de vista, a vila parecia uma cole��o de casinhas de brinquedo no meio dos gigantes raios de sol que se esticavam em meio aos espa�os de cada nuvem. Eles ficaram um minuto ou dois olhando para a paisagem, suas m�os fazendo sombra em seus olhos, mas tudo que podiam ver eram as folhas no topo das �rvores, que oferecia �s pequenas casas prote��o contra os olhos de trouxas.
-� estranho estar t�o perto mas n�o ir visitar. - disse Rony.
-N�o � que voc� n�o os tenha visto.Voc� estava l� no Natal- disse Hermione friamente.
-Eu n�o fui a Toca! - disse Rony com uma risada incr�dula.- Voc� acha que eu iria voltar l� e dizer a todos eles que eu deixei voc�? Claro, Fred e George ficariam muito felizes com isso. E Gina, ela entenderia muito bem.
- Mas aonde voc� esteve ent�o?- Perguntou Hermione surpresa.
- Na nova casa de Gui e Fleur. Casa das Conchas. Gui sempre foi decente comigo. Ele...n�o me recriminou quando ouviu o que eu tinha feito, mas n�o insistiu nisso. Ele entendeu que eu estava realmente arrependido. Ningu�m da fam�lia sabia que eu estava l�. Gui e Fleur falaram para mam�e que queriam passar o natal sozinhos. Voc� sabe, primeiro feriado depois que casaram. Eu n�o penso que Fleur achou ruim. Voc� sabe o quanto ela odeia Celestina Warbeck.
Rony deu as costas para a Toca -Vamos tentar aqui em cima- disse, conduzindo-os sobre o alto do monte.
Andaram por algumas horas, Harry, por causa da insist�ncia de Hermione, escondido sob a capa de invisibilidade. O conjunto de montes baixos parecia ser inabitado, com somente uma casa de campo pequena, que parecia deserta.
-Voc� acha que � deles e eles sa�ram para o Natal? - Hermione perguntou, observando atrav�s da janela uma cozinha pequena com os ger�nios no peitoril da janela.
Rony bufou: - Escuta,eu acho que pode-se saber quem viveu l�,se olhar pela janela dos Lovegood. Vamos tentar pr�ximo monte. -
Assim eles Desaparataram para o norte algumas milhas mais distante.
-Aha! -Rony berrou, com o vento chicoteando seus cabelo e roupa. Rony estava apontando para cima, para o alto do monte em que tinham aparecido, onde a mais estranha casa se levantava verticalmente de encontro ao c�u, um cilindro preto grande com uma lua fantasmag�rica pendurada atr�s dele no c�u da tarde.
-Essa tem que ser a casa da Luna,quem mais viveria num lugar desses?Parece uma gralha!
-N�o � nada parecido com um p�ssaro - disse Hermione, desaprovando a torre.
-Eu estava falando sobre uma gralha xadrez, - disse Rony.
- Um castelo para voc�. - As pernas de Rony eram as mais longas e alcan�aram o alto do monte primeiro. Quando Harry e Hermione o alcan�aram, ofegando e apoiando-se de lado, encontraram-no sorrindo amplamente -� dele, - disse Ron. -Olhem.
Tr�s avisos pintados � m�o tinham sido colocados no port�o.
O primeiro,
EDITOR DO PASQUIM, X. LOVEGOOD
O segundo,
ESCOLHA SEU PR�PRIO VISCO
O terceiro,
EVITE AS AMEIXAS DIRIG�VEIS!
O port�o rangeu quando eles abriram. O caminho em ziguezague se dirigindo ao port�o da frente estava cercado por uma grande variedade de plantas �mpares, incluindo um arbusto coberto por frutos tipo rabanetes laranjas que a Luna usava �s vezes como brincos. Harry pensou ter reconhecido um Snargaluff e deu-lhe uma batida com troncos secos. Duas velhas macieiras balan�aram com o vento, sem folhas, mas ainda fortes com frutos vermelhos do tamanho de amoras e uma espessa geada branca cobrindo.
-� melhor voc� tirar a Capa da Invisiblidade,Harry, - disse Hermione, -� voc� que o Sr.Lovegood quer ajudar,n�o n�s.
Ele fez como ela sugeriu, e entregou-lhe a capa para que ela guardasse em sua bolsa. Ela ent�o bateu tr�s vezes na porta negra que estava revestida por pregos de ferro e possu�a uma aldrava em formato de �guia.
Passados dez segundos a porta se abriu ali estava Xen�filo Lovegood,descal�o e vestindo pijamas manchados. Seu longo cabelo branco estava sujo e embara�ado. Por compara��o Xen�filo tinha sido positivamente garboso no casamento de Gui e Fleur.
-O que? O que � isto? Quem � voc�? O que voc� quer? - Ele falou olhando primeiro para Hermione, depois para Rony e finalmente para Harry, quando ent�o sua boca se abriu em um perfeito e c�mico �O�.
-Ol�, Sr Lovegood- disse Harry estendendo sua m�o. -Sou harry Potter.
Xen�filo n�o retribuiu o aperto de m�o e seu olhar mirava logo acima do nariz de Harry,para a cicatriz em sua testa.
-Tudo bem se entrarmos? - perguntou Harry, -Tem uma coisa que temos que perguntar a voc�.
- Eu...eu n�o sei se isso � aconselh�vel,sussurrou Xen�filo. Ele deu uma r�pida olhada ao redor do jardim. -Realmente um choque...Minha palavra...eu..eu temo que...realmente acho que n�o devo...
-N�o vai levar muito tempo- disse Harry desapontado por sua nada calorosa recep��o.
-Hum..certo, ent�o, entre r�pido, r�pido!
Eles tinham acabado de entrar quando Xen�filo fechou a porta logo atr�s deles. Eles estavam em p� na mais peculiar cozinha que Harry j� vira.
A sala era perfeitamente circular e ele sentiu como se estivesse dentro de um gigante pote de pimenta. Tudo estava curvado para caber nas paredes- o fog�o, a pia, os arm�rios- e todos eles tinham sido pintados com flores, insetos e p�ssaros em cores prim�rias brilhantes. Harry pensou ter reconhecido o estilo de Luna. O efeito em tal espa�o era levemente opressor.
No meio do piso uma escada de ferro em espiral levava aos andares superiores. Havia uma grande sensa��o de movimento e batidas vindo de cima: Harry imaginou o que Luna estaria fazendo.
- � melhor voc�s subirem - Disse Xen�filo, ainda parecendo extremamente desconfort�vel e ele indicou o caminho. A sala em seguida parecia uma combina��o de sala de estar e escrit�rio, e como tal, era ainda mais amontoado do que a cozinha. Embora muito menor e inteiramente redonda, a sala se assemelhou um tanto a Sala Precisa na ocasi�o que tinha se transformado em um labirinto gigantesco contendo s�culos de objetos escondidos. Havia pilhas em cima de pilhas de livros e de pap�is em cada superf�cie. Os modelos delicados de criaturas que Harry n�o reconheceu, todas as asas agitando ou maxilares agarrando, penduradas do teto. Luna n�o estava l�: A coisa que fazia tal barulho era um objeto de madeira coberto de feiti�os, ele olhou como a bizarra bancada de um jogo de prateleiras, mas ap�s um momento Harry deduziu que era uma impressora fora de moda, devido ao fato de expedir Pasquims.
-Desculpe-me, - disse Xen�filo, que passou por tr�s da m�quina, puxou uma toalha de mesa de baixo de uma pilha de livros e pap�is, os quais ca�ram no ch�o, e cubriu a m�quina, abafando os altos �bangs� e estalas. Ent�o, ele encarou Harry.
-Porque voc� veio aqui? - Antes que Harry pudesse falar, entretanto, Hermione soltou um pequeno grito de choque.
-Sr. Lovegood - o que � aquilo? - Ela estava apontando para um chifre espiral enorme, cinzento,n�o de unic�rnio, o qual tinha sido montado na parede, projetando-se a diversos metros no quarto.
-� o chifre de um Bufador de Chifre Enrugado, - disse Xen�filo.
-N�o, n�o �! - disse Hermione.
-Hermione, - murmurou Harry, embara�ado, -agora n�o � o momento...
-Mas Harry, � um chifre de Erumpente! � um material N�o comerci�vel Classe B e � uma coisa extraordinariamente perigosa de se ter em uma casa! -
-Como que voc� sabe que � um chifre de Erumpente? - Rony perguntou, desviando para longe do chifre t�o rapidamente como poderia, dado a desordem extrema do quarto.
-H� uma descri��o em Animais Fant�sticos e Onde Habitam. - Sr. Lovegood, voc� precisa se livrar dele imediatamente, voc� n�o sabe que pode explodir num simples toque?
-O Bufador de Chifre Enrugado -disse Xen�filo muito claramente, com um olhar obstinado em sua cara, -� uma criatura t�mida e altamente m�gica, e o seu chifre...
-Sr. Lovegood. Eu reconhe�o as marcas sulcadas em torno da base, aquele � um chifre de Erumpente e � incrivelmente perigoso... eu n�o sei aonde o senhor o conseguiu.
-Eu o comprei, - disse Xen�filo dogmaticamente. -Duas semanas atr�s, de um jovem bruxo que soube do meu interesse no esquisito Enrugado. Uma surpresa de Natal para minha Luna. Agora, - disse, girando para Harry, -porque o exatamente voc� veio aqui, Senhor Potter? -
-N�s precisamos de alguma ajuda, - disse Harry, antes que Hermione poderia come�ar outra vez.
- Ahh...ajuda...hmmm- disse Xen�filo. Seu olho bom moveu-se outra vez para a cicatriz de Harry. Pareceu simultaneamente estarrecido e hipnotizado. -Sim. A quest�o � ajudar Harry Potter� um pouco perigoso�
-Voc� n�o � um daqueles que diz para todos que o dever deles � ajudar o Harry? - Rony disse. -Nessa sua revista?
Xen�filo olhou para ele escondido atr�s da impressora, ainda tagarelando e batendo embaixo da toalha de mesa.
-Er... sim, eu expressei essa id�ia antes, no entanto...
-Isso � para todos fazerem e n�o voc� pessoalmente? - Rony disse.
Xen�filo n�o o respondeu. Ele continuava engolindo, os olhos esbugalhados entre os tr�s. Harry teve a impress�o que ele estava sofrendo uma dolorosa luta interna.
- Onde est� Luna? -Perguntou Hermione -Vejamos o que ela pensa.
Xen�filo engoliu em seco. Ele parecia estar tentando ganhar tempo. Finalmente ele disse com uma voz tr�mula dif�cil de ouvir por cima do barulho da impressora. -Luna est� no c�rrego pescando ab�boras de �gua doce. Ela... ela ir� gostar de v�-los. Eu irei cham�-la... sim, muito bem. Eu tentarei ajud�-los.
Ele desapareceu debaixo da escadaria em espiral, e ele ouviram a porta da frente abrir e fechar. Eles olharam um para o outro.
-Velho covarde,verruguento- Rony disse -Luna tem dez vezes mais peito que ele.
-Ele provavelmente est� preocupado com o que pode acontecer a eles se os Comensais da Morte descobrir o que houve aqui. -Harry disse.
-Bem, eu concordo com voc� Rony- Hermione disse -Velho hip�crita, dizendo para todos ajudarem voc� e se esquivando disso.E por Deus,mantenha-o longe daquele chifre...
Harry cruzou at� a janela pelo lado mais distante do quarto. Ele podia ver um c�rrego, fino, brilhando do outro lado da colina. Eles estavam em um local muito alto, um p�ssaro tremulou al�m da janela enquanto ele olhava em dire��o � Toca, agora invis�vel atr�s das outras linhas da colina.
Gina estava em algum lugar ali. Eles estavam mais pr�ximos um do outro hoje do que qualquer outro dia depois do casamento de Gui e Fleur, mas ela n�o tinha id�ia que ele estava olhando por ela, pensando nela. Ele sup�e que deveria estar alegre; qualquer um que ele entrasse em contato hoje estaria em perigo, a atitude de Xen�filo provava isso.
Ele levou o olhar para longe da janela, e se deteve em um objeto peculiar,uma prancha encurvada,uma est�tua de uma austera bruxa que usava um chap�u bizarro. Dois objetos que se assemelhavam a trompetes de orelha dourados que encurvavam para fora e de lado. Um par de min�sculas e brilhantes asas azuis que estava presa a uma correia de couro no topo da cabe�a dela enquanto dois rabanetes laranja estavam presos em outra faixa de couro em volta da cabe�a dela.
-Olhe isso- Harry disse.
- Fashion- Rony disse -Estou surpreso que ele n�o tenha usado isso no casamento.
Eles ouviram a porta da frente e no momento seguinte Xen�filo subia novamente a escada em espiral at� o quarto, em suas pernas finas agora podia-se notar uma bota Wellington, segurando uma bandeja de ch� com x�caras sortidas e uma chaleira fervendo.
-Ah voc� achou minha inven��o - ele disse empurrando a bandeja para os bra�os de Hermione e unindo Harry ao lado da est�tua.
-Modelado, adequado o suficiente, sob a cabe�a da bela Rowena Ravenclaw, Intelig�ncia al�m da medida,� o maior tesouro do homem! - Ele indicou os objetos semelhantes a trompetes de orelha -Estes s�o os sif�es de Wrackpurt, para remover toda as fontes de distra��o das imedia��es de onde o pensador se encontra. Aqui, - ele apontou as delgadas asas, - um propulsor, para induzir um elevado estado de esp�rito.Finalmente, - ele apontou para o rabanete laranja a ameixa dirig�vel, -o aumento da habilidade de aceitar o extraordin�rio.
Xen�filo caminhou de volta para a bandeja de ch�, que Hermione tinha conseguido equilibrar precariamente em uma das desordenadas mesinhas de lado.
-Posso oferecer a voc�s um infus�o de Gurdyroots? - disse Xen�filo -N�s mesmos o fazemos. - Como este come�ou a derramar a bebida, que era de um roxo t�o profundo quanto o de suco de beterraba, ele acrescentou, - Luna est� mais al�m da Ponte de Botton, ela est� t�o excitada que voc� est� aqui. Ela n�o deve levar muito tempo, ela pegou ab�boras quase o suficiente para fazer sopa para todos n�s. Sentem-se e sirvam-se de a��car.
-Agora, - ele removeu uma pilha de pap�is de uma poltrona e sentou, suas botas de Wellington cruzadas, -como eu posso ajuda-lo, Sr. Potter?
-Bem-, Harry disse, olhando de relance para Hermione, que assentiu encorajando-o, -� sobre o s�mbolo que o senhor usava no pesco�o no casamento de Gui e Fleur, Sr. Lovegood. N�s gostar�amos de saber o que ele significa.
Xen�filo levantou suas sobrancelhas.
-Voc� est� se refirindo ao s�mbolo das Rel�quias da Morte?
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por: Sirius S�ria
Revisado por: Nessa Black
- Cap�tulo Vinte-e-um -
A Lenda dos tr�s irm�os
Harry virou o olhar para Rony e Hermione, nenhum deles pareceu entender o que Xen�filo tinha dito.
- As rel�quias da morte?�
- �, isso mesmo, - disse Xen�filo. - �Voc�s nunca ouviram falar delas? Eu n�o estou surpreso. Muito poucos bruxos acreditam. Uma testemunha foi aquele jovem cabe�udo no casamento do seu irm�o, - disse se virando para Rony, - que me atacou porque achou que o que viu eram s�mbolos bem conhecidos de um bruxo das trevas! Quanta ignor�ncia. N�o tem nada das trevas nas rel�quias � pelo menos n�o nesse sentido. Algu�m simplesmente usa o s�mbolo para revelar a si mesmo para os outros que acreditam, na esperan�a de quem algu�m ajude na sua Busca.
Ele mexeu alguns torr�es de a��car na sua infus�o de raiz de cuia e bebeu alguns goles.
- Me desculpe, - disse Harry, - Eu ainda n�o entendi.
Para ser educado, ele tamb�m bebeu um gole de sua x�cara e quase engasgou : A coisa era um tanto repugnante, como se algu�m tivesse liquefeito os feij�ezinhos de todos os sabores sabor v�mito.
- Bem, voc� v�, as pessoas que acreditam procuram as Rel�quias da Morte, - disse Xen�filo, lambendo seus l�bios em uma aparente aprecia��o da infus�o de raiz de cuia.
- Mas, o que s�o as Rel�quias da Morte? - perguntou Hermione.
Xen�filo encheu sua x�cara vazia.
- Soa-te familiar �A Lenda dos Tr�s Irm�os�?
Harry disse, - N�o - mas Rony e Hermione disseram - Sim.
- Bem, bem, senhor Potter, tudo come�a com �A Lenda dos Tr�s Irm�os�. . . Eu tenho uma c�pia em algum lugar. . .
Ele procurou pelo vagamente pelo quarto, por pilhas de papel e livros, mas Hermione disse, - Eu trouxe uma c�pia Sr. Lovegood.
E ela tirou da bolsa de contas As Lendas de Beedle e Bart.
- O original? - perguntou Xen�filo agudamente, e quando balan�ou a cabe�a, ele disse, - Bem, ent�o por que voc� n�o l� pra gente? � o melhor jeito de fazer com que entendam tudo.
- Er... tudo bem, - disse Herminone nervosa. Ela abriu o livro, e Harry viu o s�mbolo que estavam investigando no topo da p�gina. Ela soltou uma pequena tosse e come�ou a ler.
�Uma vez tr�s irm�os estavam viajando por uma rua deserta no crep�sculo�
- Mam�e disse que era a meia noite - disse Rony, que tinha se esticado e colocado as m�os atr�s da cabe�a para ouvir. Hermione lhe deu um olhar de irrita��o.
- Desculpe, eu s� pensei que ia ser melhor se fosse a meia noite! - disse Rony.
- Sim, porque n�s realmente precisamos de mais terror em nossas vidas, - disse Harry antes que pudesse evitar. Xen�filo que n�o parecia estar prestando muita aten��o disse - Vamos, continue Hermione.
�Em tempo os irm�os acharam um rio muito fundo para atravessar e muito perigoso para atravessar a nado. Contudo, esses irm�os haviam aprendido as artes m�gicas, e quando eles simplesmente acenaram suas varinhas, uma ponte apareceu acima da �gua em revolta. Eles estavam na metade do caminho quando perceberam que a ponte estava bloqueada por uma figura encapuzada.
E ent�o, a Morte lhes falou.�
- Desculpe, interrompeu Harry, - mas a Morte falou com eles?
- � um conto de fadas Harry!
- Certo, desculpe, continue.
�E a Morte falou com eles. Ela estava brava, pois tinha sido enganada por suas tr�s novas v�timas, que tiraram dela os viajantes que morriam no rio. Mas a Morte, que era trai�oeira resolveu presentear os tr�s irm�os por sua m�gica e disse que cada um deveria pedir um pr�mio por ser mais esperto que ela.
Assim, o irm�o mais velho pediu a varinha mais poderosa que existisse, uma varinha que sempre ganhasse os duelos para seu dono, uma varinha digna do bruxo que derrotou a Morte. Ent�o a Morte foi at� uma �rvore, voltou e entregou a varinha para o irm�o mais velho.
O segundo irm�o, que era um homem arrogante, decidiu que ele ia humilhar a Morte at� onde pudesse, e ent�o pediu o poder de trazer pessoas de volta � vida. A Morte pegou uma pedra pr�xima ao rio e disse que com ela ele teria o poder de trazer pessoas da morte para a vida.
E ent�o a Morte perguntou ao irm�o mais novo o que ele queria, e ele que era o mais s�bio e humilde, n�o confiava na Morte. Ent�o ele pediu alguma coisa que o fizesse deixar o lugar sem ser seguido pela morte. E ela, contra a sua vontade, deu a ele sua pr�pria capa de invisibilidade.�
- A Morte tinha uma capa de invisibilidade?- Harry interrompeu novamente.
- Assim ela pode espiar as pessoas,- disse Rony. - �s vezes ela se cansa de correr atr�s deles balan�ando seus bra�os e fazendo ru�dos aterrorizantes. Desculpe Hermione.
�Ent�o a Morte ficou parada e deixou os tr�s irm�os continuarem seus caminhos, e eles seguiram conversando sobre a aventura e os presentes da Morte. Ent�o eles se separaram e cada um foi por um lado.
O primeiro viajou por mais uma semana e encontrando um vilarejo distante desafiou um bruxo com quem tinha uma desaven�a. Naturalmente, com a Primeira Varinha como sua arma n�o haveria como perder o duelo que se seguiu. Deixando seu inimigo morto no ch�o, o irm�o mais velho seguiu para uma estalagem, onde ele se gabou da poderosa varinha que ele roubou da Morte, e como ela o fazia invenc�vel.
Uma noite, outro bruxo o pegou desprevenido, b�bado e deitado. O ladr�o pegou a varinha e cortou a garganta do irm�o mais velho.
Assim a Morte pegou o primeiro irm�o.
Enquanto isso o segundo irm�o viajou at� sua pr�pria casa, onde ele vivia sozinho. Ent�o ele pegou a pedra que tinha o poder de trazer os mortos, segurou firme em sua m�o e para se assombro e del�rio, a figura de uma garota que ele tinha tido a esperan�a de casar, antes de sua morte repentina apareceu a sua frente. Ela estava fria e triste separada dele como por um v�u. Ela tinha retornado ao mundo dos vivos, mas n�o pertencia a ele e sofria. Finalmente o segundo irm�o ficou louco e se matou para poder de fato ficar com ela. E assim a Morte pegou o segundo irm�o.
Mas mesmo a Morte tendo procurado pelo terceiro irm�o por muitos anos, ela nunca o achou. At� que finalmente, em idade avan�ada, o irm�o mais novo deu a capa de invisibilidade a seu filho. E cumprimentou a Morte como um velho amigo, e foi at� ela feliz, assim como fez em toda a sua vida.�
Hermione fechou o livro. Passou-se um minuto ou dois at� Xen�filo perceber que ela tinha parado de ler; ele desviou sua aten��o da janela e disse:
- Bem, a� est�.
- Como? disse Hermione confusa.
- Essas s�o as Rel�quias da Morte.- Disse Xen�filo.
Ele pegou uma pena de uma mesa entulhada na altura de seu cotovelo e puxou um peda�o de pergaminho de entre alguns livros.
- A Primeira Varinha*, - ele disse, e desenhou uma linha reta no pergaminho. - A Pedra da Ressurrei��o - disse, e adicionou um circulo no topo da linha, - A Capa de Invisibilidade - ele terminou, colocando a linha e o c�rculo dentro de um triangulo, para fazer o s�mbolo que tanto intrigou Hermione. - Juntos, - ele disse, - as Rel�quias da Morte.
- Mas n�o h� men��o �s Rel�quias da Morte na hist�ria. - disse Hermione.
- Bem, com certeza n�o, - disse Xen�filo um pouco irritado.- Isso � uma hist�ria para crian�as, contada mais para assustar do que para instruir. N�s que entendemos desses assuntos reconhecemos que esses antigos objetos, ou Rel�quias, quando unidos fazem de seu dono o Mestre da Morte.
Houve um pequeno sil�ncio at� que Xen�filo disse:
- Acho que Luna j� conseguiu Dil�tex (Plimpies) suficientes.
- Quando voc� diz �Mestre da Morte�... - disse Rony.
- Mestre, - disse Xen�filo, sacudindo sua m�o no alto,- Conquistador, Exterminador. Qualquer termo que voc� preferir.
- Mas ent�o . . . voc� quer dizer . . . - disse Hermione vagarosamente, e Harry podia jurar que ela estava tentando manter cada tra�o de ceticismo fora de sua voz, - que voc� acredita que esses objetos, essas rel�quias, existem de verdade?
Xen�filo levantou os olhos novamente.
- Sim, com certeza.
- Mas, - disse Hermione, e Harry p�de ouvir sua paci�ncia come�ando a quebrar, - Sr. Lovegood, como voc� pode acreditar?
- Luna me contou sobre voc�, minha jovem, - disse Xen�filo. - Voc� n�o � burra, mas terrivelmente limitada. Intolerante. Cabe�a-dura.
- Talvez voc� devesse usar o chap�u. - Disse Rony, assentindo em dire��o a um estranho chap�u. Sua voz estava tensa para n�o rir.
- Sr. Lovegood, - Hermione come�ou denovo, - Todos n�s sabemos que existem coisas como capas de invisibilidade. Elas s�o raras, mas existem. Mas...
- Ah, mas a terceira rel�quia � um verdadeira capa da invisibilidade, senhorita Granger! Eu quero dizer, n�o � uma capa comum com um feiti�o de desilus�o, ou carregando um Feiti�o Deslumbrador** , ou qualquer coisa assim, que escondem quem usa por um tempo e depois de uns anos se torna opaca. N�s estamos falando de uma capa que realmente e verdadeiramente torna quem a usa invis�vel, e isso acontece eternamente dando constante e impenetr�vel invisibilidade, n�o importa que feiti�os ou artimanhas se use para venc�-la. Quantas capas assim voc� j� viu senhorita Granger?
Hermione abriu a boca para responder, mas fechou-a de novo, parecendo mais confusa do que antes. Ela, Harry e Rony trocaram olhares e eles sabiam que estavam pensando a mesma coisa. Uma capa exatamente como a que Xen�filo descreveu estava com eles naquele momento.
- Exatamente, - disse Xen�filo, como se ele tivesse derrotado todos em uma argumenta��o. - Nenhum de voc�s j� viu coisa parecida com essa. O dono deve ser absurdamente rico, n�o �?
Ele voltou os olhos para a janela novamente. O c�u estava agora tingido por tra�os rosados
- Tudo bem, - disse Hermione desconcertada. - Digamos que a capa exista... e quanto a pedra, Sr. Lovegood? A coisa que voc� chama de Pedra da Ressurrei��o?
- O que tem ela?
- Como pode ser real?
- Prove que n�o �, - disse Xen�filo.
Hermione estava ultrajada.
- Mas isso �, me desculpe, mas isso � completamente rid�culo! Como eu posso provar que n�o existe? Voc� espere que eu pegue todas as pedras do mundo e teste uma por uma? Quer dizer, como eu posso acreditar que algo � real se a �nica base para isso � que ningu�m provou o contr�rio!
- Sim, voc� pode, - disse Xen�filo. - E eu estou feliz que voc� est� abrindo sua cabe�a, mesmo que seja s� um pouco.
- E a Primeira Varinha, - disse Harry r�pido, antes que Hermione pudesse fazer alguma coisa, - voc� acha que existe tamb�m?
- Oh, nesse caso tem uma intermin�vel evid�ncia. - Disse Xen�filo. A Primeira Varinha � a Rel�quia que � mais f�cil de encontrar, por causa do jeito como ela passa de m�o a m�o.
- Que jeito? - perguntou Harry.
- O dono precisa captur�-la do dono anterior, s� assim ele � o verdadeiro mestre dela, - disse Xen�filo - Certamente voc�s ouviram falar de como a varinha veio para Egbert, o egr�gio, depois do massacre de Emeric, o perverso? De como Godelot morreu em seu pr�prio por�o depois de seu filho, Hereward, pegou a varinha para si? Ou o grande Loxias, que pegou a varinha de Baraabas Deverill, depois de mat�-lo? A trilha de sangue da Primeira Varinha est� espalhada ao longo da hist�ria da magia.
Harry olhou para Hermione. Ela estava encarando Xen�filo, mas n�o o contradisse.
- Ent�o onde est� a varinha agora? - perguntou Rony.
- Ningu�m sabe. - Disse Xen�filo, depois de tirar os olhos da janela. - Quem sabe onde a varinha est� escondida? A trilha fica fria depois de Arcus e Livius. N�o se sabe qual dos dois derrotou Loxias, nem qual dos dois pegou a varinha, e muito menos quem os derrotou posteriormente. A hist�ria n�o pode nos dizer mais nada.
Depois de uma pausa Hermione perguntou r�gida, - Sr. Lovegood, a fam�lia Peverell tem alguma coisa a ver com as rel�quias da morte?
Xen�filo pareceu surpreendido, enquanto algo desenrolava na mende de Harry, mas ele n�o conseguia localizr. Peverell. . . Harry j� havia ouvido falar esse nome antes.
- Mas voc� est� tentando me enganar, minha jovem!- disse Xen�filo, sentado muito mais perto do ch�o e encarando Hermione. - Eu pensei que voc� n�o sabia nada sobre a busca das rel�quias! Muitos de n�s acreditamos que os Peverell tem tudo a ver com as Rel�quias da Morte!
- Quem s�o os Peverell ? - perguntou Rony.
- Esse era o nome no t�mulo com aquela marca, em Godric�s Hollow, - disse Hermione ainda olhando para Xen�filo. - Ignotus Peverell.
- Exato! - Exclamou Xen�filo, com o seu dedo apontado - O s�mbolo das Rel�quias da Morte no t�mulo de Ignotus � uma prova conclusiva!
- De que? - perguntou Rony.
- Porque aqueles tr�s irm�os da hist�ria que ouvimos s�o na verdade os tr�s irm�os Peverell, Antioch, Cadmus e Ignotus! Eles s�o os donos originais das Rel�quias!
Olhando novamente de relance para a janela, ele se levantou e foi at� a escada em espiral.
- Voc�s v�o ficar para o jantar? Todos sempre pedem nossa receita de Sopa de Dil�tex (Pimply) com �gua fresca.
- Provavelmente para mostrar ao departamento de venenos do Hospital St. Mungus - sussurou Rony.
Harry esperou at� que pudesse ouvir Xen�filo na cozinha abaixo deles para poder falar.
- O que voc� acha? - perguntou a Hermione.
- Oh, Harry � uma pilha de asneiras. Isso n�o pode ser o significado do s�mbolo. Que perda de tempo.
- Eu pensei que ele era o homem que nos apresentou os Bufadores de Chifre Enrugado, - disse Rony.
- E voc� acredita nisso tamb�m? - Harry perguntou.
- N�o, aquela � somente uma daquelas hist�rias que contam para as crian�as para ensinar coisas, n�o �? �N�o se meta em problemas, n�o compre briga, n�o v� aonde n�o � chamado. Apenas mantenha sua cabe�a preocupada com as suas coisas e voc� ficar� bem.� Talvez aquela hist�ria � porque varinhas velhas podem dar m� sorte.
- Do que voc� est� falando?
- Uma daquelas supersti��es, n�o �? �Bruxas nascidas em maio v�o se casar com trouxas.� �Azar no crep�sculo, desatado � meia noite.� �Varinha de velho, nunca prospera.� Voc�s j� devem ter ouvido alguma, mam�e sabe todas.
- Harry e eu fomos criados por trouxas, - lembrou Hermione. - N�s conhecemos supersti��es diferentes.
De repente um cheiro forte come�ou a sair da cozinha.
- Eu acho que voc� est� certo, - disse ela, - � uma hist�ria com moral, � �bvio qual presente � melhor, qual voc�s escolheriam?
Os tr�s falaram ao mesmo tempo,
Hermione disse - A Capa.
Rony disse - A Varinha.
E Harry disse - A Pedra.
Eles olharam uns para os outros, meio surpresos, meio assustados.
- Eu pensei em escolher a capa, - disse Rony a Hermione, - mas pra que voc� precisa ser invis�vel se voc� tem a varinha. Uma varinha invenc�vel, Hermione, pense bem!
- N�s j� temos uma capa da invisibilidade, - disse Harry, - E ela nos ajudou muito quando n�o quer�amos ser notados! - disse Hermione. - E a varinha parece atrair muito problema
- S� se voc� n�o souber us�-la direito. - Argumentou Rony. - S� se voc� for idiota o bastante de sair por a� dan�ando e cantando �Eu tenho uma varinha invenc�vel, venha e veja se voc� � forte o suficiente� � s� voc� manter sua boca fechada.
- Sim, mas voc� pode manter sua boca fechada? - disse Hermione c�tica. - Voc� sabe que a �nica coisa s�ria que ele disse pra gente � o fato de que existem hist�rias de varinhas super poderosas atrav�s dos tempos.
- Tem hist�rias?- perguntou Harry.
Hermione olhou exasperada: a express�o em seu rosto foi t�o familiar que Harry e Ron sorriram um para o outro.
- A Vara da Morte, a Varinha do Destino, elas aparecem sobre diferentes nomes atrav�s dos s�culos, normalmente em possess�o de algum bruxo das trevas que fica se gabando delas. Professor Binns falou de um monte delas, mas�, ah!, � um monte de besteiras. Varinhas s�o t�o poderosas como quanto os bruxos que as usam. Alguns bruxos simplesmente gostam de se gabar de suas varinhas e de que eles s�o melhores que os outros.
- Mas como voc� sabe que essas varinhas - a Vara da Morte e a Varinha do Destino- n�o s�o a mesma varinha recebendo diferente nomes atrav�s dos s�culos? - disse Harry.
- O que? Ent�o s�o todas na verdade a Primeira Varinha, feita pela Morte? - disse Rony.
Harry riu. Uma id�ia absurda veio � sua mente, mas era rid�cula, sua varinha n�o era velha e foi feita por Olivaras, e se fosse realmente invenc�vel teria derrotado Voldemort na noite no cemit�rio e n�o poderia ter sido quebrada.
Mas a pergunta de Rony o tirou dos pensamentos.
- E porque voc� ia querer a pedra?
- Se tiv�ssemos a pedra poder�amos trazer as pessoas de volta, a� a gente teria Sirius . . . Olho-tonto, Dumbledore . . . meus pais. . .
Nem Rony nem Hermione sorriram.
- Mas de acordo com a lenda eles n�o querem voltar, n�o �? - disse Harry pensando no que acabara de ouvir. � N�o acho que deve haver um monte de hist�rias sobre pedras que trazem pessoas de volta a vida, n�o �? - ele perguntou a Hermione.
- N�o.- Ela respondeu triste. � N�o acredito que algu�m al�m do Sr Lovegood acreditaria que isso � poss�vel. Beedle provavelmente deve ter pegado a id�ia da pedra filosofal, que deixa as pessoas imortais, est� salvando da morte do mesmo jeito.
O cheiro da cozinha ficava mais forte, cheirava a cueca queimada, n�o dava pra saber o que Xen�filo estava cozinhando. Harry estava pensando se seria poss�vel comer a comida de Xen�filo para n�o magoar seus sentimentos.
- E a capa? � Rony disse devagar � N�o acham que ele te raz�o? J� me acostumei tanto com a de Harry e o quanto ela � boa que nunca parei pra pensar. Nunca ouvi falar de uma como a dele.N�s j� usamos muito a capa do Harry, e ela nunca falhou, n�s nunca fomos achados com ela.�.
- Com certeza n�o, n�s ficamos invis�veis com ela, Rony!
- Mas e tudo aquilo sobre as capas velhas que v�o perdendo o poder, v�o ficando com buracos, opacas, voc� sabe que � verdade, e a capa do Harry era do pai dele, e mesmo assim parece nova. Simplesmente perfeita!
- Sim, voc� est� certo, mas Rony, a pedra. . .
Harry parou de ouvir, foi se aproximando da escada em espiral vendo o quarto acima, tinha um espelho, ele se aproximou mais e viu que era uma pintura. Curioso ele come�ou a subir.
- Harry, o que voc� est� fazendo? Eu n�o acho que voc� pode ir olhando quando ele n�o est� aqui.
Mas Harry j� estava no andar de cima. Luna tinha decorado o teto do seu quarto com cinco lindos retratos: Harry, Rony, Hermione, Gina e Neville. Eles n�o estavam se mexendo, como os quadros de Hogwarts, mas havia alguma m�gica neles. Havia finas correntes de ouro juntando-os. Harry percebeu que eles repetiam milhares de vezes em tinta dourada a mesma palavra: Amigos, amigos, amigos...
Harry sentiu uma grande afei��o por Luna. Ele olhou pelo quarto, havia uma fotografia enorme perto da cama, de Luna mais nova junto com uma mulher muito parecida com ela, elas estavam se abra�ando, e Luna estava arrumada como Harry nunca tinha visto.
A figura estava suja. Alguma coisa estava errada. O carpete azul tamb�m estava um pouco sujo, n�o havia roupas no arm�rio cujas portas estavam abertas. A cama tinha um aspecto frio e estranho como se ningu�m dormisse ali h� dias. Ele notou uma teia de aranha na janela.
- O que est� errado? - Hermione perguntou quando Harry desceu a escada, mas antes que ele pudesse responder Xen�filo apareceu com algumas tigelas.
- Sr. Lovegood,� disse Harry. - Onde est� Luna?
- Como?
- Onde est� Luna?
- Eu . . . Eu j� disse, ela est� na ponte pescando Dil�tex (Plimpies).
- Ent�o porque voc� s� colocou a mesa para quatro?
Xen�filo tentou falar, mas n�o saiu nenhum som. O �nico som que havia era o da impressora e as m�os de Xen�filo, que tremiam a ponto de chacoalhar a bandeja.
- Eu acho que Luna n�o est� aqui faz semanas, n�o h� nenhuma roupa no arm�rio, a cama est� estranha... Onde est� ela? E porque voc� n�o para de olhar para a janela?
Xen�filo derrubou a bandeja, as tigelas ca�ram e quebraram, Harry, Rony e Hermione sacaram suas varinhas. Xen�filo congelou parado, com a m�o sobre o seu bolso. Naquele momento a m�quina de impress�o deu um grande �bang� e numerosos Pasquins vieram parar no ch�o por debaixo do pano; a maquina silenciou finalmente.
Hermione abaixou e apanhou uma das revistas, com a varinha apontada para o Sr. Lovegood pegou um e disse.
- Harry, olhe isso,
Ele caminhou para ela o mais r�pido que p�de. A frente do Pasquim tinha sua foto estampada com as palavras �Indesej�vel n�mero um� e sua captura dava uma recompensa em dinheiro.
- O Pasquim est� indo para um �ngulo novo ent�o? - Harry perguntou frio, sua mente trabalhava r�pido. - Era isso que o senhor estava fazendo quando foi para o jardim, Sr. Lovegood? Mandando uma coruja para o Ministro?
Xen�filo lambeu os l�bios.
- Eles pegaram a minha Luna, por causa do que eu tenho escrito. Eles pegaram a minha Luna e eu n�o sei onde ela est� e o que eles tem feito a ela. Mas eles disseram que me devolvem ela se eu, se eu...
- Entregar Harry para eles?- completou Hermione.
- Nem pensar! - disse Rony. - Saia do caminho, estamos indo embora.
Xen�filo estava arrasado, parecia um s�culo mais velho, sua boca contra�da com uma terr�vel express�o.
- Eles v�o estar aqui a qualquer momento. Eu tenho que salvar Luna, voc�s n�o podem sair. - Ele abriu os bra�os bloqueando a passagem. Harry viu sua m�e fazendo o mesmo com seu ber�o.
- N�o fa�a a gente machucar voc�, - disse Harry - Saia do caminho Sr. Lovegood.�
- HARRY! - Gritou Hermione.
Figuras montadas em vassouras voaram atrav�s das janelas. Tr�s deles acharam Harry. Xen�filo sacou sua varinha. Harry percebeu seu erro a tempo. Ele se lan�ou para fora, empurrando Rony e Hermione . O feiti�o estuporante de Xen�filo passou pelo c�modo e acertou um chifre de Erumpente.
Houve uma explos�o colossal. Fragmentos de madeira e papel voaram em todas as dire��es junto com uma impenetr�vel n�vem de poeira branca. Harry voou pelo ar, batendo no ch�o, com as m�os sobre a sua cabe�a. Ele ouviu o grito de terror de Hermione, Rony berrando e uma s�rie de pancadas met�licas que pareciam indicar que Xen�filo havia ca�do at� o p� da escada em espiral.
Enterrado pela metade em entulho, Harry tentou levantar: Ele mal conseguia respirar ou enxergar devido a poeira. Metade do teto havia ca�do e a ponta da cama de Luna estava pendurada no buraco. O busto de Rowena Ravenclaw estava a lado dele com metade do rosto faltando, frangmentos de pergaminhos estavam voando no ar, e a maioria da m�quina de impress�o estava ao outro ladom bloqueando o topo da escada que dava para a cozinha. Ent�o, outra forma branca caminhou pela sala, e Hermione, coberta de poeira como uma segunda est�tua, colocou o dedo sobre os l�bios.
A porta abaixo deles se abriu.
- Eu n�o falei para voc� que n�o precisava correr, Travers? - disse uma voz rouca. Havia um tra�o de dor em Xen�filo. - Esse louco apenas est� tentando nos enganar, como anteriormente.
Houve mais um baque surdo e um grito de dor vindo de Xen�filo.
- N�o... n�o... l� emcima... Potter!
- N�s lhe dissemos na �ltima semana Lovegood, n�s n�o voltar�amos sem uma informa��o s�lida Se lembra da semana passada? Quando voc� tentou trocar aquele maldito chap�u pela sua filha. E na semana anterior �outro bang, outro gemido�, quando voc� tentou a trocar pelo Chifre�bang�do�bang�Bufador�bang�Enrugado?
- N�o�, n�o�, eu imploro! � Potter! Realmente � Potter!
- E agora voc� nos tr�s aqui para nos explodir! - vociferou o comensal da morte, e outra s�rie e bangs misturados com gritos de agonia de Xen�filo.
- Voc� poderia tentar limpar essa bagun�a, voc� nunca viu Potter em sua vida, n�o � mesmo? Voc� acha que tentando nos matar vai ter sua garotinha de novo?
- Eu juro, eu juro, Potter est� l� em cima!�
- Homenum revelio.- Disse a voz. Harry sentiu a estranha sensa��o de que algo estava imergindo seu corpo em sombras.
- Realmente tem algu�m l� em cima, Selwyn,- disse o segundo homem.
- � Potter, eu disse, � Potter!- solu�ou Xenophilus. - Por favor, por favor, me d�em Luna, � s� o que eu pe�o, me devolvam Luna...
- Voc� ter� sua menina, Lovegood, - disse Selwyn, - se voc� subir l� e me trouxer Harry Potter. Mas se for mentira, se for um estratagema para nos enganar n�s podemos te mandar sua filha para que voc� possa enterr�-la. - Xen�filo deu um gritinho de dor e desespero e come�ou a subir as escadas.
- Vamos - sussurrou Harry.- Temos que sair daqui.
- Bem Xen�filo est� quase nos alcan�ando, voc� confia em mim Harry? -perguntou Hermione.
Harry concordou.
- �timo, - sussurrou Hermione, - Me d� a capa de invisiblidade, Rony, voc� vai coloc�-la.
- Eu? Mas Harry...
- Por favor, Ron! Harry segure a minha m�o, Rony, segure meu ombro.
Xen�filo estava subindo. Harry n�o sabia o que ela estava esperando. O rosto branco de Xen�filo apareceu, Hermione apontou sua varinha para ele e gritou - Obliviate! � Chorou Hermione, apontando a varinha primeiro para ele, depois para o ch�o abaixo deles - Deprimo!
Ela havia aberto um buraco na sala de estar. Eles ca�ram como blocos, Harry ainda segurando em sua m�o pra valer; houve um grito abaixo, e ele teve a vis�o de dois homens tentando atravessar a vasta quantidade de entulho e m�veis quebrados chuveram ao redor deles vindo do teto destru�do. Hermione girou no ar e o som de casa caindo foi no ouvido de Harry, enquanto ela os levava mais uma vez para a escurid�o.
* The Elder Wand, no original. Muitas suposi��es ao redor da tradu��o desse termo. A princ�pio ficou �Primeira Varinha�.
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por: Nuno
Revisado por Tonks Snape
- Cap�tulo Vinte-e-Dois -
As Rel�quias da Morte
Harry caiu, arquejando, na grama e levantou com dificuldade no mesmo momento. Parecia que eles haviam aterrissado no canto de um campo sombrio; Hermione j� estava correndo em um c�rculo a volta deles, balan�ando sua varinha.
- Protego Totalum... Salvio Hexia...
- Velho sanguin�rio trai�oeiro! � Rony arquejou, emergindo da Capa de Invisibilidade e a jogando para Harry. � Hermione, voc� � um g�nio, um g�nio total, n�o acredito que sa�mos dessa!
- Cave Inimicum... Eu n�o disse que era um chifre de Erumpente, eu n�o disse a ele? E agora a casa dele foi destru�da!
- Bem feito pra ele � disse Rony, examinando seus jeans rasgados e os cortes em suas pernas � O que voc� acha que v�o fazer com ele?
- Aaah, espero que n�o o matem! � gemeu Hermione � Foi por isso que deixei os Comensais da Morte ver o Harry de relance antes de sairmos, para que eles soubessem que Xen�filo n�o estava mentindo!
- Mas por que me escondeu? � perguntou Rony.
- Voc� deveria estar na cama com sarapintose, Rony! Eles seq�estraram Luna porque o pai dela ap�ia o Harry! O que aconteceria com sua fam�lia se soubessem que voc� est� com ele?
- E quanto aos seus pais?
- Eles est�o na Austr�lia � disse Hermione � Eles devem estar bem. Eles n�o sabem de nada.
- Voc� � um g�nio. � disse Rony, parecendo admirado.
- �, voc� � Hermione � disse Harry fervorosamente � N�o sei o que far�amos sem voc�.
Ela sorriu, mas ficou solene na mesma hora.
- E quanto a Luna?
- Bem, se eles est�o falando a verdade e ela ainda est� viva� - come�ou Rony.
- N�o diga isso, n�o diga isso! � guinchou Hermione � Ela tem que estar viva, tem que estar!
- Ela deve estar em Azkaban, eu acho � disse Rony � Se ela sobreviver ao local... Muitos n�o sobrevivem...
- Ela vai. � disse Harry. Ele n�o poderia ag�entar contemplar a alternativa. � Ela � forte, a Luna, mais forte do que voc�s pensam. Ela provavelmente est� ensinando todos os parceiros de cela sobre Wrackspurts* e Nargul�s*.
- Espero que voc� esteja certo � disse Hermione. Ela passou uma m�o sobre os olhos � Eu sentiria tanta pena do Xen�filo se�
- Se ele n�o tivesse acabado de tentar nos vender para os Comensais da Morte, �. -disse Rony.
Eles armaram a barraca e se abrigaram l� dentro, onde Rony vez ch� para eles. Depois de escaparem por pouco, a fria, mofada e velha barraca parecia um lar: a salvo, familiar e amig�vel.
- Ah, pra qu� a gente foi l�? � gemeu Hermione depois de alguns minutos de sil�ncio. � Harry, voc� estava certo, foi Godic�s Hollow tudo de novo, uma completa perda de tempo! As Rel�quias da Morte... quanta besteira... se bem que, na verdade � um pensamento repentino lhe bateu � ele poderia ter inventado tudo, n�o poderia? Ele provavelmente n�o acredita nem um pouco nas Rel�quias da Morte, ele s� queria nos manter falando at� que os Comensais da Morte chegassem!
- Eu n�o acho � disse Rony � � um tanto mais dif�cil inventar coisas quando se est� sobre estresse do que voc� acha. Eu descobri isso quando os Raptores me pegaram. Foi muito mais f�cil fingir ser Stan, porque eu sabia um pouco sobre ele, do que inventar uma pessoa nova. O velho Lovegood estava sobre muita press�o, tentando garantir que n�s fic�ssemos l�. Eu acho que ele nos contou a verdade, ou o que ele acha que � verdade, s� para nos manter conversando.
- Bem, eu acho que isso n�o importa, � disse Hermione � Mesmo que ele estivesse sendo honesto, nunca ouvi tanta asneira em toda minha vida.
- Ainda assim, espera a�, - disse Rony � A C�mara Secreta era pra ser um mito, n�o era?
- Mas as Rel�quias da Morte n�o podem existir, Rony!
- Voc� continua dizendo isso, mas uma delas pode existir � disse Rony � A Capa de Invisibilidade do Harry�
- �O conto dos Tr�s Irm�os� � uma hist�ria, - disse Hermione firmemente � Uma hist�ria sobre humanos que tem medo da morte. Se sobreviver fosse t�o simples quanto de esconder embaixo de uma capa de invisibilidade, n�s j� ter�amos tudo que precisamos!
- Eu n�o sei. N�s bem que gostar�amos de uma varinha invenc�vel. � disse Harry, girando a varinha de abrunheiro que ele tanto desgostava com os dedos.
- Essa coisa n�o existe, Harry!
- Voc� disse que havia existido v�rias varinhas � A Vara da Morte e o que seja como for do que eram chamadas�
- Tudo bem, mesmo se voc� quer se iludir achando que A Varinha Mestra � real, e quanto a Pedra da Ressurrei��o? � seus dedos desenharam pontos de interroga��o a volta do nome e seu tom pingava sarcasmo � Nenhuma magia pode trazer de volta os mortos, e pronto!
- Quando minha varinha se ligou com a do Voc�-Sabe-Quem, fez mam�e e papai aparecerem... e Cedrico...
- Mas eles n�o haviam realmente voltado da morte, haviam? � disse Hermione � Aqueles tipos de� de p�lidas imita��es n�o s�o a mesma coisa do que realmente trazer algu�m de volta a vida.
- Mas ela, a garota do conto, n�o voltou de verdade, n�o �? A hist�ria diz que uma vez que est�o mortas, elas pertencem ao grupo dos mortos. Mas o segundo irm�o ainda conseguiu v�-la e falar com ela, n�o foi? Ele at� mesmo viveu com ela por um tempo...
Ele viu preocupa��o e algo menos facilmente defin�vel na express�o de Hermione. Ent�o, quando ela olhou para Rony, Harry percebeu que era medo: Ele a havia assustado com a conversa dele de viver com pessoas mortas.
- Ent�o aquele tal Peverell que est� enterrado em Godric�s Hollow � ele disse apressadamente, tentando soar robustamente s�o � voc� n�o sabe nada sobre ele, ent�o?
- N�o, - ela respondeu parecendo aliviada pela mudan�a de assunto � I procurei por ele depois que vi a marca no t�mulo dele; se ele tivesse sido algu�m famoso ou algo importante, tenho certeza que ele estaria em um de nossos livros. O �nico lugar que consegui achar o nome �Peverell� foi em �Nobreza da Natureza: Uma Genealogia Bruxa.� Eu peguei emprestado do Monstro � ela explicou quando Rony levantou as sobrancelhas � O livro lista as fam�lias de sangue-puro que agora est�o extintas na linha masculina. Aparentemente os Peverells foram uma das primeiras a desaparecer.
- �Extinta na linha masculina�? � repetiu Rony.
- Quer dizer que o nome morreu, � disse Hermione � s�culos atr�s, no caso dos Peverells. Eles ainda podem ter descendentes, ainda assim, eles s� teriam se chamado algo diferente.
E ent�o veio a Harry em uma pe�a brilhante, a mem�ria que havia se ativado ao som do nome �Peverell�: um velho homem sujo brandindo um anel feio na cara de um oficial do Minist�rio, e ele chorou em voz alta � Marvolo Gaunt!
- Que? � disseram Rony e Hermione juntos.
- Marvolo Gaunt! O av� de Voc�-Sabe-Quem! Na penseira! Com Dumbledore! Marvolo Gaunt disse que eles eram descendentes dos Perevells!
Rony e Hermione pareciam atordoados.
- O anel, o anel que virou o Horcrux, Marvolo Gaunt disse que tinha o bras�o dos Peverells nele! Eu o viele balan�ando-o na cara do sujeito do Minist�rio, ele quase esfregou o anel no nariz dele!
- O bras�o dos Peverells? � disse Hermione vividamente � Voc� pode ver como ele era?
- N�o muito, - disse Harry tentando lembrar � N�o havia nada ornamentado ali, at� onde pude ver; talvez alguns arranh�es. Eu s� ele realmente de perto depois que j� havia sido quebrado.
Harry viu a compreens�o de Hermione no repentino arregalar dos olhos dela. Rony estava olhando de um para o outro, assombrado.
- Caramba... Voc�s acham que era o sinal de novo? O sinal das Rel�quias?
- Por que n�o? � disse Harry escusadamente � Marvolo Gaunt era um velho idiota ignorante que vivia como um porco, tudo com que ele se importava era seus ancestrais. Se aquele anel havia sido passado adiante por s�culos, ele talvez n�o soubesse o que realmente era. N�o havia livros naquela casa, e acredite, ele n�o era do tipo que lia contos de fadas para os filhos. Ele teria adorado acreditar que aqueles arranh�es na pedra eram um bras�o, porque at� onde eu sei ter sangue-puro o tornava praticamente nobre.
- Sim... E isso tudo � muito interessante � disse Hermione cautelosamente � mas Harry, se fosse est� pensando o que acho que est�
- Bem, por que n�o? Por que n�o? � disse Harry, abandonando o cuidado � Era uma pedra, n�o era? � ele olhou para Rony para apoio � E se era a Pedra da Ressurrei��o?
A boca de Rony caiu aberta.
- Caramba�mas ser� que funcionaria se Dumbledore quebrou�
- Funcionar? Funcionar? Rony, nunca funcionou! N�o existe essa Pedra de Ressurrei��o!
Hermione levantou, parecendo exasperada e furiosa.
- Harry, voc� est� tentando encaixar tudo na hist�ria das Rel�quias�
- Encaixar? � ele repetiu � Hermione, tudo encaixa sozinho! Eu sei que o sinal das Rel�quias da Morte estavam naquela pedra! Gaunt disse que era descendente dos Peverells!
- Um minuto atr�s voc� disse que nunca havia visto a marca no anel pra ser exato!
- Onde voc� acha que o anel est� agora? � Rony perguntou Harry � O que Dumbleore fez com ele depois que quebrou?
Mas a imagina��o de Harry estava acelerando a frente, bem longe da de Rony e Hermione...
Tr�s objetos, ou Rel�quias, que, se unidas far�o o possessor Mestre da Morte... Mestre... Conquistador...Exterminador...O �ltimo inimigo a ser derrotado � a morte...
E ele o viu mesmo, possessor das Rel�quias, encarando Voldemort, cujos Horcruxes n�o eram p�reos... Nenhum pode viver enquanto o outro sobreviver. Seria essa a resposta? Rel�quias versus Horcruxes? Haveria uma maneira, apesar de tudo, de garantir quem triunfaria? Se ele fosse o mestre das Rel�quias da Morte, ele estaria a salvo?
-Harry?
Ele mal ouviu a voz de Hermione: Ele havia tirado sua Capa de Invisibilidade e estava passando-a por entre seus dedos, o pano flex�vel como �gua, leve como ar. Ele nunca havia visto nada igual e seus quase sete anos no Mundo Bruxo. A capa era exatamente como Xen�filo havia descrito: Uma capa que realmente e verdadeiramente torna quem a usa invis�vel, e isso acontece eternamente dando constante e impenetr�vel invisibilidade, n�o importa que feiti�os ou artimanhas se use para venc�-la.
E ent�o, com um arfar, ele se lembrou �
- Dumbledore estava com minha capa na noite que meus pais morreram!
A voz dele tremeu e ele podia sentir a cor em seu rosto, mas ele n�o se importava.
- Minha m�e disse para Sirius que Dumbledore havia pegado emprestada a Capa! � por isso! Ele queria examin�-la, porque ele achava que era a terceira Rel�quia! Ignotus Peverell est� enterrado em Godric�s Hollow... - Harry estava andando as cegas em volta da cabana, sentindo como se grandes novas perspectivas de verdade estavam abrindo a volta dele. � Ele � meu ancestral! Sou descendente do terceiro irm�o! Tudo faz sentido!
Ele se sentiu armado de certeza, em sua cren�a nas Rel�quias, como se a mera id�ias de possu�-las estava dando-lhe prote��o, e ele se sentiu alegre quando virou de volta para os outros dois.
- Harry � disse Hermione de novo, mas ele estava ocupado desfazendo a bolsa em volta em seu pesco�o, seus dedos tremiam muito.
- Leia isso � ele disse pra ela, enfiando a carta de sua m�e na m�o dela � Leia isso! Dumbledore tinha a capa, Hermione! Pra que mais ele ia querer ela? Ele n�o precisava de capa, ele podia performar um Feiti�o de Desilucionamento t�o poderoso que o fazia completamente invis�vel sem uma capa!
Algo caiu no ch�o e rolou, brilhando, para baixo de uma cadeira; Harry havia desalojado o Pomo quando ele puxou a carta. Ele abaixou para peg�-lo, e ent�o a nova onda de fabulosas descobertas lhe jogaram outro presente, e choque e assombro explodiram dentro dele, e ele gritou.
- EST� AQUI DENTRO! Ele me deixou o anel - est� dentro do Pomo!
- Voc� - voc� acha?
Ele n�o conseguia entender por que Rony parecia surpreso. Era t�o �bvio, t�o claro para Harry: Tudo encaixava tudo... Sua capa era a terceira Rel�quia, e quando ele descobrisse como abrir o Pomo ele teria a segunda, e ent�o tudo que ele precisava era achar a primeira Rel�quia, A Varinha Mestra, e ent�o�
Era como se uma cortina ca�sse em um palco iluminado: Toda sua excita��o, toda sua esperan�a e felicidade foram extintas em um sopro, e ele estava sozinho no escuro, e o glorioso feiti�o foi quebrado.
- � disso que ele est� atr�s.
A mudan�a em sua voz fez Rony e Hermione parecerem ainda mais assustados.
- Voc�-Sabe-Quem est� atr�s da Varinha Mestra.
Ele deu as costas para os rostos tensos e incr�dulos dos outros dois. Ele sabia que isso era a verdade. Tudo fazia sentido. Voldemort n�o estava procurando uma nova varinha; ele estava procurando uma varinha velha, bem velha na verdade. Harry caminhou em dire��o a entrada da barraca, esquecendo-se de Rony e Hermione conforme olhava para a noite afora, pensando...
Voldemort fora criado em um orfanato Trouxa. Ningu�m poderia ter lhe lido �Os contos de Beedle o Bardo� quando ele era crian�a, assim como n�o contaram a Harry. Quase nenhum bruxo acreditava nas Rel�quias da Morte. Ser� que Voldemort saberia algo sobre elas?
Harry contemplou a escurid�o... Se Voldemort soubesse das Rel�quias da Morte, certamente ele as teria procurado feito qualquer coisa para possu�-las: tr�s objetos que faziam o possessor Mestre da Morte? Se ele soubesse das Rel�quias da Morte, ele talvez nem tivesse precisado criar as Horcruxes, pra in�cio de conversa. Ser� que o simples fato de que ele havia pegado uma Rel�quia e transformado em um Horcrux j� n�o demonstrava que ele n�o sabia desse �ltimo segredo Bruxo?
O que significaria que Voldemort estaria procurando a Varinha Mestra sem saber de seu poder, sem entender que era uma de tr�s... Pois a varinha era a Rel�quia que n�o podia ser escondida, cuja exist�ncia era conhecida... A trilha sangrenta da Varinha Mestra est� espalhada pelas p�ginas da Hist�ria do Mundo Bruxo...
Harry observou o c�u cheio de nuvens, curvas de fuma�a cinza e prateada deslizando sobre a face branca da lua. Ele se sentiu tonto de estupefa��o pelas suas descobertas.
He voltou para dentro da barraca. Foi um choque ver Rony e Hermione parados exatamente onde ele os havia deixado, Hermione ainda segurando a carta de L�lian, Rony ao seu lado parecendo um pouco ansioso. Ser� que eles n�o haviam percebido o qu�o longe eles haviam chegado naqueles �ltimos minutos?
- � isso � disse Harry, tentando traz�-los para dentro da luz de sua pr�pria assombrosa certeza. � Isso explica tudo. As Rel�quias da Morte s�o reais, e eu tenho uma - talvez duas� Ele levantou o Pomo. - � Voc�-Sabe-Quem est� procurando a terceira, mas ele n�o sabe... Ele s� acha que � uma varinha poderosa�
- Harry � disse Hermione, andando em dire��o a ele e devolvendo a carta de L�lian � Desculpa, mas eu acho que voc� entendeu errado, tudo errado.
- Mas, voc� n�o v�? Tudo encaixa�
- N�o, n�o encaixa � ela disse � N�o encaixa Harry, voc� est� s� empolgado. Por favor � ela disse quando ele come�ou a falar � por favor, s� me responda isso: Se as Rel�quias da Morte realmente existissem, e Dumbledore sabia da exist�ncia delas, sabia que a pessoa que possu�sse as tr�s seria Mestre da Morte� Harry, por que ele n�o teria te contando? Por qu�?
Ele j� tinha a resposta pronta.
- Mas voc� mesma disse, Hermione! Voc� tem que ach�-las sozinho! � uma Busca!
- Mas eu s� disse isso pra tentar persuadir voc� a ir aos Lovegoods! � chorou Hermione exasperada � Eu n�o acreditava realmente nisso!
Harry n�o ouviu.
- Dumbledore sempre me deixava descobrir as coisas sozinho. Ele me deixava testar minha for�a, me arriscar.
- Harry, isso n�o � um jogo, isso n�o � um teste! Isso � a coisa de verdade, e Dumdledore te deixou instru��es bem claras: Ache e destrua as Horcruxes! Esse s�mbolo n�o significa nada, esque�a as Rel�quias da Morte, a gente n�o pode se dar ao luxo de se desviar disso�
Harry mal a escutava. Ele estava revirando e revirando o Pomo em suas m�os, meio que esperando que ele abrisse, para revelar a Pedra da Ressurrei��o, para provar para Hermione que ele estava certo, que as Rel�quias da Morte eram reais.
Ela apelou para Rony.
- Voc� n�o acredita nisso, acredita?
Harry levantou a cabe�a. Rony hesitou.
- N�o sei... quer dizer... tem partes que encaixam � disse Rony de um jeito estranho � Mas quando voc� olha a coisa toda... � Ele respirou fundo � Eu acho que dever�amos nos livrar das Horcruxes, Harry. Foi o que Dumbledore nos mandou fazer. Talvez... talvez dev�ssemos esquecer esse neg�cio de Rel�quias.
- Obrigada, Rony. � disse Hermione. � Eu vigio primeiro.
E ela passou por Harry e sentou na entrada da barraca, trazendo toda a conversa para um fim repentino.
Mas Harry mal dormiu naquela noite. A id�ia das Rel�quias da Morte o possu�ra, e ele n�o pode descansar enquanto pensamentos agitados giravam em sua mente: a varinha, a pedra e a capa, se ele pudesse possuir podas...
Eu abro ao fechar. Mas o que era �o fechar�? Por que ele n�o podia ter a pedra agora? Se ao menos ele tivesse a pedra, ele poderia perguntar a Dumbledore todas aquelas perguntas pessoalmente... e Harry murmurou palavras para o Pomo na escurid�o, tentando tudo, at� L�ngua de Cobra, mas a bola de ouro n�o abriu...
E a varinha, a Varinha Mestra, onde estaria escondida? Onde estava Voldemort procurando agora? Harry desejou que sua varinha queimasse e lhe mostrasse os pensamentos de Voldemort, porque pela primeira vez, ele e Voldemort estavam querendo a mesma coisa... Hermione n�o ia gostar disso, claro... Mas ent�o, ela n�o havia acreditado... Xen�filo estava certo de certa forma... Limitada. Intolerante. Cabe�a-dura. A verdade era que ela estava com medo da id�ia das Rel�quias da Morte, especialmente da Pedra de Ressurrei��o... e Harry pressionou sua boca no Pomo de novo, beijando-o, quase engolindo-o, mas o metal frio n�o se rendeu...
J� estava quase amanhecendo que ele se lembrou de Luna, sozinha numa cela em Azkaban, rodeada de dementadores, e de repente ele se sentiu envergonhado. Ele havia se esquecido dela completamente, em sua contempla��o febril �s Rel�quias. Se ao menos eles pudessem salv�-la; mas dementadores naqueles n�meros seriam virtualmente inexpugn�veis. Agora que ele veio parar pra pensar nisso, ele n�o havia ainda tentado produzir um patrono com a varinha de abrunheiro... Ele deveria tentar isso, pela manh�...
Se ao menos houvesse um jeito de conseguir uma varinha melhor...
E o desejo pela Varinha Mestra, a Vara da Morte, infal�vel, invenc�vel, o consumiu mais uma vez...
Eles desmontaram a barraca na manh� seguinte e continuaram em meio um fatigante banho de chuva. A chuvarada prosseguiu at� a costa, onde eles armaram a barraca aquela noite, e persistiu por toda a semana, por paisagens ensopadas que Harry achava isoladas e depressivas. Ele s� pensava nas Rel�quias da Morte. Era como se uma chama tivesse acendido dentro dele e nada, nem a incredulidade dura de Hermione nem a d�vida persistente de Rony, poderia extingui-la. E mesmo assim, quando mais forte a chama pelas Rel�quias queimava dentro dele, menos feliz ele se tornava. Ele culpou Rony e Hermione: A indiferen�a determinada deles era t�o ruim quanto � chuva implac�vel que deprimia o esp�rito dele, mas nenhum deles conseguiu diminuir sua certeza, que continuava absoluta.
- Obsess�o? � disse Hermione numa voz feroz e baixa, quando Harry foi descuidado o bastante para usar aquela palavra numa noite, depois de Hermione ter lhe dado um serm�o pela sua falta de interesse em localizar mais Horcruxes. � N�o somos n�s que estamos obcecados, Harry! Somos n�s que estamos tentando fazer o que Dumbledore queria que fiz�ssemos!
Mas ele estava imperme�vel contra a cr�tica dissimulada. Dumbledore havia deixado o sinal das Rel�quias para Hermione decifrar, e ele havia tamb�m, Harry se convenceu disso, deixado a Pedra da Ressurrei��o dentro daquele Pomo de Ouro. Nenhum pode viver enquanto o outro sobreviver... Mestre da Morte...Por que Rony e Hermione n�o entendiam?
- �O �ltimo inimigo que deve ser derrotado � a morte. � - Harry citou calmamente.
- Achei que era Voc�-Sabe-Quem quem dev�amos estar tentando derrotar? � Hermione retorquiu, e Harry desistiu dela.
At� mesmo o mist�rio da cor�a prateada, sobre o qual os outros dois insistiam em discutir, parecia menos importante para Harry agora, um espet�culo secund�rio vagamente interessante. A �nica outra coisa que importava pra ele era que sua cicatriz havia come�ado a formigar de novo, ainda que ele fizesse tudo que podia ara esconder esse fato dos outros dois. Ele procurava a solid�o, sempre que isso acontecia, mas ficava desapontado com o que via. A vis�o que ele e Voldemort estavam dividindo havia mudado em qualidade; elas haviam se tornado emba�adas, trocando como se elas entrassem e sa�ssem de foco. Harry s� foi capaz de distinguir tra�os de um objeto que parecia um cr�nio, e algo como uma montanha que era mais sombra do que subst�ncia. Acostumado com imagens n�tidas como a realidade, Harry estava perturbado com a mudan�a. Ele estava com medo de que a conex�o entre ele e Voldemort pudesse ter sido danificada, uma conex�o que os dois temiam e, o que quer que tivesse tido a Hermione, estimavam. De certa forma, Harry ligou essas imagens vagas insatisfat�rias ao fato de sua varinha ter sido destru�da, como se fosse por culpa da varinha de abrunheiro que ele n�o conseguia mais ler a mente de Voldemort t�o bem quanto antes.
Conforme as semanas se arrastavam, Harry n�o pode evitar mesmo imerso em sua concentra��o, que Rony estava tomando as r�deas. Talvez porque ele estava determinado a recompens�-los por t�-los deixado, talvez porque o decl�nio de Harry � apatia galvanizavam suas qualidades de l�der adormecidas, agora era Rony quem estava encorajando os outros dois a entrar em a��o.
- S� faltam tr�s Horcruxes. � ele continuava dizendo � Precisamos de um planos de a��o, anda! Onde ainda n�o procuramos? Vamos pensar de novo. O orfanato...
Beco Diagonal, Hogwarts, a casa dos Riddles, Borgin e Burkes, Alb�nia, todos os lugares que eles sabiam que Tom Riddle havia vivido ou trabalhado, visitado ou assassinado, Rony e Hermione os varriam de novo, Harry se juntou s� para Hermione parar de atorment�-lo. Ele teria ficado feliz se pudesse sentar sozinho em sil�ncio, tentando ler os pensamentos de Voldemort, para descobrir mais sobre a Varinha Mestra, mas Rony insistiu em aventurar-se por lugares cada vez mais improv�veis simplesmente, Harry tinha consci�ncia, para mant�-los em movimento.
- Nunca se sabe � era o refr�o constante de Rony � Upper Flagley � uma vila bruxa, talvez ele quisesse morar l�. Vamos l� dar uma bisbilhotada.
Essas freq�entes correrias em territ�rios bruxos os fez ocasionalmente avistar Raptores.
- Dizem que alguns deles s�o t�o ruins quanto os Comensais da Morte � disse Rony � O bando que me pegou era meio pat�tico, mas Gui acredita que alguns s�o realmente perigosos. Ele disseram no Potterwatch (de olho no Potter)�
- Aonde? � disse Harry.
- Potterwatch, eu n�o disse que era esse o nome? O programa que eu ficava tentando sintonizar no r�dio, o �nico que realmente diz a verdade sobre o que est� acontecendo! Quase todos os programas est�o seguindo a linha de Voc�-Sabe-Quem, todos menos Potterwatch, eu realmente quero que voc�s escutem, mas � dif�cil sintonizar...
Rony passou noite ap�s noite com sua varinha tentando sintonizar enquanto o mostrador girava. Ocasionalmente eles captavam trechos de conselhos sobre como tratar s�filis de drag�o, e uma fez algumas notas de �Um Caldeir�o Cheio de Amor Quente Forte.� Enquanto ele batia a varinha, Rony continuava tentando acertar a senha, murmurando faixas de palavras comuns em voz baixa.
- Geralmente tem algo a ver com a Ordem � ele lhes falou � Gui tinha uma verdadeira habilidade para adivinh�-las. Uma hora eu vou ter que conseguir...
Mas s� em Mar�o a sorte favoreceu Rony finalmente. Harry estava sentado na entrada da barraca, fazendo guarda, olhando inutilmente uma massa de jacinto de uva que havia aberto caminho pelo ch�o frio, quando Rony gritou excitadamente de dentro da barraca.
- Consegui, Consegui! A senha era �Alvo�! Chega aqui, Harry!
Tirado, pela primeira vez em dias, de sua reflex�o sobre as Rel�quias da Morte, Harry correu para dentro da barraca para achar Rony e Hermione ajoelhados no ch�o ao lado do pequeno r�dio. Hermione, que estava polindo a espada de Griffindor s� para ter algo pra fazer, estava sentada de boca aberta, olhando fixamente para a pequena caixa de som, de onde uma voz bastante familiar saia.
-... pedimos desculpas por nossa aus�ncia tempor�ria das vias de radiocomunica��o, que foi por causa de revistas de casas em nossa �rea feita pelos encantadores Comensais da Morte.
- Mas � Lino Jordan! � disse Hermione.
- Eu sei! � sorriu Rony � Legal, n�?
- ... agora encontramos outro lugar seguro � Lino estava dizendo � e estou feliz em informar que dois contribuidores regulares se juntaram a mim essa noite. Boa noite, rapazes!
- Ol�.
- Boa noite, River.
- �River�, � o Lino. � Rony explicou � Todos eles tem nome falsos, mas d� pra perceber...
- Shh! � disse Hermione.
- Mas antes de ouvirmos Royal e Romulus � Lino continuou � Vamos tirar um momento para reportar aquelas mortes que a Rede de Not�cias de Bruxos e o Profeta Di�rio n�o acham importante o suficiente para ser mencionadas. � com grande pesar que n�s informamos aos nossos ouvintes dos assassinatos de Ted Tonks e Dirk Cresswell.
Harry sentiu uma doentia revirada no est�mago. Ele, Rony e Hermione olharam-se aterrorizados.
- Um duende chamado Gornuk tamb�m foi morto. Acredita-se que o nascido-trouxa Dino Thomas e o segundo duende estavam viajando com Tonksm Cresswell e Gornuk, e ambos podem ter escapado. Se Dino estiver ouvindo, ou algu�m que saiba do seu paradeiro, seus pais e irm�s est�o desesperados por not�cias.
- Enquanto isso, em Gaddley, uma fam�lia de cinco trouxas foi achada assassinada em sua casa. As autoridades trouxas est�o atribuindo essas mortes a um vazamento de g�s, mas membros da Ordem da F�nix informam que foi a Maldi��o da Morte� mais evidenciado, como se fosse necess�rio, pelo fato de que matan�a de trouxas est� se tornando um esporte no novo regime.
- Finalmente, n�s lamentamos informar nossos ouvintes que os restos de Bathilda Bagshot foram encontrados em Godric�s Hollow. A evid�ncia � que ela morreu meses atr�s. A Ordem da F�nix nos informou que o corpo dela possu�a ineg�veis sinais de machucados feito por Artes das Trevas.
- Ouvintes, gostar�amos de convid�-los a juntar-se a n�s em um minuto de sil�ncio em mem�ria de Ted Tonks, Dirk Cresswell, Bathilda Bagshot, Gornuk, e os an�nimos, mas n�o menos lamentados, Trouxas assassinados pelos Comensais da Morte.
O sil�ncio caiu, e Harry, Rony e Hermione n�o falaram. Metade de Harry queria ouvir mais, e metade dele tinha medo do que poderia ouvir Depois de muito tempo, era a primeira vez que ele se sentia totalmente conectado ao mundo bruxo.
- Obrigado � disse a voz de Lino � E agora, voltamos ao nosso regular contribuinte Royal, para um up-date de como o novo regime Bruxo est� afetando o mundo trouxa.
- Obrigado, River. � disse uma voz inconfund�vel, profunda, ponderada, que d� confian�a.
- Kingsley! � explodiu Rony.
- N�s sabemos! � disse Hermione, calando-o.
- Os Trouxas continuam sem saber a fonte de seu sofrimento enquanto continuam a ag�entar graves casualidades � disse Kingsley � Contudo, n�s continuamos a ouvir historia realmente impressionantes de bruxos e bruxas arriscando sua pr�pria seguran�a para proteger amigos trouxas e vizinhos, geralmente sem que os trouxas saibam. Gostaria de apelar para todos nossos ouvintes para seguirem esse exemplo, talvez apenas conjurando um escudo em algum trouxa vagando pela sua rua. Muitas vidas podem ser salvas se coisas simples como essa forem feitas.
- E o que voc� diria, Royal, para aqueles ouvintes que respondem que, nesses tempos perigosos, deveria ser �Bruxos primeiro�? � perguntou Lino.
- Eu diria que � uma dist�ncia pequena de �Bruxos primeiro� para �Sangues-puros primeiro� e ent�o para �Comensais da Morte�. � respondeu Kingsley � Somos todos humanos, n�o somos? Cada vida humana tem o mesmo valor, e vale ser salva.
- Bem colocado, Royal, e voc� tem meu voto pra Ministro da Magia se conseguirmos sair de toda essa bagun�a � disse Lino � E agora, passamos para Romulus para nossa popular sess�o �Amigos do Potter�.
- Obrigado, River � disse outra voz familiar; Rony come�ou a falar, mas Hermione o impediu num suspiro.
- N�s sabemos que � o Lupin!
- Romulus, voc� mant�m, como tem mantido todas as vezes que apareceu nesse programa, a opini�o de que Harry Potter est� vivo?
- Sim � disse Lupin firmemente � N�o h� d�vida nenhuma em minha mente que a morte dele seria proclamada o m�ximo poss�vel pelos Comensais da Morte se isso tivesse acontecido, porque isso atingiria mortalmente a moral daqueles que ainda resistem ao sistema. �O Garoto que Sobreviveu� continua sendo o s�mbolo de tudo pelo qual estamos lutando: o triunfo do bem, o poder da inoc�ncia, a necessidade de continuar resistindo.
Uma mistura de gratid�o e vergonha brotou em Harry. Ser� que Lupin o havia perdoado, ent�o, das coisas terr�veis que ele havia dito a ele na �ltima vez que se encontraram?
- E o que voc� diria a Harry se ele estivesse nos ouvindo, Romulus?
- Eu lhe diria que estamos todos com ele em esp�rito � disse Lupin, e ent�o hesitou um pouco � E para ele seguir seus instintos, que s�o bons e quase sempre certos.
Harry olhou para Hermione, cujos olhos estavam cheios de l�grimas.
- �Quase sempre certo� � ela repetiu.
- Ah, eu n�o disse? � disse Rony surpreso � Gui me disse que Lupin est� morando com a Tonks de novo! E aparentemente ela ta ficando bem grande tamb�m...
- ...e nosso usual up-date sobre amigos de Harry Potter que est�o sofrendo por aliarem-se a ele? � Lino ia dizendo.
- Bem, como os ouvintes regulares j� sabem, v�rios daqueles que ap�iam Harry Potter tem sido presos, incluindo Xen�filo Lovegood, outrora editor de O Pasquim. � disse Lupin.
- Pelo menos ele est� vivo. � resmungou Rony.
- N�s tamb�m ficamos sabendo nas �ltimas horas que R�beo Hagrid � os tr�s ofegaram, e quase perderam o resto da frase � bem-conhecido guardador das chaves da Escola de Hogwarts, escapou por pouco de ser preso dentro dos terrenos de Hogwarts, onde h� rumores de que ele havia planejado uma festa �Ap�ie Harry Potter� na sua casa. No entanto, Hagrid n�o foi levado sob cust�dia , e est�, n�s acreditamos, refugiado.
- Acho que ajuda escapar de Comensais da Morte se voc� t�m um irm�o de seis metros de altura, n�? � perguntou Lino.
- Isso lhe daria uma vantagem � concordou Lupin seriamente � Gostaria s� de adicionar que mesmo que n�s do Potterwatch aplaudimos a coragem de Hagrid, n�s aconselhar�amos os f�s mais devotos de Harry a n�o seguirem a linha de Hagrid. Festas �Ap�ie Harry Potter� n�o s�o algo s�bio em tempos como esses.
- � verdade, Romulus � disse Lino � ent�o sugerimos que voc� continue mostrando sua devo��o ao homem com uma cicatriz em forma de raio na testa ouvindo o Potterwatch!
E agora vamos seguir adiante para not�cias que dizem respeito ao bruxo que est� � t�o ardiloso quanto Harry Potter. Gostamos de nos referir a ele como o Comensal da Morte Chefe, e aqui para dar sua opini�o nos rumores mais insanos que est�o circulando, gostaria de lhes apresentar nosso mais novo correspondente: Rodent.
-�Rodent�? � disse ainda outra voz familiar, e Harry, Rony e Hermione choraram juntos:
- Fred!
- N�o� � o Jorge!
- � o Fred, eu acho. � disse Rony, se aproximando do r�dio, enquanto qualquer dos g�meos dizia:
- N�o quero ser Rodent, nem pensar, eu disse que queria ser �Rapier�!
-Ah, tudo bem ent�o, Rapier, voc� poderia por favor nos dar sua parte da v�rias hist�rias n�s temos ouvido sobre o Comensal da Morte Chefe?
- Sim, River, eu tenho. � disse Fred � Como nossos ouvintes saber�o, a n�o ser que eles tenham se refugiado no fundo de um lago ou algum lugar parecido, a estrat�gia de Voc�-Sabe-Quem de continuar nas sombras est� criando um clima de p�nico legal. Note bem, se todas as alega��es de que ele foi avistado forem verdadeiras, n�s temos uns dezenove Voc�s-Sabe-Quem correndo por a�.
- O que � bom para ele, claro � disse Kingsley � O ar de mist�rio est� criando mais terror do que ele se mostrar.
- Concordo. � disse Fred � Ent�o, gente, vamos tentar e nos acalmar um pouco. As coisas j� est�o ruins o bastante sem inventarem coisas por a�. Por exemplo, a nova id�ia de que Voc�-Sabe-Quem pode matar com um simples olhar. Isso � um basilisco, gente.Um pequeno teste: confira se a coisa que est� te encarando tem pernas. Caso tenha, voc� pode olhar nos olhos, pensando bem se � mesmo Voc�-Sabe-Quem, ainda sim � poss�vel que isso seja a �ltima coisa que voc� fa�a.
Pela primeira ver em semanas e semanas, Harry estava rindo: Ele podia sentir o peso da tens�o saindo dele.
- E os rumores que ele continua sendo visto fora do pa�s? � perguntou Lino.
- Bem, quem n�o gostaria de um pouco de f�rias de pois de tanto trabalho que ele tem feito? � perguntou Fred � A quest�o �, gente, n�o se enganem com uma falsa sensa��o de seguran�a, pensando que ele est� fora do pa�s. Talvez ele esteja, talvez n�o esteja, mas o fato � que, quando ele quer, ele se move mais r�pido do que Severo Snape quando v� um shampoo, ent�o n�o conte com o fato de ele estar milhas longe se voc� est� planejando tomar riscos. Nunca pensei que fosse me ouvir dizendo isso, mas seguran�a primeiro!
- Muito obrigada por essas s�bias palavras, Rapier � disse Lino � Ouvintes, chegamos ao fim de mais um Potterwatch. N�s n�o sabemos quando ser� poss�vel transmitir de novo, mas tenha certeza que voltaremos. Continuem sintonizando: A pr�xima senha ser� �Olho-Tonto�. Mantenham-se a salvo: mantenham a f�. Boa noite.
O r�dio saiu do ar e a luz atr�s do painel de sintoniza��o apagou. Harry, Rony e Hermione ainda estavam sorrindo. Ouvir vozes familiares e amig�veis era um t�nico extraordin�rio; Harry tinha se acostumado tanto com o isolamento deles que quase havia esquecido que haviam outras pessoas resistindo a Voldemort. Era como acordar de um sono profundo.
- Bom, n�? � disse Rony felizmente.
- Brilhante � disse Harry.
- Eles s�o t�o bravos � suspirou Hermione admiradamente. � Se eles fossem encontrados...
- Bem, eles continuam fugindo, n�o �? � disse Rony. � Que nem a gente.
- Mas voc�s ouviram o que Fred disse? � Harry perguntou excitadamente; agora que a transmiss�o havia acabado, seus pensamentos voltaram-se para sua consumidora obsess�o. - Ele est� fora do pa�s! Ele ainda est� procurando a Varinha, eu sabia!
- Harry�
- Vamos, Hermione, por que voc� est� t�o determinada a n�o admitir isso? Vol�
- HARRY, N�O!
- �demort est� atr�s da Varinha Mestra!
- O nome � Tabu! � Rony berrou, ficando de p� quando um alto �crack� soou do lado de fora da barraca. � Eu te disse, Harry, eu te disse, a gente n�o pode mais dizer�n�s temos que por a prote��o de volta na gente�r�pido�� assim que eles acham�
Mas Rony parou de falar, e Harry sabia por qu�. O Bisbilhoscopio na mesa havia acendido e come�ou a girar; eles podiam ouvir vozes se aproximando cada vez mais: vozes duras e excitadas. Rony puxou o Apagueiro do bolso e o abriu: as l�mpadas deles apagaram.
- Saia da� com suas m�os para cima! � veio uma voz cortante pela escurid�o � Sabemos que est� a� dentro! Voc� tem doze varinhas apontadas para voc� e n�o nos importa quem amaldi�oaremos!
Equipe Armada Tradutora
Traduzido por Juliana Badin
Revisado por Cindy Wood
- CAP�TULO 23 �
A MANS�O MALFOY
Harry olhou em volta para os outros dois, agora meros esbo�os na escurid�o. Ele viu Hermione apontar sua varinha n�o para fora, mas em sua face - houve um estrondo, um jorro de luz branca, e ele caiu em agonia, incapaz de enxergar. P�de sentir sua face inchar rapidamente sob suas m�os enquanto duras pisadas circundavam-no.
- Levante-se, verme.
M�os desconhecidas levantaram Harry, e antes que pudesse par�-las, algu�m procurou em seus bolsos e retirou sua varinha. Sentiu a excruciante dor em sua face, seus dedos irreconhec�veis, apertados e inchados, como se estivesse sofrendo uma grave crise al�rgica. Seus olhos tinham sido reduzidos a meras fendas por onde mal conseguia ver, seus �culos ca�ram quando fora empurrado para fora da barraca; tudo que conseguia ver eram formas borradas de quatro ou cinco pessoas lutando contra Rony e Hermione do lado de fora.
- Sai... de... perto... dela! - gritou Rony. Havia um inconfund�vel som de briga. Rony grunhiu de dor e Hermione gritou "N�o! Deixe-o em paz, deixe-o em paz!�
- Seu namoradinho vai ter algo pior se ele estiver na minha lista. - disse uma voz horrivelmente familiar. - Menina deliciosa... Um prazer... Aprecio muito essa suavidade de pele...
O est�mago de Harry revirou-se; reconheceu a voz de Fenrir Greyback, o lobisomem que ganhou o direito de vestir-se como Comensal da morte em troca de sua selvageria.
- Revistem a tenda! - disse uma outra voz.
Harry foi jogado de bru�os no ch�o. Uma batida indicou que Rony foi jogado ao lado dele. Podiam ouvir passos e batidas; os homens reviravam as cadeiras enquanto procuravam.
- Agora, vamos ver o que n�s temos aqui... - disse a voz regozijante de Greyback, e Harry foi virado de costas pro ch�o. Um feixe de luz de uma varinha caiu sobre seu rosto e Greyback riu.
- Eu vou precisar de cerveja amanteigada pra lavar esse daqui. O que aconteceu com voc�, feio?
Harry n�o respondeu imediatamente.
- Eu perguntei, - repetiu o lobisomem, e Harry levou um golpe no diafragma que o fez dobrar-se de dor - o que aconteceu com voc�?
- Picado. - Harry murmurou. - Fui picado.
- Claro, parece mesmo! - disse uma segunda voz.
- Qual o seu nome? - perguntou em um grunhido Greyback.
- Duda. - disse Harry.
- E o seu primeiro nome?
- Eu... V�lter, V�lter Duda.
- Cheque a lista, Scabior. - disse Greyback, e Harry olhou o comensal mover-se de lado para olhar abaixo para Rony.
- E quanto a voc�?
- Stan Shunpike. - disse Rony.
- O inferno que voc� �... - disse o homem chamado Scabior. - N�s conhecemos Stan Shunpike, e ele nos deu um pouco de trabalho quando o encontramos.
Houve uma outra batida.
- Eu zou Bardy! - disse Ron, e Harry pode ver que sua boca estava cheia de sangue - Bardy Weadley!
- Um Weasley? - rosnou Greyback. - Ent�o voc� est� relacionado com os traidores de sangue mesmo que n�o seja um sangue-ruim. E por �ltimo... Sua pequena e bonita amiga.
O tom em sua voz fez Harry tremer.
- F�cil, Greyback. - Disse Scabior.
- Ah, eu n�o vou morder ainda. Vamos ver se ela � mais r�pida que Barny em lembrar seu nome. Quem � voc�, garota?
- Pen�lope Clearwater. - disse, parecendo apavorada, por�m convincente.
- Qual seu status de sangue?
- Mesti�a. - respondeu Hermione.
- Bastante f�cil de checar. - disse Scabior. - Mas s� de olhar, voc�s ainda t�m idade para estar em Hogwarts.
- D�s za�bos. - disse Rony.
- Sa�ram, voc� quer dizer? - perguntou Scabior. - E voc�s decidiram ir acampar? E voc� pensou, apenas por brincadeira, que podia usar o nome do Lorde das Trevas?
- N�o por brincadeira. - disse Ron. - Agidende.
- Acidente? - disse com uma risada sarc�stica - Voc� sabe quem costumava gostar de usar o nome do Lorde das Trevas, Weasley? - rosnou Greyback - A Ordem da F�nix. Significa algo para voc�?
- D�o... - Bem, eles n�o mostram o devido respeito ao Lorde das Trevas, ent�o o nome foi proibido. Alguns membros da Ordem foram seguidos. Veremos. Coloque-os com outros dois prisioneiros!
Algu�m levantou Harry pelo cabelo, o arrastando e o sentando, ent�o o prendeu de costas com outra pessoa. Harry ainda estava meio cego, apenas permitido de ver algo que estivesse bastante perto. Quando o homem amarrou o �ltimo e saiu, Harry sussurrou aos outros prisioneiros.
- Algu�m tem sua varinha?
- N�o. - responderam Rony e Hermione um de cada lado dele.
- � tudo minha culpa, eu disse o nome dele. Sinto muito...
- Harry? - era uma voz nova, mas familiar, e veio diretamente de tr�s de Harry, da pessoa amarrada � esquerda de Hermione.
- Dino?
- � voc�! Se eles descobrem quem pegaram! S�o raptores, est�o procurando somente desertores para trocar por ouro...
- Nada mal para uma noite. - Greyback dizia, enquanto um par de botas de sola pregada andava perto de Harry e ouviram mais ru�dos de dentro da barraca. - Um sangue-ruim, um elfo fugitivo, e esses desertores. Voc� verificou seus nomes na lista, Scabior? - rugiu.
- Sim. N�o h� nenhum V�lter Duda aqui, Greyback.
- Interessante... - disse Greyback - Que interessante...
Encolheu-se ao lado de Harry, que viu, com a abertura infinitesimal deixada entre seus olhos inchados, uma cara coberta de cabelo cinzento, com os dentes e garras marrons nos cantos de sua boca. Greyback cheirava como no alto da torre onde Dumbledore tinha morrido: a sujeira, a suor, e a sangue.
- Ent�o voc� n�o � procurado, n�o �, V�lter? Ou est� naquela lista com um nome diferente? Que casa voc� era em Hogwarts?
- Sonserina. - disse Harry automaticamente.
- Engra�ado... Todos pensam que n�s queremos ouvir isso. - zombou Scabior fora das sombras - Mas nenhum deles sabe nos dizer onde o Sal�o Comunal deles fica.
- � nas masmorras, - disse Harry claramente - Voc� entra atrav�s da parede. � repleto de cr�nios e � embaixo do lago, e as luzes s�o todas verdes.
Houve uma pequena pausa.
- Bem, parece que n�s realmente pegamos um pequeno Sonserino. - disse Scabior. - Bom pra voc�, V�lter, porque n�o h� muitos sangues-ruins da Sonserina. Quem � seu pai?
- Ele trabalha no Minist�rio. - mentiu Harry. Sabia que toda sua hist�ria poderia ser desmascarada com a menor das investiga��es, por�m, tinha somente at� seu rosto voltar � sua apar�ncia usual antes do jogo terminar. - Departamento de Acidentes e Cat�strofes M�gicas.
- Voc� sabe, Greyback, - disse Scabior - Eu acho que tem um Duda l�.
Harry podia dificilmente respirar. Poderia a sorte, fr�gil sorte, deix�-los a salvo nisso?
- Bem, bem, - disse Greyback, e Harry p�de ouvir a menor nota de trepida��o em sua dura voz, e soube que Greyback estava querendo saber se tinha atacado o filho de um Oficial do Minist�rio. O cora��o de Harry estava martelando devido a seus esfor�os por sair da situa��o, n�o seria surpresa que Greyback pudesse ver isso. - Se voc� est� dizendo a verdade, feio, voc� n�o tem nada a temer em uma viagem ao Minist�rio. Eu espero que seu pai v� nos recompensar por termos te pegado.
- Mas, - disse Harry, sua boca secando - Se voc� apenas nos deixar...
- Hei! - soou um grito vindo do interior da tenda - Veja isso, Greyback!
Uma figura negra veio agitada em dire��o a eles, e Harry viu um brilho prateado sob a luz de suas varinhas. Ele haviam encontrado a espada de Gryffindor.
- Muito bom! - disse Greyback, valorizando-o, e tirando o objeto de seu companheiro. - Ah, muito bom, de fato. Parece feita por duendes. Onde voc�s conseguiram uma coisa assim?
- � do meu pai. - mentiu, torcendo para que estivesse muito escuro para Greyback ler o nome gravado sob o punho da espada - Pegamos isso emprestado para cortar lenha...
- Espere um minuto, Greyback! Olha isso aqui, no Profeta! Ao Scabior dizer isso, a cicatriz de Harry, que estava apertada ao longo de sua testa inchada, queimou brutalmente. Mais claramente do que ele poderia perceber qualquer coisa ao seu redor, viu um alto edif�cio, uma fortaleza terr�vel, cor de azeviche e amea�adora: os pensamentos de Voldemort de repente vieram penetrantes novamente; ele estava deslizando em dire��o ao enorme edif�cio, com uma sensa��o de um calmo e euf�rico prop�sito.
- T�o perto... T�o perto...
Com um enorme esfor�o e for�a de vontade, Harry fechou sua mente para os pensamentos de Voldemort, voltando sua aten��o para onde ele estava sentado, amarrado a Rony, Hermione, Dean e Griphook na escurid�o, ouvindo Greyback e Scabior.
- Hermione Granger, - Scabior disse. - A sangue-ruim que � conhecida por viajar com o Harry Potter.
A cicatriz de Harry queimou no sil�ncio, mas ele fez um esfor�o grandioso para se manter presente, para n�o penetrar na mente de Voldemort. Ouviu o som das botas de Greyback enquanto ele se agachava perto de Hermione.
- Sabe o que �, garotinha? Esse retrato parece muito com voc�...
- N�o sou eu! N�o sou eu! - o tom de terror e estarrecimento na voz de Hermione era quase uma confiss�o.
- ... Conhecida por viajar com Harry Potter. - repetiu Greyback, calmamente.
Uma continuidade pareceu se instaurar na cena. A cicatriz de Harry estava estranhamente doendo, mas ele juntou todas as suas for�as contra os pensamentos de Voldemort. Nunca tinha sido t�o importante para Harry permanecer em sua pr�pria mente.
- Isso muda as coisas, n�o �? - disse Greyback. Ningu�m falou: Harry sentiu a gangue de raptores olhando, congelados, e sentiu o bra�o de Hermione tremendo contra o seu. Greyback se levantou e deu alguns passos at� onde Harry estava, abaixou-se de novo, para chegar mais perto com suas fei��es desfiguradas.
- O que � isso na sua testa, V�lter? - perguntou amigavelmente, seu h�lito chegou a Harry enquanto ele pressionava o dedo contra a sua cicatriz.- N�o toque! - gritou Harry; ele n�o conseguia controlar a si mesmo, achava que em qualquer momento passaria mal de tanta dor que estava sentindo.
- Eu achava que voc� usava �culos, Potter. - suspirou Greyback.
- Eu achei os �culos! - gritou um dos raptores que estava mais para tr�s - Havia �culos na barraca, Greyback, espere...
E um segundo depois os �culos de Harry estavam sendo colocados em sua face. Os raptores estavam em volta dele agora, analisando-o.
- � isso! - bradou Greyback - Pegamos Potter!
Muitos deles deram alguns passos para tr�s, impressionados com o que acabara de ocorrer. Harry, ainda lutando para manter sua pr�pria mente, n�o conseguia pensar em nada para dizer; Imagens fragmentadas estavam surgindo em sua mente...
Estava escondido perto das grandes muralhas da fortaleza negra...
N�o, ele era Harry, fora capturado e estava amarrado, em grande perigo...
Olhava para cima, para a janela mais alta, da torre mais alta...
Ele era Harry, e eles estavam discutindo seu destino em voz baixa...
- Hora de voar.
- Para o Minist�rio?
- Para o inferno com o Minist�rio! - finalizou Greyback - Eles v�o levar todo o cr�dito, e n�s n�o ser�amos nem lembrados. Acho que dever�amos lev�-lo direto para Voc�-sabe-quem.
- Voc� vai convoc�-lo agora, aqui? - perguntou Scabior, soando um pouco aterrorizado.
- N�o! - rosnou Greyback - Eu n�o quero. Dizem que eles est�o usando a Mans�o dos Malfoy como base. Levaremos o garoto para l�.
Harry pensou que sabia o motivo de Greyback n�o chamar Voldemort. O lobisomem tinha permiss�o de usar a roupa de Comensal da Morte quando quisesse, mas apenas o c�rculo �ntimo de Voldemort era presenteado com a Marca Negra: Greyback n�o tinha sido contemplado com essa honra.
A cicatriz de Harry doeu novamente...
... E ele elevou-se na noite, voando logo acima da mais alta torre...
- ... Tem toda a certeza de que � ele? Porque se n�o for, Greyback, estaremos mortos.
- Quem est� no comando aqui? - rugiu Greyback, acobertando seu momento de incerteza - Eu digo que � o Potter, e ele mais a sua varinha, s�o mil e duzentos gale�es bem ali. Mas se voc�s s�o muito covardes pra vir junto, qualquer um de voc�s, fica tudo pra mim, e com alguma sorte ainda consigo ficar com a garota de lambuja.
- A janela era uma mera fenda na rocha negra, n�o era grande o suficiente para um homem passar... Uma figura esquel�tica era vis�vel atrav�s dela, encolhida debaixo de um cobertor... Morto ou dormindo...?
- Tudo bem! - respondeu Scabior - Tudo bem! Estamos dentro! E quanto ao resto, Greyback, o que faremos com eles?
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